"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 15 de novembro de 2014

Uma descoberta ao virar da página – a propósito de uma conversa sobre gostos literários


Como se aperceberam a propósito do último post troquei algumas impresões com o meu estimado amigo Angelo e “vieram à baila” os livros de ficção científica.


"L'Abbé Jean Jacques Huber" (1742)
de Quentin Maurice De La Tour (1704 - 1788).
Museu Antoine Lecuyer, Saint Quentin, França

Confesso que presentemente não sou um grande leitor deste tipo de obras embora reconheça nalgumas deles qualidades literárias evidentes.

No entanto, quando ele me falou no tema veio-me logo à memória um livro que li (nos anos 80!) e que me fez pensar bastante na altura. Memória essa que ainda não se desvaneceu. (Deverá ter sido importante para mim a sua leitura.…)

Mas vejamos então o livro:





CHRISTOPHER, John - A Última Fome. [The Death of Grass]. Tradução de Maria Luísa Ferreira da Costa. Mem Martins, Publicações Europa América, 1982. Livros de Bolso – Série Ficção Científica n.º 4. 172 pág. Capa mole.

Numa descrição sumária o livro aborda uma situação de catástrofe ecológica, quase apocalíptica, conforme se pode ler na sua sinopse:

O vírus Chung-li destruira todos os tipos de gramíneas. Arroz, trigo, aveia, cevada, todos os cereais que constituem a base da alimentação humana, tudo morrera. E de inanição morreram também milhões de pessoas acossadas pela fome, sem contar as outras, muito mais numerosas ainda, que pereceram nos motins que inevitavelmente eclodiram.
Mas no pesadelo daqueles dias não faltaram os que resolveram sobreviver à grande fome - sobreviver a todo o custo, sacrificando todos os valores da chamada civilização, tão rídiculos agora como o smoking e a cartola num frequentador de taberna dos subúrbios…
O roubo, o assassínio, a pilhagem, foram os meios de que lançaram mão para atingirem o santuário austero da sobrevivência, num mundo devastado, em que a Terra se transformara num verdadeiro inferno…

Agora pergunto-me eu: será que o livro tem algum valor bibliófilo? Ainda é procurado?

Cá pelas “nossas bandas” o livro está a preço quase de saldo!

Do mesmo autor ainda encontrei:





CHRISTOPHER, John – Os Possessores. [The Possessors]. Tradução de Maria Luísa Ferreira da Costa. Mem Martins, Publicações Europa América, 1980. Livros de Bolso – Série Ficção Científica n.º 8. 188 pág. Capa mole.

Esta obra é completamente diferente da anterior. Faz lembrar um pouco o filme "The Thing", do John Carpenter. Uma boa construção em termos de relações humanas e uma ameaça alienígena que ataca um grupo de pessoas que ficam isoladas enquanto passam uns dias de férias numa estância de esqui, no meio da neve. À parte o aspecto da ameaça ser relativa a seres extra-terrestres, este livro poderá ser considerado mais de terror do que propriamente de ficção-científica.

Mas quem foi afinal John Christopher (1) aliás Sam Youd?


John Christopher aliás Sam Youd

Sam Youd nasceu a 16 de Abril de 1922 e faleceu a 3 de Fevereiro de 2012. Profissionalmente conhecido como Christopher Samuel Youd, foi um escritor inglês bastante conhecido pelas suas obras de ficção científica sob o pseudónimo de John Christopher, especialmente a novela The Death of the Grass e a trilogia (a que se seguiria um quarto livro em 1988) para adolescentes The Tripods (2).Ganhou o Guardian Prize em 1971 e o Deutscher Jugendliteraturpreis em 1976.

Youd também escreveu sob variantes do seu nome e sob vários peudónimos: Stanley Winchester, Hilary Ford, Willliam Godfrey, William Vine, Peter Graaf, Peter Nichols e Anthony Rye.

Bom, mas se entre nós os livros “estão a saldo” qual o seu valor no mercado internacional?

Para isso vamo-nos socorrer da AbeBooks.com.



CHRISTOPHER, John – The Death of Grass. London, Michael Joseph, UK, 1956.
[US$ 808.61 | EUR 648.25]



Item Description: Michael Joseph, UK, 1956. Hardback. Book Condition: Fine. Dust Jacket Condition: Fine. 1st Edition. UK First Edition and First Impression hardback published in 1956 by Michael Joseph. The book and jacket are fine. The only flaw is very minimal curling to the top of the spine (less than 1mm) and a tiny bit of wear to the lower front corner (less than 1mm). This is likely the best copy available, and almost flawless other than a neat price-clip. A stunning copy carrying the Trevor Denning jacket.
©Hyraxia Books. ABA, PBFA (Leeds, United Kingdom)



CHRISTOPHER, John – The Death of Grass. London, Michael Joseph, UK, 1956.
[US$ 650.00| EUR EUR 521.09]

Description: Octavo, boards. First edition. "A rapidly mutating virus wipes out all of Earth's grasses, including grain crops." - Anatomy of Wonder (1995) 3-42. Filmed in 1970 as "No Blade of Grass," which is the title of the U.S. edition of this book. Anatomy of Wonder (2004) II-240. Pringle, Science Fiction: The 100 Best Novels 21. Survey of Science Fiction Literature IV, pp. 1541-44. Page edges a bit dusty, a near fine copy in about near fine dust jacket with light rubbing along front flap fold, edges, tiny closed tear to lower front panel, and some dust soiling to rear panel.
©Currey, L.W. Inc. ABAA/ILAB (Elizabethtown, NY, U.S.A.)

Podemos constatar que existre uma boa oferta desta obra na AbeBooks.com., embora os seus preços variem em especial quanto ao seu estado de conservação.



Teremos então que os seus preços podem variar entes [US$ 808.61 | EUR 648.25] e [US$ 404.30| EUR 324.12] ainda que não tenha encontrado nenhum exemplar de colecção (quase perfeito!) embora o primeiro seja excelente.



CHRISTOPHER, John – The Possessors. London, Hodder and Stoughton, UK , 1965. Hardcover.
[US$ 242.58| EUR 194.47]



Item Description: Hodder and Stoughton, UK, 1965. Cloth. Book Condition: Near Fine. Dust Jacket Condition: Very Good++. First Edition. 12mo - over 6¾" - 7¾" tall. 1st Edition 1965. Flat signed by the author to the title page. 



Book is near fine and very bright. The wrapper is very good++ and bright. Edges lightly rubbed. Scarce signed. More digital images can be taken upon request. Ref8262. Signed by Author.
© Lasting Words Ltd PBFA (Northampton, UK, United Kingdom)



CHRISTOPHER, John – The Possessors. London, Hodder and Stoughton, UK , 1965. Hardcover.
[US$ 224.84 | EUR 175.00]



Book Condition: Very Good +. 1st Edition. First UK Edition, First Printing. This is the true first edition, first printing (first impression) in a very good plus Dust Jacket which has rubbing and creasing to the extremities. Slight spine slant with unmarked pages with some soiling to the top of the text block. Signed by John Christopher to the title page. Signed by Author(s).
©Kelleher Rare Books (Co Kildare, ., Ireland)

Quanto à trilogia (ou melhor tetralogia)  The Tripods, apenas encontrei estsa 1ª edição:



CHRISTOPHER, John – The White Mountains (Tripods (Pb)). New York: The Macmillan Company, 1967. 184 pp.
[US$ 224.84 | EUR 175.00]

Description: FIRST EDITION. New York: The Macmillan Company, 1967. 184 pp. First edition, first printing. (Stated "First Printing" on copyright page.) Illustrated library binding. Very Good condition. No jacket. Clean pages: no inscriptions, etc. NOT an ex-library copy! Sturdy binding. Light rubbing and staining to covers. Tiny tear in bottom of front end paper, spine creased. A nice copy. The first novel in the juvenile sci-fi series The Tripods.
Synopsis: Young Will Parker and his companions make a perilous journey toward an outpost of freedom where they hope to escape from the ruling Tripods, who capture mature human beings and make them beings docile, obedient servants.
©Singing Saw Books (Portland, OR, U.S.A.)


The Tripods (A trilogia)

Bom nesta conversa bem distinta daquelas a que penso estarem mais habituados, quero reforçar a minha opinião de que para se ser bibliófilo mais do que ter “uma bolsa bem recheada” é muito mais importante “ter uma mente bem recheada de ideias”!

Não estamos perante livros antigos dos séc. XVI-XVII que nos deliciam a todos, pois claro que não! Mas estamos perante livros que fizeram uma escola/temática ainda hoje não esquecida por alguns e que merece ser preservada.


Não estamos perante livros antigos

Reparem que são livros mais de jovens/adolescentes,que pela natureza do seu uso, são frequentemente raros em muito bom estado!

Saudações bibliófilas e votos de boas leituras.

Notas:
(1) John Christopher – Wikipedia [ http://en.wikipedia.org/wiki/John_Christopher ]
(2) The Tripods – Wikipedia [ http://en.wikipedia.org/wiki/The_Tripods ]

sábado, 8 de novembro de 2014

Conversa bibliófila – sugestão para uma colecção


Ainda recentemente troquei algumas palavras com uma amiga sobre a situação da bibliofilia (leia-se o preço que os livros estão a atingir no mercado) e, mais concretamente, sobre como criar a sua própria biblioteca.

Uma biblioteca

Transcrevo algumas dessas notas (com algumas correcções que me parecem oportunas para as tornarem menos pessoais) pois traduzem muito bem aquilo que penso sobre a matéria.

É a minha opinião de coleccionador, bem como do privilégio que tenho de conhecer alguns livreiros-antiquários com os quais gosto de trocar algumas impressões sobre a evolução da bibliofilia e do comércio do livro, que estas notas traduzem ... e simplesmente só isso.

"O comércio do livro-antigo é uma “arte um pouco hermética” onde nos vamos iniciando pouco a pouco e, pois claro, “enfiando alguns barretes!”.

Quanto aos bons negócios esses já foram, pois mesmos os mais incautos e desconhecedores da matéria pensam que os seus livros valem fortunas … só por serem “velhos!”

Caberá ao livreiro-antiquário munido de uma cultura acumulada e muitas vezes passada de geração em geração ter um conhecimento mais aprofundado sobre as diversas obras e a cotação no mercado das várias edições (e convirá dizer que nem sempre – embora raramente – a 1ª edição será sempre a mais cotada)

Entrados ou melhor “iniciados” nestas andanças do comércio livreiro-antiquário, convirá definirmos o que vamos coleccionar.

Pois que para se  fazer uma colecção terá de se escolher um tema: autor / encadernador / impressor / livro ilustrado ou não / literatura / prosa / poesia / livros de viagens (cuidado que estes costumam ser caros!) / livros sobre livros / etc. (os temas são inesgotáveis!).

Segue-se a parte mais complexa: fazer uma avaliação das nossas capacidades financeiras – quanto posso gastar por mês por exemplo.

Feito isto, que é o básico, começar a “vasculhar” nos diversos catálogos os livros que nos possam interessar para ter uma ideia do seu “preço normal” (se podemos falar assim) e só depois começar a comprar.


Algumas encadernações

[ATENÇÃO: nunca comprar um livro de que, por uma qualquer razão não se goste, pois que nos iremos seguramente arrepender e para nos vermos livres dele será um grande problema! (“este é um dos barretes mais frequentes e eu já enfiei alguns!”)]

Será sempre de grande utilidade conhecer alguns livreiros-antiquários (verdadeiramente profissionais!) que nos possam ajudar a ir construindo a nossa colecção e aconselhando naquilo que devemos comprar primeiro ou aqueles livros que não deveremos deixar escapar (gastámos num mês o saldo de 6 meses … paciência! passado esse tempo voltaremos a pensar numa próxima aquisição!).


Num recanto duma livraria teremos de folhear muitos livros

Com o tempo chegarão a ser mesmo nossos amigos que poderão inclusive guardar-nos alguns livros até os podermos pagar (nunca se deve perder a esperança, pois que os “bibliófilos são todos um pouco doidos” (e eu reconheço a minha maleita!)

Há livros que irão aparecer muito raramente à venda e se nos interessarem devemos arriscar (mas atenção não cair em loucuras), cada livro tem um determinado valor, e nem todos podem ter o braço levantado até ao fim num determinado leilão, facto que já presenciei, (poderá ser um “grande bibliófilo”, mas se me permitem duvido da sua verdadeira vocação bibliófila, talvez seja mais um investidor – os livros presentemente também caem nesta área)


Mais encadernações... e o trabalho prossegue.

Mas vamos ao que me propus: sugerir um tema para uma colecção.

Vou propor como temática obras sobre os acontecimentos históricos em Portugal no século XIX (temática bastante abrangente e, como tal, sujeita a várias sub-temáticas se assim quiserem).

Claro que esta opção não é alheia ao meu gosto claramente manifestado por este século, e pelo facto de neste blogue aparecerem muitas referências a ele, pelo que poderão ter o vosso trabalho um pouco mais facilitado, mas a colecção será a vossa e a temática deverá ser aquela que vocês elegerem!

Como deixei expresso nas notas introdutórias, será com base nalguns dos catálogos que recebi recentemente que vou explorara para vos apresentar algumas sugestões.

As obras apresentadas serão aquelas que surgem nas páginas que vamos consultar, sem ter qualquer pretensão a elaborar uma listagem mais detalhada (essa será a vossa tarefa se gostarem da sugestão).

Vejam-se então essas novidades:


Livraria Luís Burnay

Da Livraria Luis Burnay temos as Novidades Novembro 2014



VIDAL, Manuel José Gomes de Abreu – Analyse da Sentença proferida no juizo da Inconfidencia em 15 de Outubro de 1817 contra o Tenente General Gomes Freire de Andrade, o Coronel Manoel Monteiro de Carvalho e outros, & c. pelo crime d'alta traição / offerecida aos amigos da Constituição e da Verdade. Lisboa: Na Typograhia Morandiana, 1820.- 35p., 22cm.-B [€ 48.00]

Transcreve a sentença e acrescenta diversos comentários sobre ela e o julgamento. Raro
Mancha junto ao festo na página de rosto.



TESTAMENTO de Junot. Lisboa: Na Impressão Regia, 1809.- 15p.; 21cm.-B. [€ 32.00]

Opúsculo anti-napoleónico, com a transcrição de um imaginário testamento deixado por Junot. Primeira e ultima folha com rasgões restaurados. Mancha de água antiga já desvanecida. Raro.



ANALYSE da Proclamação de Mr. Junot de 16 de Agosto de 1808 / por ***. Coimbra: Na Real Imprensa da Universidade, 1808.- 10p.;20cm.-B [€ 40.00]

Opúsculo anónimo de acerada crítica à declaração de Junot quando entrou em Portugal. Raro.


Colofon Livros

Na Cólofon Livros na sua montra livros da semana destaco:



4 - Campos, Fernando – O PENSAMENTO CONTRA-REVOLUCIONÁRIO EM PORTUGAL (SÉC. XIX). Lisboa. Edição de José Fernandes Júnior. 1931-33. 2 Vol. 201 e 228págs. 22cm. E. [€ 65.00]

Obra fundamental para a compreensão do pensamento politico e ideológico do século XIX.
Neste trabalho são tratados os seguintes autores: Marquês de Penalva, José Agostinho de Macedo, D. Francisco Alexandre Lobo, José Acúrsio das Neves, Joaquim de Santo Agostinho Brito França Galvão, Fr. Fortunato de S. Boaventura, Visconde de Santarém, João da Gama e Castro, António Ribeiro Saraiva, D. António de Almeida, António Joaquim de Gouveia Pinto, Faustino José da Madre Deus.
Exemplar em bom estado. Encadernação meia francesa em pele (ambos os volumes encadernados em um só). Contém dedicatória do autor nos dois volumes.


Livraria Alfarrabista Liliana Queiroz

A Livraria Alfarrabista Liliana Queiroz colocou diversas novidades das mais variadas temáticas na sua página online

Refiroa propósito do tema em questão:



(Ref. 5408) Joaquim Pereira Marinho – MEMÓRIA OFFICIAL em resposta ás acusações dirigidas a SUA MAGESTADE contra o governador geral da provincia de Cabo Verde. Ano: 1839. 1ª Edição. Lisboa; Typografia de A.S. Coelho; In-8º de 302 páginas; Brochado. [€ 140.00]

Obra bastante rara e procurada.
Exemplar em bom estado de conservação.



(Ref. 5307) Manoel Jose Gomes de Abreu Vidal – ANALYSE DA SENTENÇA proferida no juizo da inconfidencia em 15 de Outubro em 1817. Contra o Tenente General GOMES FREIRE DE ANDRADE...Ano: 1820. 1ª Edição

...o coronel MANOEL MONTEIRO DE CARVALHO E outros, & pelo Crime d´Alta Traição oferecida AOS AMIGOS DA CONSTITUIÇÃO E DA VERDADE...
Lisboa; Typografia Morandiana; In-8º de 36 páginas; Encadernado. [€ 125.00]
Exemplar em bom estado de conservação.

[Já incluído na lista, mas decidi referir este outro exemplar para se constatar como os preços variam em função do estado da obra, da procura da mesma no livreiro em questão,  pela sua encadernação,etc.
Cabe-nos sempre decidir qual aqueles que gostaríamos de adquirir para mais tarde não nos arrepender, pois nem sempre o mais caro será o melhor.
Temos de ter também em atenção do modo como estamos a formar a nossa biblioteca – livros brochados/encadernados (encadernação da época ou não) –  para obtermos uma maior uniformização da mesma (que é na prática impossível!)]



(Ref. 5219) Ernesto Campos de Andrada – MEMÓRIAS DO MARQUÊS DE FRONTEIRA E D'ALORNA. Ano: 1926/32 1ª Edição. Coimbra; Imprensa da Universidade; In-8º de 5 volumes; Ilustrado; Encadernado. [€ 250.00]



 D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto. Ditadas por êle próprio em 1861. Revistas e coordenadas por Ernesto Campos de Andrada. Memórias de 1802 de 1853, sendo o último volume um apêndice com documentos oficiais e particulares de 1802-1881. Cada volume contém um índice cronológico exaustivo; um índice alfabético de nomes próprios, pessoas, títulos, cargos, etc. e um índice das gravuras em extra texto. A publicação deste importante trabalho histórico suscitou um justificado interesse público na sua época. O segundo volume afirmou a obra como sendo de referência no estudo das guerras da sucessão ao trono e do Cerco do Porto. Os factos são narrados a partir do discurso oral do 7º Marquês da Fronteira (1802-1881), fidalgo liberal, descendente da Marquesa da Fronteira Leonor de Almeida (literariamente conhecida por Alcipe). 



A sua narrativa testemunhal é fixada a partir de um discurso oral directo, e os episódios são vivos e pitorescos, permitindo ao leitor uma imagem bem contextualizada da sua época. A revisão e coordenação foi feita pelo Dr. Campos de Andrada (1882-1943), considerado um investigador apaixonado e meticuloso e quem acrescentou gravuras que aumentaram o valor documental da obra. Edição completa com os volumes de memórias publicados entre 1926 e 1931 e o volume de apêndice publicado em 1932.
Exemplares com encadernações da época em pele com ferros a ouro na lombada, pastas e seixas um pouco cansadas. Com vestigios de traça já devidamente tratada. Bons exemplares.



Candelabro – Livraria Alfarrabista


E já agora vamos espreitar a Candelabro – Livraria Alfarrabista.

Aí encontrei algumas obras curiosas:



2418. ARRIAGA (JOSÉ D') - HISTORIA DA REVOLUÇÃO DE SETEMBRO. Lisboa. Typ. da Companhia Nacional Editora. S/ d [1892?]. 3 vols. In-4º de XVI--726-II + 547-IV + 689-III págs. Enc. [€ 180.00]

Obra de referência, escrita no seguimento da anterior "Historia da revolução Portugueza de 1829".
Curioso o facto, contado por José d'Arriaga, de a publicação deste livro ter tido a ajuda de Teófilo Braga e Ramalho Ortigão.
Encadernações antigas com lombada em pele, decorada com ferros e dizeres a ouro. Não conserva as capas de brochura.
Conjunto em bom estado de conservação, com algumas falhas próprias da idade da obra; o 3º volume tem uma ínfima falha no canto inferior direito da pasta.
De invulgar aparecimento no mercado alfarrabista.



4133. DISCURSOS PARLAMENTARES DOS PRINCIPAES ORADORES PORTUGUEZES DAS CONSTITUINTES DE 1821. Discursos parlamentares de Borges Carneiro, Fernandes Thomaz, Ferreira Borges, Garrett, José Estevão, Passos Manuel, etc. VOL I [e único]. Porto. Escriptorio da Empreza. 1878. In-8º de 239 págs. Enc. [€ 50.00]

Título publicado na série "Bibliotheca Modelos de Eloquencia"; apenas foram editados, ao que julgamos, 2 números independentes entre si.
Neste 1º volume, os parlamentares são: Manuel Borges Carneiro, Manuel Fernandes Thomaz, Bento Pereira do Carmo e Agostinho José Freire.
Num 2º volume, que não chegou a sair do prelo, eram os seguintes os parlamentares previstos: Ferreira Borges, Garrett, José Estevão e Passos Manuel.
Excelente encadernação com lombada e cantos em pele, conservando as capas da brochura. Aparado e carminado à cabeça.
Exemplar em razoável estado de conservação; a capa anterior da brochura tem profundos restauros, antigas assinaturas de posse no rosto e anterrosto, papel algo amarelecido pelo tempo. A encadernação é de recente execução.
INVULGAR.



2897. FIGUEIREDO (ALPHONSE DE) - Le Portugal. Considérations sur l'état de l'administration, des finances, de l'industrie et du commerce de ce royaume. Éditeur - François Lallemant. LISBONNE. Imprimerie Franco-Portugaise. 1866. In-8º de 268 págs. Enc. [€ 100.00]

Obra muito importante para o conhecimento da realidade económica de Portugal no século XIX. Documentado com vários quadros estatísticos: Habitantes por distritos, Organização judiciária, Organização eclesiástica, Organização militar, fronteiras existentes, trocas comerciais com os Estados Unidos, Holanda, etc, etc.
Encadernação antiga com bonita lombada em chagrin.
Exemplar em bom estado de conservação, com alguns picos de acidez. Não conserva as capas de brochura.
Raro.



5639. GOMES (MARQUES) [JOÃO AUGUSTO] - LUCTAS CASEIRAS. PORTUGAL DE 1834 A 1851. Tomo I [e único publicado]. Lisboa. Imprensa Nacional. 1894. In-4º de CLXXVI-630 págs. Enc. [€ 100.00]

Obra importante para o estudo das Guerras Miguelistas.
Elegante encadernação com larga lombada em pele.
Bom exemplar; conserva as capas das brochuras e está só ligeiramente aparado à cabeça. Capa anterior da brochura com algumas manchas e antiga assinatura de posse no frontispício.
INVULGAR.





Escolhi esta temática por alguns destes livros aparecerem bastantes no mercado bibliófilo, ser excelente porque obriga a “vasculhar” muito bem qualquer livraria tanto virtual, mas sobretudo física e podermos encontrar exemplares ainda a preços relativamente acessíveis.

Escolhidos os livros resta-nos transportá-los cuidadosamente para os arrumar nas prateleiras da nossa biblioteca.

Depois é o prazer da os vermos, sentirmos, consultá-los e muitas vezes falarmos deles com os nossos amigos.


Escolhidos os livros resta-nos transportá-los cuidadosamente

A colecção atingiu um dos seus objectivos primordiais - a aquisição, mas para mim, o mais importante será o aprofundar do estudo desse mesmo exemplar (desconheceremos sempre um qualquer pequeno pormenor por maiores conhecedores que sejamos….)

Claro que cada um terá a sua opinião… esta é simplesmente uma mera sugestão,

Saudações bibliófilas e boas leituras.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Vamos a Paris – uma viagem bibliófila


A Internet tem o privilégio de nos permitir “deslocar” para todo o mundo e “visitar” espaços que dantes só por transportes nem sempre fáceis o conseguiríamos fazer.


Paris, France - Notre-Dame


Paris, France - Pont Alexandre III

O universo do livro e da bibliofilia é um daqueles cuja acessibilidade é cada vez maior: o acesso a obras do espólio de livrarias estatais ou de instituições oficiais disponibilizadas em versões digitalizadas, o acesso a vários livreiros-antiquários, dispersos por quase todos os países, e à consulta tanto do seu acervo bem como dos catálogos que vão editando, os trabalhos de estudo e divulgação que sobre este tema surgem em vários espaços são muitas dessas formas.


Um bibliófilo de Ignacio Trelis

Com efeito, embora na minha opinião, se tenha perdido muito do contacto humano na troca de impressões com os livreiros-antiquários, onde nalguns casos as livrarias funcionavam como verdadeiras “tertúlias” e por lá passaram grandes vultos da intelectualidade da época, e perdeu-se também uma certa cumplicidade livreiro/cliente que se estabelecia com o decorrer dos anos e em que, muito frequentemente, estes  laços de conhecimento "comercial" se transformavam em verdadeiras amizades; hoje, é por de mais óbvio, que procurar um determinado livro é muito mais fácil!


A Livraria C. Hinding a Næstved, [Dinamarca, fotografia de 1905]


Un bouquiniste – Paris en 1920 [Par Yvon]

Calmamente sentado em frente do meu computador faço uma pesquisa rápida de uma obra e  consigo-a localizar, com maior o menor rapidez, numa determinada livraria (em qualquer ponto do mundo) e até comparar estados de conservação e preços com outros exemplares propostos por outras livrarias. 

O grande problema é que só o vi virtualmente – não o senti, folheei, cheirei e analisei...para o poder amar ou repudiar!


Página da AbeBooks.com


Old English Bindering
  
Vem isto a propósito, porque depois de temos estado em Londres a visitar uma livraria no Reino Unido – a Marlborough Rare Books de Londres – e seguidamente nos EUA – a Bauman Rare Books de Nova Iorque, Las Vegas e Filadelfia, vamos hoje visitar duas livrarias em Paris e folhear os seus últimos catálogos.

Em Paris vamos visitar duas livrarias já nossas bem conhecidas e que tenho em alta consideração: a Librairie Camille Sourget e a  Librairie Le Feu Follet.


Librairie Camille Sourget

A Librairie Camille Sourget localizada no 93 rue de Seine em Paris, editou um Catálogo hors-serie | Automne 2014 onde nos apresenta um conjunto de 55 obras raras em diversas temáticas.

Na Newsletter 65 de apresentação do catálogo podemos ler :

Chers amis bibliophiles,
Nous vous proposons de découvrir en exclusivité notre tout nouveau Catalogue hors-série - Automne 2014 regroupant 55 ouvrages précieux dans des domaines variés. Vous pouvez le parcourir dès à présent en le téléchargeant ici ou choisir de venir le feuilleter dans notre librairie parisienne.
Sachez que des descriptions détaillées de l'ensemble des 55 ouvrages sont disponibles sur simple demande, en anglais et en français, ainsi que des images supplémentaires.
Dans l'attente de vous rencontrer très prochainement, nous restons à votre entière disposition et vous souhaitons une bonne lecture.
 Cordialement,
Camille Sourget



Vejamos algumas das suas obras que traduzem bem o que ficou dito acima :



5. BESSON, Jacques. Théâtre des instrumens Mathématiques & Mechaniques de Jaques Besson Dauphinois, docte Mathematicien... Lyon, Barthélémy Vincent, 1578.



L’influence manifeste de Léonard de Vinci: 60 remarquables planches de mécanique et de technique, gravées sur cuivre d’après Androuet du Cerceau.



20. LA MOTTRAYE, Aubry de. Voyages du Sieur A. de La Motraye, en Europe, Asie et Afrique.
La Haye, T. Johnson & J. Van Duren, 1727.



Le grand voyage de La Mottraye en Europe,Asie et Afrique, orné en premier tirage des estampes deWilliam Hogarth.
L’un des rares exemplaires imprimés sur grand papier.



33. BLUMENSTRAUSS für Musen und Menschen Freunde zum Neujahrsgeschenke 1808. Wien, Georg Friedr Kraus, 1808.
Fort rare reliure Empire aux musiciens, peinte sur émail.



42. BALZAC, Honoré de. Les Paysans. Scènes de la vie de campagne... Paris, L. de Potter, s. d. (1855). Fontainebleau. Imp. E. Jacquin.

Édition originale de « l’un des plus importants romans de La Comédie humaine ».
Précieux exemplaire broché de la bibliothèque du docteur Lucien Graux.


Algumas das encadernações

Restará aos mais entusiastas e curiosos solicitarem informações suplementares pois muitas destas obras são muito pouco frequentes de aparecerem no mercado.


Librairie Le Feu Follet

A como já estamos habituados, Sybille Pandolfi da Librairie Le Feu Follet editou mais um dos seus excelentes catálogos – Catalogue d'éditions originales et envois autographes| Novembre 2014




Vamos apreciar algumas das suas obras privilegiando aquelas de autores já do nosso conhecimento, pois é sempre mais fácil avaliarmops das suas cotações. (obviamente que também são os meus preferidos – o meu pecado eu confesso!)



17. BALZAC Honoré de. Histoire de la grandeur et de la décadence de  César Birotteau.  Chez l’éditeur, Paris 1838, 13x21cm, 2 volumes reliés. [600 €]



Édition originale.



Reliures en demi basane havane, dos légèrement passés à quatre  nerfs ornés de fers romantiques dorés, pièces de titre et de tomaison  de basane noisette, quelques traces de frottements sur les coiffes,  plats de papier marbré, gardes et contreplats de papier à la cuve,  reliures romantiques pastiches.
Quelques rousseurs.



19. BAUDELAIRE Charles. Les Fleurs du mal. Poulet-Malassis et de Broise, Paris 1857, 12x19,5cm, relié. [35.000€]




Édition originale, exemplaire de premier tirage, bien complet des 6 pièces condamnées, et comportant la faute « Feurs du Mal » aux pages 31 et 108 et l’erreur de pagination de la page 45 (marquée 44), très rare premier ou deuxième état de la couverture (cf. Clouzot).






Reliure en plein maroquin noir, dos à cinq nerfs ornés de triples caissons estampés à froid, date dorée en queue, roulettes dorées sur les coiffes, encadrement d’un jeu de quintuples filets estampés à froid sur les plats, filet doré sur les coupes, large dentelle dorée et doubles filets dorés en encadrement des contreplats, gardes de papier à la cuve, couvertures et dos conservés, toutes tranches dorées, très élégante reliure signée de Devauchelle.




Premier et principal recueil poétique de Baudelaire, l’ouvrage fut en partie censuré dès sa parution pour « offense à la morale publique,  à la morale religieuse et aux bonnes moeurs ». Les quelque 200 exemplaires non vendus furent saisis et amputés de six poèmes.




Ouvrage fondateur de la poésie moderne, Les Fleurs du mal préfigure les oeuvres de Lautréamont, Rimbaud, Verlaine et Mallarmé.
Superbe exemplaire établi dans une parfaite reliure janséniste du XXème siècle.



20. BAUDELAIRE Charles. Les Épaves. (Poulet-Malassis), Amsterdam (Paris) 1866, 12,5x19cm, relié. [15.000€]





Édition en grande partie originale, un des 250 exemplaires numérotés sur Hollande, seul tirage avec 10 Chine.




Reliure en plein maroquin noir, dos à cinq nerfs ornés de triples caissons estampés à froid, date dorée en queue, roulettes dorées sur les coiffes, encadrement d’un jeu de quintuples filets estampés à froid sur les plats, filet doré sur les coupes, large dentelle dorée et doubles filets dorés en encadrement des contreplats, gardes de papier à la cuve, rarissimes couvertures muettes et dos conservés, toutes tranches dorées, très élégante reliure signée de Devauchelle.




Notre exemplaire est bien complet de son magnifique frontispice de Félicien Rops tiré sur Chine.
Ce recueil, rare et très recherché (cf Clouzot), comprend les 6 pièces condamnées des Fleurs du mal ainsi que 17 poèmes nouveaux.
Superbe exemplaire établi dans une parfaite reliure janséniste du XXème siècle.



21. BAUDELAIRE Charles & NOTTON Tavy. A une courtisane. Aux dépens de quelques amateurs, Paris 1949, 17,5x25,5cm, en feuilles sous chemise et étui. [500€]





Édition illustrée de 18 burins originaux in-texte de Tavy Notton, un des 130 exemplaires  numérotés sur Auvergne, le nôtre un des quelques hors commerce.






Légères piqûres sur les gardes.
Il s’agit d’une supercherie littéraire de Pascal Pia.



52. CAMUS Albert. L’État de siège. Gallimard, Paris 1948, 12x19cm, broché. [1.800€]




Édition originale, un des exemplaires du service de presse.



Envoi autographe signé de l’auteur à Henri Gouhier.




Papier jauni comme généralement, dos insolé, exemplaire complet de son prière d’insérer.



53. CAMUS Albert. L’Homme révolté. Gallimard, Paris 1951, 12x19cm, broché. [2.300€]





Édition originale, un des exemplaires du service de presse.




Envoi autographe signé de l’auteur à Henri Gouhier.
Papier jauni comme généralement, manques marginaux sur la page de dédicace imprimée à Roger Grenier



103. HUGO Victor. Les Travailleurs de la mer. Librairie internationale Lacroix, Verboeckhoven & Cie, Paris & Bruxelles 1866, 14x23cm, 3 volumes reliés. [680€]



Édition originale sans mention d’édition.
Reliures en demi chagrin cerise, dos à cinq nerfs ornés de doubles caissons dorés agrémentés  de motifs décoratifs dorés, pointillés dorés en têtes et en queues, plats de papier marbré, gardes et contreplats de papier à la cuve, quelques accrocs sur les tranches, reliures romantiques de l’époque.




Rares rousseurs sans gravité.
Agréable exemplaire, sans mention d’édition, établi en jolie reliure du temps.



104. HUGO Victor. L’Histoire d’un crime. Calmann Lévy, Paris 1877-1878, 14x23cm, 2 volumes reliés. [400€ - Vendu]


Édition originale sans mention d’édition.
Reliures en demi chagrin cerise, dos à cinq nerfs ornés de doubles caissons dorés agrémentés de motifs décoratifs dorés, pointillés dorés en têtes et en queues, plats de papier marbré, gardes et contreplats de papier à la cuve, quelques coins émoussés, quelques accrocs sur certaines tranches, reliures romantiques de l’époque.




Rares rousseurs sans gravité.
Agréable exemplaire, sans mention d’édition, établi en jolie reliure du temps.



106. HUGO Victor. Quatrevingt-treize. Michel Lévy frères, Paris 1874, 14x23cm, 3 volumes reliés. [500€]



Édition originale sans mention d’édition.
Reliures en demi chagrin cerise, dos à cinq nerfs ornés de doubles caissons dorés agrémentés de motifs décoratifs dorés, pointillés dorés en têtes et en queues, petites traces de frottements sans gravité sur les dos, plats de papier marbré, gardes et contreplats de papier



à la cuve, un coin inférieur émoussé, quelques accrocs un tranche, reliures romantiques de l’époque.
Rares rousseurs.
Agréable exemplaire, sans mention d’édition, établi en jolie reliure du temps.



167. STENDHAL. Le Rouge et le Noir. A. Levavasseur, Paris 1831, 12,5x19,5cm, 2 volumes reliés sous étuis. [35.000€]





Édition originale, très rare et très recherchée selon Clouzot.
Elle a été tirée à 750 exemplaires, tous sur papier d’édition.









Plein maroquin bleu nuit à grain long, dos lisses ornés de deux cartouches richement décorés et incrustés de maroquin rouge, frises dorées en tête et queue, roulettes dorées sur les coiffes ; chaînette dorée et frise d’encadrement à froid sur les plats ; chaînette dorée sur les coupes, toutes tranches dorées ; roulette intérieure, gardes de papier à la cuve, étuis bordés de maroquin bleu nuit, reliure romantique pastiche signée de Semet et Plumelle.
Vignettes de titres dessinées par Henry Monnier, quelques discrètes restaurations et petits manques angulaires sans gravité.




Ex-dono manuscrit au verso du dernier feuillet du second tome : « A Monsieur Villardet aide major au Fort de l’Ecluse le 4 8bre 1836. Dupin Capitaine de la 18ème demi brigade. » Le Fort de l’Ecluse est situé dans le département de l’Ain, non loin du Doubs où se déroule une grande partie du Rouge et le Noir, particularité qui dû plaire à l’aide major du fort. Le Rouge et le Noir, commencé sous la Restauration, ne fut achevé que quatre mois après la Révolution de Juillet 1830 et ne parut que dans les dernières semaines de 1830. Tous les critiques de l’époque louèrent les exceptionnelles qualités de ce roman, cependant même les plus encenseurs furent choqués de la vive critique de la société et du jacobinisme de Julien Sorel.



Très rare édition originale de ce grand classique de la littérature française, très bel exemplaire établi dans une magnifique reliure d Semet & Plumelle.



184. ZOLA Emile. Le Rêve. G. Charpentier & Cie, Paris 1888, 12x18,5cm, relié. [800€]





Édition originale, un des 250 exemplaires numérotés sur Hollande, seuls grands papiers après 25 Japon.





Reliure en demi maroquin bordeaux à coins, dos à cinq nerfs, date dorée en queue, plats de papier marbré, une petite tache marginale au niveau du coin inférieur sur le premier plat, gardes et contreplats de papier à la cuve, couvertures conservées, coins légèrement émoussés, tête dorée, élégante reliure signée de Duhayon.



Agréable exemplaire à toutes marges parfaitement établi.

Espero que esta digressão tenha sido do vosso agrado.

Mas antes de terminar deixo-vos com esta imagem/mensagem que vale por muitos textos:


« La culture n’est pas un luxe, c’est une nécessité ! »
©Les Mots du Jour (13 de Abril de 2013)


Saudações bibliófilas e votos de boas leituras.