Fernando Pessoa
Quadro de Almada Negreiros
Em singela homenagem a Fernando Pessoa (1), que é para mim, como para a maioria dos leitores, um dos maiores poetas da literatura portuguesa, deixo alguns dos muitos poemas que escreveu.
Fui criticado, se calhar com alguma razão, por ter publicado Cesário Verde no Dia Mundial da Poesia, pois não é um poeta da preferência da maioria dos leitores ... e, curiosamente, também não é da minha!
Mas como já disse algumas vezes, e é fácil entender-se por aquilo que escrevo, que os grandes autores estão um pouco arredados deste espaço.
Porquê?
Também já respondi.
Porque não tenho competência, nem conhecimentos, para fazer a sua análise, qualquer outro espaço, seja Blog ou não, terá informação mais completa e rigorosa daquela que eu possa fornecer e, finalmente, julgo haver autores de segundo plano merecedores da nossa atenção e que, em termos bibliófilos, são ainda “filões” mal explorados e, como tal, melhor “terreno de caçada” para os principiantes.
O Livro de Cesário Verde
A razão da publicação de Cesário Verde foi mais de ordem bibliófila do que de gosto poético, ainda que Cesário Verde tenha um espaço muito próprio no universo da nossa poesia.
Quem poderá negar que uma 1ª edição de apenas 200 exemplares, numerados e com um prefácio do grande amigo do poeta Silva Pinto, feita exclusivamente para os familiares e amigos não seja uma raridade bibliófila?
É claro que não basta ser raro, conheço muitas raridades que pouco valem, mas este livro, das poucas vezes que aparece à venda, é bastante disputado e atinge valores bem interessantes.
Deixo-vos agora com estes versos de Fernando Pessoa, escolhidos ao acaso, apenas tive o cuidado de seleccionar alguns daqueles que assinou com o seu nome e não com um dos seus heterónimos. (2)
Deixo-vos agora com estes versos de Fernando Pessoa, escolhidos ao acaso, apenas tive o cuidado de seleccionar alguns daqueles que assinou com o seu nome e não com um dos seus heterónimos. (2)
Fernando Pessoa
Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz empresta.
Fernando Pessoa
Estátua na esplanada de «A Brasileira»
Chiado - Lisboa
Teus Olhos Entristecem
Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que es.
Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.
Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estas a pensar,
Já quase não sorrindo.
Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencios
O teu sorriso inútil.
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Tormenta
Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Nós, Portugal, o poder ser.
Que inquietação do fundo nos soergue?
O desejar poder querer.
Isto, e o mistério de que a noite é o fausto...
Mas súbito, onde o vento ruge,
O relâmpago, farol de Deus, um hausto
Brilha e o mar 'scuro 'struge
Espero que, desta vez, tenham gostado mais, para mim é sempre um prazer reler Fernando Pessoa.
Saudações bibliófilas.
(1) Para os amantes, ou estudiosos, da sua obra sugiro que vejam o «Espolio de Fernando Pessoa na BNP».
(2) Para este tema leia-se o link que coloquei no início e prometo voltar a ele qualquer dia.
1 comentário:
Excelente Blog.
Abraços!
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