Na sequência do que escrevi na
semana passada proponho a leitura de Manifestos do
Surrealismo de André Breton,
editados recentemente entre nós, (será uma leitura de férias bem proveitosa
para os que se querem iniciar no tema e um revisão para todos aqueles já
familiarizados com o mesmo – até porque o livro reúne todos os Manifestos.
BRETON, André – Manifestos do
Surrealismo. Lisboa, Livraria Letra Livre, 2016. 358 págs. Brochura.
Tradução de Pedro Tamen. Revisão: Andreia Baleiras. Concepção gráfica: Pedro
Motta. Capa: Luís Henriques.
Com efeito, a Letra Livre acaba de editar os Manifestos do Surrealismo de André
Breton.
Letra Livre – logo
Neste livro, Breton reúne um
conjunto de textos; desde o Primeiro Manifesto, publicado originalmente em
1924, até aos textos sobre a posição política do surrealismo, passando pelo
incrível «Peixe Solúvel», uma compilação de textos automáticos.
«O
homem põe e dispõe. Só a ele cabe pertencer-se todo inteiro, isto é, manter em
estado anárquico a faixa cada vez mais temível dos seus desejos. A poesia
ensina-lho. Ela traz consigo a compensação perfeita das misérias que
suportamos. Ela pode ser uma ordenadora, também, se sob o efeito de uma
decepção menos íntima nos lembrarmos de a tomar ao trágico. Venha o tempo em
que ela decrete o fim do dinheiro e só ela parta o pão do céu para a terra!
Haverá ainda assembleias nas praças públicas, e movimentos em que não
esperastes tomar parte. Adeus, selecções absurdas, sonhos de abismos, rivalidades,
longas paciências, fuga das estações, ordem artificial das ideias, rampa do
perigo, tempo para tudo! Dêmo-nos apenas ao trabalho de praticar a poesia. Não
nos caberá a nós, que já vivemos dela, procurarmos fazer prevalecer o que temos
para nossa mais ampla informação?»
E, sobre este assunto, vem a propósito
relembrar aquilo que escrevi no meu último post
– o principiante deverá adquirir exemplares a preço acessível (traduções,
edições de bolso, ou outras) para se documentar e só depois mergulhar na busca
bibliófila das raridades que lhe interessem (…e que tenha posses para isso!).
Público – logo
Senão leia-se esta noticia
publicada no jornal Público
on-line de 22/05/2008 escrito por Luís Miguel Queirós (que pode ser lido
na integra aqui):
“O manuscrito do Manifesto do Surrealismo, de André Breton, foi ontem
vendido num leilão da delegação da Sotheby"s em Paris por 1,917 milhões de
euros, ultrapassando largamente as estimativas da leiloeira, que pediu uma
licitação mínima de 300 mil euros e previa que o documento pudesse chegar ao
meio milhão. Materialmente, o que o comprador - o coleccionador francês Gérard
L"héritier, que fundou em Paris um museu privado de cartas e manuscritos -
levou para casa foi um conjunto de umas vinte páginas escritas à mão, precedidas
por uma folha de título, na qual se lêem, impressas em letras maiúsculas numa
etiqueta cor-de-laranja, estas palavras: "André Breton / Manifeste du
Surréalisme / Poisson Soluble".
Quando começou a escrever o Manifesto, em 1924, Breton pretendia apenas
redigir uma introdução ao volume de textos de escrita automática Poisson
Soluble, cuja edição estava a preparar, e daí que, no topo deste manuscrito,
surja a palavra Prefácio com um risco por cima. Os dois textos acabaram por ser
publicados em conjunto, mas com títulos autónomos, em Outubro de 1924, na
editora Simon Kra, de Paris. Essa edição original também esteve à venda no
leilão da Sotheby"s e foi arrematada por pouco menos de 80 mil euros. Já o
principal dos vários manuscritos que Breton deixou de Poisson Soluble - aquele
que terá sido usado para a impressão em livro - foi ontem vendido por 917 mil
euros. O conjunto dos manuscritos de Breton, que estavam na posse da família da
sua primeira mulher, Simone Collinet, renderam mais de três milhões e setecentos
mil euros.”
Salvador Dalí – The Disintegration of the
Persistence of Memory - (1952 – 1954)
No ano de 1924, em Paris, foi
publicado o Manifesto surrealista – André Breton (1896 – 1966). Praticamente, foi neste movimento que o Dadaísmo se desfez. A pintura
surrealista tornou-se mais famosa.
A visão
mágica da realidade, a exaltação da irracionalidade, do imaginário, a
volta ao mundo dos sonhos e o fascínio pelo ocultismo são características
dominantes nessa corrente. No surrealismo,
podemos dizer que foi usado o método do automatismo psíquico, que caracterizava
para uma livre manifestação da imaginação e do inconsciente.
Pintura surrealista Vladimir Kush
O
surrealismo trabalhou e introduziu muitas técnicas, entre elas a fotomontagem e
a colagem fotográfica.
Artistas em
destaque: Max Ernst (1891 – 1976); René Magritte (1898 – 1967); Joan Miró (1893
– 1983); Salvador Dalí (1904 - 1984).
Para aquelres que ainda estejam
indecisos na compra do livro deixo aqui o primeiro Manifesto do Surrealismo (1924) para leitura:
Espero que esta proposta tenha
sido do vosso agrado.
Votos de um bom domingo – com ou
sem livros (se são companheiros indispensáveis convirá não esquecer que existem
outros prazeres que não só a leitura… em especial nesta estação do ano) – pois também temos as belezas da natureza, o convívio familiar ou com os amigos e
um bom dia com Sol para ir à praia!
Saudações bibliófilas.
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