"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Palácio do Correio Velho – Leilão de Livros, Manuscritos e Gravuras





O Palácio do Correio Velho vai realizar nas suas instalações na Calçada do Combro, 38 A - 1º em Lisboa um importante leilão – o seu Leilão 286 – nos próximos dias 30 e 31 de Maio e 1 de Junho.


Catállogo do Leilão  –  Introdução

Apresenta um interessante e valioso conjunto de obras de diversas proveniências, relativas a Literatura dos séculos XIX e XX, Arte, História, Descobrimentos, Genealogia e Heráldica, Literatura Francesa, Direito, Religião, Greco-Latina, Revistas antigas e modernas, Ensaística, Olisipografia, Fotografias e Postais, Álbuns, Mapas, Apólices, além de Gravuras e Manuscritos.



Alguns Livros

A exposição dos lotes estará patente nos dias:

2012-05-28 10:00 / 13:30 - 14:30 / 19:00
2012-05-29 10:00 / 13:30 - 14:30 / 19:00

O leilão decorrerá na sequência seguinte:

2012-05-30 15:00
Lote 0001 a 0289

2012-05-31 15:00
Lote 0290 a 0582

2012-06-01 15:00
Lote 0583 a 0871



105 BOCAGE, Manuel Maria Barbosa.
IMPROVISOS DE BOCAGE Na sua mui Perigosa enfermidade dedicados aos seus bons amigos. Reimpresso no Rio de Janeiro na Impressão Regia, 1810. Com licença. In - 8º de 23 - (1) págs.

Encadernação francesa, não contemporânea, inteira de carneira fina mosqueada com ferros a ouro na lombada e roleta de fantasia nas extremidades. Muito raro, não vem citado em Borba de Morais e com poemas muito curiosos. INOCÊNCIO: VI, pág.50. (1)



154 CANON // MISSAE // CVM // Praefationibus, & Alijs nonnulius, quae // in ea ferè communiter dicuntur // Additae sunt // Praeparatio ad Missam, // & Orationes, quae ab Episcopis cum solemniter, // vel priuatè celebrant; Et ab alijs // Sacerdotibus dici solent.// Necnon // Gratiarvm Actiones // Missae sacrificio peracto. // Permissu Superiorum. // Romae, // Ex Typographia Reverendae Camerae Apostolicae. // Anno Iubilaei M.DC. XXV. (1625).

In-fólio máx. de 144 págs. Texto regrado impresso a vermelho e negro, embelezado por capitulares e numerosas iniciais de desenho de fantasia, remates alegóricos, a portada - frontispício gravada com a representação da Última Ceia, ladeada por dois anjos empunhado filacteras, as figuras dos apóstolos São Pedro e São Paulo, e, em baixo, o escudo com as armas pontifícias, suportado por dois anjos. Duas fls. Brancas no inicio, a 1ª das quais manuscrita na frente e verso, com caligrafia seiscentista muito legivel, sobre o sacramento da Confirmação e a 2ª fl. em branco. No final, mais duas fls. Com acrescentos de textos litúrgicos manuscritos que discorrem sobre o «De Confirmandis». De realçar a excelente qualidade dos caracteres tipográficos desta impressora pontificia. Ilustrado com uma belissima gravura de página inteira que representa a comunhão dos Santos sob a égide da Santíssima Trindade. Papel espesso e de grande qualidade e sonoridade. Encadernação inteira de marroquim vermelho,da época, ricamente decorada nas pastas e lombada ao estilo «Boyet» com ferros rendilhados e floreados a ouro, tendo ao centro de ambas as pastas um grande florão central. Corte das folhas cinzelado, seixas douradas, e as guardas em papel antigo de estilização vegetalista e coloração vivaz. Marcadores de pano. Cantos e dobras cansadas. Leve acidez, de resto belo exemplar, valioso.



177 CASTRO, Alberto Osório de. (2)
FLORES DE CORAL. Ultimos Poemas. Dilli, Ilha de Timor - Insulíndia, Imprensa Nacional, 1908. In - 8º de 272 págs. Obra dedicada a Fialho de Almeida e dividida em duas partes: os poemetos que vão da pág. 9 à 131; e a prosa, «Impressões da Insulíndia portugueza», nótulas, que vão da pág. 132 à 269, seguindo -se as erratas principais e o Indice.

Valorizado pela extensa dedicatória autógrafa do autor, que foi juiz de direito em Dilli, capital de Timor, a João Baptista Gregório de Araújo, inscrita no anterrosto, e que reza: «Ao Senhor Advogado João Baptista Gregório de Araújo, em prova de consideração, e de agradecimento pelos informes que me deu para este livro da sua formosissíma terra, e lembrança affectuosa do autor. Lahane, Março 1, 1910». Tem no fim a seguinte justificação editorial: 72 exemplares, numerados e rubricados pelo autor, em papel branco Song -kio -tzú de Cantão, 257 em papel amarelam Tço - tzu, ou papel pagode de Cantão, e 31 nos dois proprios mesclados, e também numerados e rubricados. Acabou de se imprimir esta obra, para o autor, na Imprensa Nacional, em Dilly, ilha de Timor, arquipélago de Sunda, aos 31 dias de Dezembro de 1909, sob a direcção tipográfica de Francisco Maria Jorge, de Nova Goa, India portuguesa e José Maria Ribeiro, de Baneau, Ilhas de Timor. O presente exemplar é o nº 176 dos 257 em papel amarelo,assinado pelo autor. Falta-lhe a primeira folha de guarda, tem algumas manchas de humidade, leve e ocasional trabalho de traça nas margens brancas verticais das folhas 241 à 256, sem ferir qualquer letra e as últimas folhas com minúsculos restauros. Não obstante o que fica dito, muito bom miolo. Segundo Inocêncio, XX, pág. 321, «O livro “Flores de Coral” é, com efeito, precioso e as notas que o enriquecem dão -lhe extraordinário relevo e até pela abundância de esclarecimentos etnográficos e filológicos, pondo-nos em relação, pelos seus vastos e úteis estudos, com os eminentes literatos que teem estudado profundamente os assuntos orientais, não esquecendo o que devem ás “Peregrinações” de Fernão Mendes Pinto».



Meia encadernação moderna em chagrin vermelho com cantos, filetes dourados nas pastas e lombada decorada a ouro em casas fechadas, guardas em papel marmoreado, o corte superior das folhas brunido a ouro fino. Sem capas de brochura.Livro valioso, muito importante e raro, pois trata-se efectivamente da primeira obra da imprensa portuguesa da Insulindia.



552 MANUSCRITO - BRASIL
LAGOA GRANDE. Século XVIII. Desenho a tinta da China e aguarela, em tons de castanho e verde azulado, sobre papel. Não assinado.Sem data (século XVIII).

Suporte em razoável estado de conservação, com apenas um minúsculo buraco no centro do papel, e as dobras horizontal e vertical acentuadamente vincadas. Representa o mapa de Lagoa Grande, nome primitivo da actual cidade de Lagoa Santa, municipio brasileiro do estado de Minas Gerais, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte e na bacia média do Rio das Velhas. A cidade foi fundada em 1733 por Filipe Rodrigues, o primeiro a sentir o efeito das águas da lagoa, pois ficou curado dos seus eczemas ao lavar com elas a sua perna. O cirurgião João Cardoso de Miranda é considerado o autor da primeira publicação sobre as virtudes terapêuticas das águas da Lagoa Santa, editada a 6 de Maio de 1749, com o titulos «Prodigiosa Lagoa Descuberta nas Congonhas das Minas do Sabará». Em 1750 foi chamado ao arraial, o ouvidor de Sabará Manuel Nunes Velho, para demarcar o local dos arruamentos e os locais de banhos, deixando designado o morador mais abastado do local, Faustino Pereira da Silva, para ser o executor das suas decisões. A cidade de Sabará nasceu do ouro queabundava nos rios e minas, responsável pela saga dos bandeirantes e da emergente sociedade mineira, possuindo numerosos exemplares da arquitectura barroca. O desenho ostenta toda uma erudição mítica que se consorcia com uma descrição naturalista da Lagoa Grande: alimentada por dois cursos de água, expande-se numa circunferência de légua e meia flanqueada por montanhas e minas, casebres e campos, donde consta afluirem os peregrinos em busca de salvação para as suas maleitas e almas, em águas reputadas miraculosas e famosas, como as duas figuras mitológicas, a deusa da Água e o anjo da Fama, com a sua trombeta, apregoam nos cantos deste belo e invulgar desenho mítico - científico. Com passe-partout. Peça de grande valor museológico. Nota: Em anexo, estudo explicativo das caracteristicas e importancia da peça. Dim.: 30 x 42,5 cm. (folha)



642 OFFICIUM // BEATAE MARIAE // VIRGINIS, // PII V. PONT. MAX. // iussu editum .// (gravura retratando a Virgem Maria ladeada por anjos) // Antuerpiae, // Ex Officina Plantiniana, // Apud Balthasarem Moretum, & viduam // Ioannis Moreti, & Io. Meursium,1625.

In - 8º de (32) - 470 págs. Texto impresso a vermelho e negro, valorizado por numerosas iniciais historiadas. Encadernação inteira de excelente chagrin vermelho, «à la Derome», ricamente gravada a ouro com ferros de estilização floral na lombada e pastas, brotando de quatro vasos da abundância aos cantos, e com oval também florida no centro. Seixas douradas. Cantos e dobras cansadas. Leve acidez. Guardas em papel da época marmoreado e corte das folhas brunido a ouro fino. Frontíspicio com gravura religiosa pintada ao centro e dentro do livro estão doze belissimas gravuras de página inteira, pintadas da época, estando uma das gravuras espelhada na margem externa.Texto regrado por finissíma tarja. Excelente exemplar de um livro devocional da famosa tipografia plantiniana. Raro.



670 PESSOA, Fernando
ENGLISH POEMS. By.... I. Antinous. II . Inscriptions. (III. Epithalamium). Lisbon, «Olisipo», Apartado 145. 1921. In - 8º gr. de 20 e 16 págs.

Sóbria encadernação em meio chagrin verde, pastas em car tonagem marmoreada e filetes a ouro na lombada. Capas de brochura preservadas.Dos pouquissimos trabalhos publicados em vida do autor. Muito cuidada execução gráfica e de reduzidíssima tiragem. Raríssimo.
Excelente exemplar.



678 PINHEIRO, Rafael Bordalo.
FÁBRICA DE FAIANÇAS DAS CALDAS DA RAINHA.

Lote de três (3) títulos de 5 acções da Fabrica de Faianças das Caldas da Rainha, nºs 155, 156 e 159. Lisboa, 30 de Junho de 1884, pertencentes a D.Emilia Augusta da Cunha.Três grandes cromolitografias desenhadas e assinadas por Rafael Bordalo Pinheiro e impressas na Lith. Guedes - Lisboa. Excelente estado de conservação. Muito raras. Dim.: 46 x 29 cm. (cada)



817 TORGA, Miguel.
BICHOS. Contos. Coimbra, Tip. da «Atlântida», 1940.

In - 8º de 113 - I págs. Brochado. Primeira edição deste livro que muito críticos literários consideram a obra -prima de Miguel Torga, sendo um dos mais raros da toda a sua genial bibliografia. A reduzida tiragem, e o bom estado de conservação do exemplar, tornam esta espécie bibliográfica uma peça bastante valiosa.

Aqui fica esta notícia com o convite para a leitura deste bom catálogo com livros que interressam um pouco a todos nós pela sua grande diversidade.

Para os mais audazes lá estão algumas grandes raridades…

Saudações bibliófilas.

Notas:

(1) Todas as informações aqui apresentadas são propriedade exclusiva do Palácio do Correio Velho e não podem ser reproduzidas sem a sua autorização prévia.
(2) Foto do meu arquivo pessoal de imagens.

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