"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

domingo, 14 de agosto de 2016

Apontamentos Surrealistas III: André Breton – um esboço bio-bibliográfico


Como já se escreveu anteriormente, o movimento surrealista foi fundado em Paris por um pequeno grupo de escritores e artistas que buscavam o inconsciente como um meio para libertar o poder da imaginação.


Sigmund Freud

Desprezando o racionalismo e o realismo literário, e fortemente influenciado por Sigmund Freud os surrealistas acreditavam que a mente consciente reprimia o poder da imaginação, pesando-a com tabus.


Karl Marx

Influenciado também por Karl Marx, que esperavam que a psiquiatria tinha o poder de revelar as contradições no mundo quotidiano e estimular a revolução.

Um dos primeiros documentos sobre a teorização do Surrealismo deve-se a Yvan Goll, que publicou o Manifeste du surréalisme, a 1 de Outubro de 1924, no primeiro e único número de Surréalisme duas semanas antes do lançamento do Manifeste du surréalisme de André Breton publicado pela Éditions du Sagittaire 15 de Outubro de 1924


Manifeste du Surréalisme de Yvan Goll in “Surrélaisme “n.º 1

Estes considerandos são importantes, pois que sem o seu entendimento e estudo, teremos dificuldade em compreendermos a evolução do movimento surrealista português desde as suas origens até às novas gerações, em que o intercâmbio de ideias e actividades com o movimento no estrangeiro é cada vez mais intenso e prolífero.
Confira-se a participação dos nossos autores em revistas estrangeiras a título de exemplo.
È nessa linha que hoje vos vou traçar alguns apontamentos de André Breton.


André Breton em 1924

André Breton é o maior escritor francês de referência no Surrealismo.

Oriundo de uma família da pequena burguesia católica da França, André Breton nasceu no dia 19 de Fevereiro de 1896 e era filho único.

Criado dentro de uma disciplina rígida pela sua mãe. Viveu uma infância modesta nos subúrbios de Paris –  Pantin (Seine-St-Denis).

Mais tarde, e sob a pressão familiar foi estudar Medicina, o que fez sem qualquer entusiasmo. Nesse meio tempo, André Breton ainda foi convocado para servir o exército francês, primeiro, na artilharia e, depois, como enfermeiro, no decorrer da Primeira Guerra Mundial.
Foi no exército, contudo, que conheceu uma das pessoas mais marcantes de sua vida, o jovem Jacques Vaché.


Jacques Vaché no exército inglês, 1915

Jacques Vaché era um jovem niilista e de espírito sarcástico. Viveu a sua vida intensamente, como uma personagem de um grande romance, e morreu de causas ainda não confirmadas aos 24 anos de idade. Ele não publicou nada de grande repercussão, só teve tempo de deixar algumas cartas de guerra, as quais seriam lidas por André Breton.

No entanto a intensidade da sua forma de viver determinaria uma grande influência crítica e criativa na vida de André Breton.

André Breton teve uma formação cultural muito rica desde cedo. Ainda no liceu onde estudou, no liceu Chaptal, ele recebe uma educação "moderna" (sem latim nem grego), foi introduzido na poesia de Charles Baudelaire e ao confronto que lhe foi apresentado entre positivismo e hegelianos.

Publicou suas primeiras poesias na revista literária do colégio que estudava. Pouco depois, publicou alguns poemas na revista La Phalange. André Breton continuou a ler obras de muitos intelectuais até mesmo durante a guerra, mas foram as ideais do jovem soldado Jacques Vaché que mudariam sua vida.

André Breton porAndré Manuel, 1927

Quando entra em contacto directo com a loucura no Centro de Neurologia de Saint-Dizier, Breton vê algo mais que problemas mentais, percebe fontes de criação.

 De retorno a Paris em 1917, ele encontra Pierre Reverdy, com cuja revista, Nord-Sud, colabora e conhece pessoalmente Guillaume Apollinaire, escritor francês que foi criador do termo surrealismo e é considerado um dos mais importantes activistas culturais da vanguarda francesa no século XX.


Un cadavre, tract page 1.
Au centre: photomontage dû à Jacques-André Boiffard. Paris, 15 janvier 1930.
© Bibliothèque Kandinsky, Musée national d'art moderne, Centre Pompidou.

Envolto por um rico mundo cultural desde a infância, André Breton desenvolve contactos com a intelectualidade artística francesa e mesmo europeia. Em 1918, Breton envolve-se num projecto desenvolvido em parceria com Philippe Soupault, um dos iniciadores do dadaísmo na França e fundador do surrealismo, e com Louis Aragon, outro poeta e escritor francês, que resultaria na publicação de um livro sobre alguns destacados pintores. Todos os autores contribuiriam com seus próprios poemas na obra e Breton faria algumas reflexões sobre a arte. Junto aos mesmos dois amigos, André Breton fundou, em 1919, a revista Littérature e ampliou seu contacto com Tristan Tzara, fundador do dadaísmo, um movimento de vanguarda artística que se utiliza da falta de sentido da linguagem.


Pintura de caixa-estojo de André Breton ilustrando a poderosa linguagem simbólica e avant-garde de surrealismo e sua ruptura com os estilos tradicionais da pintura.

A partir da década de 1920, André Breton passa a publicar as suas próprias obras e destaca-se como um importante artista francês. Vincula-se fortemente ao surrealismo e é acompanhado por um grupo de outros artistas de enorme qualidade. Breton foi profundamente influenciado pelas ideias de Rimbaud e de Marx, a ponto de se filiar ao Partido Comunista, em 1927, acreditando no ideal de mudar de vida e transformar o mundo. No entanto, foi excluído do partido em 1933


James Sebor - Invisibles Series

André Breton passou a viver da venda de quadros de sua galeria de arte. Mas sua actuação afirmou o surrealismo em todos os campos da arte, disseminando críticas ao entendimento humano. A situação de guerra criada novamente a partir de 1939 e o desconforto de André Breton na França fizeram-no fugir e refugiar-se nos Estados Unidos, para onde foi em 1941.

Só retornou da América depois do conflito, em 1946. Nas suas duas últimas décadas da sua  vida, Breton lideraria um segundo grupo de surrealistas na França.


Breton nos anos de 1960

Faleceu no dia 28 de Setembro de 1966.

Bibliografia:

Ensaios

Manifesto do surrealismo (1924)
O surrealismo e a pintura (1928-1965)
Segundo manifesto (1929)
Antologia de l'humour noir (1940)
Prolegómenos a um terceiro manifesto ou não (1942)
Flagrante delito (1949) (Breton denuncia como falso um suposto manuscrito de Rimbaud)
Do surrealismo em suas obras vivas (1953)

Poesia e textos poéticos

Mont de piété (1919)
Clair de terre (1923)
Nadja (1928-1963)
Os vasos comunicantes (1932)
Point du jour (1934)
Perfume no ar (1936)
O amor louco (1937)
Martinica, Encantadora de Serpentes (1941-1943)
Arcano 17 (1944)
A chave dos campos (1953)

Fontes:

Lembrei-me de dar uma “espreitadela” por algumas livrarias para descobrir algumas das suas obras e é dessa pesquisa que aqui dou notícia.



Librairie Les Feu Follet

Na Librairie Le Feu Follet encontrei algumas obras, cuja lista completa pode ser consultada aqui.




BRETON, André – Les pas perdus. Gallimard, Paris 1924, 12x19cm, broché. [200 €]

Edition originale sur papier courant, il n'a été tiré que 30 grands papiers.
Dos et plats marginalement passés comme généralement, deux manques en tête et en pied du dos.
Exemplaire sans mention d'édition.



BRETON, André –  La force d'attendre. In Clarté N°79 de la 5ème année, Paris Décembre 1925 - Janvier 1926, 24,5x30,5 cm, agrafé. [200 €]



Edition originale, un des 150 exemplaires numérotés sur alfa, seuls grands papiers.
Autres contributions de Marcel Fourrier "De Clarté à guerre civile", Robert Desnos "A vils prix", Jean Montrevel "Parade fasciste", Victor-Serge "La littérature épique de la Révolution russe" et "Chansons populaires russes"...
Le premier plat de couverture du numéro de cette revue titre : Clarté disparaît, la guerre civile lui succède.



BRETON, André – Légitime defense. Editions surréalistes, Paris 1926, 11,5x18cm, agrafé. [250 €]







Edition originale dont il n'a pas été tiré de grands papiers.
Rare et agréable exemplaire.



BRETON, André – Les vases communicants. Editions des Cahiers Libres, Paris 1932, 13,5x18,5cm, broché. [1.500 €]





Edition originale sur papier courant.
Précieux envoi autographe signé de André Breton à Marcel Jouhandeau : "... avec la profonde estime et la vive sympathie d'André Breton."





Quelques repères de lecture et passages soulignés au crayon de papier probablement tracés par le dédicataire en marge de certains feuillets
Papier jauni comme généralement.



BRETON, André –   Misère de la poésie. Aux Editions Surréalistes, Paris 1932, 15x23cm, agrafé. [1.500 €]








Edition originale, un des 20 exemplaires numérotés sur Hollande, seuls grands papiers.
Très bel exemplaire.



BRETON, André –  Point du jour.  Nrf, Paris 1934, 12x19cm, broché. [750 €]





Edition originale pour laquelle il n'a pas été tiré de grands papiers.
Envoi autographe signé de André Breton à Robert de Saint-Jean.



BRETON, André – Position politique du surréalisme. Editions du Sagittaire, Paris 1935, 12x19cm, broché. [150 €]



Edition en partie originale sur papier courant.
Dos légèrement insolé sans gravité, agréable état intérieur.



BRETON, André – De l'humour noir. G.L.M, Paris 1937, 15x19cm, broché. [1.700 €]



Edition originale, un des 15 exemplaire sur Hollande, tirage de tête sous couverture bleue illustrée par Yves Tanguy.






Notre exemplaire comporte bien le texte de Sade et la reproduction du collage de Breton sur les maîtres de l'humour noir avec, au revers, les noms des personnages.
Exemplaire d'une insigne rareté et d'une fraicheur exceptionnelle.



BRETON, André – Limite non frontière du surréalisme. Nrf, Paris 1er Février 1937, 14x23cm, broché. [40 €]






Edition originale.
Autres contributions de P. de La Tour du Pin, P. Drieu la Rochelle...
Agréable exemplaire.





BRETON, André – Dictionnaire abrégé du surréalisme. Galerie des beaux-arts, Paris 1938, 16x25cm, broché. [350 €]













Edition originale dont il n'a pas été tiré de grands papiers.
Riche iconographie, rare et agréable exemplaire.




BRETON, André – Pleine marge. Les pages libres de la Main à plume, s.l. s.d. (1940), 11x14, 5 cm, une feuille rempliée. [120 €]



Edition originale, un des 250 exemplaires sur papier couché de couleur, seul tirage avec 5 Chine et 10 Auvergne.
Bel exemplaire.



BRETON, André – Les manifestes du surréalisme suivis de Prolégomènes à un troisième Manifeste du surréalisme ou non. Editions du Sagittaire, Paris 1946, 12x19cm, broché. [600 €]





Edition en partie originale, un des exemplaires du service de presse.
Envoi autographe signé de André Breton à Roger Lannes.
Agréable exemplaire complet de son prière d'insérer.



BRETON, André – Arcane 17. Editions du Sagittaire, Paris 1947, 12x19cm, broché. [400 €]





Edition en partie originale sur papier courant et sous couverture de remise en vente chez Jean-Jacques Pauvert.
Papier jauni comme généralement.



BRETON, André – Martinique charmeuse de serpents. Editions du Sagittaire, Paris 1948, 14,5x19cm, broché. [400 €]





Edition originale sur papier courant.
Envoi autographe signé d'André Breton au professeur Georges Blin.
Ouvrage orné d'illustrations hors-texte de André Masson.
Papier jauni comme souvent, dos insolé comportant de petites mouillures claires.



BRETON, André –  Poèmes. Gallimard, Paris 1948, 14x20,5cm, relié. [580 €]



Edition en partie originale, un des exemplaires du service de presse.





Reliure en demi chagrin bordeaux à coins, dos à quatre nerfs sertis de filets dorés et orné d'un fleuron central doré, date et filet dorés en queue, plats, gardes et contreplats de papier à effet moiré, couverture conservée.





Envoi autographe signé d'André Breton au professeur Georges Blin : "... affectueux souvenir..."
Agréable exemplaire.


BRETON, André – La lampe dans l'horloge. Robert Marin, Paris 1948, 11x17cm, broché. [580 €]






Edition originale, un des exemplaires numérotés sur alfa, le nôtre non justifié.
Envoi autographe signé d'André Breton au professeur Georges Blin : "... en très vive estime et sympathie..."





Ouvrage illustré d'un frontispice de Toyen.
Agréable exemplaire.



BRETON, André – Anthologie de l'humour noir. Editions du Sagittaire, Paris 1950, 14x22,5 cm, broché. [400 €]





Edition originale sur papier courant.
Envoi autographe signé d'André Breton au professeur Georges Blin : "... en toute estime et amitié..."
Iconographie.



Petites taches de mouillures claires sur le dos insolé.



BRETON, André –  Situation du surréalisme entre les deux guerres. Editions la Revue fontaine, Paris 1945, 15,5x21,5cm, broché. [80 €]






Edition originale typographique.
Deux petits manques en tête et en pied du dos, une claire mouillure en pied du premier plat.



BRETON, André et MIRO, Joan – La clé des champs. Editions du Sagittaire, Paris 1953, 14,5x23cm, broché. [580 €]




Edition originale sur papier courant.
Envoi autographe signé d'André Breton au professeur Georges Blin : "... qui nous a rendu vivant Baudelaire, de tout coeur..."





Couverture illustrée par Joan Miro, iconographie.
Petites décharges de papier adhésif en têtes et en pieds des gardes.



BRETON, André – Manifestes du surréalisme. Jean-Jacques Pauvert, Paris 1962, 13,5x21cm, broché. [450 €]


Nouvelle édition collective pour laquelle il n'a pas été tiré de grands papiers.





Envoi autographe signé d'André Breton à madame Renoux.
Coins et mors frottés.



BRETON, André – Le surréalisme et la peinture. Gallimard, Paris 1965, 21,5x28cm, reliure de l'éditeur. [120 €]







Troisième édition en partie originale.
Reliure de l'éditeur en pleine toile noire, dos lisse, exemplaire complet de sa jaquette illustrée qui ne comporte pas de défaut.
Riche iconographie, agréable exemplaire.



BLANCHOT, Maurice (André BRETON) – Reflexions sur le surréalisme. Manuscrit autographe
1945, 22x11,5cm, 8 feuillets foliotés. [4.000 €]

Manuscrit autographe de l’auteur de 16 pages in-8 publié dans le numéro 8 (août 1945) de L’Arche sous le titre: Quelques réflexions sur le surréalisme.
Manuscrit recto-verso complet, à l’écriture très dense, comportant de nombreux ratures, corrections et ajouts.



Quelques réflexions sur le surréalisme constitue le premier texte important que Maurice Blanchot consacre au mouvement d’André Breton. Il réhabilite le surréalisme qui a mis au centre de son activité la question du langage et de l’expérience – aspects qui ne pouvaient laisser indifférent Blanchot -, sans oublier de faire toutefois les constats suivants : il porte en lui une part d’échec et sa « situation […] reste ambiguë ».

Affirmant désormais de plus en plus ses positions esthétiques, Blanchot reconnait pleinement la valeur poétique et expérimentale de l’écriture automatique, pour sa radicalité même : « L’écriture automatique est […] une machine de guerre contre la réflexion et le langage. Elle est destinée à humilier l’orgueil humain, particulièrement sous la forme que lui a donné la culture traditionnelle. Mais, en réalité, elle est elle-même une aspiration orgueilleuse à un mode de connaissance et elle a ouvert aux mots un nouveau crédit illimité.»



Blanchot poursuit sa réflexion et insiste sur les questionnements des écrivains et poètes surréalistes au sujet du discours : « Le surréalisme a été hanté par cette idée : c’est qu’il y avait, qu’il devait y avoir un moment […] où le langage n’était pas le discours, mais la réalité même, sans toutefois cesser d’être la réalité propre du langage […]. Les surréalistes ont tiré de cette "découverte" de brillantes conséquences littéraires, mais pour le langage les effets sont plus ambigus et plus variés. En ce domaine, ils semblent encore avant tout des destructeurs. Ils sont déchaînés contre le discours ; ils lui retirent le droit à signifier quelque chose ; comme moyen de [ ?] sociale, de désignation précise, ils le brisent férocement. Le langage paraît un peu seul anéanti ou sacrifié, mais humilié. En réalité, il s’agit de tout autre chose et même du contraire : le langage  disparaît comme instrument, mais c’est qu’il est devenu sujet. De par l’écriture automatique, il a bénéficié de la plus haute promotion […]. »
Le texte sera repris dans La Part du feu (1949), non sans que Blanchot ait pris soin d’atténuer les réserves dont il faisait part dans l’article initial.

Première étude monographique d’importance consacrée par Maurice Blanchot à la question du langage surréaliste.


AbeBooks.com

Mas a esta listagem faltavam entre outras obras, o Manifeste du Surrealisme (1ª edição), pelo que decidi recorrer à AbeBooks e lá a encontrámos assim como outras obras!




BRETON André – Mont de piété. Au Sans Pareil collection "Littérature", Paris (1919). [US$ 2,989.79]




Item Description: Au Sans Pareil collection "Littérature", Paris, 1919. Broché, couverture illustrée. Book Condition: TRES BON ETAT. Derain (illustrator). In-8. EDITION ORIGINALE du premier livre de l'auteur, illustrée hors texte de deux dessins inédits de Derain. TIRAGE UNIQUE A 125 exemplaires numérotés. Un des 110 sur Hollande Van Gelder.  René Hilsum qui connaissait André Breton participa en mars 1919 au lancement de la revue Littérature, que le jeune écrivain dirigeait. Il est contacté peu après par le veuf de la soeur de Rimbaud, Paterne Berrichon, qui lui propose un inédit du poète pour le périodique. Grace aux soeurs Granjux, Hilsum peut acheter le précieux autographe et décide avec Breton de créer une maison d'édition où le publier pour rentabiliser son acquisition. Il fonde alors le 2 mai le Sans Pareil, gardant à la collection le nom de la revue. Pressentant le succès du livre qui sort le 15, il édite dans la foulée le premier livre de son ami qui est achevé d'imprimé le 10 juin. Comme l'indique André Breton dans l'exemplaire qu'il offrit à René Gaffé, la couverture initiale du volume devait reprendre le dessin des sacs de café Félix Potin, les titres des poèmes remplaçant les inscriptions géographiques d'usage. Quelques rarissimes exemplaires seulement furent habillés de cette couverture, le reste du tirage portant la même que le premier volume. BEL EXEMPLAIRE conservé dans une chemise et étui titré. Bookseller Inventory # 009167
©Librairie-Galerie Emmanuel Hutin (Paris, France)




BRETON, André – Manifeste du Surréalisme. Poisson Soluble. Aux Editions du Sagittaire, Paris, 1924. [US$ 39,934.23]

Description: 8vo. pp. 190, (6). Cloth-backed marbled boards, leather title label to spine, original orange publisher's wrappers and backstrip retained. First edition of the first Surrealist manifesto with a presentation from André Breton to his future wife Elisa: 'A l'étoile / à l'arcane 17 / par les yeux d'Isis / et cette région de la tempe / où passe dans un éclair / Bonaparte à Arcole, / ELISA / toi qui est l'Acacia et la Rose / mon amour / André / New York 1944'. Breton has also written across pages 24 and 25 'Tu vois, c'est comme si je t'avais vue venir' and drawn arrows to two passages; the first passage reads: 'Tranchons-en: le merveilleux est toujours beau, n'importe quel merveilleux est beau, il n'y a même que le merveilleux qui soit beau' and the second: 'Ce qu'il y a d'admirable dans le fantastique, c'est qu'il n'y a plus de fantastique: il n'y a que le réel.' Also included, loosely inserted, is a copy of Max Ernst's frottage that was used as the frontispiece for the reprint of the manifesto in 1929, inscribed on the verso by Breton: 'Max Ernst, frontispice à la réédition du Manifeste du surréalisme, 1929'. Elisa Claro, Breton's last wife and to whom he presented this manifesto, met Breton in 1943 in New York. Breton had left France for the United States in 1941, increasingly apprehensive at the behaviour of the Vichy government and its attitude to artists and intellectuals. It was under Elisa's influence that Breton wrote Arcane 17 to which he alludes in his presentation and which he ultimately dedicated to her. [Provenance: Sale of André Breton's library: 'André Breton, 42, rue Fontaine', 1st - 9th April, 2003, Livres I, lot 122]. Bookseller Inventory # 30587.
©Sims Reed Ltd ABA ILAB (London, United Kingdom)

O Manifesto Surrealista foi publicado pelo escritor francês André Breton em 1924, e trouxe para o mundo um novo modo de encarar a arte.

Seguido do dadaísmo (movimento que propunha a oposição por qualquer tipo de equilíbrio), o surrealismo impunha o chamado automatismo psíquico, "estado puro, mediante o qual se propunha transmitir verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio o funcionamento do pensamento; ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral".

Segundo Breton, ele e o escritor Soupault, deram o nome de surrealismo ao novo modo de expressão que tinham a seu alcance, em homenagem a Guillaume Apollinaire.

Neste manifesto, os princípios surrealistas são declarados, tais como a isenção da lógica, a adopção de uma realidade superior, chamada "maravilhosa".

Senão vejamos:

A atitude realista é fruto da mediocridade, do ódio, e da presunção rasteira. É dela que nascem os livros que insultam a inteligência.”

“A mania incurável de reduzir o desconhecido ao conhecido, ao classificável, só serve para entorpecer cérebros.”

“Hoje em dia, os métodos da lógica só servem para resolver problemas secundários”.

“A extrema diferença de importância, que, aos olhos do observador ordinário, tem os acontecimentos de vigília e os do sono sempre me encheu de espanto. (...) Talvez o meu sonho da noite passada tenha dado prosseguimento ao da noite anterior e continue na próxima noite com rigor meritório.”

“Digamo-lo claramente de uma vez por todas: o maravilhoso é sempre belo; qualquer tipo de maravilhoso é belo, só o maravilhoso é belo. (...) Desde cedo as crianças são apartadas do maravilhoso, de modo que, quando crescem, já não possuem uma virgindade de espírito que lhes permita sentir extremo prazer na leitura de um conto infantil.”

“Oxalá chegue o dia em que a poesia decrete o fim do dinheiro e rompa sozinha o pão do céu na terra.”

"Em homenagem a Guillaume Apollinaire, Soulpault e eu demos o nome de "surrealismo" ao novo modo de expressão que tínhamos à nossa disposição e que estávamos ansiosos por colocar ao alcance de nossos amigos”

“O surrealismo não permite aos que a ele se consagram, abandoná-lo quando lhes apetece fazêlo. Ele atua sobre a mente como os entorpecentes e muitos outros de epocas relacionadas

“A mente que mergulha no surrealismo revive, com exaltação, a melhor parte de sua infância.”

"Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares."

"Só o que me exalta ainda é a única palavra: liberdade. Eu a considero apropriada para manter, indefinidamente, o velho fanatismo humano."



BRETON. André – Nadja. Paris, Gallimard, 1928. Broché, 170 x 220 mm, 215 pp. [US$ 6,899.52]

Item Description: 1928. Paris, Gallimard, 1928. Broché, 170 x 220 mm, 215 pp. EDITION ORIGINALE du texte le plus emblématique du Surréalisme. UN DES 109 PREMIERS EXEMPLAIRES réimposés au format in-quarto tellière. "Dans ce "roman" autobiographique, Breton utilise le récit de sa liaison avec l?énigmatique Nadja pour montrer dans quel limite il convient, selon lui, que l?être humain enferme sa conduite «surréaliste» s?il ne veut pas être concrète- ment enfermé comme un fou. Livre ostensiblement narcissique, enrichi de 44 photographies qui sont autant de reflets nécessaires du texte, Nadja propose une série de variations sur les merveilles du hasard objectif et se clôt sur la résolu- tion des difficultés dans l?amour - un des thèmes-clés, souvent ambigus d?ail- leurs, de tous les surréalistes." (En Français dans le texte, n°354). RARE ET RECHERCHE. Bookseller Inventory # 966.
©Librairie le pas sage (PARIS, France)



BRETON, André – Second Manifeste du Surréalisme. Éditions Kra, Paris, 1930. [US$ 2,069.85]



Item Description: Éditions Kra, Paris ., 1930. Softcover. 103 S., kart., unaufgeschnitten, 28,5 x 23 cm. 1. Ausgabe. Vortitel mit Widmung Bretons. Einband mit Randläsuren. Bookseller Inventory # 10831.
©Galerie Buchholz OHG (Antiquariat) (Köln, Germany)

O segundo Manifesto Surrealista foi publicado pelo mesmo escritor em 1930, e tratava mais directamente aos acontecimentos sucedidos depois da publicação do primeiro manifesto, e do esclarecimento da posição política e dos princípios surrealistas. A cumplicidade com os comunistas, e a desconfiança destes e a possível traição que pode ter acontecido por parte de membros que se diziam adeptos do surrealismo, são assuntos tratados nos textos.



BRETON, André – Qu'est-ce que le Surréalisme. Magritte (Cover illustration by). René Henriquez, Bruxelles (1934). [US$ 950.00]



Item Description: René Henriquez, Bruxelles, 1934. Softcover. Book Condition: g to vg. First edition. Quarto (9 3/4 x 6 1/4"). Original illustrated wrappers and title page by Magritte*. André Breton was a major member of the Dada group and the founder of Surrealism. His work "Qu'est-ce que le Surréalisme ?" (What is Surrealism?) is the complete text of a lecture he gave in Brussels on June 1st, 1934 at a public meeting organized by the Belgian Surrealists. Wrappers slightly age-toned along margin. Pages evenly age-toned throughout. Text in French. Wrappers in overall good+ interior in good+ to very good condition. * This 1934 print edition of André Breton's "Qu'est-ce que le Surréalisme?" features a drawing by René Magritte called Le Viol (Rape). Meant to shock and repulse, Magritte's drawing, which eventually became a painting, features a woman's head whose eyes have been replaced by breasts and whose mouth has become a vagina. Bookseller Inventory # 40870.
©ERIC CHAIM KLINE, BOOKSELLER (ABAA ILAB) (Santa Monica, CA, U.S.A.)

Percorremos praticamente toda a obra de André Breton e ficámos com uma boa imagem da mesma.



Quadro de Magrite

Resta agora seleccionar alguns títulos para leitura. E aqui quero frisar um ponto: há vários exemplares da mesma obra e a preços bem diversos – desde o “astronómico” ao quase acessível – mas o que eu quero deixar bem esclarecido é que quando estamos a estudar um tema se calhar não devemos “cometer loucuras de comprar obras a preços quase proibitivos”, pois que aquilo que nos interessa é conhecer e estudar bem o seu conteúdo. (Isto aplica-se ao principiante obviamente...).

Claro que, depois de tomadas as nossas opções coleccionistas, devemos então avançar para as primeiras edições!

Saudações bibliófilas.

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