apenas sabia que ia partir para sul
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escapar às rotinas diárias com regras e horários bem definidos e pre-estabelecidos
liguei a ignição ia começar a aventura apenas sabia que ia partir para sul o acaso iria ditar as próximas regras.
(o relógio parara mas os ponteiros moviam-se o carro acelerou o olhar perdeu-se na paisagem perscrutando as imagens que pudesse registar)
só existe uma ponte no meu consciente a Vasco da Gama
só existe uma ponte no meu consciente a Vasco da Gama
que me leva ao outro lado do rio
só existe um rio no meu imaginário o Tejo
afloravam como jangadas montículos arrancadas às suas entranhas pelas chuvadas
mesmo agora choveu
jangadas encalhadas no rio que parecia não se mexer.
Passei a planície debaixo dum azul escondido pelas nuvens acinzentadas
retive a imagem da cegonha que vigiava do alta do seu ninho.
a serra do Caldeirão a serra algarvia que demarca o sentir e o viver
Cheguei à Serra
a serra do Caldeirão a serra algarvia que demarca o sentir e o viver
da gente da serra do prazer de se ser apenas para a gente da costa vida de betão que o sol requeima nas franjas das ondas que morrem na praia
– English spoken!
rostos vermelhos, agora um pouco amedrontados, mas sempre omnipresentes.
a imagem de exaustão da cor do vigor do verde e do peso do céu
(da serra retive a imagem de exaustão da cor do vigor do verde e do peso do céu que fazia desaguar o seu descontentamento como chuva refreando o meu passo)
Cheguei
sentei-me à varanda olhei Marina, a de Lagos que das outras não gosto tanto, os barcos ancorados balançavam o céu cinzento deslizava
ou seria as nuvens que por ele iam passando
o sol lutava para se fazer sentir ao menos vislumbrar a sua cor vermelha da morte sempre adiada e repetida
(os carros passavam, buzinas soavam, passos subiam, vozes ecoavam)
olhei Marina, a de Lagos que das outras não gosto tanto
Talvez ser livre seja simplesmente conseguir-se ser tudo o que se ambicionou alguma vez ainda que em momentos fugazes.
Peguei no livro e li .
“Memória Descritiva da Fixação do Texto Para a Edição Ne Varietur da Obra Completa de António Lobo Antunes” (1) de Maria Alzira Seixo e a sua equipa
SEIXO, Maria Alzira – “Memória Descritiva. Da fixação do texto para a edição ne varietur da obra de António Lobo Antunes”. Alfragide, Publicações Dom Quixote, 2010. 1ª edição. 179 (2) pp. Brochado
Foi este, mas não importava qual fosse, apenas o prazer de ler de se ouvir uma voz diferente de se aprender o gosto pela escrita
pois ler é sempre uma aventura quando se percorre todo o intrincado de um texto
(a escrita é um prazer mas saber escrever é uma arte que não se aprende é como um dom que só alguns conseguem cultivar e ir aperfeiçoando para fazerem desabrochar com esplendor)
“Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”
Fernando Pessoa
A noite caiu e o silêncio foi-se restabelecendo com a escuridão da noite
a lua não conseguiu romper
a minha memória das memórias desta viagem com ela se extinguiu.
Saudações bibliómanas (2)
(1) Consulte-se: Memória Descritiva: mais um trabalho sobre a obra de ALA coordenada por Maria Alzira Seixo
(2) Não é engano. Sou um leitor compulsivo e também um mau aprendiz de “escrevinhador”.
2 comentários:
Una buena salida, con libro incluido i un final con Fernando Pessoa... ¿qué más podemos pedir?
Rui.
Muy bellas fotografías.. Que por supuesto valen la pena.
Saludos
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