"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 6 de junho de 2009

Jean-Pierre Camus: teólogo e romancista


Vamos hoje falar de um tema religioso, que levantou muita polémica no século XVII, as ordens mendicantes, e de um dos seus principais protagonistas: Jean-Pierre Camus, bispo de Belley, e amigo de S. Francisco de Sales, que fez uma guerra obstinada às mesmas.
Apresento, como exemplo, uma das suas obras, que embora não sendo uma das suas obras principais, resume o seu pensamento sobre o tema em questão.


Jean-Pierre CAMUS, Bispo de Belley

Jean-Pierre Camus, nasceu a 3 novembro 1582 em Paris e morreu a 25 abril 1652, foi um teólogo e romancista francês.

Bispo de Belley, Camus mostrou uma grande hostilidade contra os frades mendicantes e atacou frequentemente a sua preguiça e a sua falta de bons costumes nos seus escritos e no púlpito. Não se vendo apoiado por Richelieu, entregou-lhe a sua demissão, depois de ter dirigido durante vinte anos a sua diocese e ter sido deputado pelo clero nos Estados Gerais de 1614 , retirou-se para a sua abadia de Aunay, perto de Caen, onde colocou o seu zelo piedoso ao serviço dos pobres.
Duma grande actividade intelectual, escreveu mais de duzentos volumes.


O seu grande amigo S. Francisco de Sales, queixando-se um dia da sua fraca memória, Camus respondeu-lhe: «Vous n’avez pas à vous plaindre de votre partage, puisque vous avez la très bonne part, qui est le jugement. Plut à Dieu que je pusse donner de la mémoire, qui m’afflige souvent de sa facilité, et que j’eusse un peu de votre jugement ; car de celui-ci je vous avoue que j’en suis fort court ! »A que S. Francisco de Sales retorquiu: « En vérité, je connais maintenant que vous y allez tout à la bonne foi. Je n’ai jamais trouvé qu’un homme avec vous qui m’ait dit n’avoir guère de jugement, car c’est une pièce de laquelle ceux qui en manquent davantage pensent en être les mieux fournis. »

As obras de Camus, do ponto de vista literário, são bastante numerosas e tratam-se de romances piedosos, que escreveu em contrapartida aos romances de amor então em voga, como : « Astrée », « Clélie ». etc. e que lhe valeram o alcunha de « Lucien de l’épiscopat»

Referimos : Dorothée (Paris, 1621) ; Alexis (Paris, 1622, 3 vol. in-8°) ; Spiridion (Paris, 1623, in-12) ; Alcime (Paris, 1625, in-12) ; Daphnide (1620, in-12) ; Hyacinthe (Paris, 1627, in-8°) ; Les Événements singuliers (Lyon, 1628, in-8°) ; Les Spectacles d’horreur (Paris, 1630, in-8°) ; Le Banquet d’Assuère (Paris, 1637, in-8°) ; Hermiante (Rouen, 1639, in-8°).

Dos seus escritos contra os frades destacamos: L'Antimoine bien préparé (1632, in-8°) ; Le Rabat-Joie du triomphe monacal ; La Désappropriation claustrale, etc.


 
Página de título do livro de Jean-Pierre Camus,
«Moiens de réunir les Protestants à l'Église romaine»,
editado em 1603 por Guillaume Vandive et Louis Coignart.

As suas melhores, e mais conhecidas obras teológicas, são : L'Avoisinement des protestants de l’Église romaine (Paris, 1640, in-8°); L’Esprit de saint François de Sales ; (Paris, 1641, 6 vol. in-8°)


CAMUS (Bispo de Belley, Jean-Pierre)
DE LA MENDICITE LEGITIME DES PAUVRES SECULIERS.
Par I. P. C. E. D. Belley. [E.O.]
A Douay, de l’imprimerie de la veuve Marc Vyon, 1634.
1 volume pequeno in-12 (13 x 8 cm) de 162-(6) páginas.
Encadernação inteira de pergaminho, lombada sem título (encadernação da época).
Carimbo do bispo na página de título.

Na Introdução da mesma ele afirma :

 

Mais adiante :
« Le nombre presque infiny des pauvres Lazres, c'est-à-dire des Miserables, &mendiants, se plaint de la dureté inexorable des Riches, qui ne se laissent toucher à la compassion. Et d’autre part entre les plus Riches ceux que ont plus de propension à la misericorde, s’estonnent tellement de l’innombrable quantité de miserables qui leur tombent tous les jours sur les bras, qu’ils en redoutent en accablement. Les mouches en Esté tourmentent plus par leur multitude & leur importunité que par leur violence, & la playe des mouscherons ne fut pas celle qui affligea le moins les Egyptiens »



 
E termina :
« Qui si en quelque lieu de ces Questions vous rencontres ces parolles, (de quelque condition qu’ils soient,) sçachez qu’elles ne sont pas de moi, mais de S. Thomas, de qui avançant la doctrine, ie n’ay pas deu retenir les termes. Mais ie voy bien qu’il est temps que ie satisface a vostre curiosité par les suivantes resolutions. »

O tema é desenvolvido, sob a forma de perguntas-questões, ao longo de: ”XXVIII Questões”.

Boa leitura e que o tema nos faça reflectir sobre o papel do livro na evolução do pensamento humano.

Saudações bibiófilas.

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