"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 3 de novembro de 2012

As Palavras do Silêncio



 Busto de Camões de Andries Pauwels (sec. XVII)

Estamos em tempos de mudança e nada melhor do que abrir com este belo soneto Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades de Luís de Camões:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E, em mim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Este título As Palavras do Silêncio – título um pouco estranho pela sua contradição – prende-se com as mudanças que se veêm na nossa sociedade e que se deverão reflectir neste espaço.

Este título acaba por simbolizar o desejo de mudança no conteúdo e objectivos deste blogue.

O silênco porque este tem passado deve-se a querer escrever algumas palavras que me têm ocupado o pensamento e me têm obrigado a reflectir sobre a sua continuação.

São precisamente estas palavras/pensamentos que se foram reunindo ao longo destes meses de silêncio construindo penosamente, na minha mente, um texto de reflexão que vos pretendo apresentar hoje.

Quando comecei a publicar os meus primeiros textos pretendi divulgar a nossa bibliofilia e estimular o coleccionismo do livro antigo.


ARRONCHES, Marquês de – Panegyrico al-Rey Nuestro Señor Don Pedro II de Portugal

Alguns destes mostram algumas obras importantes da nossa bibliofilia, enquanto outros são de apontamentos bio-bibliográficos sobre autores, nem sempre dos mais conhecidos, mas cuja obra me parece merecer a nossa atenção.

Outra das ideias, sempre defendida, foi a de promover livros de aquisição relativamente acessível pelos seus preços embora já de alguma escassez no mercado bibliófilo.

Obviamente que as grandes raridades, sempre que surgiam no mercado, não deixaram de ser referidas.

Como sou um bibliómano assumido, se calhar mais do que um bibliófilo, não deixei de referir alguns autores estrangeiros que fazem parte do meu universo literário e das minhas paixões bibliófilas.


BRONTE, Charlotte – Villette
Published in London by Smith, Elder & Co. 1853
3 volumes complete. First edition.

(Claro que alguns destes já não serão tão facilmente coleccionáveis, mas também não era esse o meu propósito…)

Entretanto agudizou-se a crise politico-económica em Portugal, que se estende igualmente um pouco por toda a Europa, e com ela a perda de poder de compra com as sucessivas medidas de austeridade que atingem cada vez um maior grupo de portugueses.

Comecei a interrogar-me se seria lícito propor a aquisição de livros ou manuscritos bibliófilos (se calhar mesmo os livros que se vão publicando já será difícil…), quando muitas famílias conhecem as dificuldades do desemprego, quando crianças vão para a escola sem tomarem o pequeno-almoço pois os seus pais têm grandes dificuldades, ou quando se tem de cortar noutras despesas mais essenciais na vida diária de cada um.


Manifestação de 29 de Setembro de 2012
Terreiro do Paço – Lisboa

As manifestações de descontatamento popular sobem de tom, enquanto as economias familiares têm de “inventar “ soluções para se manterem equilibradas.

Cada vez há mais empresas a fecharem e com isso o número de desempregados vai aumentando.

Os jovens recém-formados procuram desesperadamente um emprego compatível com a suas habilitações, mas batem a portas que não se abrem – a única saída é a emigração…e o país vai ficando mais pobre!
(e era este um dos grupos que eu gostaria de atrair para estas “lides”…)

Triste com este quadro do meu país, retirei-me um pouco para a minha “vida de aldeia” – um pouco ao gosto do nosso Alexandre Herculano quando se retirou da vida pública e política para a sua quinta de Vale de Lobos – e dediquei-me a cuidar dos meus pássaros (lá vou ter outra vez os defensores dos direitos dos animais à perna…), a cultivar o meu pequeno jardim e a realizar experiência hortícolas.

Tem sido uma experiência enriquecedora de conhecimentos – com alguns sucessos, mas igualmente com alguns desaires – pois é uma área onde me comecei a iniciar.

Claro que isto me tomou algum do pouco tempo que tenho para escrever, mas diga-se em abono da verdade que a preguiça e a desmotivação para o fazer eram francamente maiores!

No entanto, o blogue nunca esteve abandonado, se calhar nem nunca lhe prestei tanta atenção como neste período. (quero dizer “olhar com olhos de ver” como se diz por cá…)

Regularmente consultava-o para avaliar o que se lia, quando se lia e quem lia o quê.

Pude verificar, que apesar de ter um número de seguidores que me dão um certo orgulho, em realidade estes são mais uma manifestação de agrado pelo que leram até então, mas que não seguem regularmente as minhas publicações.

A leitura inicial de um dos meus textos reduz-se a escassas dezenas, mas ao fim de um mês as mais “trabalhadas” chegam rapidamente às centenas.

A grande maioria dos leitores “descobre” o blogue por pesquisas realizadas na internet, mas surge um grupo curioso de leitores dos paises do leste europeu e do Japão (se assim posso dizer atendendo à lingua em que é escrito – o português – que é geralmente considerado difícil e não muito falado para além dos paises lusófonos), que sistematicamente “vasculham” a divulgação dos catálogos que publico (e duvido muito que a tradução do Google os elucide bem!)


Manuel Alegre

Mas voltando à poesia (e todos os que me leêm conhecem o meu gosto por ela) trago-vos um outro poema, este de Manuel AlegreO Livreiro da Esperança incluído em Praça da Canção:

Há homens que são capazes
de uma flor onde
as flores não nascem.
Outros abrem velhas portas
em velhas casas fechadas há muito.
Outros ainda despedaçam muros
acendem nas praças uma rosa de fogo.
Tu vendes livros quer dizer
entregas a cada homem
teu coração dentro de cada livro.

claro que aqui não no contexto em que ele foi escrito, pois que se relacionava com os tempos de censura que o país então vivia, como se pode concluir pela leitura deste artigo: O Livreiro da Esperança – Carlos Alberto Oliveira Martins, fundador da Livraria Martins, 1927-2012 de Orlando Cardoso, mas sim de todos aqueles livreiros que nós visitamos e com quem conversamos na “esperança” de encontrar algo que concretize a ralização de um dos nossos sonhos bibliófilos.

Só que se estes também vão rareando, e tem-se verificado o encerramento de algumas livrarias que eram marcos da nossa cultura, sobretudo em Lisboa.

E quero aqui deixar uma referência muito especial à Livraria Barateira, onde muitos de nós se iniciaram nesta coisa dos “livros velhos/esgotados” (o primeiro passo para muitos de nós), que encerrou as suas portas.


Livraria Barateira – Lisboa
©Creative Commons

A esperança de realizarmos os nossos sonhos torna-se cada vez mais difícil face às grandes dificuldades financeiras que todos nós atravessamos.
(senão pelo menos a grande maioria…)

Perante este quadro, pergunto-me:
Vale a pena continuar com os “meus escritos” sobre catálogos e leilões de livros/manuscritos ou, face ao seu desfasamento da realidade social, devo suspender a sua publicação?

Claro que tudo quanto possa escrever sobre a divulgação do livro enquanto objecto de estudo e de cultura continuará a ter o seu cabimento, mas para isso falta-me um pouco de “engenho e arte”!

São estas algumas das minhas dúvidas que gostaria de partilhar convosco.
(se calhar não será por acaso que muitos dos blogues de bibliofilia estão “mudos” há alguns meses, apenas se mantendo activos aqueles que estão ligados a livreiros-antiquários, pois é uma forma de divulgarem as suas obras para venda …só que eu não tenho nada para vender!)


Catalogue autumn 2012
Bauman Rare Books

Como exemplificativo do que escrevi, reparare-se num dos muitos catálogos que entretanto recebi – Catalogue autumn 2012 da Bauman Rare Books.
Claro que sendo desta conceituada livraria americana os seus preços, como já é habitual, não serão acessíveis, mas também todos conhecem o meu fascínio por estes.
Propositadamente escolhi algmas das obras de valor mais elevado, pelo que vejamos este conjunto de obras de Francisco de Goya, (que a maioria dos bibliófilos não desdenharia de ter nas prateleiras das suas bibliotecas)

Francisco de Goya
Retrato feito por Vicente López Portaña em 1826

Comecemos por ler a Introdução no Catálogo a este soberbo conjunto de livros:

The four books of Francisco Goya

"Goya produced four major series of etchings in his lifetime. The first, Los Caprichos (Caprices), the artist finished and published as a rather ambitious book of 80 captioned allegories in 1799. He withdrew the prints from sale after only two days, however, perhaps after being threatened by the Inquisition—priests and other representatives of the Catholic Church are not portrayed very sympathetically in this series. Undeterred, Goya continued to experiment with etching and aquatinting techniques, and for his next sequence he turned to a more popular topic, one that surely would find an audience in Spain: a series on bullfighting, La Tauromaquia, 33 prints which he finished and put on sale in his shop in 1816. However, very few in war-weary Madrid found Goya’s unromantic depictions of the darker aspects of the bullfight appealing. Only a few sets sold. The horrors of the Napoleonic wars in Spain (1808-1813) compelled him to create his most disturbing and forceful series of prints, Los Desastres de la Guerra. He finished this extensive sequence of 80 plates, but given the current state of political and religious repression—and perhaps discouraged by the failure of La Tauromaquia—Goya did not even attempt to sell these violent and macabre prints. Instead he went on to work on a similarly dark and even more enigmatic series, the unfinished group of 18 etchings known variously as Los Disparates (Follies) or Los Proverbios (Proverbs), which he produced in his seventies while recovering from serious illness.


GOYA Y LUCIENTES, Francisco José de. El sueño de la razón produce monstruos

After his death in 1828, Goya’s reputation languished. Fortunately his son boxed up all of his copper plates. It wasn’t until the 1850s and 1860s that La Real Academia de Nobles Artes de San Fernando published all of the series using Goya’s original plates: Desastres de la Guerra and Los Disparates for the first time ever (aside from scattered artist proofs). Care was taken in producing these editions, and only a few hundred copies of each were run offso as not to damage the copperplates. The delicately shaded background areas Goya achieved through his mastery of aquatint (etching the plates with acid) and lavis (painting acid directly onto the plate) are particularly susceptible to degradation with subsequent printings. Thus it is especially important with these four books to obtain first edition copies—and even copies from early in the print run rather than later—whenever possible. The shading and ‘coloring’ Goya managed to obtain is indescribable, and must be seen in person to be fully appreciated, as even today’s refined photographic and digital printing technology cannot faithfully capture the subtle varieties of tone that contribute to the drama of these images.

Each of these books is incredibly hard to find in first edition. The Royal Academy of San Fernando only printed 300 copies of Los Disparates (Proverbios), and only 500 copies of Los Desastres de la Guerra; presumably the Academy printed an equally limited quantity of La Tauromaquia, which is virtually unobtainable in first edition.

Of the first book published by Goya, Los Caprichos, only about 300 copies were printed, and it appears that the artist sold no more than 27 copies in the first four years of its publication. The opportunity to obtain all four works at once is truly a once-in-a-lifetime opportunity."



4. GOYA Y LUCIENTES, Francisco José de. Los Caprichos. [Madrid, 1799]. Small folio (12 by 8 inches), contemporary full mottled brown calf gilt, red morocco spine label. Custom clamshell box. $525,000.

First edition, superb copy, of Goya’s rarest book, Los Caprichos, one of only a few copies sold in Madrid by Goya himself, and in its most desirable first state, without the scratch on plate 45, indicating it was one of the first copies printed.



5. GOYA Y LUCIENTES, Francisco José de. Colección de las diferentes suertes y actitudes del arte de lidiar los toros, inventadas y grabadas al agua fuerte por Goya [Tauromaquia]. Madrid, 1855. Thirty-three etched and aquatinted plateson heavy wove paper; original printed paper front wrapper with etched portrait of Goya and original printed paper rear wrapper with table of contents bound in appropriately. BOUND WITH: Eight etched and aquatinted plates (portrait of Goya and seven additional bullfighting scenes) on heavy laid paper with Arches watermark. [Paris, 1876]. Oblong folio, contemporary brown cloth boards with gilt lettering, expertly rebacked and recornered in calf, retaining the original stitching. Housed in custom half morocco clamshell box. $140,000.





Rare second edition of Goya’s magisterial survey of the “fiesta nacional”—33 dramatic etched and aquatinted plates of bullfighting scenes in early impressions from the original plates etched by Goya. This copy bound with the seven additional plates published for the first time in the 1876 third edition.



6. GOYA Y LUCIENTES, Francisco José de. Los Desastres de la Guerra: Colección de ochenta láminas inventadas y grabadas al agua fuerte por Don Francisco Goya. Madrid, 1863. Two volumes. Total of 80 numbered and titled copperplate etchings done with dry point, burin, aquatint and lavis, on wove paper with watermark J.G.O. and palmette. Oblong folio (13-1/2 by 9-3/4 inches; each image approximately 8 by 6 inches), contemporary half red morocco gilt. $225,000.





First edition, second issue, of “the most brutally savage protest against cruelty and war which the visual imagination of man has conceived”—one of only 500 copies in the first printing. Fine, early impressions, with tonal variations in the lavis that disappear in later editions.



7. GOYA Y LUCIENTES, Francisco José de. Los Proverbios. Madrid, 1864. Oblong folio (19 by 13 inches), 19th-century three quarter straight-grain morocco, marbled boards and endpapers, top edge gilt. Housed in a custom clamshell box. $130,000.



First edition of Goya’s allegorical series of 18 etchings with aquatint—one of only 300 copies in the first printing. “This edition is very well printed; the impressions are richly inked and tone is usually left on the highlights” (Harris).

E termino com esta obra de uma das autoras inglesas da minha preferência – Jane Austen.


Jane Austen

Quem não gostaria de possuir a 1ª edição da sua obra-prima: Pride and Prejudice?



29. AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice. A Novel. In Three Volumes. By the Author of “Sense and Sensibility.” London, 1813. Three volumes. 12mo, contemporary three-quarter mottled calf rebacked with original spines laid down custom clamshell box. $79,000.

First edition of Jane Austen’s second and most popular novel, one of the most sought-after titles in English literature, in contemporary binding.

Aqui deixo estas minhas dúvidas/preocupações que me levam a reconsiderar o conteúdo do blogue na esperança de ouvir as vossas opiniões.

Entretanto vou estudar a melhor forma de manter o contacto com todos aqueles que sentem alguma curiosidade em me lerem, desculpando-me por este texto fugir em muito ao que publiquei e revelar um pessimismo em relação ao futuro da nossa grande paixão, mas é o que neste momento realmente sinto.

Obrigado pela vossa leitura e comentários.

Saudações bibliófilas


Nota: A título excepcional indiquei o preço das obras referidas, por me parecer ter total cabimento nas conjecturas deste texto.


5 comentários:

Galderich disse...

Apreciado Rui,
Tus conjeturas las compartimos todos porque a todos nos toca nuestra ración de recortes y de malestar general. Particularmente la pregunta de si vale la pena continuar o no también me la he realizado yo pero los visitadores que llegan al bloc no como seguidores sinó como estudiosos que buscan en Google alguna información nueva y no repetida, aunque no digan nada porque no es costumbre, justifican el esfuerzo de compartir lo poco que sabemos.
Sobre el tema de poner subastas o no a mi me parece perfecto no porque lo pueda comprar, que no es el caso y menos con estos magníficos goyas!, sinó porque siempre està bien poder admirar grandes obras del esfuerzo humano que es a lo que nos dedicamos.
Siempre creo que lo último que nos queda es la belleza y combatiremos "Los Mercados" a golpe de belleza y de estar en la brecha, sin tirarnos atrás a pesar que a veces bien lo haríamos.
En fin, espero que tus conjeturas, animadas con sabios poemas -la belleza otra vez- lleguen a buen puerto y esta página nos muestre más de la cultura portuguesa porque los que somos ignorantes de ello lo necesitamos. Y ya te puedo decir que este artículo lo he leído de una tirada sin necesidad de Google traductor. Una cosa más que le debo a esta, nuestra, pàgina.
Hasta pronto.

naonaonao disse...

Rui, são belas as suas reflexões, a despeito da tristeza da situação.

Concordo, no ponto, com o que Galderich disse acima. Há que se lutar pela beleza. Mas há também que se reconhecer que, na ordem das prioridades de gastos que uma família deve ter, a bibliofilia está atrás de várias outras necessidades.

Enfim, não tenho solução pronta ao problema que propõe. Mas acho que não falo só por mim quando digo-lhe que, a despeito de estarem eventualmente fora do meu âmbito aquisitivo, nem por isso deixo de ter prazer em ler os catálogos de leilões e outras informações que apresenta. Talvez isso seja igualmente verdade para outros leitores de seu blog que estejam passando por dificuldades econômicas.

Abraços de além-mar,

Angelo

Marco Fabrizio Ramírez Padilla disse...

Estimado Rui.
Creo sinceramente que no hay situación que no se pueda superar mientras existan personas, que a pesar de todos los problemas, sigan maravillados por la belleza de los libros.

A. Marques disse...

Caro Rui,
Sigo o seu blog à pouco (fazia parte dos “admiradores fortuitos”, de pesquisas na net).
Venho apenas deixar-lhe algumas palavras de encorajamento, dizer-lhe que compreendo o seu estado de alma, a conjuntura económica e social que o país atravessa é deprimente, deprime qualquer um, de uma forma ou de outra todos a sentimos.
Num país “deprimido” é fácil ficar deprimido, perder as referências… e o Rui, se me permite, não se pode dar a esse luxo, é uma referência… no amor que tem por estas coisas dos livros, pelo desvelo que poe em cada um dos seus posts… por isso, se servir para alguma coisa, aqui deixo o meu testemunho e simpatia pelo seu trabalho.
Continue se puder e quiser, nós os seguidores (e os “fortuitos”) agradecemos.
Cordiais saudações,
Alberto Marques

Urzay disse...

Caro Rui:
Esta pregunta que te haces es bastante razonable, dada la triste coyuntura en la que estamos. Sin embargo, creo que en este caso la cuestión económica no es tan importante. Independientemente de su precio, quienes gustan de los buenos libros tendrán interés en verlos, en hablar de ellos. A mí me resulta interesante por ejemplo ver estas referencias que has puesto sobre los grabados de Goya, aunque obviamente ni se me pase por la imaginación la posibilidad de llegar a adquirirlos algún día. También me gusta ir a los museos y sé que jamás podré comprar nada equivalente a lo que veo en ellos. Creo que no tiene nada que ver la cuestión económica, a la hora de hacer un blog de libros. Además creo, como Galderich, que hay que tener en cuenta también el valor informativo de lo que escribes. Precisamente blogs como el tuyo son una fuente de información independiente, y eso es algo que hoy en día, con tantos intereses como se cruzan en los medios de comunicación tradicionales, empieza a ser raro. No importa que una entrada sea leída por tus lectores habituales en el momento de ser publicada, o mucho después, por un visitante ocasional que ha llegado a tu blog buscando información sobre algún tema. Precisamente el formato de blogs como el tuyo permite esa distancia, y que una entrada, leída más tarde, siga siendo útil. Y tampoco es que haya tantos espacios dedicados a la cultura. Piensa que por cada blog como el tuyo habrá 2.000 o 3.000 dedicados al fútbol, por ejemplo. De modo que piensa tan solo si tú tienes ganas de seguir con ello o no, eso es lo fundamental. Lo demás no importa tanto.