"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal! Merry Christmas! Joyeux Noël! Feliz Navidad! Buon Natale!


Presépio

Quando o Natal está mesmo a chegar não quero deixar passar esta data sem desejar a todos os meus leitores – tanto aos actuais, como aos que deixaram de o ser, mas sobretudo aos “sobreviventes” do início desta minha aventura de escrevinhador (pois que de escritor nada tenho…) um Natal Feliz vivido em paz e amor no aconchego dos vosso lares e na companhia das vossas famílias (sejam elas grandes ou pequenas).

Se este espaço está virado para os livros e escritoresres nada melhor que para celebrar esta data do um poema.




O Natal é sobretudo uma festa de e para as crianças que nós vamos celebrando esquecendo por vezes que os anos vão passando (…a criança que ainda está viva dentro de nós!), mas também um poema ao amor e à paz (ou, pelo menos, assim deveria ser!)


Manuel Alegre

Assim deixo aqui este poema do Manuel Alegre, personagem fascinante tanto pela sua irreverência política (que desperta reacções contraditórias) mas especialmente pelo grande poeta que o é e que eu admiro muito.


NATAL

Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.





Espero que tenham gostado do poema.
 E para aqueles que desconheçam a sua obra aqui fica o desafio para a descoberta da leitura da sua poesia.

Um bom Natal para todos vós!



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