"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Joaquim Machado de Castro – escultor e escritor



Joaquim Machado de Castro
[Visual gráfico / Caggiani lith.. - [S.l. : s.n., 1843]
(Lisboa : Off. Lith. de Santos. - 1 gravura : litografia, p&b ; 28x21 cm)

Joaquim Machado de Castro nasceu na cidade de Coimbra em 1731 e faleceu na de Lisboa em 1822.

Foi um dos maiores e mais famosos escultores portugueses e um dos de maior influência na Europa do século XVIII e princípio do século XIX.


Estátua Equestre de D. José I
Praça do Comércio – Lisboa


Para além da escultura, descrevia extensamente o seu trabalho, do qual se destaca, a extensa análise sobre a estátua de José I que se situa na Praça do Comércio em Lisboa, intitulada: «Descripção analytica da execução da estátua equestre,...». Lisboa, Na Imprensa Regia,1810.


Frontispício de
«Descripção analytica da execução da estátua equestre,...»
Lisboa, Na Imprensa Regia,1810.

Esta consiste no relato pormenorizado, do estilo e da execução técnica, levada a cabo no que é considerado o seu melhor trabalho, a estátua equestre do Rei D. José I de Portugal datada de 1775, integrada na obra de reconstrução da cidade de Lisboa, seguindo os planos de Marquês de Pombal, logo após o Terramoto de 1755. As partes da construção estão detalhadas e ilustradas, incluindo variados planos e componentes utilizados para a sua execução.

Mais modesta, mas de inegável interesse para o estudo da posição das Belas Artes na sociedade da época, apresento esta pequeno folheto de Machado de Castro.


 Encadernação em percalina vermelha
com dizeres a ouro na pasta anterior


Ex-libris de Fernando Morais

CASTRO, Joaquim Machado de – CARTA QUE HUM AFEIÇOADO ÀS ARTES DO DESENHO ESCREVEO A HUM ALUMNO DE ESCULTURA PARA O ANIMAR À PERSEVERANÇA NO SEU ESTUDO: mostrando-lhe as honras, e utilidades, que os Potentados, as Pessoas de juízo, civilidade, e instrucção, tem feito, e fazem aos Professores ingénuos das Bellas Artes, filhas do Desenho. / Escrita, e impressa a primeira vez em 1780 por seu author Joaquim Machado de Castro [...]. – Lisboa, Na Offic. da Academia R. das Sciencias, Ano de M DCCC XVII (1817). Por Ordem de SUA MAJESTADE. in 8º, 46 pp., 175 mm. Encadernação em percalina vermelha com dizeres a ouro na pasta anterior e na lombada. Exemplar muito limpo.


 Frontispício

Segunda edição acrescentada por Machado de Castro, originalmente publicada anónima, desta Carta em que o importante artista português reflecte acerca da utilidade das Artes em geral e da escultura em particular. “a fim de incitar aquela Corporação [a Academia Real das Ciências] a proteger ainda com mais empenho as Belas Artes filhas do desenho, contra os espíritos ignorantes e mal educados, que delas fazem ainda diminuto apreço” [da Advertência]


 Advertência

Espero que esta leitura vos tenha despertada a curiosidade por este personagem marcante nas Belas Artes na transição do século XVIII para o XIX em Portugal.

Para mim, foi com bastante agrado que li este “livrinho”

Saudações bibliófilas.

3 comentários:

Galderich disse...

Rui,
¿El libro dedicado a Jose I contiene muchas ilustraciones del proceso de elaboración de la escultura con toda la técnica de la cera perdida?
Una vez vi un libro de estas estas características y me gusto mucho. Me parece que era este pero ahora no puedo recordar si estaba en portugués...

Marco Fabrizio Ramírez Padilla disse...

Rui.

El impreso que nos muestras "Carta que hum..." tiene todo el encanto de la tipografía y composición de los impresos de la época. Sin duda las entradas que tienes a bien compartir despiertan mi curiosidad.

Saludos bibliófilos.

Rui Martins disse...

Estimados amigos

Galderich efectivamente «Descripção analytica da execução da estátua equestre...» é o livro que deves ter visto, pois este é bem ilustrado (se calhar qualquer dia mostro algumas das suas ilustrações) e descreve duma maneira exaustiva todos os processos da construção da estátua equestre de D. José I. Fala igualmente doutras estátuas equestres de monarcas europeus dessa época, como é o caso da de Frederico V da Dinamarca.

Marco Fabrizio agradeço-te o cuidado que habitualmente colocas na leitura dos meus artigos.
Tento, como sempre, divulgar a literatura, a história e a bibliofilia do meu país, mas nem sempre escolho o mais conhecido.
Pois desses temas já quase todos falaram ... ou pelo menos tentaram e eu pouco posso acrescentar.

Saudações bibliófilas