A Livraria Luís Burnay vai realizar mais um dos seus, sempre bons,
leilões de livros e manuscritos.
Desta vez elaborou um Catálogo
de Livros, Manuscritos, Autógrafos, Fotografias e Efémera do Paço de Pombeiro e
de outras proveniências para o leilão que decorrerá no próximo dia 15
de Maio pelas 18 horas, na sala de pregão da livraria.
Livraria Luís Burnay – sala de
pregão
Os livros encontram-se em exposição na
livraria nos dias 12, 13 e 14 de Maio no horário normal de funcionamento (10h-
13h / 15h – 19h) e na manhã do próprio dia de leilão.
Mas leia-se a nota de divulgação deste leilão da autoria da Livraria sobre o
mesmo e que me parece bastante esclarecedora sobre a sua importância:
Estimados clientes /amigos
Realizaremos no próximo dia 15 de
Maio pelas 18 horas um leilão de livros, manuscritos, autógrafos, fotografias e
efémera.
Entre os mais de 400 lotes que vão ser postos
em praça, merecem natural destaque pela raridade, valor e significado
histórico, a arca com o arquivo das
famílias Freire de Andrade (Porto e Braga) e Pereira de Lago Portocarreiro que
inclui o espólio de António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira (figura
importante da história portuense), duas notáveis pastas barrocas com as armas
de D. Gaspar de Bragança Arcebispo de
Braga (o segundo dos famosos “Meninos da Palhavã”) e o espólio literario do
escritor Ruy Chianca.
Nos livros merecem particular atenção
as primeiras edições da “Luz da
Liberal e Nobre Arte de Cavalaria” de Manuel Carlos de Andrade, da “História
Genealógica da Casa Real Portuguesa” de D. António Caetano de Sousa e um
conjunto completo do “ Diario Historico, Politico-Canonico y Moral” de
Fr. José Alvarez de La Fuente importante marco no jornalismo espanhol de
setecentos.
Nos manuscritos
e autógrafos bem representados com espécimes desde o século XV, sobressai
uma bonita “Carta de Brasão” joanina de 1723, vários “pergaminhos” régios
(alguns raros de D. Miguel I, da Rainha D. Luísa de Gusmão e de D. Fernando
Rei) e cartas autógrafas do Rei Henrique IV de França, da Infanta D. Maria
Teresa (filha de D. João VI e Irmã de D. Miguel), de Alexandre Herculano, de
António Sérgio, do Almirante Napier e um bilhete postal com retrato de Adolfo Hitler e assinatura
autógrafa. Merecem ainda particular atenção dos camilianistas três muito interessantes
cartas autógrafas de Camilo, uma das raríssimas impressões em cetim de uma
poesia dedicada a Laura Geordano, um exemplar do “Nacional” de 1850 e ainda uma
fotografia do famoso descarrilamento do comboio no caminho de ferro do
Minho onde Camilo viajava.
No importante
e significativo conjunto de fotografias antigas de colecção, com
interessantes exemplares de Rocchini, Relvas, Biel, Camacho, Alvão, Lima,
Brazão, Fenton e outros, destacamos as reportagens fotográficas da viagem
de D. Carlos e D. Amélia aos Açores e á Madeira em 1901 e das inesquecíveis
cheias do Douro em 1909 e uma fotografia do “Yacht Amélia I” em frente ao
Terreiro do Paço.
Acresce ainda a presença de varias
“curiosidades” de raridade, como duas
caixas de charutos da Fabrica de Xabregas, dois jogos antigos para crianças,
um manifesto antigo de carga marítima para o Rio de Janeiro, uma apólice
antiga da Companhia de Seguros Bonança e um exemplar do notável cartaz
desenhado por Roque Gameiro para o “Centenario” da descoberta do caminho
marítimo da Índia em 1898.
Vejamos então agora alguns dos lotes em praça, mais uma vez sem um
critério predefinido de escolha, apenas pelo seu interesse histórico-cultural,
algumas curiosidades – jogos e publicidade – e, como sempre, alguns espécimenes bibliófilos.
21. ANDRADE, Manuel Carlos de.- Luz
da liberal e nobre Arte de Cavallaria offerecida ao Senhor D. João Principe do
Brazil.- Lisboa: Na Regia Officina Typografica, 1790.- XXVI, 454,
(2)p.: 1 retr., 93 grav.; 33cm.-E.
Trata-se de uma das mais espectaculares obras impressas em Portugal, que
no dominio da equitação e hipologia nos colocou lado a lado com as mais
celebradas obras desta especialidade publicadas na Europa de então. Segundo
Inocêncio (V, 386), alguns pretenderam atribuir esta obra ao Marquês de
Marialva. Sob o ponto de vista grafico e artístico esta obra rivaliza com as
estrangeiras apresentado 93 excelentes gravuras finamente abertas por buril em
chapa de cobre por Joaquim Carneiro da Silva, sempre de pagina inteira e várias
desdobráveis de maiores dimensões e de bonito efeito estético. No inicio
apresenta ainda um retrato do Príncipe D. João a quem a obra é dedicada. O
texto de grande interesse técnico vem adornado com duas vinhetas decorativas
abertas em chapa, cabeções de enfeite e algumas letras capitulares ilustradas.
Meia-encadernação de pele de finais do seculo XIX com o corte das folhas
carminado ao gosto da época. Restauro marginal antigo na margem de uma folha
(231) e dobra parcialmente aberta de uma estampa (nº 64). Exemplar completo e
muito limpo e estimado desta obra notável hoje rara e valiosa."
43. BRAGANÇA, Gaspar de (Dom)
(Infante de Portugal, Arcebispo de Braga).- (ENCADERNAÇÃO).- Sec. XVIII.-
(36x25cm.)
Excepcional pasta para documentos em chagrin vermelho, com os planos
adornados com o brasão do Arcebispo de Braga, D. Gaspar de Bragança filho
ilegítimo de D. João V, o segundo dos famosos " meninos da Palhavã".
Esta notável peça de encadernação barroca portuguesa, apresenta ao centro de
cada pasta o brasão da Casa de Bragança encimado pela dupla cruz arquiepiscopal
que trespassa uma coroa ducal, tendo por cima um galero de 20 borlas,
enquadrado por uma artística composição ao gosto da época com quatro grandes
volutas unidas por arabescos, tudo em ferros simples, rodas e viradores
decorativos a ouro com o fundo por vezes pintado de negro para fazer contraste.
As margens apresentam ainda uma elaboradíssima decoração constituída pelos
cantos em forma de "leque" decorados no interior com ferros simples e
uma cercadura de roda enriquecida com ferros simples a rematar. Guardas em
seda.
81. (CASTELO BRANCO, Camilo) -
NOVAES, Faustino Xavier de.- 1 Documento autógrafo.- Sec. XIX.- 35f.; 37cm.
Trata-se de um significativo fragmento do original autógrafo das Novas
Poesias de Faustino Xavier de Moraes, com algumas anotações autógrafas por
Camilo Castelo Branco, a quem se deveu a organização da edição. Em "
linguados " de papel azul pautado numerados a lápis no canto superior
direito este conjunto compõe-se da seguinte forma: [indicamos entre parêntesis
a numeração correspondente na edição original em livro] 65 (118) - 74 (135) ;
79 (141) - 92 (162) ; 95 (165) - 108 (187); 139 (235) - 170 (283).
De particular interesse verificar-se que se devem a Camilo todas as
citações de clássicos portugueses antes de algumas poesias e a nota que informa
ser um autógrafo.
82. CASTELO BRANCO, Camilo.- 1 Carta
autógrafa.- (1p.; 21cm.)
Carta seguramente dirigida ao seu amigo Duarte Gustavo Nogueira Soares.
Em tom confessional e até premonitório do seu suicídio que viria a concretizar
cinco anos depois, muito desalentado com a morte da nora e da neta Maria Camila
ocorrida pouco tempo antes, diz: " Se, menosprezando a higiene, voçê lêsse
folhas, veria que depois de mª nora, morreu minha neta, uma criancinha de 18
meses que me deixou inconsolável para o resto da vida. O que vale é que isto
está a acabar. O esposo e pai d'aquellas mortas tem 21 annos, e promette
pouquissima vida. A riqueza abriu-lhe as portas á extravagancia; e quando a
doença o prostrou, veio para a minha companhia; mas tarde. Tenho outro filho
mentecapto. E aqui tem as minhas delicias na velhice:- são como as das
mocidades…"
Assinada e datada de 18 de Dezembro de 1884. Esta carta ajuda a
compreender o drama de Camilo.
85. CASTELO BRANCO, Camilo.- 1
Impressão em setim
Impressão em setim de uma poesia do insigne escritor dedicada á cantora
lírica Laura Geordano aquando da festa de despedida em seu benefício realizada
no Real Teatro de São João no Porto, no dia 31 de Maio de 1854. Começa:" À
Senhora Laura Geordano na noite do seu benefício, no Real Theatro de S. João,
no Porto, em 31 de Maio de 1834 " .- (Porto): typ. de S.J. Pereira, s.d.
(1834).- Impressa em setim verde. O soneto vem adornado com uma bonita cercadura.
Estão referenciadas mais três poesias de Camilo impressas em tecido, e
qualquer uma delas é hoje considerada como uma das mais raras e apetecíveis
peças de uma colecção camiliana. Muito estimada.
101. CHIANCA, Ruy (Rui Pedro de
Carvalho Oliveira Chianca 1891-1931)- Arquivo pessoal de
Espólio literário deste notável escritor – dramaturgo, poeta e
jornalista. Rui Chianca, deixou o seu nome ligado a uma efémera tentativa de
revivescência do teatro histórico em verso, levada a cabo nos primeiros anos do
regime republicano.Sendo militar de carreira, a sua participação na abortada
insurreição monárquica de 1918 forçou-o a emigrar clandestinamente para o
Brasil, onde escreveu varias peças de idêntica inspiração, tendo sido director
literário da revista ilustrada - Portugal. Este acervo documental é constituído
por centenas de documentos e milhares de páginas, grande parte autógrafos ou
documentos dactilografados com emendas autógrafas alguns provavelmente
inéditos, bem como cartas de amigos quase sempre figuras conhecidas da época.
Incluem-se ainda grande numero de efémera relacionados com o escritor ou as
suas obras.
Obras do Autor – Originais Manuscritos e Datilografados:
1. S. Frey –
24.4.1906, (com 15 anos). Manuscrito.
2. A Vingança.
Entracto em verso por Ruy Pedro d'Oliveira Chianca
3. Manon – 1º acto.
Manuscrito.
4. Nun'Alvares –
Peça histórica em 3 actos e 8 quadros, manuscrito em vários tipos de papel.
5. Por um Beijo –
Um acto em verso – Escrito em Fevereiro de 1912 para ser representado por estudantes da Escola
Politécnica – Editado em Junho de 1913, 2 manuscritos da mesma peça.
6. Aljubarrota –
escrito em 1911 e editado em 1913, manuscrito em vários tipos de papel com a inscrição: “visto para
editação”, com uma dedicatória à sua mulher.
7. A Freira de Beja
– (Soror Mariana) – Novembro de 1915, 2 manuscritos. 1 Com inscrição manuscrita do editor: “o
frontispício será a duas cores e para ele e capa mandarei cliché.”
8. Portugal
Restaurado, peça histórica em prosa e 3 actos – 2 manuscritos (feita e acabada em Badajoz – outubro de 1919)
9. Portugal – A
Historia de um povo – reconstrução histórica de Ruy Chianca, Invicta – Film. Datilografado.
10. Portugal
heroico, lendário e boémio (contos e cronicas) – Rio, Dezembro de 1925. (Datilografado).
11. Leonor Teles –
Quadro em verso – 12 de Outubro de 1928, datilografado com uma dedicatória manuscrita a Lucília
Simões.
12. O Heredo –
Morbo de Camilo. Datilografado.
13. A Alma de D.
João – Fantasia lírica n'um acto. Manuscrito.
14. D. Francisco
Manuel – Drama histórico em 4 actos, em verso. Manuscrito em vários tipos de papel.
15. O Santo
Condestabre – Resposta ao libelo do cardeal diabo, Dr. Julio Dantas, outros tempos, manuscrito em vários tipos
de papel.
16. A Triste feia –
1º acto (manuscrito)
17. Margarida –
Opereta em 3 actos, manuscrito com a seguinte inscrição: “não está acabada”.
18. Era uma vez um
ladrão… / Peça em 1 acto em prosa, inspirada num conto de Maurice de Marsan, datilografado.
19. O Estábulo
(manuscrito)
20. A Tia de Carlos
– comedia em 3 actos de Pedro Gil – traduzido do espanhol. (manuscrito)
Poesia. “Ruy Chianca – Farrapos”. 90 Páginas datilografadas e
encadernadas. Autógrafo. Poesias datadas (1909/1922), algumas com notas sobre a
sua récita por actores bem conhecidos como Maria Mattos e Carlos Santos.
Pasta (1): Intitulada – Teatro Inedito – Prosa: Carta de Chaby Pinheiro
a Maria do Carmo de Pina Manique (com data de 1.8.1931 em Paris) pela “… triste
notícia da morte do seu marido e nosso amigo Ruy Chianca…”, Recortes de jornais
– sobre Ruy Chianca; Revista – Ecco Artistico, ano II, nº43, 1912, com Chianca
na capa; Carta da Associação de Classe dos livreiros de Portugal com data de
23.07.1931, dando os pêsames a sua mulher; Separata da revista "De
Teatro", 1924 c/ dedicatória; vários papéis e artigos de jornais sobre o
"caso Marcos Portugal" com assinaturas de ilustres ligados à música e
não só, na cerimónia do centenário da sua morte a que esteve ligado; Liga
Monárquica D. Manuel II do Rio de Janeiro; Carta de António Maria Teixeira, de
1925, sobre a publicação dos seus livros; Cartas da Sociedade de Geografia (4);
Cartão de identificação de diretor literário da revista ilustrada – Portugal,
Rio de janeiro de 1926; Passaporte de Ruy Chianca e sua mulher do Consulado
Geral de Portugal no Rio de Janeiro em 1929, entre outros.
Pasta (2): Intitulada – Outubro de 1902: Vários papéis com estudos e
árvores genealógicas dos seus ascendentes e da sua mulher Maria do Carmo de
Pina Manique. Apontamentos para a minha autobiografia literária - 1919;
Apontamentos para a minha autobiografia – Abril de 1919. [Nestes apontamentos
biográficos, conta como tomou parte no golpe de Estado de 5 de Dezembro de
1917, insurreição protagonizada por uma Junta Militar Revolucionária à qual
pertencia e da qual era Presidente Sidónio Pais. Após o assassinato deste em
1918, tomou parte activa no movimento monárquico o que levou à sua fuga para o
Brasil, escondido num navio da mala real inglesa. Chegado ao Brasil foi
acolhido pelos intelectuais e público brasileiro e a sua primeira conferência
literária, realizada no teatro lírico do Rio de Janeiro, provocou um enorme
escândalo por estar entre o público o encarregado de negócios de Portugal, este
em consequência foi castigado e transferido daquele posto.]
Pasta (3): Intitulada – Apontamentos para a genealogia de José de Pina
Manique Chianca: 8 desenhos (alguns relativos às suas peças) a tinta-da-china e
carvão, um dos quais do artista Tagarro, cadernos e várias paginas manuscritas
e datilografadas de estudos da história de Portugal e outros. Historietas
datilografadas: O renegado; Escorropicha; S. Gonçalo de Amarante e o Duque de
Loulé e a casa de Bragança. Maço de 68 (págs.) manuscritas intituladas: 4º
volume – As origens da raça.
3 Álbuns: Intitulados – Ruy Chianca: Recortes de jornais de Portugal e
Brasil colados, com notícias sobre as suas peças de teatro e actividade
literária; clichês de actrizes e actores que representaram as suas peças e
programas de teatros. Também algumas cartas coladas que abordam temas como
crítica literária às suas peças e em relação à sua situação política.
165. FIGURAS para recortar (figures à
découper).- Sec. XX
Curioso conjunto de 11 séries ainda não recortadas de figuras
decorativas e recreativas para crianças, finamente impressas a cores
esmaltadas, de fabrico suiço que representam, cabeças de gatos e de cães,
palhaços e trajes civis e militares. Muito invulgares.
194. HERCULANO, Alexandre.- 1 Carta
autógrafa (4p.;20cm.)
Nesta curiosa e muito interessante carta dirigida provavelmente a um
" irmão " maçon na Secretaria da Justiça que não conseguimos
identificar, o grande historiador vem solicitar ajuda : " Vou obrigá-lo a
escrever uma carta em que me informe sobre os tramites a seguir n'um negocio;
negocio em que nada interessa o meu profundo egoismo de velho; mas em que se me
entolha a consciência e o coração, que com grande vergonha minha, descubro
agora que não está investido de todo de musculo em cartilagem. É o caso.
Appareceram-me aqui dous velhos com cara de boa gente , que se agarraram a mim
a chorar, sem poderem proferir palavra. Procurei socegá-los e saber o que
queriam de mim. Era uma historia tão simples como horrivel, a ser como hoje
estou inclinadissimo a crer, verdadeira. " de seguida Herculano resume os
acontecimentos, dignos de uma ficção, e desabafa: " Quanto, meu bom amigo,
estamos ainda longe da verdadeira justiça e da verdadeira liberdade! Podia tudo
isto ser comedia e mentira; pode sê-lo. Mas tenho perguntado à gente d'aquida
gente de Santarem a quantos tenho podido, e todos uniformemente defendem como
verdadeira a mesma historia. " e termina: “ Na Secretaria das Justiças
devem saber-se os tais tramites. Tenha paciência de m'os indicar. Se
contribuir-mos para salvar um innocente, sempre Deus nos tomaria isso em
desconto de sermos refinados liberdadeiros e pedreiros-livres. "
Assinada e datada de 15 de Novembro de 1873. Para além da história que
tocou no coração de Herculano é de particular interesse assumir a sua qualidade
de " Pedreiro-Livre ".
195. HISTOIRE /
NATURELLE ET MORALE / DES / ILES ANTILLES / DE L'AMERIQUE / Enrichie de
plusieurs belles figures des Raretez les plus / considerables qui y sont
d'écrites / avec un Vocabulaire Caraibe.- A Rotterdam: Chez Arnould Leers, 1658.- (16),
527, (12)p.: il.; 24cm.-E
Raríssima primeira edição desta notável obra seiscentista sobre a
história Natural e os costumes das Antilhas. Foi publicada anónima e durante
muitos anos atribuída a vários autores como Louis de Poincy, Cesar de
Rochefort, Raynald Breton, Jean Baptiste du Tertre e mesmo ao próprio editor
Arnout Leers. Estudos recentes atribuem a maior parte do trabalho ao Pe.
Rochefort, a partir de informações de Poincy que foi governador da Ilha de São
Cristóvão. Trata-se de uma obra dedicada a viajantes ou mesmo um guia para
emigrantes, com uma primeira parte que oferece uma descrição muito
pormenorizada das pequenas antilhas e da respectiva história natural
seguindo-se uma segunda parte onde se descrevem os costumes e a organização
social dos seus habitantes, terminando num vocabulario caribenho atribuído ao
Padre Raymond Breton. Vem ilustrada com uma bonita gravura alegórica inicial,
um retrato de Jacques Amproux a quem o livro é dedicado e varias gravuras
intercaladas no texto (algumas de pagina inteira), que representam diversas
espécies de animais e plantas, tudo finamente aberto em chapa de cobre.
Encadernação da época, inteira de pele, com pequenos defeitos. Com falta das
folhas 97/98 e 111/112. Para além de um insignificante restauro antigo numa
folha e pequeno defeito junto ao festo noutra, exemplar limpo e estimado desta
obra valiosa e muito apreciada.
214. JAMAIN, H.;
FORNEY, E.-Les Roses: Histoire - Culture - Description / préface par Ch. Naudin; 60 Chromolithographies d'aprés
nature par Grobon; ouvrage publié sous la Direction de J. Rothschild.-Paris: J.
Rothschild, 1873.- IV, 136p.: 59 (de 60) est.; 26cm.-E.
Esta magnifica monografia sobre as Rosas e sua cultura está ilustrada
com 59 (de 60) excelentes cromolitografias que representam outras tantas
variedades, cada uma com a respectiva descrição e métodos de cultura. Para além
do interesse científico há que realçar o interesse estético das estampas,
algumas retocadas á mão como aguarelas. Como habitualmente com as edições de J.
Rotschild o papel apresenta-se com mais ou menos picos de acidez. Muito raro e
valioso. Meia-encadernação de chagrin, levemente cansada nas charneiras. Corte
das folhas dourados.
217. JOGO ANTIGO - (Sec. XIX).-
SENTENCES & Citations ou Jeu des Fleurs Historiques & Littéraires.- Paris,
Breveté- S.G.D.G.- 1 Caixa.
Trata-se de um curioso jogo de sociedade (didático e para crianças) de
finais do seculo XIX, constituído por 16 cartões ilustrados com cenas
históricas impressas em vistosas cromolitografias esmaltadas. Cada um tem oito
entalhes redondos cuja parte superior se pode levantar e que têm no verso um
nome de um autor famoso com uma citação histórica, e no local que lhe compete
para compor o desenho, encontra-se escrito o nome do autor com a explicação da
citação. Faltam 16 das peças redondas que se levantam, mas curiosamente
apresenta 4 improvisadas na época para substituir as que já faltavam uma ou
outra imperfeição no esmalte dos cartões. Caixas com pequenos defeitos Mesmo
com imperfeições peça rara de colecção."
256. MANIFESTO DE CARGA DO PORTO PARA
O RIO DE JANEIRO.- 1 Documento manuscrito e parcialmente
impresso ( 14x26cm.)
Manifesto de carga passado por: " …Eu Manuel da Silva Monteiro,
capitão da Galera Flor do Porto que ao presente está ancorado no porto desta
Cidade, para seguir viagem ao Porto do Rio de Janeiro… tenho carregado dentro
na dita galera debaixo de coberta enxuta, e bem acondicionado do Illmº Snr
Henrique Carlos Freire de Andrade, meia pipa de vinho de embarque encapada, que
faz por conta e risco de quem pertencer… o qual me obrigo, e prometo,
levando-me Deos a bom salvamento, e dita Galera de entregar em nome do
sobredito a Exmª Snrª D. Maria Joze de Mendonça Cardozo Figueira e
Azevedo."
Assinatura autógrafa. Datado do Porto 27 de Junho de 1820.
262. MANUSCRITOS - ARCA COM O ARQUIVO
DAS FAMILIAS FREIRE DE ANDRADE (Porto e Braga) e PEREIRA DO LAGO PORTOCARREIRO.
Notável arquivo familiar guardado durante mais de 150 anos numa arca
encoirada e pregueada do Sec. XIX, forrada no interior a chita estampada.
Trata-se do espólio de António Mateus Freire de Andrade Coutinho
Bandeira, fidalgo da Casa Real, proprietário do Palácio Freire de Andrade no
Porto [hoje sede da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luis Mesquita
Carvalho], membro da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino que
enfrentou os franceses durante a Primeira Invasão, e vereador da Câmara do Porto
aquando da segunda Invasão. Passou depois para seu filho Henrique Carlos Freire
de Andrade Coutinho Bandeira, também fidalgo da Casa Real. Por sua morte passou
para o filho Henrique Freire de Andrade Coutinho Bandeira Figueira de Azevedo,
Fidalgo da Casa Real, Tenente Coronel de Milicias e Tenente dos Voluntarios
realistas do Porto, que ao casar com D. Maria Felizarda Pereira do Lago Porto
Carreiro, a ele juntou um substancial acervo de manuscritos da família Pereira
do Lago Portocarreiro. Reunidos assim, os dois espólios, passaram depois para
Henrique Freire de Andrade Coutinho Bandeira Figueira de Azevedo e sua filha D.
Henriqueta Freire de Andrade Coutinho Bandeira, que ao casar com D. Paulo de
Melo Sampaio de Sampaio Freitas do Amaral, 1º Barão de Pombeiro de Riba Vizela
o transmitiu a D. João de Melo Pereira de Sampaio, Senhor do Paço de Pombeiro
de Riba Vizela, da Casa de Sezim em Nespereira, Guimarães e da Casa de Vila
Pouca em Joana, Famalicão.
É importante referir que ao longo deste percurso temporal o arquivo foi
sempre sendo enriquecido e acrescentado com documentos relativos á vida pessoal
e familiar de cada um dos seus possuidores, adquirindo por isso agora grande
significado histórico não só pelo quantitativo com mais de 1.000 documentos e 34
livros encadernados, mas sobretudo pela invulgar abrangência temporal que
evidenciou (no nosso inventario preliminar) com 1 documento do Sec.XIII, outro
do Sec.XV, 30 do Sec.XVI, e mais de 160 do Sec. XVII. Naturalmente os séculos
XVIII e XIX estão amplamente representados (centenas). Outra característica
interessante é a variedade de documentos com particular destaque para varios
documentos régios e abundante correspondência particular e oficial,muitos
apontamentos genealógicos com árvores de costados, testamentos, doações,
partilhas de bens, inventarios, certidões, escrituras, prazos e aforamentos,
vínculos, e um pouco de quase todosos documentos curiosos e invulgares que se
guardam ao longo de tanto tempo num arquivo desta dimensão.Tratando-se de um
Arquivo intocado há tanto tempo, consideramos a sua ocorrência no mercado um
acontecimento da maior raridade tanto mais que em geral os documentos se
apresentam bem conservados, até os mais antigos.
No final
do catálogo apresentamos uma listagem muito sumária de alguns documentos mais
relevantes, apenas para dar uma ideia do seu conteúdo.
268. MARIA PIA, Dona (Rainha de
Portugal).- 1 Fotografia.- Sec. XIX.- (38x17cm.)
Fotografia sobre papel com suporte em cartão. Retrato de meio-corpo de
D. Maria Pia. Trabalho do atelier " Fratelli d'Alessandri-Roma "
impresso na margem inferior do cartão. No verso ostenta o carimbo da biblioteca
" Campos e Sousa ".
347. PUBLICIDADE Antiga.- 29
Documentos
Curioso e invulgar conjunto de publicidade antiga, quase toda francesa
de inicios do século XX. Particular destaque para o " Paticycle " de
Fernand Leblanc, para os carros " Mathis " e para o farolins "
Lucifer ".
374. SARAMAGO, José.- Terra do
Pecado: Romance.- Lisboa: Editorial Minerva, 1947.- (4), 331p.;
20cm.-B.
1ª edição do primeiro e mais raro livro deste autor galardoado com o
prémio Nobel. Como o próprio escritor referiu, este romance a que chamou
"A Viúva" saíu com o título actual por exigência do editor, e por
isso foi retirado durante algum tempo da bibliografia oficial de Saramago.
Exemplar com curiosa inscrição no anterrosto “ oferecido pelo meu editor”
acompanhada por um recorte de revista com excerpto de uma entrevista a Saramago
que refere precisamente que só teve um exemplar oferecido pelo editor e que o
perdeu! Rubrica no rosto da tradutora "Mariac Dimbla" (pseudónimo de
Maria do Carmo Dias Monteiro de Barros). Estimado. Procuradíssimo."
376. SENTENÇA "DE GENERE".- 1
Documento.- Sec. XVII.- (2p.;31cm.)
A favor de Francisco Alves Tinoco " justificante por Christam velho
inteyro, & limpo de toda a raça de nação infecta por seus pays, e avós
paternos & maternos…" passada em Braga a 1 de Janeiro de 1681 por
António de Figueira Pinto.Parcialmente impressa."
381. SHAKESPEARE, William - [trad. D. LUIS I].- Hamlet: drama em cinco actos / traducção
portugueza.- Lisboa; Imprensa Nacional, 1877.- 149p.; 23cm.-E
Trata-se da rara 1ª edição da tradução para português desta famosa obra
de W. Shakespeare, feita pelo Rei D. Luis I, que segundo Inocêncio, parece ter
tido uma edição de tiragem muito pequena destinada apenas a ofertas pessoais do
monarca. Pensamos que este exemplar deve ter pertencido ao próprio Rei não só
porque está revestido por uma bonita meia encadernação de chagrin com o título
encimado por uma coroa real, tudo a ouro na pasta superior, mas sobretudo
porque no anterrosto ostenta a assinatura autógrafa do monarca, e na lombada na
casa do autor tem gravado a ouro "D. Luis I". A encadernação vem
assinada "Lisboa & Companhia".
393. SOUSA, D. Antonio Caetano de.-
História genealógica da Casa Real Portugueza, desde a sua origem até ao
presente ….-Lisboa Occidental: Na Officina de Joseph Antonio da Sylva,
1735-1768.- 15 vols.: il.; 29cm.-E + SOUSA, D. Antonio Caetano de.- Provas da
História genealógica da Casa Real Portugueza…-Lisboa Occidental: Na Officina
Sylviana, 1739-1748.- 6 vols.; 29cm.-E + INDICE geral dos appelidos, nomes
próprios e cousas notáveis que se comprehendem nos treze tomos da História
genealógica da Casa Real Portugueza e dos documentos comprehendidos nos seis
volumes de Provas…-Lisboa: Na Regia Officina Sylviana, 1749.- 435p.; 29cm.-E
Colecção completa da primeira edição desta obra notável de incontestável
valor histórico e genealógico. Segundo Inocêncio (I, 101) pode ser considerada
uma história geral do reino, pois que nas suas vastas dimensões abrange
variadíssimos assuntos, mais ou menos enlaçados com a genealogia e acções da
família real portuguesa desde o principio da monarquia. Também sob o ponto de
vista gráfico, a edição é monumental e muito cuidada, vem impressa em papel
encorpado e adornada com muitas vinhetas e brasões decorativos tudo finamente
gravado por Debrie. O quarto volume apresenta como lhe compete 49 gravuras que
representam medalhas, moedas, e selos pendentes. O primeiro volume não
apresenta o frontispicio comum nas edições da Academia mas conserva o retrato
do autor finamente aberto em chapa. Conjunto estimado limpo e com boas
margens, revestido por encadernações da época, inteiras de pele, com bonitos
ferros a ouro e rótulos nas lombadas. Alguns volumes apresentam defeitos nas
lombadas e coifas. Colecção atraente.
Aqui deixo a minha leitura deste precioso catálogo, convidando-vos a
folheraem atentamente o mesmo, pois que tem “um
pouco de tudo para todos os gostos” e está sobretudo muito bem elaborado.
Saudações bibliófilas.
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