"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 18 de julho de 2009

Nicolas Boileau-Despréaux: «Œuvres Poétiques»


Quando comprei este livro:


BOILEAU-DESPREAUX - Œuvres Poétiques.
Paris, Hachette, 1889, 34,5 x 27 cm, in-4 grande.
Edição de 201 exemplares, sendo este, um dos 25 em papel China.
Encadernado conservando as capas e a lombada da brochura.
Numerosas ilustrações no texto e extra-texto.
Frontispício gravado por L. Flameng segundo um desenho de Lechevalier-Chevignard.
Encadernação “doublure” à francesa, em inteira de pele vermelha com interior a verde, com ricas gravações a ouro na lombada e nas pastas externas e internas, assinada por Mercier, com estojo de protecção.

Fui criticado por um amigo bibliófilo e livreiro francês por ter adquirido uma edição tão tardia e, como tal, com interesse bibliófilo discutível. Em sua opinião deveria ter comprado uma edição do séc. XVII, ou mesmo do séc. XVIII, com encadernação de época, mas nunca deste período.

Deixo-vos aqui um exemplo do que poderia ser uma edição aceitável:



BOILEAU DESPREAUX, Nicolas - Œuvres
Chez David et Durand, avec Approbation et privilège du Roi, à Paris 1747,
in-8 (18 x 12,5 cm), 5 volumes

Confesso, que, sob um ponto de vista do “purismo” bibliófilo o meu amigo tem toda a razão!
Devemos tentar sempre comprar as obras, dos autores que nos interessam, nas edições “principes”, ou o mais próximo, e, sempre que possível, em encadernação de época (seja ela de pergaminho ou de pele).

Mas se encararmos a situação de uma outra perspectiva, ou seja, bibliofilia como amor pelo livro-objecto, creio que uma edição, limitada, ilustrada e com uma esplêndida encadernação assinada, não seja de desprezar por qualquer bibliófilo.

Para fazerem uma análise, e se poderem pronunciar, deixo-vos, muito simplesmente, a encadernação e algumas páginas e ilustrações do referido livro para que possam expressar a vossa opinião.
















Para um melhor entendimento do artigo, deixo uns breves apontamentos sobre este autor, para os poucos que possam não o conhecer.

Nicolas Boileau-Despréaux

Nicolas Boileau, também conhecido por Boileau-Despréaux, o «législateur du Parnasse», nasceu a 1 Novembro de 1636 na rua de Jerusalém em Paris e morreu, nesta cidade, em 13 de Março de 1711. Foi um poeta, escritor e crítico francês.
Décimo quinto filho de Gilles Boileau, escrivão da Câmara Grande do Parlamento de Paris, a partir da mais tenra idade, foi destinado ao Direito. Os seus irmãos são Gilles Boileau e Jacques Boileau.
A sua infância não levava a imaginar o que seria mais tarde. A fraqueza da sua constituição, as doenças que contraiu contribuíram para atrasar os seus estudos. Cresceu apenas com uma paixão que lhe movia os actos: "o desprezo pelo livros estúpidos".
Iniciou os estudos no Colégio de Harcourt, mas foi no Colégio de Beauvais, onde estuda Direito que, no terceiro ano, se fez notar pela sua paixão pela leitura dos grandes poetas da Antiguidade.
Após o falecimento do seu pai, recebeu uma pequena fortuna, que lhe permitiu viver dos seus rendimentos e dedicar-se exclusivamente às letras
Os seus primeiros escritos importantes são «Les Satires» (1660–1668), inspiradas nas de Horácio e de Juvenal, aonde ataca os seus contemporâneos que julga de "mau gosto".
Admira Molière e, mais tarde, La Fontaine e Racine.
Foi já na maturidade da idade que compôs «Les Épîtres», publicados de 1669 a 1695.
Mostram um estilo mais maduro e sereno que o colocam acima de Horácio, que em «Les Satires» é manifestamente inferior. Pubicou ainda «L’Art poétique» (1674), Longin«Traité du sublime», tradução de Nicolas Boileau, (Paris, 1674) «Dialogue sur les héros de roman» (1688), e «Réflexions critiques sur Longin» (1694-1710), «Lettres à Charles Perrault» (1700).

A primeira edição conjunta das suas obras: «Œuvres de Boileau» data de 1740.

Espero que tenham gostado de ver e analisado o livro... aguardo, agora, as vossas opiniões.

Saudações bibliófilas.

6 comentários:

Marco Fabrizio Ramírez Padilla disse...

Ruy, estimado amigo.

Creo que el libro que adquiriste es sencillamente exquisito.
Indudablemente las ediciones "princeps" tienen su particular encanto y valor, pero es imposible ver un libro tan bello como el que nos muestras y dejarlo ir.
Felicidades y saludos.

Galderich disse...

Una cosa es ver el libro como inversión y la otra como placer.
Si un libro nos da placer (como este, sin ir más lejos) por diversos motivos (encuadernación, papel, grabados, tipografia, rareza...) pues adelante porque lo que importa no es tanto el precio como la satisfacción que tenemos en leerlo, contemplarlo, estudiarlo...
En fin, el consejo del librero es bueno pero... y aquí está la gracia, la decisión es nuestra en función de nuestros intereses.
Felicidades por el libro.

Rui Martins disse...

Marco y Galderich
Gracias por los vuestros comentarios.
Creo que todos estamos de acuerdo en lo mismo punto: lo mejor seria una buena edición “principes” de Boileau como la edición de 1740, la primera que contiene el conjunto de sus obras, pero esta también es muy rara, solamente 201 ejemplares, con una bella tipografía y grabados y, sobretodo, con una encuadernación bien exquisita.
Saludos bibliófilos.

Diego Mallén disse...

Amigo RUI:

¡Hiciste muy bien adquiriendo el libro!

Una encuadernación "doublé", contenga lo que contenga en su interior, si se pone a tiro no hay que dejarla pasar. ¡Que belleza tu ejemplar!

Tu ejemplar es fascinante. Entre las obras que contiene te recomiendo "Le lutrin".

Yo cuento con un ejemplar de la edición en folio, 2 vols., Amsterdam, 1718, ilustrada con grabados de Picart.

Enhorabuena y saludos bibliófilos.

Diego Mallén disse...

Amigo Rui: te hablaba de "Le Lutrin" ("facistol" en español) y veo tu comentario en Le Bibliomane Moderne precisamente sobre ello.

Cuando adquirí mi ejemplar de les Oeuvres de Boileau (fue en Vente aux enchères, Drouot, 20-3-1998) me llamó inmediatamente la atención el grabado de Le lutrin y de ahí comencé a leer el texto.

Veo que también te llamó la atención.

Mille amitiés,

Diego.

Anónimo disse...

Hola amigo Rui, gracias por tus comentarios, déjame felicitarte por esta gran y escasa obra de Nicolas Boileaux, un gran poeta y critico Frances.
Esta en muy buen estado, con empaste de lujo… me encanto.. Felicidades nuevamente.