"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Conferências Democráticas do Casino




O Casino Lisbonense

As Conferências do Casino (1) foram uma série de conferências realizadas na primavera de 1871 em Lisboa. Foram impulsionadas pelo poeta Antero de Quental, que incutiu no chamado Grupo do Cenáculo o entusiasmo para a sua realização. Era bastante influenciado pelas ideias revolucionárias de Proudhon.
Este grupo também passou a ser conhecido como Geração de 70 (2). Tratava-se de um grupo de escritores e intelectuais jovens e de vanguarda. As Conferências do Casino, ou Conferências Democráticas do Casino, são uma réplica da anterior Questão Coimbrã.

A 18 de Maio de 1871 apareceu no jornal «A Revolução de Setembro», um texto subscrito por Adolfo Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queirós, Germano Vieira Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins, Manuel Arriaga, Salomão Saragga e Teófilo Braga. Estas personalidades assinam um manifesto (3) onde apontam as intenções de reflectir sobre as mudanças políticas e sociais que o mundo sofria, de investigar a sociedade como ela é e como deverá vir a ser, de estudar todas as ideias novas do século e todas as correntes do século.

Têm assim em mente uma visão internacionalista e de participação activa na sociedade. Recusam que Portugal continue avesso às novas ideias que circulam na Europa.



Proudhon e seus filhos, por Gustave Courbet (1865)

Vejamos o que escreveram, pois define uma forma de pensamento importante para a nossa cultura que é o reflexo dos “ventos” que sopram da Europa:

"Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social.

Sob cada um dos partidos que lutam na Europa, como em cada um dos grupos que constituem a sociedade de hoje, há uma ideia e um interesse que são a causa e o porquê dos movimentos.

Pareceu que cumpria, enquanto os povos lutam nas revoluções, e antes que nós mesmos tomemos nelas o nosso lugar, estudar serenamente a significação dessas ideias e a legitimidade desses interesses; investigar como a sociedade é, e como ela deve ser; como as Nações têm sido, e como as pode fazer hoje a liberdade; e, por serem elas as formadoras do homem, estudar todas as ideias e todas as correntes do século.

Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que todos os dias a humanidade vai trabalhando, deve também ser o assunto das nossas constantes meditações.

Abrir uma tribuna, onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caracterizam este momento do século, preocupando-se sobretudo com a transformação social, moral e política dos povos;

Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada;

Procurar adquirir consciência dos factos que nos rodeiam, na Europa;

Agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e da Ciência moderna;

Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa;

Tal é o fim das Conferências Democráticas.

Têm elas uma imensa vantagem, que nos cumpre especialmente notar: preocupar a opinião com o estudo das ideias que devem presidir a uma revolução, de modo que para ela a consciência pública se prepare e ilumine, é dar não só uma segura base à constituição futura, mas também, em todas as ocasiões, uma sólida garantia à ordem.

Posto isto, pedimos o concurso de todos os partidos, de todas as escolas, de todas aquelas pessoas que, ainda que não partilhem as nossas opiniões, não recusam a sua atenção aos que pretendem ter uma acção – embora mínima – nos destinos do seu país, expondo pública mas serenamente as suas convicções e o resultado dos seus estudos e trabalhos.

Lisboa, 16 de Maio de 1871 – Adolfo Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queiroz, Germano Vieira de Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins, Manuel de Arriaga, Salomão Saragga, Téofilo Braga."

As Conferências iniciaram-se a 22 de Maio.


Antero de Quental

Na 1ª Conferência: «O Espírito das Conferências», que decorreu a 22 de Maio de 1871, foi orador Antero de Quental.

Esta intervenção pode considerar-se, de certa forma, como introdutória daquelas que se seguiram. De acordo com os relatos dos jornais da época, único testemunho que resta, esta palestra consistiu num desenvolvimento do programa que tinha sido previamente apresentado.

Antero começou por se referir à ignorância e indiferença que caracterizava a sociedade portuguesa, falando da repulsa do povo português pelas ideias novas e na missão de que eram incumbidos os "grandes espíritos" e que consistia na preparação das consciências e inteligências para o progresso das sociedades e resultados da ciência. Referiu o exemplo que constitui a Europa e a excepção formada por Portugal em face deste exemplo.

Para Antero o ponto fulcral que iria ser focado nas futuras Conferências seria a Revolução, o seu conceito, que Antero define como um conceito nobre e elevado.

No final, Antero apela às "almas de boa vontade" para meditarem nos problemas que iriam ser apresentados e para as possíveis soluções, embora estas últimas se constituíssem como opostas aos princípios defendidos pelos conferencistas.

A 2ª Conferência: «Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos» , a 24 de Maio de 1871, foi igualmente feita por Antero de Quental.

Na introdução Antero pressupõe três atitudes ou pontos de partida. Em primeiro lugar "O Peninsular", falar da Península como um todo; em seguida uma aceitação – os Povos obedecem a um estatuto anímico colectivo, estrutural – é a crença no génio de um Povo; e, por fim, uma atitude judicatória – Antero julga a História, como uma entidade, o juízo moral, social e político.

Em seguida enumera e discute as causas da decadência. A primeira causa apontada por Antero foi o catolicismo transformado pelo Concílio de Trento (1545-1563), com a Contra-Reforma e a Inquisição, que desvirtuara a essência do Cristianismo, conduzindo a uma atrofia da consciência individual; de seguida, aponta o Absolutismo, a Monarquia Absoluta que constituía a "ruína das liberdades sociais", o centralismo imperialista viera coarctar as liberdades nacionais, levando a "raça" ibérica a uma cega submissão; por fim, a última causa é o desenvolvimento das conquistas longínquas, as conquistas ultramarinas, que exauriram as energias do país, levando à criação de hábitos prejudiciais de grandeza e ociosidade e que conduziram ao esvaziamento de população de uma nação pequena, substituindo o trabalho agrícola pela procura incerta de riqueza, a disciplina pelo risco, o trabalho pela aventura.

Para Antero a solução destes problemas é a seguinte:

"Oponhamos ao catolicismo (...) a ardente afirmação da alma nova, a consciência livre, a contemplação directa do divino pelo humano (...), a filosofia, a ciência, e a crença no progresso, na renovação incessante da humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado. Oponhamos à monarquia centralizada (...) a federação republicana de todos os grupos autonômicos, de todas as vontades soberanas, alargando e renovando a vida municipal (...). Finalmente, à inércia industrial oponhamos a iniciativa do trabalho livre, a indústria do povo, pelo povo, e para o povo, não dirigida e protegida pelo Estado, mas espontânea (...), organizada de uma maneira solidária e equitativa..."

A conclusão, proferida num tom idealista e retórico, .tem uma dimensão progressista, visa com a instauração de uma revolução, a acção pacífica, e, sobretudo, pela crença no progresso inspirado numa moralização social (ideia bebida em Proudhon), reformular toda a organização socio-política.

Na 3ª Conferência, a 8 de Junho de 1871, Augusto Soromenho professor do Curso Superior de Letras, falou de «A Literatura Portuguesa».

Nesta palestra fez uma crítica aos valores da literatura nacional, concluindo que ela não tem revelado originalidade. Há uma negação sistemática dos valores literários nacionais, com excepção apenas de alguns escritores como Luís de Camões, Gil Vicente e poucos mais, atacando os poetas, dramaturgos, romancistas e jornalistas seus contemporâneos. Transmite uma visão decadentista, ao negar originalidade e peculiaridade à literatura nacional.


Retrato de François-René de Chateaubriand

Tem a sua vertente revolucionária ao inculcar a ideia de que a literatura portuguesa deverá sofrer um processo de reconstrução que deverá partir de uma sociedade revitalizada. Uma literatura com carácter nacional mas que se guie por valores universais.

Propôs como modelo, para ser seguido, desta renovação salvadora da literatura nacional Chateaubriand, com o conceito de “belo absoluto” como ideal da literatura, constituindo esta um retrato da Humanidade na sua totalidade

A 4ª Conferência: «A Literatura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte», a 12 de Junho de 1871, teve como palestrante Eça de Queirós.


Eça de Queirós

Esta conferência tem também a sua inspiração em Proudhon, no aspecto programático, e no espírito revolucionário destas Conferências referido por Antero nas palestras que proferiu.

Eça salientou a necessidade de operar uma revolução na literatura, semelhante àquela que estava a ter lugar na política, na ciência e na vida social. A revolução é um facto permanente, porque manifestação concreta da lei natural de transformação constante, e uma teoria jurídica, pois obedece a um ideal, a uma ideia. É uma influência claramente proudhoniana. O espírito revolucionário tem tendência a invadir todas as sociedades modernas, afirmando-se nas áreas científica, política e social. A revolução constitui uma forma, um mecanismo, um sistema, que também se preocupa com o princípio estético. O espírito da revolução procura o verdadeiro na ciência, o justo na consciência e o belo na arte.

A arte, nas sociedades, encontra-se ligada à seu progresso e decadência, sendo condicionada por causas permanentes e causas acidentais – ideias que formam os períodos históricos e determinam os costumes, também denominadas históricas.

Esta teoria indicia a conciliação da teoria determinista de Taine, com a influência do meio e do momento histórica na criação artística, e o princípio moral de Proudhon, que refere o papel social do artista e a utilidade da arte.

A revolução, que inspirara tantos escritores, como Rabelais e Beaumarchais, é renegada e esquecida pela arte contra-revolucionária. Faz uma crítica cerrada ao Romantismo, a Chateaubriand, refere a separação entre o artista e a sociedade que conduz à arte pela arte e, por fim, anuncia o princípio da reacção salutar que começava a acontecer contra a "impostura oficializada" – o Realismo, que coincide com o despertar do espírito público.

"Que é, pois, o realismo? É uma base filosófica para todas as concepções do espírito – uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo. Assim considerado, o realismo deixa de ser, como alguns podiam falsamente supor, um simples modo de expor – minudente, trivial, fotográfico. Isso não é realismo: é o seu falseamento. É o dar-nos a forma pela essência, o processo pela doutrina. O realismo é bem outra coisa: é a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropos. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo é uma reacção contra o romantismo: o romantismo era a apoteose do sentimento; o realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade."
Dando uma noção mais concreta, Eça sistematiza:

"1º - O Realismo deve ser perfeitamente do seu tempo, tomar a sua matéria na vida contemporânea.(...);

2º - O Realismo deve proceder pela experiência, pela fisiologia, ciência dos temperamentos e dos caracteres;

3º - O Realismo deve ter o ideal moderno que rege a sociedade – isto é: a justiça e a verdade”

Foca aqui as relações da literatura, da moral e da sociedade. A arte deve visar um fim moral, auxiliando o desenvolvimento da ideia de justiça nas sociedades. Fazendo a crítica dos temperamentos e dos costumes, a arte auxilia a ciência e a consciência. O Realismo conduzirá à regeneração dos costumes. Concluindo:

"A arte presente atraiçoa a revolução, corrompe os costumes. De tal forma, ou se há-de tornar realista ou irá até à extinção completa pela reacção das consciências. – O modo de a salvar é fundar o realismo, que expõe o verdadeiro elevado às condições do belo e aspirando ao bem, - pela condenação do vício e pelo engrandecimento do trabalho e o da virtude”


Na 5ª Conferência, a 19 de Junho de 1871, Adolfo Coelho, analisa: «A Questão do Ensino»


Adolfo Coelho

Palestra proferida por Adolfo Coelho que se inicia com uma posição de ataque às “coisas portuguesas”. Traça um quadro desolador do ensino em Portugal, mesmo o superior, através da História.

A solução proposta passava pela separação completa da Igreja e do Estado e por uma mais ampla liberdade de consciência, solução que, no entanto, era restrita a uma zona da vida nacional.

Para Adolfo Coelho a Igreja deprimia o povo e do Estado nada havia a esperar. Tomando isto em consideração, o remédio seria apelar para a iniciativa privada, para que esta difundisse o verdadeiro espírito científico, o único que beneficiaria o ensino.

Quando Salomão Saragga se preparava para realizar a sua Conferência «História Crítica de Jesus», o Governo, por portaria, mandou encerrar a sala do Casino Lisbonense e proibir as Conferências.
As autoridades do Estado alegavam que “as prelecções expõem e procuram sustentar doutrinas e proposições que atacam a religião e as instituições do Estado”. O que não era de todo infundado porque, apesar de liberal, se vivia numa Monarquia e o Catolicismo era muito forte em Portugal. As Conferências veiculavam ideias que eram tidas por perigosas como a República, a Democracia e o Socialismo.
À volta da proibição, um acto de censura, levantaram-se variados protestos, choveram cartas aos jornais e foram lavrados opúsculos de polémica entre os quais um famoso ataque de Antero “ao Marquês de Ávila e Bolama”, que foi o autor da proibição

No mesmo dia da proibição, Antero redige um protesto no «Café Central», onde hoje está instalada a «Livraria Sá da Costa».

Nesse «Protesto» Antero de Quental escreve:

"Em nome da liberdade do pensamento, da liberdade da palavra, da liberdade de reunião, bases de todo o direito público, únicas garantias de justiça social, protestam, ainda mais contristados do que indignados, contra a portaria que manda arbitrariamente fechar a sala das Conferências democráticas. Apelam para a opinião pública, para a consciência liberal do País, reservando a plena liberdade de respondermos a este acto de brutal violência como nos mandar a nossa consciência de homens e de cidadãos"

Este protesto é assinado por Antero de Quental, Adolfo Coelho, Jaime Batalha Reis, Salomão Saragga e Eça de Queirós.

Em consequência desta proibição, não chegaram a realizar-se as conferências seguintes:

6ª. «Os Historiadores Críticos de Jesus» por Salomão Saragga
7ª. «O Socialismo» por Jaime Batalha Reis
8ª. «A República» por Antero de Quental
9ª. «A Instrução Primária» por Adolfo Coelho
10ª. «A dedução positiva da Ideia Democrática» por Augusto Fuschini

As Conferências do Casino foram, em Portugal, um importantíssimo episódio da Cultura de expressão portuguesa. Foram a afirmação dum movimento de ideias que vingavam na Europa. Era o Historicismo, o interesse pelas Ciências Sociais e Políticas, a crítica positivista à maneira de Taine, o evolucionismo de Darwin, um tímido interesse pelas ideias de Karl Marx, e especialmente Proudhon, o Realismo na arte como locução de um novo ideal de vida, a crença no Progresso das sociedades conseguido através da Ciência.


Os Vencidos da Vida

Eça de Queirós, afirma, mais tarde, em «As Farpas» sobre as Conferências: era a primeira vez que a Revolução sob a sua forma científica tinha em Portugal a sua tribuna”. Alguns dos interventores nestas conferências, cerca de duas décadas mais tarde, juntaram-se no grupo dos auto-intitulados “Vencidos da Vida”.

Notas:

(1) O Casino Lisbonense situava-se no Largo da Abegoaria, hoje Largo Rafael Bordalo Pinheiro, nº10, num edifício com janelas de padieiras redondas, de três pisos, exteriormente ainda incólume, de esquina com a antiga Travessa das Portas de Santa Catarina, hoje Travessa da Trindade. Em 26-12-1857, foi inaugurado com o nome de Café Concerto. Entre 1869 e 1870 o “can-can” foi aqui o grande espectáculo. Posteriormente passou a chamar-se Casino Lisbonense. Em 22-5-1871 iniciaram-se no rés-do-chão do edifício as chamadas Conferências Democráticas do Casino, que logo passaram a realizar-se no amplo salão do 1º andar. O Casino Lisbonense encerrou em 1876, passando depois a estabelecimento de estofador.

(2) Pode dizer-se que à chamada “Geração de 70” pertencem aqueles escritores da segunda metade do século XIX que a geraram no plano das ideias, estéticas ou outras, e não aqueles que a ela aderiram, prolongando-a historicamente. São eles: Antero de Quental (1842-1891), Eça de Queirós (1845-1900), Oliveira Martins (1845-1894) e Ramalho Ortigão (1836-1915). Secundariamente, a ela pertencerão: Teófilo Braga, Guerra Junqueiro, Jaime Batalha Reis, Guilherme de Azevedo, Gomes Leal, Alberto Sampaio ou ainda Adolfo Coelho e Augusto Soromenho.

A Geração de 70, ou Geração de Coimbra, foi um movimento académico de Coimbra que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura, onde a renovação se manifestou com a introdução do realismo.

Num ambiente boémio, na cidade universitária de Coimbra, Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins, entre outros jovens intelectuais, reuniam-se para trocar ideias, livros e formas para renovação da vida política e cultural portuguesa, que estava a viver uma autêntica revolução com os novos meios de transportes ferroviários, que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciando esta geração para as novas ideologias. Foi o início da Geração de 70.

Em Coimbra, este Grupo gerou uma polémica em torno do confronto literário com os ultra românticos do "Bom senso e do Bom gosto" ou mais conhecido por a Questão coimbrã. Mais tarde, já em Lisboa, os agora licenciados reuniam-se no Casino Lisbonense, para discutir os temas de cada reunião, que acabara por ser proibida pelo governo.

Depois das reuniões, a geração de oiro de Coimbra acabou por não conseguir fazer mais nada, muito menos executar os seus planos que revolucionaria o pais, e acabando por considerarem-se "os vencidos da vida", que não conseguiram fazer nada com que se comprometeram

Este grupo incluía, entre outros, José Duarte Ramalho Ortigão, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, António Cândido Ribeiro da Costa, Guerra Junqueiro, Luís de Soveral, Francisco Manuel de Melo Breyner (3.° conde de Ficalho), Carlos de Lima Mayer, Carlos Lobo de Ávila e António Maria Vasco de Mello Silva César e Menezes (9.º conde de Sabugosa). Eça de Queirós integrou o grupo a partir de 1889.

(3) «A Revolução de Setembro», 18 de Maio de 1871 in CABRAL, Avelino Soares, O Realismo – Eça de Queirós e "Os Maias", s/local, Ed. Sebenta, s/data, 2ª ed., pp. 9-10.


Bibliografia:

CABRAL, Avelino SoaresO Realismo – Eça de Queirós e "Os Maias". s/local, Ed. Sebenta, s/data, (2ª ed.)
MATOS, A. Campos (org. e coordenação)Dicionário de Eça de Queirós. Lisboa, Ed. Caminho, 1988,
MEDINA, JoãoEça de Queiroz e a Geração de 70. Lisboa, Ed. Moraes, 1980, (1ª ed.)

Leia-se, pela curiosa posição que o grande historiador, já em idade avançada, assume face a estas Conferências: «A suppressão das Conferencias do Casino» pp. 253-297 in:
HERCULANO, Alexandre (1810-1877)(Opúsculos). Questões Públicas – Tomo I. Lisboa. Em Casa da Viúva Bertrand & C.a – Chiado, n.º 73, 1873
(Este escritor merece ser referido noutra ocasião pela posição que teve nas nossas Letras).


Desculpem esta "pastilha", como diria um bom amigo que certamente a irá ler, mas para mim, grande apaixonado pelo estudo dos escritores e, evidentemente, dos acontecimentos do século XIX, não podia deixar de relatar, o mais sumariamente possível, estas Conferências, pois nelas participaram vultos com os quais nos cruzámos já ou nos iremos cruzar numa próxima ocasião.
Todos eles são figuras relevantes para as Letras e Cultura portuguesas.


Saudações bibliófilas.

2 comentários:

Galderich disse...

Rui,
Gracias por tu "pastilha" que nos ha introducido en un mundo de cambios que la intelectualidad portuguesa supo interpretar no muy lejos de los postulados de otros "Povos Peninsulares" del mismo momento. Es curioso como Proudhon fue el gran filósofo social del momento antes que Marx!

Rui Martins disse...

Amigo Galderich
¡Curioso como hoy, en una visita a un librero-anticuario, logré veer un libro que contestaba lo que Herculano escribió sobre las “Conferencias do Casino»!
Son siempre interesantes y provechosas estas visitas… ¡lo cuanto descubrí y aprendí hoy!
Para mí, bibliofilia es esto también, conocer lo básico para saber la importancia cuando logramos descubrir algo de nuevo.
Gracias por tu lectura y comentario.
Voy intentando divulgar los pocos conocimientos que tengo de la literatura de mí país para vosotros descubrieren como esta tiene cosas muy buenas e interesantes,
Saludos bibliófilos