"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Livraria Luis Burnay – Leilão de Manuscritos, Autógrafos e Efémera



A Livraria Luis Burnay de Lisboa vai realizar um importante Leilão de Manuscritos, Autógrafos, Fotografias e Efémera no dia 2 de Junho, na sala Veneza do Hotel Roma em Lisboa.



Os lotes encontram-se em exposição na Livraria nos dias 31 de Maio e 1 de Junho no horário normal de funcionamento (10h- 13h / 15h – 19h) e na manhã do próprio dia de leilão, a 2 de Junho na Sala Veneza do Hotel Roma entre as 10h e as 13h.

O conteúdo deste catálogo é de facto fascinante pela qualidade e origem dos manuscritos que apresenta.



336 - SILVA, Inocêncio Francisco da. -Correspondência dirigida ao Visconde de Sanches de Baena (Augusto Romano Sanches de Baena e Farinha) notável genealogista e heraldista, autor de diversas obras sobre o assunto e famoso bibliófilo, constituída por 50 cartas autógrafas todas versando temas bibliográficos, que abrangem um período de 1865 até 1875. Através destas cartas podem avaliar-se as dificuldades que Inocêncio teve na elaboração do seu “Diccionario Bibliographico Português”.

Refiro a título de exemplo alguns dos signatários por de mais bem conhecidos nos meios políticos e liteários da época: Marquez de Alorna (lotes 15 a 18), Marquesa de Alorna (D.Leonor, Condessa de Oyenhausen) (lotes19), D.ª Amélia (Rainha de Portugal) (lotes 21 a 23), Pedro Wenceslau de Brito Aranha (lote 28), Visconde de Balsemão (lotes 34 a 37), José Ferreira Borges (lotes 48 e 49), D. Carlos I, rei de Portugal (lotes 75 a 77), Camilo Castelo Branco (lotes 86 a 94), Júlio de Castilho (lotes 97 e 98), Gonçalves Crespo (António Cândido) (lotes 129 a 130), João de Deus (lotes 136 a 141), João Franco (J.F. Pinto Castelo Branco) (lotes 160 a 162), Visconde de Itabayana (lotes 175 a 178), D. João V, rei de Portugal (lotes 180 e 181), D. joão VI, rei de Portugal (lotes 182 a 184) D. José I, rei de Portugal (lotes 185 e 186), Duque de Lafões (lote 187), Gomes Leal (lotes 191 e 192), D. Luis I, rei de Portugal (lotes 201 a 203), P.e José Agostinho de Macedo (lotes 204 e 205), Joaquim Maria Machado de Assis (lote 206), D.ª Maria I, rainha de Portugal (lote 211), D.ª Maria II, rainha de Portugal (lote 212), Marquês de Marialva (5º D. Diogo José Vito) (213 e 214), Joaquim Pedro de Oliveira Martins (lotes 217 e 218), Conde de Monsaraz (lotes 228 a 230), José Xavier Mouzinho da Silveira (lote 231) Fernando Namora (lotes 232 a 234), António Nobre (lote 239 a 240), Ramalho Ortigão (lotes 245 a 247), Duque de Palmela (lotes 251 e 252), D. Pedro II, imperador do Brasil (lote 257), D. Pedro V, rei de Portugal (lote 258), Diogo Inácio de Pina Manique (lotes 270 a 273), Rafael Bordalo Pinheiro (lotes 276 a 279), Marquês de Pombal (lote282 a 286), Aquilino Ribeiro (lote 308), Duque de Saldanha (lote 318 e 319), António Ribeiro dos Santos (Elpino Duriense) (lotes 328 e 329), Inocêncio Francisco da Silva (lote 336), Cesário Verde (lote 372), Duque de Wellington (lote 386) entre muitos outros que deixo o prazer da sua descoberta durante a vossa consulta atenta.

De realçar excepcionais conjuntos de manuscritos e outros items para a história dos caminhos-de-ferro em Portugal (lotes 66 a 68).



15 - ALORNA, Marquês de. - 1 Carta autógrafa (8p.; 22cm.)

Nesta extensa carta dirigida ao Intendente da Polícia Diogo Inácio de Pina Manique, o Marquês agradece ao Intendente e a Martinho de Mello a ajuda que lhe deram enviando durante algum tempo o especialista piemontês Mateus Biffignandi para tentar recuperar uma fabrica de seda que Alorna tinha provavelmente na sua Quinta de Vale de Nabais em Almeirim e que havia alugado a um Capitão Mor de Avis que descurou os cuidados a ter com o sirgo. “… Fico também obrigadíssimo a V. Srª. E ao Sr. Martinho de Mello, pelo socorro que me derão para a restauração d’esta fabrica de seda, que se achava em grande decadência, pelo descuido e falta de exacção do Capitão Mor de Avis, que acaba de ser rendeiro d’esta fazenda. Este homem me deixou sem a semente dos bixos [ovos do bicho da seda] que lhe entreguei, e havendonegligencia em outra pessoa, que se encarregou de a mandar vir de Trás-os-Montes [quase de certeza da criação de José Maria Arnaud que viera com Biffignandi para Portugal por ordem de Pombal para desenvolver a fiação de sedas no país e que se instalara naquela região] já o anno passado não houve aqui essa criação. … A semente que trouxe Matheus Biffignandi, já vinha principiada a avivar: He de crer, que assim estivesse a d’Abrantes [onde houve também uma desenvovida sericicultura provavelmente ligada ao Marquês de Alorna] por ser impossível o seu transporte e n’este termos, a porção que V. Exª me mandou junta com alguma mais que pude colher por outras partes, apenas poderá servir, para chegarmos a ter na Primavera que vem seis atthe oito arráteis que é a quantidade necessaria correspondente ás nossas amoreiras.” Refere em seguida uma tentadora proposta de sociedade que o italiano lhe havia feito, e que Alorna sabiamente modificou: “…Elle me propôs tomar a si as amoreiras, e as mais coisas pertencentes á fabrica, com a condição de me dar duas terças partes dos lucros, entrando eu com elle de meias nas despezas: Não quis eu estar por este ajuste, por ser para nós demaziadamente vantajozo, e pareceu-me isso sinal certo de se poder desvanecer em poco tempo: Receei que o ditto Matheus não tirando deste contracto as conveniências que esperava, viesse eu e muitas outras pessoas d’este Reino, a perdermos o fructo, que poderíamos tirar das luzes d’este homem:”

Assinada e datada de 30 de Março de 1787.Trata-se do 2º Marquês ( D. João de Almeida Portugal), Oficial Mór da Casa Real, Embaixador em França e casado com D. Leonor de Távora. Por causa deste parentesco esteve preso 18 anos (na Torre de Belém e no Forte da Junqueira) às ordens do Marquês de Pombal. Era pai da famosa Marquesa de Alorna (Alcipe).



19 - ALORNA, Marquesa de (D.Leonor, Condessa de Oyenhausen).- 1 Carta autógrafa (2p.; 23cm.)

Nesta carta dirigida ao Intendente da Polícia, Diogo Inácio de Pina Manique, a a famosa “ Alcipe” dos poetas árcades, já viúva e a residir em Lisboa, trata de um assunto delicado que envolvia direitos de serventia e suspeitava mesmo que não contava mais com a boa vontade de Pina Manique, pois começa: “… Lisongeando-me da mais escrupulosa exactidão em todas as minhas acções, publicas e particulares; tendo por ellas merecido a V. Sª mesmo, sua confiança que estimo sumamente, vejo hoje com grande admiração minha, que esta se alterou sem que eu visse para isso motivo algum. Intentei para decência de minha Caza, por uma barreira ou ripado ao redor d’ella. E este acto que de modo nenhum e contra as leis de Sua Magestade foi alternativamente interrompido pelo meus vizinhos os Padres das Necessidades e por outra parte por hum homem chamado João Paulo Bezerra…” enquanto que os Padres aceitaram os argumentos, o outro vizinho não. Assim “ …tem armado uma demanda contra toda a razão. Nada disso me importa o que sinto e que V.Srª procedesse por huma informação errada.”pelo seguimento do texto parece que o Intendente da Polícia secundou a opinião de Bezerra e por isso “Alcipe” com discreta altivez diz: “… Além disto hoje pelas quatro horas da manhã me ás levantei bastante incomodada pelo ruído e apparato com que os calceteiros e officiaes de justiça vinham demandar ou fazer o contrario do que eu tinha ordenado.Este ruído, esta desatenção me tem incomodado muito porque há vinte dias que estava doente. Querendo mandá-los suspender não quizerão, dizendo que V. Srª em pessoa tinha dado aquellas ordens ontem á noite. Queira V.Srª ter a bondade de me fazer saber o que eu fiz de erregular, para se usar commigo de hum methodo tão desnecessário. E queira persuadir-se de que não tem mais zelo em manter a ordem nesta Cidade que eu em não alterá-la. Nada quero senão o que os Magistrados estabelecidos julgarem que me compete. As minhas versões de decência e cómodo são mais sólidas que as da fantasia de João Paulo Bezerra ou as do seu inquilino. Por tanto pesso a V. Srª. não queira dar ouvidos se não há verdade e sinceridade com que eu lhe falo e depois d’informado pellos juízes competentes, mande V. Srª fazer o que lhe parecer mas entretanto pesso-lhe que sospenda hum insulto que eu não mereço.” e termina significativamente:”… Esteja V. Srª persuadido da estimação que fasso da sua pessoa e do desejo que tenho de conformar-me sempre em tudo aquilo que for obsequialo…”

Assinada (Condessa de Oyenhausen) e datada de Lisboa, 19 de Julho de 1796. É de interesse referir que biógrafos da poetisa defendem que a segunda partida da Marquesa para o estrangeiro em 1803 se deveu a pressões de Pina Manique por uma suspeição de actividades menos ordeiras de membros de uma sociedade que ela havia fundado com o nome de “Sociedade da Rosa” e que para muitos espíritos da época seria para-maçonica. Pensamos assim, que esta carta que revela tensão entre as duas personalidades já sete anos antes poderá ajudar a confirmar tal ponto de vista.



27 - ANJOS, Fr. Manuel dos. -1 Carta (autógrafa?) (2p.; 29cm.)

Nesta carta destinada a acompanhar uma Carta Patente (provavelmente a morigerar os costumes?) enviada pelo Reverendíssimo Padre Geral e levada em mão pelo Fr. André Superintendente deses Conventos, Fr. Manuel dos Anjos na sua qualidade de “Ministro Provincial da Província dos Algarves” pede a todas as “ Reverendas Madres Abadeças, e mais Religiosas dos nossos Conventos” e“ mando sob pena de obrar, excomunhão maior e privacam de seus officios a consintam e facam ler e ouvir, e dentro de vinte dias depois de lida a dem execução e cumpram e façam cumprir em tudo o que a ellas lhes toca e pertence, dando logo ás donzelas que em seus Conventos estam educandoas causa nesta particular, que as ensine e appartandoas do lugar das noviças e professas…"

Assinada e datada de Évora 24 de Agosto de 1617. Bonita carta seiscentista muito valorizada com a aposição do lindíssimo selo branco sobre obreia intercalada nas folhas da carta. Fr. Manuel dos Anjos, franciscano nascido em Alcácer do Sal foi deputado da Inquisição de Évora e Bispo titular de Fez. Publicou numerosos sermões.



35 - BALSEMÃO, Visconde de. -1 Carta (2p.; 23cm.)

Carta dirigida ao Intendente da Policia Diogo Inácio de Pina Manique: “Por Decreto da data de hoje, expedido ao Senado da Câmara, houve o Príncipe Regente … … determinar que o mesmo Senado de acordo com V. Srª procedesse a hum plano de Lista Geral dos Habitantes de Lisboa, para a despesa de huma Guarda nocturna a Cavallo, que rondasse a Capital e seus Subúrbios, e para a iluminação da mesma Capital; fazendo subir sem perda de tempo á sua Real Presença pelo expediente do Presidente do Erário Régio o mesmo Plano, para ele dar logo á suaexecução: O que participo a V. Srª para sua devida intelligencia, e para que o queira executar pela parte que lhe toca.”

Assinatura autógrafa. Datada do Paço de Mafra em 19 de Novembro de 1801. Foi o cabal cumprimento de algumas destas ordens que marcou para sempre a memória histórica da actuação de Pina Manique.



66 - (CAMINHOS DE FERRO). -Inauguração oficial do Caminho de Ferro em Portugal. -Espólio de Miguel Ferreira de Gouveia Pimentel Franco Queriol, 1º Maquinista Ferroviário e Chefe de Serviço de Trafego da Companhia do Caminho de Ferro do Leste.

Importante conjunto de documentos referentes á inauguração do primeiro troço de Linha Férrea entre Lisboa e o Carregado (28 de Outubro de 1856), e outros de índole pessoal deste quadro da Companhia, mas todos com evidente interesse para a história dos Caminhos de Ferro em Portugal. Descrevemos em pormenor os principais:

1º- Ordem de Serviço do Chefe da Expedição ao Chefe do Serviço de Materiaes nas linhas:”…Communico a V. Srª que a locomotiva Stefenson, que se vai denominar Portugal se encontra pronta de acabamentos para o Serviço Inaugural do Caminho de Ferro do Leste, Mais Communico a V. Senhoria de que o Maquinista Mr. Pilkington foi por mim informado de ter sido indicado por V. Senhoria para conduzir o Comboio Real seguindo com ele o Sr. Miguel Queriol. 26 de Outubro de 1856.” É de notar que em alguns relatos do acontecimento da imprensa da época, se referem outros nomes das locomotivas. Miguel Queriol é sempre referido como acompanhante das vezes que D. Pedro V viajou á experiencia antes da Inauguração Oficial.

 

2º- Aguarela original (17,5 x 25,5cm.) de António Joaquim de Santa Bárbara (1838-1864) que regista o acontecimento, dedicando-a ao Rei D. Fernando, e escrevendo na margem inferior: “Chegada ao Carregado do Comboio Real que no dia 28 de Outubro de 1856 puxado pella Locomotiva Portugal, inaugurou solenemente a linha de Caminho de Ferro de Leste com a presença da Família Real e de elevado numero de pessoas convidadas. Sta. Barbara fez do natural.” Pensamos tratar-se da única iconografia existente e até agora inédita. António J.de Santa Bárbara era artista de muitos recursos, e pintou grande numero de membros da alta sociedade da época.

 

3º Aguarela original (18 x 25cm.) também de Santa Bárbara que regista o início dos trabalhos de construcção da linha férrea. Aquele escreveu na margem inferior: “A 7 de Maio de 1853 Sua Magestade a Rainha Senhora D. Maria II empurrando o carrinho construído em madeira de mogno e onde El Rei Senhor D. Fernando deitou huma pá com areia dentro procede a solene inauguração de começar os trabalhos de aterro dos terrenos ao Beato para a linha férrea da Companhia Central Peninsular do Caminho de Ferro Portuguez, perante luzida assisencia de altos dignitários da Côrte e Senhores Deputados e muito povo que cheio do maior entusiasmo victoriou Suas Magestades e tambem os Directores da Companhia. E eu A Santa Bárbara fiz este desenho que recolhi no momento e o ofereço e dedico ao Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Conde de Farrobo.”. Pensamos tratar-se também da única iconografia existente e até agora inédita, tanto mais que esta solene inauguração não parece vir referida nas principais publicações sobre o assunto.
4º Bilhete original dos que foram usados na viagem inaugural. Está colado numa cartolina com cercadura em relevo com a inscrição: “ Primeiro bilhete do Caminho de Ferro inaugurado do troço de Lisboa ao Carregado em 1856.” Com uma inscrição no verso “da colecção Simões Margiochi”. Joaquim Simões Margiochi era o Fiscal do Governo na Linha do Leste e tal como Queriol tomou parte em todos estes acontecimentos. Não encontrámos qualquer referência a outros exemplares existentes.

5º Ofício do Ministério das Obras Públicas – Repartição Central, a convidar o Director do Colégio Militar para: “Tendo Sua Magestade El Rey destinado o dia 28 do corrente mez, ás 10 ½ horas da manhã para a cerimónia da inauguração do caminho de ferro de leste e bênção das locomotivas. Determina … que eu tenha a honra de remetter a V. Exª o bilhete incluso para assistir aquella solemnidade.” Assinatura autógrafa do Marquês de Loulé e datado de 25 de Outubro de 1856.

6º Aguarela original (13 x 21cm.) que representa o inicio da construção da Ponte de D. Maria Pia, projectada e construída pelo engenheiro francês A. Gustavo Eifell, vendo-se concluída a primeira coluna vertical e já a nascer o tabuleiro superior. Vem dedicada a Queriol e assinada “ G. Eifell. Porto 1876” . A data coincide com a estadia do famoso engenheiro no Porto a supervisionar os trabalhos. Trata-se de uma importante iconografia até hoje inédita. (Reprodução a cores)

7º Quatro emblemas antigos de funcionários dos caminhos de ferro portugueses, sobre veludo num cartão.

8º Carta autógrafa do Marquês de Sá da Bandeira, dirigida a um Marechal (Saldanha ?) a propósito do sistema Larmanjat ( deslocação num só carril utilizado em França com algum sucesso e entre nós apenas na linha de Sintra, tendo sido depois abandonado). Pede Sá da Bandeira em 6 de Março de 1869: ”… Vou pedir a V. Ezª o favor de examinar pessoalmente o pequeno caminho de ferro que se construio, para experiencia entre a estação de Naincy (chemin de fer de l’Est) e a commune de Monfermeil, perto de Paris. Este caminho de ferro d’um systema novo, estabelecido na estrada ordinária, e com um único rail, em que gira a rodaconductora da locomotiva e também as rodas dianteiras dos wagões, tendo todos estes veículos três rodas… … parece-me que este sistema poderia adaptar-se em Portugal, com vantagem, para ligar as estações do caminho de ferro com as povoações adjacentes. É por isso que a V. exª peço informações sobre isto.”

9º Duas fotografias de Miguel Queriol do atelier de “ E. Rodrigues – Rua de S. Lazaro".

10º Carta Régia de D. Luis I a “ fazer mercê a Miguel Ferreira de Gouvêa Pimentel Franco Queriol Chefe de Serviço no Caminho de Ferro de Norte e Leste, de o Nomear Cavalleiro da Ordem Militar de Nosso SenhorSenhor Jesus Christo … Paço d’Ajuda 28 de Agosto 1865” assinatura autógrafa do Rei.

O conjunto contem ainda: Atestado de competência e desempenho de funções passado a Queriol pelo Visconde da Orta; Treslado do assento de baptismo de Queriol, confirmando que era afilhado de D. Miguel e de D. Carlota Joaquina; 3 recortes de imprensa da época com referências á inauguração do caminho de ferro em Portugal; 2 bilhetes antigos de omnibus; 2 litografias de época de D. Pedro V, uma aguarelada á mão; 1 Cartão-convite da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguezes para a inauguração da ponte sobre o Rio Douro (D. Maria Pia). Juntam-se ainda alguns impressos curiosos sobre o tema. Tudo dentro de uma bonita pasta antiga, inteira de chagrin com as armas de Portugal ao centro a ouro com as seguintes inscrições : “ Fiscalisação da Construcção – Caminho de Ferro de Lisboa a Cintra – Torres Vedras e Ramal da Merceana “.



90 - CASTELO BRANCO, Camilo.Fotografia (17 x 11cm.)

Notável retrato do insigne escritor poucos anos antes de falecer, trabalho da casa “União – Photographia da Casa Real-Porto”. Está valorizadíssimo com uma dedicatória autógrafa no verso: “ Á Illmª Exmª Senhora D. Eugénia Mendes Vieira tem a honra de offerecer. Camillo Castello Branco – São Miguel de Seide – 7 de Março de 1882.”

Valiosa peça de colecção.



173 - HERMÍNIO, Celso. – 1 Desenho (27 x 37cm.)

Original de desenho a tinta da china deste importante artista que soube como poucos escalpelizar pelos seus desenhos satíricos a política da época. Neste desenho bem saboroso de explícita critica ao governo da época, vê-se o pobre “Zé Povinho” a ser “ apertado” impiedosamente pelo governo através das “Contribuição Predial, Contribuição Industrial, Decimas de rendas de casas, Contribuição e registo”. Insignificantes imperfeições marginais.



206 - MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. -1 Carta autógrafa (2p.; 20cm.)

Carta dirigida a um amigo Murphey: “ esta vae lembrar-lhe o meo pedido e a sua promessa, relativamente a impressão dos Trabalhos da Exposição Nacional. A questão é a seguinte: O Sousa Ramos, fallado pelo Paranhos concedeo tudo da sua parte, indicando porem, que seria preciso fallar igualmente ao Sá Rego, afim de que os referidos trabalhos sejam impressos na Typographia Perseverança, rua do Hospício 91. A criança está portanto baptisada pelo Sousa Ramos; falta-lhe a confirmação do Sá Rego; foram e são padrinhos desta ceremonia o Munir e o Paranhos, e é acolyto de ambos, bem como criado, amigo e obrigado o… Machado de Assis.”

Assinada. Colada numa cartolina com restauros numa dobra central. São raras e muito procuradas as cartas autógrafas deste notável escritor brasileiro.



240 - NOBRE, António. - 1 Carta autógrafa (4p.; 18cm.)

Carta dirigida a Vasco da Rocha e Castro seu amigo de meninice e companheiro querido dos anos de Coimbra, pouco depois de ter chegado a Leça para passar as férias de Verão. Começa por referir às inspecções militares que ele e o amigo da mesma idade teriam que se sujeitar [está com 21 anos] ” …por enquanto, falar em inspecções e tu bem sabes que eu tenho n’isso tanto empenho como tu. Depois de ler a tua última carta perguntei (que não fosse eu às vezes, andar enganado) a pessoa entendida e ella respondeu-me com grande surpresa minha que ellas já andavam lá pelo Concelho de Penafiel e que em seguida, passariam a Boiças. Péssima é portanto, a nossa pública administração que não manda listar à folha o annuncio respectivo para conhecimento dos pobres interessados. Em epochas de Theodora, a organização civil era, crei-o bem, superior à dos nossos dias…” depois fazendo alusão a um comentário de Vasco numa carta anterior, António Nobre mostra-se bem curioso em saber quem se tinha interessado por ele: ” … Fallas-me na tua primitiva carta de um portuense que de passagem em Coimbra, te falou de mim misturando a minha aplicação na alta Sciencia Jurídica, com a Arte simples de rimar palavras: quem era elle? Satisfaz-me, peço-te esta ínfima curiosidade.” Continua recordando a vida académica de Coimbra e os amigos comuns: “ … Não me fallas de Coimbra, dos rapazes d’ahi, nem dos episódios de actos que à farta, devem ter havido. O Misco [D. Francisco de Sousa e Holstein] fez acto, lá vi nas gazetas, e parece-me que o Zé Quintella levou... …Ao Misquito escrevi mal cheguei d’ahi, numa carta que não pecava por licenciosa, mas o que é certo é que não tive resposta. Extranhei, porque foi elle que me pediu duas linhas. Qual a psychologia d’isso, sabes?” notando-se já uma certa sensibilidade no poeta pelo amigo não lhe ter respondido à carta, aproveita adeixa e de uma forma impessoal transmite ao amigo e cúmplice os seus dramas íntimos exacerbados pela ilusão amorosa de Margarida de Lucena, que era da família de Vasco:  “ Por falar de psychologia: O Hotel Estephania [Hotel de onde Nobre estava a escrever] e seus dramas continuam a preocupar o pobre espirito já atormentado deAnto. P. [Purinha – Margarida de Lucena] vim encontá-la quasi em princípios de phtysica, por motivos de paixão. A minha atitude foi amável, mas reservada. Isto é não falando em amor tinha para com ela, apenas uma delicadeza fria. Fez-me versos que recitou ao Albertinhas [Alberto Osório de Castro], que se tornou para ella e mim o diplomata real. Vão-se encaminhando as coisas para uma reconciliação. Veremos “ termina assinando na 3ª pessoa: “ … … fez aqui o diabo no Domingo ultimo. Aconselhou a P. [Purinha] que purgasse o coração de António Nobre. Fui hypnotizado e tive extasis. Extras … O teu amigo Anto.”

Assinada e datada Leça , 25-7-1889. Junta-se o respectivo envelope.



272 - PINA MANIQUE, Diogo Inácio de. - 1 Documento autógrafo

Procuração a favor de Manuel José de Morais: “Por esta por hum denós feita, e por ambos assignada concedemos todos os poderes em Direito… …. Ao Sr. Manoel Joze de Moraes para por nós tomar posse de todos os bens que nos tocão tanto da herança de nosso pae e sogro o Sr. Nicolau de Mattos Nogueira, como também daquelles que … … nosso cunhado e irmão o Sr. Joaquim Joze de Brito Nogueira…”

Assinada e datada de Lisboa, 28 de Novembro de 1776. Com a assinatura autógrafa da mulher de Pina Manique D. Inácia Margarida Umbelina de Brito.

 

282 - POMBAL, Marquês de. -1 Carta (2p.; 22cm.)

Carta dirigida ao Juiz do Crime do Bairro do Mocambo em Lisboa para proceder de imediato a investigações sobre a morte ocorrida nesse dia de Miguel de Arriaga Brum da Silveira do Conselho da Rainha que era casado com Dona Mariana Joaquina de Vilhena Pereira Coutinho afilhada e dama da Rainha e amiga muito chegada da mulher de Pombal: “ …. logo que receber este Avizo passando á Caza em que faleceo Miguel de Arriaga Brum da Sylveira, proceda a formar Corpo de delicto com o exame do Cadaver, feito em assistência dos Cirurgiões que asistiram á Junta, que se fez do Defunto, quaes foram; Theotonio dos Santos; o Cirurgião do Regimento de Meckleburgo chamado [?]; e Marçalino de Souza: e fazendo também logo prender nas Cadeyas do Limoeiro ao Cirurgião do Regimento de Artilharia de Lagos chamado Rochart. E da execução de tudo o referido dará Vme conta por esta Secretaria de Estado dos Negócios do Reino para ser prezente a Sua Magestade.”

Assinatura autógrafa. Datada do Paço em 25 de Fevereiro de 1773.


Aqui fica este importante catálogo para vossa consulta e apreciação.

Saudações bibbliófilas


2 comentários:

Marco Fabrizio Ramírez Padilla disse...

Rui,

Sin duda es una subasta muy atractiva.
¡¡¡Mucha suerte!!!

Rui Martins disse...

Marco,

De facto é um excelente leilão de manuscritos, embora com maior interesse para nós portugueses, pelos documentos importantes sobre e da nossa história, embora apresente alguns documentos que podem interessar a coleccionadores de outros países.

Obrigado pelos teus votos de boa sorte.

Um abraço