Por razões pessoais e profissionais tenho estado um pouco afastado das minhas escritas no blogue; no entanto, têm-me chegado tantas informações e catálogos que penso importante partilhar algumas delas convosco.
Livraria Castro e Silva
Ainda que esteja a trabalhar num
texto de reflexão sobre a forma como alguns descritivos são apresentados,
nomeadamente na questão de “raridade”, achei por bem adiar a sua publicação…até
porque preciso de reflectir muito bem para não fazer “asneira grossa”!
CUMBERLAND JUNIOR. (G.) - VIEWS IN
PORTUGAL AND SPAIN (1823)
TAKEN DURING THE CAMPAIGN OF HIS
GRACE THE DUKE OF WELLINGTON.
Hoje vou apenas falar na Livraria
Castro e Silva de Pedro Castro e Silva localizada na Rua do Norte, 44 - 1º
andar em Lisboa, apresentou o seu Catálogo 147 – Fevereiro de 2015, que pelo
seu conteúdo merece de facto uma referência à parte.
Aliás é uma das livraria-antiquárias mais
vocacionada para o livro-antigo e como tal os seus catálogos são um reflexo disso
mesmo.
Quanto aos preços, poderemos talvez
considerá-los um pouco desfasados da realidade económica nacional, mas como os
títulos são na sua grande maioria obras de referência internacional, teremos de
os aceitar, e aguardemos melhores dias, sob o ponto de vista económico, para o
portuguesito!
Deste bem estruturado catálogo vejam-se
alguns exemplos dos 536 lotes nele incluídos:
1. ACOSTA, Manuel d’ /
MAFFEI, Giovanni Pietro. RERVM A SOCIETATE IESV IN ORIENTE GESTARVM VOLUMEN.
Continens Historiam incundam lectu omnibus Christianis, praesertim ijs, quibus
vera Religio est cordi. In qua videre possunt, quomodo numquam Deus Ecclesiam
suam deferat, & in locum defficientium a vera fide, innumeros alios in
abditissimis etiam regionibus subtituat. Nunc pluribus vltra omnes editiones
priores locupletatum, vt sequens pagella demonstrat. COLONIAE, Apud Geruinum Calenium, & haeredes
Iohannis Quentel, Anno M. D. LXXIIII. [1574]. In 8.º de [xxxi], 472
pags.
Encadernação artística da época
inteira de pele com ferros a ouro em ambas as pastas (super-libris com
monograma da Companhia de Jesus) e ferros a ouro rolados com motivos florais.
Ilustrado na folha de rosto com vinheta do retrato de Cristo e com um capítulo
- da página 451 (aliás 453) até à página 457 – contendo um catálogo de belos
caracteres xilográficos japoneses e as suas respectivas traduções latinas,
exactamente iguais aos anteriormente reproduzidos nas Cartas de Japão Do anno
de 1557, Coimbra, António de Mariz, 1570 (vide D. Manuel, 1935, Tomo III, pag
10). Exemplar com título de posse na folha de rosto (desenho de Rosário); outros
títulos de posse manuscritos no colofón; e ex-libris armoriado e numerado da
Biblioteca Rosales Bernate. O texto fixado por Maffei na primeira parte da obra
foi baseado no manuscrito do padre jesuíta Manuel da Costa (Acosta) intitulado
«História das Missões do Oriente até o anno de 1568» que teve as suas fontes
nas cartas integrais existentes em Coimbra. O manuscrito de Acosta tinha sido
enviado para Roma, onde o noviço Maffei o preparou para publicação,
acrescentando os extractos das cartas dos jesuítas enviados para Roma até ao
ano de 1564. Na introdução e comentário desta obra Maffei congratula-se com o
esforço de síntese de Acosta na recolha das cartas. Posteriormente Maffei
escreveu a sua famosa obra Historiarum Indicarum libri XVI, na qual o Japão é
tratado com excelente detalhe.
Binding: contemporary full calf artistically
finished and gilt with rolled tools at boards. Edges of papercuts were
originally blind tooled and gilt. Illustrated with a vignette in title page
(portrait of Jesus); and several charming woodcut Japanese characters - from
page 451 (alias 453) to page 457 - underlined by their Latin translations,
previously printed in Portugal in Cartas de Japão Do anno de 1557, Coimbra,
António de Mariz, 1570 (vide D. Manuel, 1935, Tomo III, pag 10). Copy with an
ownership title (a drawing at title page depicting a Rosary); and several other
ownership titles at colophon. Ex-libris (coat-of-arms) of Biblioteca Rosales
Bernate. The text of the first part is based on a manuscript História das Missões
do Oriente até o anno de 1568 written by a Portuguese Jesuit, Manuel da Costa.
Da Costa was a Jesuit missionary and bibliographer, who taught at Coimbra where
most of the Jesuit letters were available in uncensored form. The manuscript
was sent to Rome, translated into Latin, and was then given to the young novice
Giovanni Pietro Maffei (1533-1603) to prepare it for publication. Maffei added
a considerable amount of text to Acosta’s work, entitled De Japonicis rebus
epistolarum. This part contains abridged Latin translations of letters sent
from the Jesuits working in Japan until the year 1564. In his introduction
Maffei congratulates Da Costa on his effort in summarizing the contents of the
letters together in a short commentary. Later Maffei wrote the very successful
work Historiarum Indicarum libri XVI, much praised for its excellent treatment
of Japan. [€12.000]
11. BURNETT, William
Hickling. BURNETT’S VIEWS OF CINTRA. [Versos dedicados a Sintra por Byron no
Child Harold]
Published by Josh. Dickinson. London. [W. S. Burnet, Esq. - Lisboa. F.
F. B. Esq. Oporto]. Londres. S/d [circa 1830-40]. In fólio (de 50x35,5 cm) com
1 folha de dedicatória; e com 14 gravuras litografadas com mancha gráfica de
20x28 cm.
Exemplar preserva as capas de
brochura que serve de folha de rosto e em que estão os 2 versos dedicados a
Sintra por Lord Byron. William Hickling Burnett (ca.1800 - ca.1870). Duarte de
Sousa 2, 117. 'No rosto estão transcritos versos do «Child Harold» de Byron.
Album of lithographies from landscapes of the
town Sintra (or Cintra) and its environs; a quite place (locus amenus) of the
English romantic literature and travels from the end of the 18th Century
onwards. Panoramas namely from: 1. Cintra 2. Cintra from from the east 3 The
Market place 4 Entrance to Cintra 5 The Convent of the Penha Longa 6 The
Convent of N. Sra. da Penna 7 General view of Cintra 8 Cintra from the west 9
The Cork Convent 10 A part of the palace 11 An old chapel of the Moorish Castle
12 The Church of Cintra 13 A Distant view of the Penna Convent 14 Entrance to
the Penna [€4.000]
29. ENCADERNAÇÃO ARTÍSTICA. SÉC. XVIII. MANUSCRITO DE ARTILHARIA DA
CORTE. PYTHON, João Bento. DESCRIPÇÃO DO NOVO PANTÓMETRO DE ARTª e explicação
das Operaçoens q[ue] com elle se podem fazer. Offerecido e dedicado ao Senhor
Dom Joao Principe do Brazil. Inventado pello seu humilíssimo e obedi[entissimo]
vassalo Jaoã Bento Python Coronel de Artelharia na pr[imeira] Plana da Corte.
S/L [Lisboa? Rio de Janeiro ?]. S/d [179?]. De 21x17 cm. Com [ii], 17 fólios.
Encadernação artística da época
inteira de pele marroquin vermelha com finos ferros a ouro na lombada; ferros a
ouro rolados nas esquadrias das pastas (representando pelouros ou balas unidos
por uma corrente); ferros a ouro nos filetes e nas conchas interiores. Cortes
das folhas burilados e dourados. Guardas interiores em papel decorativo da
época. Ilustrado com 7 estampas desdobráveis em extra-texto, manuscritas,
desenhadas e coloridas manualmente. Obra com um monograma ou ex-libris
manuscrito na folha de anterrosto. Apresenta os cantos da encadernação cansados
e – antecedendo a primeira folha de guarda – encontra-se uma carta manuscrita
em francês (sem relação com o manuscrito sobre artilharia), tratando-se da
missiva escrita possivelmente por um secretário de Louis de Rouvroy, Duque de
Saint-Simon dirigida a uma senhora portuguesa, com uma nota informativa da
parte de Filipe II, duque d’Orleans, Regente de França entre 1715 e 1723, e
numa banda de papel afixada posteriormente com a mesma caligrafia e datada de
20 de Janeiro de 1719. A carta encontra-se assinada “por um humilde servidor”,
porém o assunto não é claro, nem contextualizado; e a destinatária não se
encontra identificada, poderá tratar-se de uma dama da alta nobreza, ou do
assunto tanto em voga na época como o caso envolvendo Mariana de Alcoforado.
Relativamente ao manuscrito de artilharia, trata-se da invenção de uma régua de
cálculo desdobrável para ser usada no lugar da alça (isto é, em vez de ser
colocada na mesa da alça passa a ser colocada numa régua estendida entre a
faixa alta da culatra e a faixa da bolada) e com graduações que compreendem 4
diferentes aplicações, que passamos a esclarecer em linguagem actualizada: a)
Esquadro (quando utilizado na vertical virado para cima) para a medição dos
ângulos de sítio à crista, existindo numa das réguas um nível de bolha de ar
que permite criar um horizonte artificial; b) Goniómetro (quando utilizado na
horizontal) para o cálculo das proporções e amplitudes dos tiros de
contra-bateria; c) Metrónomo de regulação do tempo de queda dos projécteis e
dos tempos das suas espoletas (quando virado na vertical para baixo) pela
utilização e verificação do tempo da oscilação de um peso (aferido) entre a
abertura variável das duas réguas; d) Colimador das armas, particularmente na
utilização de um canhão-proveta para testar a força das pólvoras. A aplicação
deste instrumento de pontaria foi concebido para dois tipos de armas, segundo o
autor: as peças (ditas actualmente bocas de fogo de tiro relativamente tenso) e
os morteiros (ditos actualmente obuses ou bocas de fogo de tiro curvo). As 7
estampas ilustram e descrevem as partes do instrumento - ao qual o autor chamou
pantómetro - e mostram o mesmo arrumado numa caixa de transporte, tratando-se o
mesmo de um aparelho de elevada precisão e prescindindo de tabelas de cálculo
complexas, revelando uma enorme simplicidade e eficiência na artilharia de
campanha, apenas ultrapassada pela utilização posterior de relógios ou
cronómetros mecânicos portáteis. João Bento Pithon, Comandante do regimento de
Artilharia do Porto, do qual recusou entregar o comando, cerca de 1770. Em 1752
participou na expedição científica (terceira partida) ao norte do Brasil (rio
Iguaçu) para a demarcação dos limites das fronteiras entre Portugal e Espanha,
no âmbito do Tratado de 1750 sobre a demarcação dos limites na América
Meridional.
Calligraphic
manuscript. S/l. [Portugal or Brazil ?] S/d. [c. 1790]. [ii], 17 fls.
Illu. with 7 handcolored plt. [€6.000]
53. LEY que declara o comprimen- // to que ham de ter as espa- // das. E
a pena que auerã // as pessoas q doutra maneyra as trou- // uerem. No fim: Foy
impressa esta ley per mandado delRey nosso senhor na cidade de Lisboa: em casa
de Germão Galharde empremidor. Aos doze dias do mes de Março. Anno de M.D.XXXIX
(1539) annos.
Encadernação moderna inteira de pergaminho. Tem por baixo d’esta
indicação duas vinhetas, representando as armas do reino e a esfera armilar e
a assinatura de Ioam Paez. De grande raridade. Com manchas de humidade e
restauros marginais. [€10.000]
60. MANUSCRITO ILUMINADO TIBETANO – LIVRO RELIGIOSO - EXTREMO ORIENTE
– S/L. S/D. In fólios de 8,5x20 cm. Com 30 fólios desdobráveis em forma de
acordeão.
Texto manuscrito com 6 linhas na
frente e verso de cada fólio. Pastas finais cartonadas. Ilustrado com 5
conjuntos de iluminuras com temática da religião budista. Boa qualidade da
execução dos desenhos que apresentam as dimensões dos fólios. Livro de
meditação tibetano em língua lamaísta e escrito em sânscrito.
RELIGIOUS TIBETAN MANUSCRIPT. Tibet or Northern
India. Circa 19th Century. Harmonica style (folding concertina manuscript).
Bound: 8,5x20 cm. With 30 fold-out folios 8 miniature paintings (5 colored
mantra illustrations) in watercolor and gold depicting various scenes of monks,
The text is probably in Sanskrit language written in black ink. [€1.800].
66. PLAUTIUS, Gaspar. NOVA TYPIS TRANSACTA NAVIGATIO. Novi orbis Indiae Occidentalis AD MODVM
REVERENDISSIMORVM Pp. ac Ff... Dn. Buelli CATALONI Abbatis montis Serrati,
& in universam Americam, Sive Novum Orbem Sacra Sedis Apostolica Romana â
Latere Legati, Vicarij, ac Patriarcha: Sociorumq, Monachorum ex Ordine S. P. N.
Benedicti ad supradicti Novi Mundi barbaras gentes Christi S. Evangelium
praedicandi gratia delegatorum Sacerdotum Diniissi per S. D. D. Papam
Alexandrum VI. Anno Christi. 1492. NUNC PRIMVM E variis scriptoribus in unum
collecta, & figuris ornata. Authore... Honorio Philophono. S/l. [Linz], S/d.1621. S/i. In 4.º (de
25x17 cm). com [4], 101 pags.
Encadernação do século XIX com
lombada em pele. Ilustrado com 1 frontispício gravado (adornado com motivos
emblemáticos, retratos de São Brandão e outros monges beneditinos, junto ao pé
um pequeno mapa do Oriente e Índias Ocidentais), 18 gravuras (algumas
dobráveis), diagramas xilográficos no texto e letras capitulares ornamentais. A
gravura de Cristovão Colombo apresenta um mapa Mundo, assinado por Wolfgang Kilian.
Exemplar um pouco aparado (atingindo por vezes a mancha tipográfica das
gravuras) e com leves restauros marginais. Primeira edição e primeira tiragem
desta famosa relação dos missionários beneditinos que acompanharam Colombo na
sua segunda viagem à América. Caspar Plautius, abade de Seitenstetten na Baixa
Áustria, é conhecido por ser de facto o autor. Embora a obra contenha relatos
milagrosos pouco realísticos, como a missa celebrada pelo São. Brandão no dorso
de uma baleia (ilustrada na gravura n.º 2), a narrativa contem imensos detalhes
autênticos dos costumes dos povos do Caribe, flora e fauna e produtos
agrícolas. É apresentada uma amostra gráfica da música nativa nas páginas 35 e
36. O autor refusa os relatos do protestante De Bry de estarem cheios de
mentiras, e justifica as bárbaras crueldades dos nativos na ideia de que
Satanás dominava as religiões nativas americanas.
Engraved emblematic title with figures of St.
Brendan and another Benedictine, at bottom a small map of the East and West
Indies, 19 engraved folding plates (numbered 1-18 and the unnumbered “Owl”
plate), woodcut diagrams in text, type-ornament head-pieces. Plate of Columbus
with a map of the world, signed by Wolfgang Kilian (a few minor marginal
repairs). First edition and first issue of this famous relationship from the
Benedictine missionaries who accompanied Columbus on his second voyage to
America. The dedicatee Caspar Plautius, abbot of Seitenstetten in Lower
Austria, is known to be in fact the author. Although laced with miraculous
accounts, beginning with the mass celebrated by St. Brendan on the back of a
whale (illustrated in plate 2), the narrative is full of authentic details of
Caribbean customs, flora and fauna, and agricultural products. A graphic
specimen of the natives music is given on pp. 35-36. The author accuses the
Protestant de Bry accounts of being filled with lies, and dwells on the
barbaric cruelties of the natives in support of the notion that Satan ruled the
native American religions. Alden and Landis 621/100; Palau 224762; Sabin
63367. [€22.000]
72. RUGENDAS, Moritz. DAS MERFWÜRDIGSTE AUS DER MALERISCHEN REISE IN
BRASILIEN. Von… Mit 40
lithographierten Tafeln Abbildung. Schaffhausen, in J. Brodtmann’s
lithographischen Kunst-Anstalt. 1836. In fólio (de 33,5x26 cm) com 51
pags.
Encadernação da época com lombada
em pele, apresentando dano na coifa inferior. Ilustrado com 40 litografias.
Borba de Moraes 1983, Tomo II, pag. 754: 36x26 cm; 51 pp. (text in 2 columns, 40 lithographs): “Maurice
Rugendas was born in Augsburg in 1802 and died Weilheim in an der Teck, in
Würtenberg in 1858. He came from a family of painters and was probably well
established when he was recruited by Baron Langsdorff to join an expedition
travelling to Brazil (see under this authors name). He parted company with
Langsdorff in Rio de Janeiro and set out on his travels by himself. The
itinerary of Rugendas travels in Brazil is unknown but we know from his
drawings that he visited the principal states from north to the south and
stayed in Minas Geraes. He returned to Europe in 1825 and lived in Paris, Rome
and the South of Italy. In 1831 he began another voyage to Mexico, California,
Peru, Bolivia, Chile and the Rio de la Plata. On his return journey he stayed
in Rio de Janeiro for almost a year. He was living in Württemberg, at Weilheim,
in 1847 and died there in 1858. Rugendas published many drawings of Mexico in
the work of Sartorius. He left a vast collection of drawings and numerous oil
paintings, portraits, etc. made of the many places in which he stayed. They
were scatered in museums and private collections. In 1928 the Brazilian
painter, W. Rodrigues, bought a collection of some hundred drawings from the
Bavarian Museum and sold them to collectors of Brazil and Argentina. The Voyage
pittoresque dans le Brésil was published in 1835 while Rugendas was absent from
Europe. A selection of a hundred drawings from the numerous ones made on the
spot were lithographed by the famous press of Engelmann. I seems it did not take
particular care in writing the exact title of the original drawings. Alfredo de
Carvalho noted that plate 30 from Section 1 (View of Olinda) and plate 29 from
Section 3 (Mass at Candelaria Church at Pernanbuco) do not depict the places
indicated in the title. Probably other mistakes exist in the location of other
places. Two editions of the work were published, one with a French text and
other in German, both simultaneously in 1835. The text is not by Rugendas
himself, however, but was written by V. A. Huber and others from the artist's
letters and notes. The French text is a translation made by Colbery. The is not
without value despite the romantic outpouring in many pages which has nothing
to do with the main subject, but it does not reach the standard of the genuine
documentary value of the plates, which are of utmost importance for the study
of the Brazilian life at the beginning of the nineteenth century. The work was
published in twenty fascicles priced at 240 francs. An issue on China paper
(for the plates only) was sold at 300 francs. Shortly after publication prices
began to fall and a large number of copies remained unsold. Before the First
World War the bookdealer Chadenat, of Paris, charged 150 francs only for a
China paper copy bound in half morrocco. An ordinary copy was priced 100
francs. Only in recent years, after the Second World War, has Rugendas' work
become priced and prices have increased accordingly. Today it is an expensive
work.” ' Johann Moritz Rugendas nasceu em Augsburg, 1802, e faleceu em Weilheim
am der Teck, Württernberg, em 1858.
Era oriundo de uma família de
pintores e, provavelmente, encontrava-se bem estabelecido quando foi recrutado
pelo Barão Langsdorff para fazer parte da expedição ao Brasil. Uma vez no Rio
de Janeiro, dissociou-se de Langsdorff e seguiu viagem por conta própria. É
desconhecido o exato itinerário de Rugendas através do Brasil, mas sabe-se que
visitou os principais estados do Norte e do Sul e esteve por certo tempo em
Minas Gerais. Retornou à Europa em 1825 e viveu em Paris, em Roma e no sul da
Itália. Em 1831 deu início a uma viagem ao México, Califórnia, Peru, Bolívia,
Chile, e Rio da Prata, e no seu retorno permanecerá ainda por quase um ano no
Rio de Janeiro. Em 1847 vivia em Württemberg, Weilheim, onde faleceu em 1858.
Rugendas publicou muitos dos seus desenhos do México na obra de C. Sartorius.
Dos vários lugares em que esteve deixou uma vasta coleção de desenhos e
numerosas pinturas a óleo, retratos, etc., que se encontram dispersos em museus
e coleções particulares. Em 1928, o pintor brasileiro W. Rodrigues adquiriu, do
Museu da Bavária, um conjunto de cerca de cem desenhos do artista, que vendeu a
colecionadores do Brasil e da Argentina. A obra Voyage pittoresque dans le
Brésil foi publicada em 1835, quando Rugendas se encontrava ausente da Europa.
Uma seleção de cem desenhos, na maioria desenhados ao vivo, foram litografados
pela famosa imprensa de Engelmann. Parece que esse impressor não teve
particular cuidado com os títulos exatos dos desenhos originais. Alfredo de
Carvalho observou que a prancha 30 da Seção I (Vista de Olinda) e a prancha 20
da Seção 3 (Missa na Igreja da Candelária em Pernambuco) não correspondem aos
títulos indicados. É provável que existam ainda outros erros desse tipo. Foram
publicadas duas edições da obra, uma com texto em francês e a outra em alemão,
ambas surgidas em 1835. O texto não é do próprio Rugendas, tendo sido escrito
por V.A. Huber e outros a partir das cartas e notas do artista. A versão em
francês é de Colbery. Não se trata de um texto desprovido de valor, a despeito
da impregnação romântica de muitas de suas páginas, sem nexo com o assunto
principal, não alcançando o mesmo padrão de autêntico valor documental das
pranchas, que são da maior importância para o estudo da vida brasileira no
princípio do século XIX. A obra saiu em vinte fascículos ao preço de 240
francos. Uma tiragem em papel China (para as pranchas apenas) era vendida a 300
francos. Pouco depois da publicação, os preços começaram a despencar e um grande
número de exemplares permaneceu encalhado. Antes da Primeira Guerra Mundial o
livreiro Chadenat, de Paris, marcava 150 francos apenas no exemplar da tiragem
especial em papel China, encadernado em meio marroquim. Um exemplar em papel
comum custava 100 francos. Foi apenas recentemente, após a Segunda Guerra
Mundial, que a obra de Rugendas tornou-se valiosa e os preços têm desde então
subido consideravelmente. É hoje um livro caro.' [€15.000]
79. STOOTER, João. SPINGARDEIRO COM CONTA, PEZO, & MEDIDA, Que
refuta desproporçoes. OU Exactas Spiculaçoes, & Experiençias, observadas
& feitas, COM CONTA, PEZO, & MEDIDA. a & de CANNOS DE SPINGARDAS,
CORONHAS, POLVORA, BALLAS, & MUNIÇAM, Que porêm naõ trata da Forja, nem
o Forjar. & O â & dependente de tudo, com curiozidade explicando, &
feito, emriquecido de Delineaçoes & Figuras. PAR IOAÕ STOOTER, Natural de
ANVERES, morador & Homem de negocio que foy em LISBOA, mais de 26. Annos,
& como curiozo do exercicio da Cassa, em utilidade de outros, dos Mestres
Spingardeiros & Corunheiros, a todos muy util, a seu proprio Custo. EM
ANVERES, Por HENRICO & CORNELIO VERDUSSEN, M. D. CC. XIX. Annos. [1719]. In
4.º (de 23,5x18,5 cm) com [viii], 82, [viii] pags. [as duas últimas páginas
inumeradas em branco] Ilustrado com 1 belo frontispício alegórico com as armas
da casa real portuguesa adornadas com motivos alegóricos venatorios e 8
gravuras desdobráveis assinadas Ioan Stooter inv. Petrus Bouttats fec.
Encadernação recente em
pergaminho ao gosto da época. Exemplar intonso (por aparar) apresenta um
restauro profissional de papel e mancha gráfica (na gravura entre pags. 68/69
que é de grandes dimensões) habilmente desenhado à mão, insertando e
reconstituindo 3/4 da gravura que apresenta esquemas de balística. BM 230, 98.
Inocêncio IV, 44. e X, 363. “JOÃO STOOTER, que pelo apelido parece ser
estrangeiro. Dele não tenho alcançado mais conhecimento, que o de haver
publicado em seu nome, na Holanda, e no princípio do seculo XVIII, duas obras
em língua portuguesa, a saber: 1344) Arte de fazer vernizes, etc. 1345) Regras
de fazer espingardas, etc. De uma e outra vi há tempo exemplares em poder do
Sr. Figanière; porém não podendo agora completar a descrição dos títulos no
momento em que é forçoso dar para o prelo este artigo, envio desde já os
leitores para as Correcções e aditamentos que hão-de ir no fim deste volume,
onde acharão bem exactamente confrontados os referidos títulos (1). NOTAS: Este
escritor foi, como ele mesmo diz, natural de Anvers, província de Brabante;
perito no rachar e lavrar diamantes; e homem de negocio em Lisboa por mais de
vinte e seis anos. Conforme ao que prometi a pag. 45, eis-aqui os títulos
completos das obras que mencionei sob n°, 1344 e 1345; bem e fielmente
confrontados á vista dos respectivos exemplares: Arte de brilhantes vernizes,
& das tinturas, fazelas, & o como obrar com elas. E dos ingredientes de
que o dito se deve compor, etc., etc... Como também uma offerta de 18, ou 20
receitas curiosas § necessárias para os ourives de ouro, etc., etc. Anvers,
por la viuva de Henrico Verdussen 1729. 8.° de XVI – 65 – V 63 pag. É notável,
que comece por um soneto ao autor antes do rosto do livro! Há d'esta obra
varias reimpressões, mais ou menos mutiladas, entre elas uma, da Offic. de
Bulhões 1786. 8.º; outra da Typ.de Nunes Esteves 1825. 12.º etc. Espingardeiro
com conta, peso e medida, que refuta desproporções, ou exactas especulações e
experiências observadas com conta pezo e medida, etc. Anvers, por Henrico &
Cornellio Verdussen 1719. 4.º gr. de VI 82 pag., e mais 8 de índice sem
numeração: tendo uma estampa no frontispício, e mais oito ditas de desdobrar,
etc. JOÃO STOOTER (v. Dicc., tomo IV pag. 44). Como tenho seguido, em harmonia
com o que já fizera Inocencio nos anteriores tomos, reproduzirei o que ficou
explicado e ampliado nos aditamentos a pag. 437. João Stooter foi, como ele
próprio diz, «natural de Anvers, provincia de Brabante; perito no rachar e
lavrar diamantes, e homem de negocio em Lisboa por mais de vinte e seis annos».
Os titulos completos das obras mencionadas sob os n.os 1344 e 1345, fielmente
confrontados, são os seguintes: Arte de brilhantes vernizes, & das
tinturas, fazelas, & o como obrar com ellas. E dos ingredientes de que o
dito se deve compôr, etc., etc. Como tãobem huma offerta de 18 ou 20 receitas
curiosas & necessarias para os ourives de ouro, etc., etc. Anvers, por la
viuva de Henrico Verdussen, 1729. 8.º de XVI 65 V 63 pag. - É notavel, que
começa por um soneto ao auctor antes do rosto do livro! - Ha d’esta obra varias
reimpressões, mais ou menos mutiladas, entre ellas uma, da off. de Bulhões,
1786. 8.º; outra da typ. de Nunes Esteves, 1825. 12.º, etc. Spingardeiro com
conta, pezo e medida, que refuta desproporções, ou exactas spiculações e
experiencias observadas com conta, pezo e medida, etc. Anvers, por Henrico
& Cornelio Verdussen, 1719. 4.º gr. de VI 82 pag., e mais 8 de indice sem
numeração; tendo 1 estampa no frontispicio, e mais 8 ditas de desdobrar, etc.
Esta ultima obra foi, no leilão de Gubian, arrematada por 3$200 réis para a
real academia de bellas artes de Lisboa. BNP. 'Foi adquirido em leilão
(Novembro de 2007), uma raríssima edição em língua portuguesa de um tratado de
espingardaria da autoria de Johan Stooter, de origem flamenga. Sobre o autor,
pouco se sabe, presumindo-se que terá nascido em Antuérpia entre os séculos
XVII e XVIII. Foi lapidador de diamantes e, durante vinte e seis anos, homem de
negócios em Lisboa, onde certamente terá aprendido a língua portuguesa. No que
se refere às obras publicadas deste autor, Stooter escreveu também a Arte de
brilhantes vernizes, & das tinturas... igualmente editada em português, e
publicada em Antuérpia, em 1729. A obra agora adquirida em leilão, intitulada:
Spingardeiro com conta, pezo, & medida foi impressa em Antuérpia, por
Henrico e Cornelio Verdussen, em 1719. Trata-se de um manual de espingardaria,
constituído por vinte e nove capítulos. Esta espécie bibliográfica apresenta um
rico frontispício gravado a talhe-doce, tendo ao centro o título e a indicação
do autor, encimado pelas armas reais portuguesas, sendo enquadrado por moldura
com representação de vários animais de caça e diversas armas destinadas a
práticas venatórias. O frontispício e as restantes gravuras que ilustram a obra
têm na base as seguintes subscrições: “Joañ Stooter inv.” e “Petrus B.
Bouttats, fec.”. De acordo com as pesquisas efectuadas, esta espécie
bibliográfica não constou dos catálogos de leilões efectuados ao longo do
século XX.'
Binding: replica of contemporary parchment.
Copy with a professional and skilfully restoration of paper, and reconstituting
three quarters of the folding plate between pages 68-69. Illustrated with a
beautiful allegorical frontispiece with the arms of the Portuguese royal house
adorned with allegorical motives; and 8 hors-text plates signed by Ioan Stooter
inv . Petrus Bouttats fec . BM 230, 98. Inocêncio (IV , 44; X, 363) reffers to
the work as a treatise written by Johan Stooter, of Flemish origin. About the
author, little is known, assuming that he was born in Antwerp by the end of the
17th Century. He was also a diamond cutter and was for 26 years a businessman
in Lisbon, where surely have learned the Portuguese language. With regard to
works published by this author, also wrote Stooter Art of Varnishes, Dyes &
... also published in Portuguese and published in Antwerp in 1729. This is a
manual of rifle maker, consisting of 29 chapters. [€17.000]
170. CASTELLO BRANCO.
(Camillo) A SENHORA RATTAZZI. Nova Edição. Mais incorrecta e
augmentada. Livraria Internacional de Ernesto Chardron – Editor. Porto e Braga.
1880. De 23x14 cm. Com (x)-38 pags. Brochado.
Inocêncio. XVIII, 144. “A questão
Rattazzi: esteve por differentes vezes em Portugal uma dama estrangeira, de
origem italiana ou ingleza, que se apresentou com o titulo de Princeza Rattazzi
dizendo-se aparentada com a familia Imperial Bonaparte, o que, aliás, segundo
consta de informações notorias, as auctoridades francezas não permittiam
officialmente. algumas folhas francezas, hespanholas e italianas tinham falado
d'ella a proposito de seus escriptos dados ao prelo, dos seus consorcios e de
varios incidentes da sua vida aventurosa. Da ultima vez que se demorou em
Lisboa, por 1879, lembrou-se ella de escrever um livro de viagem acerca de
Portugal: mas, ou por falta de estudo, ou por leviandade, acreditando em
esclarecimentos ministrados por pessoas de sua intimidade e de acanhada
consciencia quanto aos factos que inculcaram, o certo e que fizeram cair Maria
Rattazi em dislates e erros gravissimos, como lhe foi demonstrado. O seu livro,
pois, deu margem larga e extensa á publicacão de outras obras de refutação
aspera, em que a auctora, apesar do sexo, da idade, do nome aristocratico e da
fama de que se fazia cercar, e em que desejava escudár-se, padecem duros
ataques, sendo os mais vivos, mordazes e acerados os que lhe vibraram sem
piedade Camillo Castello Branco e Urbano de Castro, que assignava os seus
escriptos sob o pseudonymo chá-ri-vá-ri. Estas controversias e criticas tomaram
o caràcter de verdadeiro escandalo litterario e foram só é alastrando pela
imprensa de todas as cidades, em artigos soltos, em folhetins e em
correspondencias”. [€50]
Espero que tenham gostado desta
pequena amostra, resta-vos agora pesquisar mais atentamernte o seu conteúdo.
Saudações bibliófilas.
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