"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 28 de abril de 2012

No 3º Aniversário da Tertúlia Bibliófila – algumas reflexões.




Jardim de S. Pedro de Alcântara em Lisboa

No dia em que se celebra o 3º aniversário deste meu modesto blog, quero, em primeiro lugar, agradecer a todos aqueles que de maneira pública ou simplesmente anónima tem a paciência de lerem os meus “escritos”, a todos aqueles que solicitam a minha modesta colaboração/informação na investigação de um qualquer trabalho, que estejam a realizar, ou por simples curiosidade, pois são eles o grande sustentáculo deste meu contributo para a divulgação do livro, de escritores e da sua obra e de alguns dos eventos bibliófilos que se vão realizando.

No entanto, também devo um pedido de desculpas, pois que por questões meramente pessoais, devido à minha actividade profissional e de alguns problemas ocorridos na minha vida privada e familiar, não dediquei muito tempo na elaboração de “grandes estudos” (sempre “toscos” e incompletos pois que para mais não tenho conhecimentos) em detrimento da publicitação de actividades relacionadas com o livro – divulgação de catálogos e de leilões, tanto em Portugal como no estrangeiro, sempre com alguma perspectiva crítica bem pessoal, e como tal sujeita a controvérsia, chamando igualmente a atenção para a qualidade das nossas impressões tipográficas sobretudo na temática do livro antigo.

Outro facto que tem ocupado bastante do meu tempo, foi ter finalmente “descoberto” um programa informático (não será o melhor mas satisfaz bastante) para catalogação da minha biblioteca, que após a mudança de residência se tornava necessário fazer, pois que só com um GPS conseguia descobrir determinadas obras e, por vezes, nem mesmo assim… tarefa “ciclópica” convenhamos!


Nascente do Rio Cuervo , Cuenca, Espanha

Considerando o que Marcia Rodirigues escreveu no se excelente blog Tesouro Bibliográfico  no seu trabalho sobre livros raros , transcrevo duas questões/afirmações que me irão servir para a minha reflexão.

1. O que é livro raro?

De maneira bastante simplificada, pode-se dizer que um livro alcança o “status” de raridade bibliográfica quando a sua procura excede a oferta, ou seja, é um livro escasso, difícil de ser encontrado.

A combinação de uma série de fatores contribui para tornar um exemplar único, raro, valioso, porém não existem fórmulas fáceis para a determinação de raridade.

4. Todos os livros antigos são valiosos?

“Um livro não é valioso porque é antigo e, provavelmente, raro. Existem milhões de livros antigos que nada valem porque não interessam a ninguém. Toda biblioteca pública está cheia de livros antigos, que, se fossem postos à venda, não valeriam mais que o seu peso como papel velho. O valor de um livro nada tem a ver com a sua idade. A procura é que torna um livro valioso.” (Rubens Borba de Moraes em “O bibliófilo aprendiz”, 2005, p. 67)

A antiguidade por si só não é suficiente para tornar um livro valioso. A importância do texto, as condições do exemplar e a demanda pela obra determinarão o valor de um livro antigo. No entanto, algumas categorias de livros são geralmente mais procuradas, incluindo todos os livros impressos antes de 1501, os livros ingleses impressos antes de 1641, os livros impressos nas Américas antes de 1801, os livros impressos no oeste do Mississipi antes de 1850, os livros brasileiros impressos no período da Impressão Régia (1808-1822), podendo esse período ser extendido até 1860, devido à demora com que se desenvolveu a imprensa em certas regiões do Brasil (no Rio Grande do Sul, a história da imprensa tem início em 1827, quando surgiu o primeiro periódico gaúcho: o Diário de Porto Alegre).

Vem esta introdução a propósito de alguns exemplos que vos quero apresentar.

Comecemos por O Caminho Fica Longe de Vergílio Ferreira:



FERREIRA, Vergílio – O Caminho Fica Longe. Lisboa, Inquérito, 1943. Biblioteca da Nova Geração. 1ª edição. In- 8º de 316, [2] págs.

Este primeiro romance do autor foi na época proibido pela censura, sendo actualmente de grande raridade..



“O Caminho Fica Longe, primeiro romance de Vergílio Ferreira, é um livro que poucas pessoas leram, porque a sua publicação engrossou, como muitas outras, os anais da Censura. Editado em 1943, foi proibido, pelos censores da época, e os poucos exemplares que chegaram às livrarias, logo foram recolhidos e, por consequência, postos fora do mercado. Só alguns priviligeados o adquiriram a tempo. É um romance que não existe mesmo nas bibiliotecas públicas (a), sendo assim quase inacessível até para os estudiosos que com ele pretendam balizar o percurso romancístico de Vergílio Ferreira.” (1) (2)

Consideremos seguidamente Lírios do Monte de José Gomes Ferreira:



FERREIRA, José Gomes – Lírios do Monte. Lisboa: "Orbis", Empresa de Livros e Publicidade, 1918.- 61, (2)p.; 19cm.- B.rochura. 1ª edição e única, do primeiro livro publicado por este autor, hoje muito rara e procurada. Bonita capa com ilustração de Stuart, impressa a cores.

Lírios do Monte, obra poética publicada pela "Orbis" (Lisboa) em 1918, que marcou a estreia literária de José Gomes Ferreira, que, no entanto, a acabaria por renegar.





Com efeito ele próprio escreveria mais tarde: "Totalmente alheio à revolução do 'Orpheu', lancei para o caixote do lixo público todos os piores desabafos campestres sob o título de 'Lírios do Monte'". Também a critica na sua obra O Mundo dos Outros: "...quando … folheio, colérico, os ignóbeis "Lírios do Monte" sinto ganas de ir à procura de todos os meus antigos professores para lhes pedir explicações e quebrar-lhes a cara! Sim. Quebrar-lhes a cara! Vocês são os responsáveis de tudo: das boninas, dos lírios a rimarem com martírios e de toda a muita ignorância do mundo exterior a empurrar-me para a ilusão de só existir beleza dentro de mim." Chama-lhe "versos campestres de louvor às avenas que nunca tinha ouvido, à Natureza que nunca tinha visto e à Paisagem quase unicamente desvendada em sonhos", dando-lhe mais tarde a classificação de "páginas inspiradas no Parque Eduardo VII"

E, finalmente consideremos Mensagem de Fernando Pessoa:



PESSOA, Fernando. - Mensagem. Lisboa. Parceria António Maria Pereira. 1934. In-8º de 100, [2] págs.

Primeira edição. É, sem dúvida, um dos livros mais importantes da poesia portuguesa.


Claro que destes três exemplos, Mensagem de Fernando Pessoa é sem qualquer contestação possível, o exemplar mais valioso e que qualquer bibliófilo não dispensa de possuir na sua biblioteca, mas veja-se o número de exemplares aparecidos em leilões, ou simplesmente vendidos em livreiros-antiquários, nos últimos dois anos.

Mas se considerarmos o grau de raridade, enquanto número de exemplares disponíveis no mercado biblófilo, os outros dois são seguramente muito mais raros.

Um livreiro-antiquário do meu relacionamento, confidenciou-me, que Lirios do Monte é hoje edição raríssima, da qual em trinta anos de negócio, que já leva, só dispôs de três exemplares para venda.

No que diz respeito a esta obra de José Gomes Ferreira será uma “obra menor” (se se poderá considerar uma qualquer obra de um escritor como tal, pois que cada uma representa um passo na sua evolução para a maturidade), mas esse facto não lhe retira a sua raridade.


Um recanto para meditar…

Quanto a O Caminho Fica Longe, pelas razões apresentadas, é seguramente de elevada raridade.

Mas como o que está actualmente “em moda”, na Literatura portuguesa, é o modernismo (3) – casos de Herberto Helder e Mário Cesariny por exemplo – quem se interessa por obras do neo-realismo (como o livro de Vergílio Ferreira e de tantos outros escritores hoje um pouco caídos no esquecimento).

Bom resta-me agradecer-vos mais uma vez o vosso apoio e deixar a promessa de continuar a publicar, dentro das minhas possibilidades e capacidades, para além das referidas referências a eventos bibliófilos, alguns textos mais elaborados que possam ser de alguma utilidade para os mais inexperientes.

Saudações bibliófilas.

Notas:

(1) MENDONÇA, Aniceta de – «O Caminho Fica Longe» de Vergílio Ferreira e o romance dos anos 40" / Aniceta de Mendonça. In: Revista Colóquio/Letras. Ensaio, n.º 57, Set. 1980, p. 36-44.


Revista Colóquio/Letras

(2) Actualmente a BNP possui um exemplar da 1ª edição, que fazia parte do espólio do escritor, com emendas autógrafas e cortes da censura. Com a nota do autor, a lápis, “Os traços a vermelho são cortes da Censura”.

(3) Não se interprete esta afirmação como qualquer sentido crítico,pois que eu também sou um apreciador, mas apenas como um juízo de facto que não de valor.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

XXIV Salon International du Livre Ancien au Grand Palais - Paris – Alguns Catálogos de Livrarias




O livro antigo

Ainda a propósito deste acontecimento biblófilo, deixo aqui a informação de três catálogos, que me foram enviados, de livrarias presentes neste Salão do Livro Antigo, mas muitas outras livrarias devem merecer igualmente uma visita atenta.

Começo pela Librairie Le Feu Follet que preparou dois excelentes catálogos para o Salão do Livro Antigo no Grand Palais.



Deste catálogo, que inclui algumas obras já nossas conhecidas, destaco estas duas (opção altamente suspeita pelas minhas preferências!):



17. CAMUS Albert. La chute.
Gallimard, Paris 1956, 13x19cm, relié.
Edition originale, un des 35 exemplaires numérotés sur Hollande, tirage de tête.



Reliure janséniste en plein maroquin souris, dos à cinq nerfs, date en queue, gardes et contre-gardes d'agneau lie-de-vin, couvertures et dos conservés, tête dorée sur témoins, étui bordé de maroquin souris, plats de papier souris à fins lisérés lie-de-vin, ensemble signé de Patrice Goy.

Rare exemplaire du tirage de tête parfaitement établi.



31. FLAUBERT Gustave. "La dictature de Sylla" : Manuscrit autographe complet inédit.
S.n., s.l. s.d., 20x31cm, 6 pages en feuilles.

Précieux manuscrit autographe complet de 6 pages in-4, inédit, évoquant cet épisode de l'histoire de Rome.
Ce récit, très documenté, semble autant une compilation de notes historiques que l'élaboration d'une toile de fond au destin épique de Sylla.

Flaubert y évoque succinctement, bien qu'avec précision, les événements majeurs de l'Histoire et s'attarde plus volontiers sur les épisodes moins significatifs mais plus évocateurs de la démesure du personnage.

 

Ainsi remarque-t-on, dès le début, une attention prêtée aux déplacements géographiques des différents protagonistes et la mise en exergue de leurs fins tragiques : "Catilina (…) lui creva les yeux, lui arracha la langue, les oreilles, les mains, lui rompit les bras et les jambes et lui coupa la tête enfin qu'il porta toute sanglante à Sylla puis il se lava les mains dans l'eau lustrale d'un temple voisin. Le cadavre du vainqueur des Cimbres fut exhumé, livré aux outrages et jeté dans l'Anio."

Plusieurs références bibliographiques : "Mr D. n'a pas remarqué cela" ; "Selon Pline XXXVI 186" ; "v. p. 296 est-ce cela ? " soulignent la réflexion de l'auteur au-delà de la simple relation des événements. Il conclue d'ailleurs ainsi : "Sylla homme du passé voulant rétablir une société morte (...) se mit lui-même au dessus des lois (…) caractère commun à tous les acteurs de ce même rôle."



Le manuscrit évoque bien évidemment l'intérêt de Flaubert pour l'Antiquité après le procès de Mme Bovary, "le besoin de sortir du monde moderne, où ma plume s'est trop trempée et qui d'ailleurs me fatigue autant à reproduire qu'il me dégoûte à voir" (lettre à Mlle Leroyer de Chantepie, 18 mars 1857). L'absence totale de mention de Carthage dans ce texte semble plutôt témoigner d'un écrit antérieur aux recherches historiques qu'il effectua pour Salammbô, d'une recherche encore ouverte, mais l'intérêt porté au potentiel "tragique" de personnages hors norme, aux antipodes de la "dramatique" actualité de Mme Bovary évoque son grand roman orientaliste.



Depuis longtemps, le personnage exerçait une fascination certaine sur Flaubert : "Nous remarquerons d'abord le crime grand, politique et froid, dans la personne de Sylla : il accomplit sa mission fatalement, comme une hache, puis il abdique la dictature et s'en va au milieu du peuple ; c'est là un orgueil plein de grandeur, ce sont là les crimes d'un homme de génie." (Rome et les Césars, 1839). Paul Bourget évoque également cette passion de l'auteur : "Ses amis se rappellent encore avec quel frémissement il récitait tel morceau de prose, le dialogue de Sylla et d'Eucrate, par exemple : « Sylla, lui dis-je...» puis, s'arrêtant là de sa citation, il ajoutait : « Toute l'histoire romaine est là dedans...» et il l'y voyait, tant l'ensorcellement des syllabes agissait sur ses nerfs tendus." (Journal des débats politique et littéraire, 10 février 1884).

Mais aussi épique fût-elle, l'histoire de Sylla manquait sans doute, à l'instar du manuscrit, d'une figure essentielle aux grandes oeuvres de Flaubert : une femme.


Do seu Catalogue 66 – Livres Anciens, refiro estas duas obras:






A Livraria Castro e Silva que, como já referi estará presente neste evento, preparou um catálogo especial: Catálogo de Livros Raros – Salon International du Livre Ancien - Paris 2012.





Ainda que já se conheçam algumas das obras incluidas neste catálogo destaco estas duas, a primeira por ser um almanaque francês, livros que têm sempre algum procura, e a segunda como representativa da nossa excelente bibliofilia:




5. ALMANACH DÉDIÉ AUX DAMES pour l’An 1826. À Paris chez Le Fuel, Lib edi. Et Delaunay, Palais Royal. In 12.º de 12x8 cm. com [xiv] 152 pags. Encadernação da época em seda estampada com desenhos neoclássicos coloridos. Ilustrado com dezenas de gravuras em extratexto.

 

49. LUCENA, João de. HISTORIA DA VIDA DO PADRE FRANCISCO XAVIER, E do que fizerão na India os mas Religiosos da Companhia de Iesu, Composta pelo Padre Ioam de Lucena da mesma Companhia Portugues natural da Villa de Trancoso. Impresso per Pedro crasbeeck Em Lisboa. Anno do Senhor 1600. In fólio de 26x16 cm. Com [iv], 908, [xxxviii] pags. Encadernação recente ao gosto da época inteira de pele com ferros a seco nas pasta. Ilustrado com frontispício gravado; uma gravura com o túmulo de S. Francisco Xavier; e dois retratos do mesmo apóstolo. Impressão a duas colunas. Exemplar com leves restauros marginais e falta da folha com a licença régia (que foi retirada da maioria dos exemplares na época) adicionada em fac-simile. Primeira edição. Obra muito rara e importante para a história da expansão portuguesa na Ásia. Azevedo e Samodães, 1856. «Obra de muito merecimento para a história das missões e do nosso domínio nas Índias Orientais durante a segunda metade do século xvi. Seu autor é considerado como um dos melhores clássicos da nossa língua, e isso muitíssimo contribui para a grande e justificada fama bem justificada estima que o livro desfruta, não só nos escritores e bibliófilos nacionais, mas também estrangeiros. Os exemplares desta edição primitiva, bela e primorosamente impressa, são raríssimos.» Inocêncio III, 399. ―P. JOÃO DE LUCENA, Jesuita, natural da villa de Trancoso, n. em 1550, e m. em Lisboa na casa professa de S. Roque em 1600, contando por conseguinte 50 annos d'edade. Historia da vida do Padre Francisco de Xavier, Pedro Craesbeeck. Em Lisboa. Anno do Senhor 1600. fol. Tem, afóra o frontispicio, mais dous retratos gravados em chapas de metal, os quaes todavia faltam em varios exemplares que tenho visto. Foi traduzida em italiano, e sahiu impressa em Roma, por Zannetti 1613. 4.º, e em castelhano, Sevilha, por Francisco de Lyra 1619. 4.º Ibi, 1699; e dizem que o fôra tambem em latim. A edição portugueza de 1600 é pouco vulgar, e assás estimada. D'ella fez Bento José de Sousa Farinha uma segunda edição, que elle dá por mui fiel, e sahiu: Lisboa, na Offic. de Antonio Gomes 1788. 8.º 4 tomos. Com esta historia o P. Lucena abriu-se praça entre os mestres mais insignes da pureza da nossa lingua. Suave no estylo, loução e polido no dizer, grave nas sentenças, e escrupuloso na escolha das palavras, tem sido universalmente respeitado pelos nossos criticos e philologos, todos concordes em reconhecerem e apreciarem o seu grande merecimento. Para confirmar este juizo, transcreverei aqui dous testemunhos cuja competencia não deve ser contestada. Seja o primeiro o do P. Francisco José Freire, nas Reflexões sobre a Ling. Portug., parte 1.ª Diz elle: «O P. João de Lucena merece occupar logar na classe dos mestres da primeira nota: porque a sua vida de S. Francisco Xavier é escripta com tal propriedade, energia, e pureza de lingua, que os muitos elogios com que os sabios honram a sua memoria não são os que bastam para quem tanto honrou com a sua pura locução aquella linguagem portugueza, que a critica só reconhece por genuina. Foi injustamente arguido de usar de diversos termos destituidos de classica auctoridade, mas o certo é que de todos os que lhe arguem ha exemplos seguros, como facilmente mostrariamos, se fosse nosso assumpto fazer aqui a apologia do P. Lucena.» Seja o segundo o do P. José Agostinho de Macedo, no seu opusculo Os Frades, ou reflexões philosophicas, etc., a pag. 67, onde fallando de Lucena se exprime nos termos seguintes: «É um dos nossos melhores classicos, e muito seguro texto; e sendo por este lado tão digno do nosso respeito e reconhecimento, ainda o considero mais por outro lado, e vem a ser: pelas noções que nos dá, e pelas noticias que só elle, entre todos os viajantes, nos dá dos costumes, das leis, da religião de muitos povos do ultimo oriente, isto é, dos habitantes das ilhas que formam o imperio do Japão, e de muitas outras do Oceano Pacifico, por onde S. Francisco Xavier levado pelos portuguezes, estendeu a sua vastissima e apostolica missão. São dignos do verdadeiro philosopho os maravilhosos quadros daquellas disputas e altercações, em que o sancto com os sagacissimos bonzos de continuo entrava, onde estão expostos os principios da theologia natural, por onde sempre começava a convencel-os da necessidade da divina revelação. E estão estas grandes cousas como escondidas e ignoradas no mundo, no canto incognito de um livro portuguez, e o peior é, que de todo ignoradas, ou não attendidas pelos mesmos portuguezes.... Se os francezes tivessem feito aquelle livro, teria mais edições do que tem uma folhinha, ou de porta ou de algibeira; e ha quasi trezentos annos tem tido duas em Portugal!»‖ History of the life of Father Francisco Xavier and the religious fathers of the Society of Jesus. Lisbon. 1600. In folio (26x16 cm) with [iv], 908 [xxxviii] pags. Binding: a beautiful full calf replica tooled bind at covers and gilt at spine. Illustrated with one engraved frontispiece; one engraved plate from the tomb of St. Francis Xavier; and two portraits of the same apostle. Printed in two columns. Copy with minor renovations, and lacking page with the royal license (which was withdrawn from most of the copies at the time) which is added on a facsimile. First edition of a very rare and important history of Portuguese expansion in Asia. Azevedo e Samodães, 1856: 'Work of much merit for the history of our field missions and the East Indies during the second half of the sixteenth century. Its author is considered one of the best classics of our language, and this greatly contributes to the large and well-justified reputation justified estimates that enjoys the book, not only in national writers and bibliophiles, but also foreigners. The original copies of this edition, beautiful and exquisitely printed, are very rare'. Inocêncio III, 399. 'Padre João DE LUCENA, was born in 1550, and died in Lisbon in 1600. This work was translated into Italian, and printed by Zannetti in 1613; in Spanish, Seville, by Francisco de Lyra, in 1619 and 1699, and also in Latin. The Portuguese edition of 1600 is unusual and fairly estimated. Smooth style, and polished in the telling, in severe sentences, and careful choice of words, has been universally respected by our critics and philologists, all agreed to recognize and appreciate their great merit. P. Francisco José Freire says: 'Fr João de Lucena deserves to occupy a place among the masters because his life of S. Francis Xavier is written with such property, energy, and purity of Portuguese language. He was unjustly accused of using various terms devoid of classical authority. Worthy of our respect and appreciation for the notions that gives us, and the news that he alone among all travelers, gives us the customs, laws, and religion of many peoples of the Far East, and the inhabitants of the islands that form the Empire of Japan, and many others from the Pacific Ocean. They are worthy of the true philosopher the beautiful paintings of those disputes and altercations with the holy gurus and bonzes, exposing the principles of natural theology, which began convincing them of the necessity of the divine revelation. And these are big things hidden and ignored in the World, contained in a unknown corner of a Portuguese book - at all ignored or missed by the Portuguese themselves. If the French had done that book, would have more issues than a pocket leaflet; and nearly three hundred years after it had just two editions in Portugal.



Um bibliófilo

Para aqueles que ali se deslocarão deixo o convite para uma visita e apreciação das obras apresentada, e de muitas outras, pois que de todas será quase impossível.

Boa visita … nunca será tempo perdido!

Saudações bibliófilas.

Para que não se esqueça a liberdade …




Livraria In-Libris

A Livraria In-Libris do Porto apresenta uma “Montra de Livros” subordinada ao tema: Letras de Liberdade, que me parece oportuna na data que se comemora – o 25 de Abril de 1974 – e o fim dum regime totalitário e intolerante com a cultura (neste caso da palavra escrita), que através da censura tentava calar, embora não o tenha conseguido, todas as vozes que ousavam pensar e escrever de forma divergente.



Apresento-vos dois exemplos da sua nefasta intolerância:



SARAIVA (António José).— HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA. Publicações Europa América. Lisboa. 1950. (Impresso em 1949). 12x18 cm. 153-V págs. Brochura.

Primeira edição, publicada na "Colecção Saber".

Livro proíbido pelo regime, conforme relatório RELATÓRIO Nº 7682 (20 DE DEZEMBRO DE 1965), da Direcção dos Serviços de Censura.

Leia-se o documento referido para análise do modo de pensar e agir dis censores:






(Documento retirado de Ephemera, Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira).



TORGA (Miguel).— MONTANHA. Contos. Coimbra. 1941. (Impresso nas Oficinas da tip. da “Atlântida”). 14x20,5 cm. VI-181-I págs. Brochura.

Primeira edição, de grande raridade no mercado, uma vez que foi imediatamente apreendido aquando da sua publicação.

Posteriormente viu o seu título modificado para “Contos da Montanha”.

De igual modo, este sucinto e directo, veja-se a deliberação da censura:



(Documento retirado de Ephemera, Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira)

Aqui fica o convite para visualizarem estra montra e poderem tomar conhecimento de algumas obras que foram proibidas, embora muitas outras faltem, e ficarem com uma ideia do espirito persecutório do regime e das alegadas razões dessa atitude.

Que o dia seja de feriado e descanso, mas que se reflita no seu significado mais profundo, pois que para alquelas gerações mais novas, que não sentiram o peso da opressão e da perseguição, este dia escapa um pouco à sua compreensão.

Saudações bibliófilas.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Salon du Livre Ancien à Paris / International Antiquarian Book Fair 2012





Um dos eventos mais aguardados todos os anos pelos bibliófilos ou simples amadores do livro antigo – Le Salon du Livre Ancien de Paris – irá decorrer nos dias 27,28 e 29 de Abril das 11:00 às 20:00 no Grand Palais. A sessão de «Vernissage», por convite, decorerá no dia 26 de Abril.

 
©Librairie Godon / Décret de la Convention Nationale

Conforme consta no anúncio deste acontecimento bibliófilo de inquestionável relevância transcrevo o breve apontamento sobre o seu historial:

"En juin 1984, le Syndicat national de la Librairie Ancienne et Moderne organise, à l’initiative de sa présidente Jeanne Laffite, la première Foire Internationale du Livre Ancien à Paris, à la Conciergerie. Dans ce lieu porteur d’histoire, ce fut un succès considérable et tous les deux ans, les libraires du monde entier prennent l’habitude de venir à Paris pour exposer des documents exceptionnels et d’une grande diversité.

A partir de 1993, le Salon s’installe à la Maison de la Mutualité où ce rendez-vous bibliophilique deviendra annuel dès 1995. Depuis avril 2007, la Nef du Grand Palais accueille le salon du livre ancien, en association avec le salon de l’estampe et du dessin. Dans ce bel espace dévolu à la culture, c’est une occasion unique de se faire mieux connaître du grand public et de faire de cette manifestation un événement culturel exceptionnel.

C’est à un fabuleux périple que le visiteur est convié sur les traces laissées par l’esprit humain au cours des siècles. Du manuscrit aux avant-garde, de la lettre de François Ier au billet de Marcel Proust, du psautier du XIIIe siècle au manifeste futuriste, l’amateur pourra parcourir des rayons d’une immense « librairie », riche de milliers de documents d’une prodigieuse diversité."


©Librairie Hugues de Latude / Songe de Poliphile

O Programa pode ser consultado aqui.

Como já vem sendo habitual estaremos representados pela Livraria Castro e Silva.

Destaque-se, que no evento deste ano, estarão acessíveis ao público algumas das obras da Bibliothèque de l’Ordre des Avocats de Paris.


Bibliothèque de l’Ordre des Avocats de Paris

"La première bibliothèque des avocats du barreau de Paris a été ouverte en 1708 et fermée lors de la suppression de l’Ordre des avocats en 1790. Une nouvelle bibliothèque voit le jour en 1810, en même temps que le rétablissement des barreaux par Napoléon 1er. En 1871, elle est gravement endommagée par l’incendie du Palais de Justice lors de la Commune, mais de multiples donations lui permettent bientôt de réparer ses pertes. Aujourd’hui, la bibliothèque des avocats conserve, au sein même du Palais de Justice de Paris, un important fonds ancien de livres juridiques et non juridiques, mais aussi des manuscrits, des dessins et des estampes. Les pièces historiques les plus marquantes de ses collections sont présentées au public dans le cadre du musée du barreau de Paris, aménagé depuis une trentaine d’années dans les caves voûtées d’un ancien hôtel particulier du XVIIe siècle, situé rue du Jour, à proximité de l’église Saint-Eustache. La bibliothèque des avocats est réservée aux membres du barreau et le musée ne se visite que sur rendez-vous. Le Salon international du livre ancien permettra ainsi de faire découvrir aux amateurs des trésors qui sont d’ordinaire inaccessibles."

Uma Exposição subordinada ao tema : «À table!», que reune um a selecção do département des Estampes et de la Photographie de la BnF no salon de l'estampe 2012.


Abraham Bosse, Disposition du festin des chevaliers
de l'ordre du Saint Esprit. Eau-forte et burin (1633)
© département des Estampes et de la Photographie de la BnF

P. F Grignon, Tout par le Gaz. Bonne cuisine
chauffage et lumière.
Affiche, lithographie en couleur (1900)
© département des Estampes et de la Photographie de la BnF

Muitas outras actividades que incluem Animação/Concertos/Conferências decorrerão durante o mesmo.

Aqui fica a notícia bem como um convite para todos aqueles que ali se possam deslocar. De facto, como bem refere o seu anúncio, será: "Un monde infini d’émotions... Un paradis pour les bibliophiles... Une occasion unique pour le grand public."

Saudações bibliófilas.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Livraria Castro e Silva – Catalogo nº 134 / Rare Books Catalog





Aqui vos deixo a notícia de mais um catálogo da Livraria Castro e Silva localizada em Lisboa na Rua do Norte, 44 – 1º.

Trata-se dum catálogo onde o livro antigo, tem como sempre, uma boa presença, mas inclui outras obras de temáticas mais divresificadas.

Desta vez vou propositadamente referir algumas destas últimas, pois que algumas delas dão uma ideia da qualidade das nossas impressões tipográficas que não destoam das realizadas noutros países.

Sendo assim, começo por referir esta obra bilingue (português/francês) sobre a arte e a natureza em Portugal:





5. ARTE (A) E A NATUREZA EM PORTUGAL. Álbum de photographias com descripções; clichés originaes; copias com phototypia inalterável; monumentos, obras d’arte, costumes, paisagens. Directores F. Brütt Cunha Moraes. Emilio Biel & Cª. – Editores. Porto. MDCCCCII – MDCCCCVIII [1902-1908]. 8 volumes. In fólio oblongo (28,5x39 cm). Encadernações do editor com lombadas em pele e gravações decorativas nas pastas. Ilustrado com centenas de fotogravuras. 1ª edição, preferível à segunda edição devido à grande qualidade dos processos foto-tipográficos utilizados. Edição bilingue português e francês. Obra monumental com levantamento fotográfico das principais localidades portuguesas, incluindo monumentos e paisagens etc. etc.

Temos igualmente esta obra excelente que se enquadra no âmbito da temática Livros de Viagens/Expedições:



33. GAMITO, A. C. P. O MUATA CAZEMBE E OS POVOS MARAVES, CHÉVAS MUIZAS, MUEMBAS, LUNDAS E OUTROS DA AFRICA AUSTRAL. DIÁRIO DA EXPEDIÇÃO PORTUGUEZA COMMANDADA PELO MAJOR MONTEIRO, E DIRIGIDA AQUELLE IMPERADOR NOS ANNOS DE 1831 E 1832 REDIGIDO PELO MAJOR A. C. P. GAMITO. SEGUNDO COMANDANTE DA EXPEDIÇÃO COM UM MAPPA DO PAIZ OBSERVADO ENTRE TETE E LUNDA. LISBOA. IMPRENSA NACIONAL 1854. In 8.º de 21x13 cm. com xxv, 501, [ii] pags. Encadernação da época inteira de pele com ferros decorativos a ouro nas pastas, lombada e seixas. Cortes dourados por folhas. Ilustrado com 22 gravuras coloridas e um mapa desdobrável. Exemplar da tiragem especial com as estampas coloridas. Inocêncio 'ANTONIO CANDIDO PEDROSO GAMITTO, natural de Setubal, n. em 1806, actualmente Major do Exercito, e Cav. da Ord. de S. Bento de Avis etc. etc. Serviu militarmente por mais de dezesete annos na provincia de Moçambique, para a qual foi despachado Alferes em 1825. Ainda em 1853, sendo Governador da torre do Outão, teve de voltar a Africa, nomeado Governador do districto de Tete, cujo logar exerceu por tempos. - E. O Muata Cazembe, e os povos Maraves, Chevas, Muizas, Muembas, Lundas e outros da Africa austral. Diario da expedição portugueza commandada pelo Major Monteiro (1831 a 1832). Lisboa, na Imp. Nac. 1854. 8.º gr. de XIII-501 pag. com dezoito estampas e um mappa-itinerario. Tem publicado varios artigos no Archivo Pittoresco, 1857-1858, fructo das suas observações e da experiencia adquirida durante a sua demorada residencia nos diversos paizes d’Africa oriental.'

Apesar de não ser a edição original, mesmo assim, esta obra de Wenceslau de Morares é bastante interessante:



47. MORAIS. (Wenceslau de) O CULTO DO CHÁ. (Ilustrações Yoshiaki). Casa Ventura Abrantes Livraria Editora. Lisboa. S/d. [1933]. De 22x15 cm. Com 46 pags Brochado. Ilustrado. Obra de culto impressa ao estilo japonês. 2ª edição a 1º foi publicada em 1905, em Kobe no Japão.

Por fim refiro esta obra, igualmente bilingue alemão/francês, na temática dee equitação:





51. RIDINGER, Johann Elias. VORSTELLUNG UND BESCHREIBUNG DERER SCHUL UND CAMPAGNE Pferden nach ihren Lectionen, In was vor gelegenheiten solche können gebraucht werden.- REPRESEANTAION ET DESCRIPTION DE TOUTES LES LECONS DES CHEVAUX DE MANEGE ET DE LA CAMPAGNE, dans quelles occasions on s'en puisse servir. Heraus gegeben von Johann Elias Ridinger Mahler und Kupferstecher, auch der Augspurgishen Kunst und Mahler Academie Director. Augsburg, Ridinger, 1760. In 4.º de 28,5x22 cm. com [ii], 35 pags. [de texto] + 46 gravuras [de página inteira] Encadernação da época inteira de pele com nervos na lombada. Impressão a duas colunas com texto bilingue alemão francês. Obra clássica da equitação, muito rara quando completa e em bom estado como o presente exemplar. As gravuras são assinadas pelo autor. Mennessier de la Lance II, 429. - Nissen, Zool. 3415 und 3416.

Resta-me propor-vos a sua leitura atenta.

Saudações bibliófilas.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

José Régio – As Encruzilhadas de Deus





RÉGIO, José. – As Encruzilhadas de Deus. Poemas. Com desenhos de “Júlio” (seu irmão). Coimbra. Edições Presença - Atlântida. 1935. In-4º de 177, [5] págs. Encadernado.



Primeira edição. Das primeiras obras do autor. Rara. Boa encadernação em inteira de pele, assinada por Victor Jorge. Capas de brochura preservadas. A da frente com minúscula assinatura na folha inicial em branco.



Nesta quadra com grande significado religioso para os cristãos e, em particular, para os católicos, quero apresentar-vos uma das melhores obras de poesia, senão mesmo a melhor, de José Régio: As Encruzilhadas de Deus.


José Régio

José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde, a 17 de Setembro de 1901. Licenciado em Letras em Coimbra. Viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre (de 1928 a 1967), onde foi professor durante mais de 30 anos, no seu Liceu.
Foi possivelmente o único escritor em língua portuguesa a dominar com igual mestria todos os géneros literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, jornalista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e historiador da literatura, foi um dos fundadores da revista Presença, da qual foi editor, director e o seu principal animador, desenhador, pintor, e grande coleccionador de arte sacra e popular.



RÉGIO, José. – Primeiro Livro de Teatro. Jacob e o Anjo, mistério em três actos, um prólogo e um epílogo. Três máscaras, fantasia dramática em um acto. Post-fácio. Porto. S. data. (1940). In-8º de 1940. In-4º de 163, [5 págs. Primeira edição. Rara. Capa de brochura de Júlio, irmão do autor.

Foi irmão do poeta, pintor e engenheiro Júlio Maria dos Reis Pereira, que ilustrou alguns dos seus livros – como é o caso deste.

Faleceu em Vila do Conde a 22 de Dezembro de 1969.

Mas voltemos ao livro de que estava a apresentar.

Com o livro de estreia – Poemas de Deus e do Diabo (1925) – José Régio apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade; a consciência da frustração de todo o amor humano; o orgulhoso recurso à solidão; a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante si mesmo.

Após a publicação deste livro, José Régio tem em mente dar continuidade à temática religiosa. Para tal, vai reunindo poesias em dois cadernos que intitula de Novos Poemas de Deus e do Diabo. O projecto sucessivamente alterado, nunca se concretizou.


RÉGIO, José - As Encruzilhadas de Deus

Muitos desses poemas vão dar origem à obra As Encruzilhadas de Deus, livro tido como a sua obra-prima, onde atingiu os momentos mais altos da sua poesia, torrencial e reflexiva, lírica e dramática ao mesmo tempo.

Do Livro Primeiro aqui ficam os poemas: Meu Menino ino, ino e Pequena Elegia.







Do Livro Terceiro fica o poema Amor.





E por fim uma das muitas ilustrações de “Júlio”, que como já se disse era o irmão do poeta Júlio Maria dos Reis Pereira.



Para aqueles que queiram fazer um estudo mais aprofundado desta obra e da temática religiosa na obra de José Régio deixo aqui esta sugestão:



E, já que estamos em “maré” de sugestões, porque não fazermos a sua leitura numa sala como esta, na Posada de San Jose em Cuenca (cidade espanhola que visito sempre com grande prazer).



Resta-me desejar a todos uma Páscoa feliz.

Saudações bibliófilas.