Quando comprei este livro:
BOILEAU-DESPREAUX - Œuvres Poétiques.
Paris, Hachette, 1889, 34,5 x 27 cm, in-4 grande.
Edição de 201 exemplares, sendo este, um dos 25 em papel China.
Encadernado conservando as capas e a lombada da brochura.
Numerosas ilustrações no texto e extra-texto.
Frontispício gravado por L. Flameng segundo um desenho de Lechevalier-Chevignard.
Encadernação “doublure” à francesa, em inteira de pele vermelha com interior a verde, com ricas gravações a ouro na lombada e nas pastas externas e internas, assinada por Mercier, com estojo de protecção.
Fui criticado por um amigo bibliófilo e livreiro francês por ter adquirido uma edição tão tardia e, como tal, com interesse bibliófilo discutível. Em sua opinião deveria ter comprado uma edição do séc. XVII, ou mesmo do séc. XVIII, com encadernação de época, mas nunca deste período.
Deixo-vos aqui um exemplo do que poderia ser uma edição aceitável:
BOILEAU DESPREAUX, Nicolas - Œuvres
Chez David et Durand, avec Approbation et privilège du Roi, à Paris 1747,
in-8 (18 x 12,5 cm), 5 volumes
Confesso, que, sob um ponto de vista do “purismo” bibliófilo o meu amigo tem toda a razão!
Devemos tentar sempre comprar as obras, dos autores que nos interessam, nas edições “principes”, ou o mais próximo, e, sempre que possível, em encadernação de época (seja ela de pergaminho ou de pele).
Mas se encararmos a situação de uma outra perspectiva, ou seja, bibliofilia como amor pelo livro-objecto, creio que uma edição, limitada, ilustrada e com uma esplêndida encadernação assinada, não seja de desprezar por qualquer bibliófilo.
Para fazerem uma análise, e se poderem pronunciar, deixo-vos, muito simplesmente, a encadernação e algumas páginas e ilustrações do referido livro para que possam expressar a vossa opinião.
Para um melhor entendimento do artigo, deixo uns breves apontamentos sobre este autor, para os poucos que possam não o conhecer.
Nicolas Boileau-Despréaux
Nicolas Boileau, também conhecido por Boileau-Despréaux, o «législateur du Parnasse», nasceu a 1 Novembro de 1636 na rua de Jerusalém em Paris e morreu, nesta cidade, em 13 de Março de 1711. Foi um poeta, escritor e crítico francês.
Décimo quinto filho de Gilles Boileau, escrivão da Câmara Grande do Parlamento de Paris, a partir da mais tenra idade, foi destinado ao Direito. Os seus irmãos são Gilles Boileau e Jacques Boileau.
A sua infância não levava a imaginar o que seria mais tarde. A fraqueza da sua constituição, as doenças que contraiu contribuíram para atrasar os seus estudos. Cresceu apenas com uma paixão que lhe movia os actos: "o desprezo pelo livros estúpidos".
Iniciou os estudos no Colégio de Harcourt, mas foi no Colégio de Beauvais, onde estuda Direito que, no terceiro ano, se fez notar pela sua paixão pela leitura dos grandes poetas da Antiguidade.
Após o falecimento do seu pai, recebeu uma pequena fortuna, que lhe permitiu viver dos seus rendimentos e dedicar-se exclusivamente às letras
Os seus primeiros escritos importantes são «Les Satires» (1660–1668), inspiradas nas de Horácio e de Juvenal, aonde ataca os seus contemporâneos que julga de "mau gosto".
Admira Molière e, mais tarde, La Fontaine e Racine.
Foi já na maturidade da idade que compôs «Les Épîtres», publicados de 1669 a 1695.
Mostram um estilo mais maduro e sereno que o colocam acima de Horácio, que em «Les Satires» é manifestamente inferior. Pubicou ainda «L’Art poétique» (1674), Longin – «Traité du sublime», tradução de Nicolas Boileau, (Paris, 1674) «Dialogue sur les héros de roman» (1688), e «Réflexions critiques sur Longin» (1694-1710), «Lettres à Charles Perrault» (1700).
A primeira edição conjunta das suas obras: «Œuvres de Boileau» data de 1740.
Espero que tenham gostado de ver e analisado o livro... aguardo, agora, as vossas opiniões.
Saudações bibliófilas.