"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo | Happy New Year | Bonne Année | Feliz Año Nuevo | Buon Anno 2016


Neste quase final de ano, resta-me apenas desejar a todos os leitores que tiveram a paciência de percorrer algumas das páginas publicadas (e que já são muitas) neste espaço desejo um excelente 2016.



Como é de livros que aqui se fala, não quero terminar sem vos fazer uma sugestão de leitura para 2016.
Trata-se de Of Mice and Men | Ratos e Homens de John Steinbeck, que foi uma das obras que mais gostei de ler, aqui representado neste belo exemplar, já vendido nesta quadra festiva, pela Bauman Rare Books (o que atesta da sua qualidade e raridade):

“AN’ YOU GET TO TEND THE RABBITS”: SCARCE FIRST EDITION, FIRST ISSUE, OF STEINBECK’S CLASSIC OF MICE AND MEN, A STUNNING COPY



STEINBECK, John. Of Mice and Men. New York: Covici Friede, (1937). Small octavo, original beige cloth, original dust jacket.

First edition, first issue, of Steinbeck’s “beautifully written [and] marvelous picture of the tragedy of loneliness” (Eleanor Roosevelt), in scarce original dust jacket.

"As a young man, Steinbeck worked on ranches in the small towns around Salinas, absorbing local color later applied to the Soledad, California setting of this novel, originally entitled Something That Happened" (Salinas Public Library, 24). The author began Of Mice and Men as a children's story. "Although the finished novelette does not seem appropriate for children—that intention was obviously abandoned—the simplicity of its style and the clarity and precision of its imagery may well have been prompted by this original purpose… " (Benson, 326). The result is "a sophisticated and artful rendering of the basic conflict between two worlds: between an idealized landscape and the real world with its pain and anguish" (Literary History of the American West, 433). First issue, with the words "and only moved because the heavy hands were pendula" printed as lines 20 and 21 on page 9, and bullet between the eights on page 88. Goldstone & Payne A7a. Bruccoli & Clark I:354.

A fine copy.


Bom Ano Novo – um 2016 recheado de sucessos nas vossas vidas pessoais e profissionais.

Saudações bibliófilas

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal! Merry Christmas! Joyeux Noël! Feliz Navidad! Buon Natale!


Presépio

Quando o Natal está mesmo a chegar não quero deixar passar esta data sem desejar a todos os meus leitores – tanto aos actuais, como aos que deixaram de o ser, mas sobretudo aos “sobreviventes” do início desta minha aventura de escrevinhador (pois que de escritor nada tenho…) um Natal Feliz vivido em paz e amor no aconchego dos vosso lares e na companhia das vossas famílias (sejam elas grandes ou pequenas).

Se este espaço está virado para os livros e escritoresres nada melhor que para celebrar esta data do um poema.




O Natal é sobretudo uma festa de e para as crianças que nós vamos celebrando esquecendo por vezes que os anos vão passando (…a criança que ainda está viva dentro de nós!), mas também um poema ao amor e à paz (ou, pelo menos, assim deveria ser!)


Manuel Alegre

Assim deixo aqui este poema do Manuel Alegre, personagem fascinante tanto pela sua irreverência política (que desperta reacções contraditórias) mas especialmente pelo grande poeta que o é e que eu admiro muito.


NATAL

Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.





Espero que tenham gostado do poema.
 E para aqueles que desconheçam a sua obra aqui fica o desafio para a descoberta da leitura da sua poesia.

Um bom Natal para todos vós!



domingo, 20 de dezembro de 2015

A bibliofilia natalícia em 2015



Livros em venda
(Librairirie Camille Sourget)

Como já vem sendo habitual neste período natalício muitas livrarias editam catálogos especiais, no sentido de promoverem algumas das obras que consideram mais atractivas e raras e assim promoverem um aumento das suas vendas nestes tempos bem difíceis.

Parafraseando um amigo: “Seja diferente este ano nas suas escolhas e ofereça como presente um livro antigo!”


E o Natal já está próximo…

Não quero ser demasiado cansativo, pelo que proponho apenas, para consulta, os catálogos que recebi e fazendo raras referências a algumas obras que o jusificam, em minha opinião, pela sua raridade ou algum aspecto/interesse particular.

Muito provavelmente alguns destes exemplares já não estarão disponíveis, mas mesmo assim referi-os, pois que a sua descrição, poderá servir de referência futura para outro exemplar que apareça no mercado.


 
Ecléctica Livraria Alfarrabista

A Ecléctica Livraria Alfarrabista de Alfredo Maria Gonçalves, localizada na Calçada do Combro 50 | 1200-433 Lisboa e com uma sala de leilões na Tv. André Valente, 26 | 1200-025 Lisboa, apresentou o seu Catálogo XIV, de que destaca: um interessante conjunto sobre o Brasil — no qual se destacam obras como 'Jaboatão' [221] ou o 'Castrioto Lusitano' [223] —, primeiras edições de obras clássicas da literatura portuguesa, entre as quais 'Amor de Perdição' [85] ou 'Mensagem' de Fernando Pessoa [330], um exemplar do álbum 'Portugal 1934', conhecido photobook descrito por Parr na seu importante 'Photobook: A History', ou uma obra importantíssima para a história da Península, um exemplar completo da primeira edição da 'Crónica de D. Juan II', impressa em Logro por Brocar em 1517.





221. JABOATÃO (Fr. António de Santa Maria) – ORBE Serafico Novo Brasilico, descoberto, estabelecido, e cultivado a influxos da nova luz de Itália, estrella brilhante de Hespanha, Luzido Sol de Pádua, Astro Mayor do Ceo de Francisco, o Thaumaturgo Portuguez S.to Antonio, a quem vay consagrado, como Theatro glorioso, e Parte Primeira [única] da Chronica dos Frades Menores da mais estreita, e Regular Observancia da Provincia do Brasil. Lisboa: Na Officina de António Vicente da Silva, 1761. 4.º; portada, §-§§§/4, §§§§/6, A-Z, Aa-Zz, Aaa-Sss/4, Ttt-Zzz/2, a-b/4; portada, [36, 2 br.], 248, 16 pp.; 295 mm. Belíssimo exemplar, encadernado em inteira de carneira marmoreada moderna; corte das folhas carminado; folhas de texto limpas e com boas margens. [9.000,00€]

PRIMEIRA Edição, raríssimo. Fr. António de Santa Maria Jaboatão, franciscano, nasceu no lugar de Jaboatão em Pernambuco, tendo professsado a 12 de Dezembro de 1717, tendo morrido entre os anos de 1763 e 1765. Foi mestre dos noviços, Guardião, Secretário do Capítulo, Prelado Local, Definidor, Cronista-Mór da sua ordem e Académico da Academia Brasileira. A obra goza de extrema raridade pois assim que se acabou de imprimir foi enviada para o Brasil onde permaneceu em caixotes durante longo período, o que levou à destruição dos exemplares.

Poucos também se conservaram em Portugal.A propósito de um projecto para a segunda edição acrescentada da segunda parte que o autor deixou manuscrita, deu Diogo Soares da Silva, sócio do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, o seguinte parecer: «esta Chronica, como quer que seja destinada a consagrar os fastos da ordem de Santo António no Brasil, abraça no seu complexo tantos factos e notícias interessantes para a história geral do país, que o autor tem um direito incontestável a ser contado entre os seus mais graves escritores [...]».

Inocêncio, I, p. 201; Travel and Exploration, 1061; Borba de Moraes, I, p. 356; Importante Biblioteca Particular, VII, 379.


In-Libris

A In-Libris localizada na Rua da Torrinha, 40 | 4050-609 Porto apresenta-nos a sua Montra de Natal, onde inclui Livros antigos de Poesia, Artes Decorativas, Literatura, História, Cartografia, Etnografia, Arte, Medicina, Educação, Ciência, Monografias, Humor, Literatura Infantil e muitos outros temas curiosos.





10876. COELHO (Jacinto Prado) (Dir.) — DICIONÁRIO DAS LITERATURAS PORTUGUESA, GALEGA E BRASILEIRA. Direcção de... Livraria Figueirinhas. Porto. (1960). 19x25,5 cm. 1020-IV págs. Enc. [85,00 €]




"Esta é a primeira obra que procura abranger na totalidade, e em estreita correlação, as literaturas portuguesa, galega e brasileira, contribuindo assim para uma consciência mais perfeita da unidade cultural dos três povos de língua comum. Embora a Galiza e o Brasil andem sempre no coração dum letrado português, tão apertados são os laços étnicos e históricos que nos irmanam, não foi a motivos sentimentais que obedeceu o plano deste Dicionário, mas sim a motivos, penso eu, rigorosamente científicos. Na verdade, o critério que melhor permite balizar e situar uma literatura é o critério linguístico, porque a língua — instrumento da criação verbal de signo estético — pressupõe, isto é, espelha e, ao mesmo tempo, determina, um modo peculiar de sentir e de conhecer o mundo. (...) A obra tem um carácter histórico-literário. Omitem-se definições e generalidades que podem encontrar-se em enciclopédias ou até em dicionários da língua. (...) O Dicionário tem trinta e um colaboradores. A sua relativa unidade resulta da escolha dos colaboradores e do seu espírito de equipa, não de limitações impostas à expressão dos juízos críticos individuais. Procurou-se assim um equilíbrio entre variedade e unidade, como também se tentou um compromisso entre informar e interpretar, orientar, abrir novos caminhos (...)”


Cólofon Livros Raros Edições – Livraria

A Cólofon Livros Raros Edições – Livraria, localizada no Largo Condessa do Juncal, nº 57 | 4800-159 Guimarães, apresentou uma pequena selecção de alguns dos seus melhores livros, que compõem o Catálogo especial - Dezembro de 2015.



Das novidades desta lista especial Francisco Brito, o seu proprietário, destaca os seguintes exemplares:



1 - Castelo Branco, Camilo – AMOR DE PERDIÇÃO. Porto. Em casa de N. Moré Editor. 1862. XI-249 págs. 19,5cm.Enc.

Primeira edição deste que é sem margem para dúvidas o romance mais famoso de Camilo Castelo Branco. [800 €]



Sobre esta obra já se escreveram inúmeras palavras de apreço e de crítica. Sobre a crítica, fruto de uma mudança de gosto e de estilo na literatura portuguesa de então, é o próprio Camilo Castelo Branco que, no prefácio da quinta edição, nos dá nota do novo tempo que havia chegado: “Dizem, porém, que o Amor de Perdição fez chorar. Mau foi isso. Mas agora, como indemnisação, faz rir; tornou-se cómico pela seriedade antiga, pelo raposinho que lhe deixou o ranço das velhas histórias de Trancoso e do padre Theodoro d'Almeida...”. Contudo, vários anos depois, Miguel de Unamuno afirmava que Amor de Perdição era “la novela de pasión amorosa más intensa y profunda que se haya escrito en la Península y uno de los pocos libros representativos de nuestra común alma ibérica”.

Estamos portanto perante uma das obras imortais da literatura portuguesa.

Exemplar com sólida encadernação em pele, com filetes e motivos decorativos a dourado nas pastas. Lombada decorada com dourados e com três vinhetas identificativas do autor, nome da obra e edição.
Este exemplar apresenta as seguintes imperfeições e elementos a assinalar: uma mancha na folha de anterrosto e no rosto, um furo provocado por matéria incandescente que afecta a “Dedicatória” e as três páginas seguintes (ver folha de rosto), uma assinatura de posse no verso da folha de anterrosto, prefácio, bem como rubricas nas págs. 94 e 95, perda de papel que não afecta o texto no pé de página (págs. 79/80), restauro no canto superior direito das págs 125/26 e corte sem perda de papel nas págs. 217/18. Sem capas de brochura.

Restante miolo em geral bom estado.
Obra muito rara e procurada.
9 - Santo António, Frei Manuel de – ESCUDO//BENEDICTINO// OU//DISSERTAÇÃO HISTORICA,//ESCHOLASTICA,E THEOLOGICA//Em defesa dos injustos golpes//Da Crisis Doxologica, Apologetica e Jurídica (...). Salamanca. En la Officina de la Viuda de Antonio Ortiz Gallardo. 1736. XXXVI - 316 págs. 29cm. Enc.



11- Vieira, Padre António – ECCO//DAS//VOZES SAUDOSAS//FORMADO EM HUMA//CARTA APOLOGETICA//ESCRITA EM LINGUA CASTELHANA/PELO INSIGNE//PADRE ANTONIO VIEIRA. Lisboa. Na Officina Patriarcal de Francisco Luís Ameno. 1757. X-143 págs. 19,5cm. Enc. [VENDIDO].

Obra muito rara da autoria do Padre António Vieira. O prólogo, que ocupa três páginas, é escrito em português, sendo a restante obra redigida em castelhano.

Na “Sebástica – bibliografia geral sobre D. Sebastião” (Coimbra, 2002) de Vitor Amaral Oliveira pode ler-se o seguinte sobre este livro:
 “Obra proibida e condenada à fogueira por decreto da Real Mesa Censória de 10 de Junho de 1768 e queimada a 14 do mesmo mês (...). Nesta obra “Vieira defende-se dos ataques contidos no panfleto de um religioso, escondido atrás do nome de Escoto Patavino. Os ataques visam sobretudo as proposições de Vieira a respeito do Quinto Império e das profecias de Bandarra, semelhantes às que tinham já sido condenadas pelo Santo Ofício”

Exemplar encadernado. Encadernação inteira em pele. Miolo em bom estado de conservação.

15 - Palau y Verdera, Don Antonio – EXPLICACION// DE LA FILOSOFIA, Y FUNDAMENTOS BOTANICOS// DE LINNEO,// CON LA QUE SE ACLARAN// Y ENTIENDEMN FACILMENTE// LAS INSTITUCIONES BOTANICAS DE TOURNEFORT. Madrid. Don Antonio de Sancha. 1778. XIV - 312 págs. 20cm. Enc.

Livraria Fernando Santos

A Livraria Fernando Santos, localizada na Rua dos Chãos, 121 | 4710-230 Braga – Portugal, o Catálogo de Natal 2015, composto por uma selecção de quase 300 títulos, que incluem livros quinhentistas e seiscentistas, juntamente com outras publicações versando vários temas como literatura, história, viagens, marinharia, religião, assim como um curioso conjunto de livros sobre a Holanda. O catálogo inclui ainda um lote das Publicações Imbondeiro.





178. MONTEYRO, Manuel (1667-1758) - Joannes Portugalliae Reges. Ulissipone, Typis Francisco da Sylva, 1742, [16]-239-[21] págs, 32, 3 cm, ilustrado, Enc. inteira de pele.
«Ad Vivum Expressi». Livro com cinco elogios, relatando as principais acções dos cinco reis portugueses que tiveram o nome de João (até D. João V), com os repectivos retratos gravados por Debrie. Contém ainda uma estampa alegórica e o frontispício igualmente gravados. É notável a parte artística deste trabalho tipográfico. Ilustrado além das gravuras com 6 belos cabeções decorativos e outros tantos florões assim como 6 belas letras iniciais com desenhos de fantasia, abertos a buril emchapa de metal. Muito raro. Exemplar com marcas de traça nas margens, sem afectar o texto.
Encadernação inteira de pele da época. [ 828 ]. [€1000]


Livraria Candelabro

A Livraria Candelabro, localizada na Rua de Cedofeita, 471 |  4050-181 Porto, elaborou a sua "Montra" de Natal 2015.

“Para esta data tão especial preparámos uma montra também... especial! Incluímos 100 obras raras de difícil aparecimento no mercado alfarrabista, algumas das quais já figuraram em "montras" anteriores e outras, a grande maioria, que são novidade.
Destacamos, pela sua importância, entre várias outras, a rara primeira edição setecentista da "Vida do Apostólico Padre António Vieira", considerada a primeira biografia sobre Vieira; a colecção completa da revista "A Ilustração Moderna", uma das mais importantes, dentro do seu género, da primeira metade do séc. XX português; várias primeiras edições de Natália Correia, algumas com dedicatória; a "Corografia portuguesa" do padre Carvalho da Costa; o bonito conjunto oitocentista das "Obras completas de Filinto Elysio"; os 5 volumes da "Iconografia Histórica Portuguesa" com perto de 200 estampas retratando os monarcas portugueses; um belo exemplar da primeira edição de "Os simples" de Junqueiro; o clássico de Maria Lamas "As mulheres do meu país"; a rara edição ilustrada de "Retalhos da vida de um médico" com tiragem de apenas XX exemplares numerados e assinados;  e, finalmente, um soberbo exemplar da obra de Ernesto Soares "El-Rei D. Fernando II Artista".





8504. BARROS (P. ANDRÉ DE) - VIDA// DO// APOSTOLICO PADRE// ANTONIO VIEYRA // Da Companhia de JESUS,// chamado por antomasia// O GRANDE:// acclamado no mundo// Por Principe dos Oradores Evangelicos, Prégador Incomparavel// dos agustissimos// REYS DE PORTUGAL,// Varão esclarecido em Virtudes, e Letras Divinas, e Humanas// (...). LISBOA:// Na nova Officina SYLVIANA// MDCCXLVI [1746]. In-fólio de XXIV-686 págs. Enc.

1ª edição da primeira, mais conhecida e estimada biografia do Padre António Vieira, ilustrada com uma belíssima gravura aberta em chapa de cobre e que representa Vieira a pregar aos índios do Brasil. Além desta gravura principal, o volume ainda possui mais 5 belíssimas vinhetas, no início de cada um dos cinco livros que compõem a obra. Uma destas vinhetas representa Lisboa antes do terramoto de 1755.
O frontispício é, á maneira setecentista, impresso a duas cores e está decorado com bonita vinheta assinada.
Excelente e sólida encadernação inteira em pele.
Exemplar de um modo geral e atendendo à sua idade, em bom estado de conservação; ocasionais vestígios de xilófagos que não ofendem a mancha impressa; pequena falha de papel nas págs. 13/14 que não atinge a parte impressa; pronunciada mancha de água na primeira folha em branco e ocasionais manchas de humidade já muito desvanecidas; frontispício restaurado no canto inferior direito (ver foto).
RARO.



Livraria Luís Burnay

A Livraria Luis Burnay editou o seu Boletim Bibliográfico n.º 65, e, a este propósito, não posso deixar de passar em claro, mais esta notícia triste que deixou mais pobre a nossa bibliofilia, e passo a citar a nota do Boletim:

INFORMAÇÂO

Estimados Clientes, Colegas e Amigos: para os que ainda não sabem, informo que decidi encerrar a minha loja em Lisboa e continuar o meu negócio na minha casa em Mafra, através da Internet e pelo correio, como aliás sempre fiz. Como calculam não foi decisão fácil, mas na verdade algumas mudanças que se operaram tão rapidamente nos últimos anos no comércio livreiro mudando até certo ponto o paradigma da actividade, provocaram-me um vago desencanto. Se a isso juntarmos o cansaço de há mais de 20 anos consecutivos ir e vir diariamente de Mafra para Lisboa, e acima de tudo o facto de que nenhuma das minhas filhas querer manter a loja, achei por bem fazer como que uma “pré reforma” aqui em Mafra, continuando todavia a comprar e vender os livros e manuscritos de que tanto gosto. É ainda com o maior prazer que aproveito para vos informar também que a minha filha Rita e o meu genro Rolim vão desenvolver na minha antiga loja um projecto interessante de comercialização de cerveja artesanal, para o qual chamo a vossa atenção e vos convido a visitarem no futuro. Finalmente, também vos quero informar que a Isabel Roma Fernandes minha devotada colaboradora de tantos anos na Loja ficou bem e felizmente continua ligada á nossa família. Com amizade – Luis Burnay



Vejamos também um pouco o que se passa para além-fronteiras (pois não somos só nós a elaborar estes catálogos).


L'intersigne Livres anciens de Alain Marchiset

L'intersigne Livres anciens de Alain Marchiset, libraire-expert, também encerrou a sua livrsaria em Paris (como vêem não é só por cá que isto acontece) e está agora em 3 rue des sports |17138 SAINT XANDRE (La Rochelle)  | France, editou o seu catálogo "Livres choisis n°141"




9- [CURIOSA] - Le Bijou de Société ou l'Amusement des Grâces, (Paris), A Paphos, l'an des Plaisirs, (vers 1784), fort vol. petit in 12, 2 parties à pagination continue, avec un titre gravé, 1f. de préface et 101pp. de texte gravé accompagné en regard de 100 fines gravures sur cuivre attribuées à Desrais, et numérotées de I à CI, mais pour les épigrammes XXXII et XXXIII, il n'y a qu'une seule figure, pl. vélin époque, pièce de titre beige, tranches dorées, qq. lég. rousseurs éparses. (étiquette de Maire libraire à Lyon, fin 18e) (v1). [1.400 €]





Très rare curiosa entièrement gravé en caractères italiques sur un papier vergé épais. Les figures sont assez libres et suggestives, et ne sont pas signées, mais les bibliographes s'accordent à les attribuer à ClaudeLouis Desrais. Le texte est composé de courtes pièces, vers, épigrammes et anecdotes de différents auteurs comme J.B. Rousseau, Ferrand, Piron, Grécourt etc... Certaines de ces pièces figuraient déjà dans le recueil "Le cabinet de Lampsaque" de 1784, d'autres sont inédites. Le livre a été condamné en 1815, ce qui explique sans doute sa rareté, surtout complet des deux parties. ¶ Cohen, 147 & 197 - Gay Amour, femmes I, 399 "les gravures (qui sont attribuées à Desrais) ne sont pas libres, mais elles sont assez originales..." - Pia enfer p.121 (BNF incomplet) - Dutel, A-148 - Libr. Vrain délassement du boudoir (2003), n°5 - Brunet III, 940 (entrée à "Légende joyeuse…" ) - cat. CCFR seulement 2 ex. incomplets (BNF, 2e partie seule) - British Libr. 1 ex. (daté de 1780) - OCLC 1 seul ex. (Rice Univ.)


Cabinet Chaptal - Librairie Juliette Drouet & Librairie Nicolas Malais

Cabinet Chaptal - Librairie Juliette Drouet & Librairie Nicolas Malais, localizada na 1, rue de Fleurus | 75006 Paris| France, apresentou a sua Sélection de livres & manuscrits Décembre de 2015.




  
3.  (ESCLAVAGE) - Les Archives d’un ancien colon de Saint-Domingue.
[Manuscrits] - CATHELAN, Guillaume, Archives d’un ancien colon de Saint-Domingue,
[1790] - 1819 à 1829
2 dossiers & 45 lettres autographes.

Important témoignage sur la vie des colons à Saint-Domingue, & sur la difficulté à faire reconnaître des propriétés coloniales.

Archives de Guillaume Cathelan (né en 1755), colon français de Saint-Domingue, propriétaire des Lataniers, exploitation de coton et café à Jérémie - au sud-ouest de Port-au-Prince (actuel Haïti) où travaillaient 22 esclaves jusqu’à l’abolition de cette pratique sur l’île (1794).

Ces archives qui furent conservées par le frère de Cathelan, Baptiste, se présentent en trois parties et sont consacrées à la reconnaissance des anciennes propriétés de Cathelan, en vue d’une indemnisation par l’état français - les démarches nécessaires dureront plus de 7 ans (de 1819 à 1826). La première partie est constituée par les pièces descriptives de la propriété de Saint-Domingue en 1790.

La seconde par les pouvoirs donnés par Cathelan - diminué par des soucis de santé - à son frère pour faire reconnaître cette propriété. La troisième par les lettres de Cathelan à son frère, lettres principalement consacrées aux péripéties menant à l’indemnisation par les pouvoirs publics.

1) Pièces descriptives des propriétés de Saint-Domingue pour le dossier d’indemnisation des colons : Copie de l’acte de naissance de Guillaume Cathelan et de l’acte de vente de la moitié des Lataniers - avec la description de la propriété telle que demandée par l’état. Copie d’une déclaration sur l’honneur de Cathelan pour la demande d’indemnisation officielle par l’état, décrivant ses démarches et attestant
également que certains actes de propriété furent “la proie des flammes dans l’incendie du Cap[-Français]” - ce qui fut certifié par le ministre de la marine. Cathelan y évoque également son autre frère Guillaume avec lequel il était copropriétaire de certaines terres. Ce frère, dit-il, fut “tué depuis par les nègres” durant les révoltes sur l’île.

2) Dossier comprenant diverses pièces dont les pouvoirs donnés par Guillaume Cathelan domicilié entre Tuchan (dans l’Aude) et Perpignan, à son frère Baptiste - sous-intendant militaire en non activité, chevalier de l’ordre royal et militaire de Saint-Louis, pour mener à bien les démarches d’indemnisation en son nom, y compris la recherche d’archives. - Copie d’une lettre de Martin, colon de Saint-Domingue, en tant que vendeur d’une partie de ses terres à Cathelan en 1790.
- Lettre de recommandation adressée à Beauchamp Bibliothécaire du Roi, chef des Archives des Colonies à Versailles. - Lettre de recommandation du Chevalier du Viviers à Villiers du Terrage, maître des requêtes de la commission des anciens colons de Saint-Domingue. - Copie de la main de Cathelan d’un acte datant de 1793 entre le Capitaine Young et lui-même sur le transport de marchandises et d’archives - dont des actes de propriété - entre Saint-Domingue et la France : manque de chance le bateau fut pris par les Anglais et “conduit par [ce] corsaire (...) à la Jamaïque” et “qu’en vain j’ai écrit pour avoir mes papiers, qui constituent mes titres de plusieurs propriétés, contrats et autres effets précieux.”
Cette flibusterie et l’incendie des archives du Cap-Français par un lieutenant de Toussaint-Louverture expliquent la difficulté de Cathelan à prouver légalement ses propriétés deSaint-Domingue!

3) 45 lettres autographes très denses (2 à 8 pages) de Guillaume Cathelan à son frère Baptiste, de 1819 à 1826, concernant principalement les affaires de Saint-Domingue. Plus quelques lettres annexes à l’affaire. Très inquiet pour sa santé et son indemnisation, Cathelan écrit régulièrement à son frère pour se plaindre de ses difficultés, de sa santé, de la complexité du dossier d’indemnisation, et de sa solitude, aussi. Cathelan demande à son frère de solliciter tous ses réseaux et amis puissants. Et s’inquiète souvent de ses silences : “que sera le résultat mon cher Baptiste de ton affreux silence, quelque heureux qu’il soit, il ne guérira jamais le mal qu’il a produit sur ma santé (...) je t’ai prié dans toutes mes lettres écrites (...) de me tenir avisé sur ce qui se passerait sur mes affaires de Saint-Domingue (...)” ou de ses imprécisions “dans tes notes je ne vois figurer ni mes nègres, ni mes bêtes à corne, ni mes chevaux, ni chèvres, ni cochons, tandis que dans l’état de Mr le Payeur du Trésor Royal cela s’y trouve...” Cependant grâce aux efforts manifestes du frère dévoué la situation s’améliore dès le milieu de 1826, notamment après la demande d’une audience à Versailles.

Exceptionnel ensemble de documents historiques sur les colonies françaises et les conséquences de l’abolition de l’esclavage pour les colons de Saint-Domingue. [Prix : Nous contacter]


A Librairie Le Feu Follet

A Librairie Le Feu Follet apresentou Des livres rares pour un cadeau unique : sélections de la Librairie Le Feu Follet.



Georges SIMENON – Maigret et les témoins récalcitrants. Presses de la cité, Paris 1959, 11,5x16, 5cm, broché.





Edition originale, un des 100 exemplaires numérotés sur papier de luxe, seuls grands papiers.
Agréable et rare exemplaire. [600 €]





Librairie Camille Sourget

A Librairie Camille Sourget, localizada  na 93 rue de Seine | 75006 PARIS | France, editou o seu Catalogue 18.




« Il n’y a jamais trop de livres !
Il en faut, et encore, et toujours !
C’est par le livre, et non par l’épée,
que l’humanité vaincra le mensonge et l’injustice,
conquerra la paix finale
de la fraternité entre les peuples... »
(Émile Zola. Rome. 1896.)



CORNEILLE, Pierre – Le Menteur, Comedie. Imprimé à Rouen, et se vend à Paris, chez Antoine de Sommaville et Augustin Courbé, 1644. In-4 de (4) ff. pour le titre, l’Epistre et la liste des acteurs, 130 pp. et (1) f. de privilège.

TRÈS RARE ÉDITION ORIGINALE DU « MENTEUR » DE PIERRE CORNEILLE.
Tchemerzine, II, pp. 550 et 552 ; Le Petit, pp. 161-164 ; Picot, Bibliographie cornélienne, 35 et 40.
LES ÉDITIONS ORIGINALES IN-4 DES PIÈCES DE CORNEILLE SONT RARES.

EXEMPLAIRE À BELLES MARGES DE CE CLASSIQUE DE LA LITTÉRATURE FRANÇAISE, FINEMENT RELIÉ PAR TRAUTZ-BAUZONNET.
Localisation des exemplaires en France : Bibliothèques de Chantilly et de Rouen. Nous n’avons pu en localiser à la B.n.F.



Bauman Rare Books

E, finalmente...pois a lista já vai longa (e se calhar, ainda que involuntariamente, já me esqueci de alguém, pelo que apresento as minhas sinceras desculpas), vejamos a Bauman Rare Books NEW YORK | PHILADELPHIA | LAS VEGAS, que apresentou o seu catálogo Make this Holiday one for the Books.



"IN POLITICAL ECONOMY I THINK SMITH'S WEALTH OF NATIONS THE BEST BOOK EXTANT" (THOMAS JEFFERSON): SCARCE 1791 EDITION OF WEALTH OF NATIONS



SMITH, Adam –  An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of NationsLondon: Printed for A. Strahan; and T. Cadell, 1791. Three volumes. Octavo, contemporary full brown treecalf boards rebacked with elaborately gilt decorated spines and boards, red and black moroccospine labels. [$5500].

Sixth edition of Smith’s landmark work, the first published after his death—“the first and greatest classic of modern economic thought” (PMM 221)—a beautiful copy in contemporary calf boards.



"The tone of irreverent skepticism with which it describes the motives of men and governments has influenced the style of economic discourse to the present day… The historical importance of the Wealth of Nations is surpassed by no other economic book… Smith, for the first time, put together the body of economic knowledge that can still be recognized as an early form of what today may be called mainstream economics… There is little in Jean-Baptiste Say, Robert Malthus, David Ricardo, and John Stuart Mill that is not, more or less directly, an elaboration of Adam Smith" (Niehans, 62-72). On publication of the first American edition, not long before this 1791 English edition, Thomas Jefferson wrote, "In political economy I think Smith's Wealth Of Nations the best book extant." "Where the political aspects of human rights had taken two centuries to explore, Smith's achievement was to bring the study of economic aspects to the same point in a single work… The certainty of its criticism and its grasp of human nature have made it the first and greatest classic of modern economic thought" (PMM 221). Smith's Wealth of Nations was an immediate success when first published in 1776, and four additional editions came out during Smith's lifetime. The 1776 first edition is exceptionally rare. Bound without half titles. Volume III with rear page of publisher's advertisements. Goldsmiths 14612. Kress B2209. Early owner signatures.

Text generally fresh with light scattered foxing, expert calf and gilt restoration to contemporary tree calf boards.


Árvore de Natal 2015 - Praça do Rossio na Cidade de Lisboa 

Aproveito a ocasião para desejar a todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo com boas compras e melhores leituras.

Saudações bibliófilas.