Charles Asselineau
Ao “vasculhar” os meus apontamentos bibliófilos deparei com um ebook, em PDF: L’enfer du bibliophile vu et décrit, que me despertou a atenção – já nem me lembrava deste apontamento – pelo que li o livro e “parti à procura” do seu autor. São estas notas que quero compartilhar hoje convosco.
Charles Asselineau nasceu a 13 de Março de 1820 em Paris.
Foi um homem de letras, escritor e crítico de arte, mas toda esta sua actividade literária caiu um pouco no esquecimento.
Estudou no Colégio Bourbon (actual liceu Condorcet), onde foi colega de Félix Tournachon (Nadar) com o qual estabeleceu uma relação de grande amizade, e de Albert de Broglie (1821-1901).
Desde cedo dedicou-se à literatura, colaborou em diversas revistas literárias e artísticas, como Le Courrier artistique.
Abandonou os estudos de Medicina, para frequentar com maior assiduidade a Biblioteca Imperial-Nacional, onde conhece Charles Monselet (1825-1888) com quem cria uma equipa literária que se pode comparar à de Apollinaire-Fleuret-Perceau. Asselineau foi ainda amigo de Champfleury (1821-1889), de Théodore de Banville (1823-1891) et de... Charles Baudelaire, evidentemente, que conheceu em 1845, e de quem se torna um amigo fiel.
Fotografia de Charles Baudelaire por Nadar (1855)
Será um defensor de Fleurs du Mal, de que publicará, com Théodore de Banville, uma 3ª edição em 1857, e do qual foi o primeiro biógrafo, ao escrever, em 1869, Charles Baudelaire, sa vie et son œuvre, e editor das Oeuvres complètes.
Nomeado como supra-numerário para a Biblioteca Mazarino, consagrou toda a sua vida aos livros, reeditando, por exemplo, de uma maneira exemplar Gaspard de la Nuit de Aloysius Bertrand (1807-1841), na altura perfeitamente esquecido.
Da sua bibliografia destaco : La double vie : nouvelles (1858), L’enfer du bibliophile (1860), Mélanges tirés d’une petite bibliothèque romantique (1866), L'Italie et Constantinople (1869), André Boulle, ébéniste de Louis XIV (1872), La ligne brisée (1872), Vie de Claire-Clémence de Maillé-Brézé, princesse de Condé, 1628-1694 (1872) e Bibliographie romantique (1872).
Charles Asselineau – L’enfer du bibliophile vu et décrit par…
Paris, Jules Tardieu éditeur, M DCCCLX(1860). (1)
L’enfer du bibliophile é uma fantasia, na qual podemos apreciar Asselineau na sua verdadeira dimensão. Mas em boa verdade ele foi mais um autor sempre pronto a intervir para defender um infortúnio ou uma injustiça literária do que um grande criador.
A bibliofilia e a bibliografia foram sempre um objecto de estudo e de reflexão em muitos dos seus escritos.
Ele próprio foi um importante bibliófilo e, a este propósito, veja-se : Catalogue de la bibliothèque romantique de feu M. Charles Asselineau, dont la vente a eu lieu 1er, 2 et 3 décembre 1874 précédé d'une notice bio-bibliographique de M. Maurice Tourneux et du discours prononće sur sa tombe par M. Théodore de Banville, suivi de la liste des prix de la vente; orné de deux portraits gravés par MM. Aglaus Bouvenne et Fred. Régamey et de deux ex-libris de M. Bracquemond. Paris, P. Rouquette, 1875.
Faleceu em 25 de Julho de 1874 em Châtelguyon.
Mas voltemos ao ponto de partida: L’enfer du bibliophile vu et décrit de que deixo os dois primeiros capítulos para uma primeira avaliação da obra.
Página de título
No Capítulo I – Le cas de conscience – temos como que uma introdução/reflexão sobre o tema em questão.
Charles Asselineau – L’enfer du bibliophile vu et décrit par…
Capítulo I – Le cas de conscience
No Capítulo II – La pêche – temos uma visão de uma das actividades básicas da bibliofilia: a procura do “tal exemplar” que sempre nos falta na nossa biblioteca!
Charles Asselineau – L’enfer du bibliophile vu et décrit par…
Capítulo II – La pêche
Bom... o resto fica para vossa descoberta, na expectativa de que a sua leitura seja do vosso agrado.
Saudações bibliófilas.
Paris, A. Lemerre, 1869
Bibliografia sumária de algumas 1ª edições:
Jean de Schelandre par Charles Asselineau . Paris, E. Thunot, 1854
La double vie: nouvelles par Charles Asselineau. Paris, Poulet-Malassis et De Broise, 1858.
L’enfer du bibliophile vu et décrit par Charles Asselineau. Paris, Jules Tardieu éditeur, M DCCC LX (1860).
Le paradis des gens de lettres selon ce qui a été bu et entendu par Charles Asselineau. Paris, Librairie Poulet-Malassis, 1862 (2)
Paris, Librairie Poulet-Malassis, 1862
Mélanges tirés d'une petite bibliothèque romantique. Bibliographie anecdotique et pittoresque des éditions originales des oeuvres de Victor Hugo,Alexandre Dumas,Théophile Gautier, Petrus Borel, Alfred de Vigny, Prosper Mérimée, etc., par Charles Asselineau. Illustrés d'un frontispice à l'eau-forte de Celestin Nanteuil et de vers de MM. Théodore de Banville et Charles Baudelaire. Paris, Pincebourde, 1866
L'Italie et Constantinople. Paris, A. Lemerre, 1869 (3)
La ligne brisée / histoire d'il y trente ans par Charles Asselineau. Paris, A. Lemerre, 1872.
Vie de Claire-Clémence de Maillé-Brézé, princesse de Condé, 1628-1694 par Charles Asselineau. Paris, L. Techener, 1872
Les septs péchés capitaux de la littérature et le paradis des gens de lettres par Charles Asselineau. Paris, A. Lemerre, 1872.
Notas:
(1) ebook , em versão PDF, acessível em:
(2) ebook , em versão PDF, acessível em:
(3) ebook , em versão PDF, acessível em:
Fontes consultadas :
La Clé d’Argent – Littératures Imaginaires – Charles Asselineau (1820-1874): le pêcheur d'ombres par Éric Dussert & Philippe Gindre :
Open Library – Charles Asselineau:
Wikipédia – Charles Asselineau:
2 comentários:
Ja, ja... el título de Infierno Bibliófilo hoy en día haría referencia a los libros prohibidos por su contenido erótico!
Como siempre la polisemia nos juega una buena sorpresa.
Un abrazo y gracias por esta noticia.
Galderich,
Deves ter pensado em «Les livres de l'Enfer: bibliographie critique des ouvrages érotiques dans leurs différentes éditions du XVIe siècle à nos jours » de Pascal Pia, este sim sobre as obras eróticas condenadas em França.
Um abraço
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