"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

domingo, 26 de junho de 2016

Conversa bibliófila – Tempo de leituras


Quase em finais do período de leilões e ida para férias, termina o tempo de acompanhamento destes eventos e inicia-se um período mais calmo e mais propício às leitura de alguma das obras que se conseguiram adquirir durante o ano e, sobretudo do estudo para uma melhor tomada de decisões em futuras aquisições e, mais importante do que tudo, sedimentar os nossos conhecimentos literários e bibliófilos.


Librairie Henri Leclerc

É com esse intuito que vos refiro três obras que, embora já com alguns anos, tive ocasião de adquirir recentemente e me parecem importantes para o ampliar da nossa cultura geral – “cultura é tudo aquilo que fica depois de esquecermos tudo aquilo que aprendemos!”

Vejamos então as obras que referi:



Comecemos com a revista Relâmpago (http://www.relampago.pt/) e concretamente o seu nº 36-37 (Abril/Outubro de 2015) dedicado a Herberto Helder.



Revista Relâmpago n.º 36/37) – Herberto Helder. Direcção de Gastão Cruz. (Abril/Outubro | Ano XIX) Lisboa: Fundação Luís Miguel Nava com apoio do BPI. In 8º grande 298 (III) pág. Brochura. 

Sumário:
HERBERTO HELDER
POESIA
Poemas inéditos [2014]
HERBERTO HELDER
ENSAIO
Arnaldo Saraiva – Argúcias e astúcias da metáfora
herbertiana
Diana Pimentel – lugar para. esculpir o poema
Luis Maffei – Herberto wanted
Pedro Eiras – Herberto Helder, poeta apocalíptico
Tatiana Faia – O meu poeta morto viaja de Rolls Royce – Autores Antigos & Modernos
e a Natureza Arcaica de Herberto Helder
HERBERTO HELDERFAC-SIMILE
“Kodak”, Lisboa, 1968, revisto em Maio de 1973
HERBERTO HELDER
AUTO-ENTREVISTA
Maria Lúcia Dal Farra – Um devaneio brasileiro
HERBERTO HELDER
CARTAS
Gastão Cruz – Vinte e cinco cartas inéditas
HERBERTO HELDER
DEPOIMENTOS
António Barahona – …ou a discussão descontínua
António Fournier – A ilha de todos os mitos
Armando Silva Carvalho – O Herberto
Eduardo Lourenço – H.H.: Sob o signo do fogo
Fernando J.B. Martinho – Lembranças de Herberto, a partir
de um antigo poema
Fernando Pinto do Amaral – A mão do mundo
Luís Quintais – Mas depois, por acidente, li da sua impossibilidade
em Photomaton & Vox
Manuel Alegre – Herberto: o sopro e o resto
Nuno Júdice – Um poeta da poesia
HERBERTO HELDER
BIOBIBLIOGRAFIA
Cronologia – por Ana Raquel Fernandes
INÉDITOS
POESIA
Luís Filipe Castro Mendes
Manuel Gusmão
Ricardo Marques
Vasco Gato
LIVROS
CRÍTICA
Ana Marques Gastão – O evangelho (vivo) das mãos
Rita Taborda Duarte – «Escavar buracos na linguagem»
António Carlos Cortez – Um princípio poético
António Carlos Cortez – Resgate da palavra

Depois refira-se esse livro curioso de Sónia Louro sobre Fernando Pessoa que nos dá uma visão mais “humana” do escritor genial que foi (para além das suas angústias e vivências enquanto simples cidadão).


Sónia Louro

Podemos considerá-lo como um “romance biográfico de Fernando Pessoa, o poeta que foi muitos poetas. Órfão de pai aos cinco anos de idade, cedo perde a atenção da mãe quando esta volta a casar. Forçado a partir para a distante África do Sul, onde o nascimento de irmãos o isolam ainda mais, refugia-se em si mesmo e aí cria novos mundos. No fim da adolescência regressa a Lisboa, na vã tentativa de resgatar os poucos momentos da vida em que fora feliz. Aí conhece personalidades do mundo das artes e da literatura, como Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro ou Adolfo Casais Monteiro. É um dos fundadores do Orpheu, uma revista artística que foi recebida com escândalo pela crítica. Correspondente comercial, inventor, tradutor, editor, publicitário e astrólogo, Fernando Pessoa procurou várias formas de ganhar a vida. E até o amor lhe bateu à porta quando conheceu Ophélia Queiroz."Fernando Pessoa, O Romance", fruto de uma pesquisa meticulosa, e uma verdadeira homenagem ao maior poeta da língua portuguesa. Um poeta que Sónia Louro consegue dissecar, desvendando os seus segredos, medos, sonhos e, mais importante, a sua humanidade.”



LOURO, Sónia – Fernando Pessoa – O Romance. S. Pedro do Estoril: Saída de Emergência, 11/2014. In 8º grande, 23x16 cm. 445 (I) pág. Brochura com badanas. ISBN: 978-989-637-674-1

E, por fim, uma obra da CLEPUL (http://www.clepul.eu/Ptg/ViewDocument/333) sobre a influência do romance nordestino brasileiro de 30 no neo-realismo português de que já dei referência aqui.


CLEPUL

“Dentre as motivações para a publicação desta obra está a vontade de homenagear Alves Redol e Jorge Amado nas actuais celebrações de seus centenários de nascimento (tal como no ano anterior, de Manuel da Fonseca), por representarem, emblematicamente, quer o neorrealismo português em alguns dos seus maiores expoentes, quer a influência marcante da obra de Jorge Amado e do romance nordestino brasileiro nesse nosso movimento.
Assim patrocinada, esta obra tem por objectivo facultar aos estudiosos, sobretudo estudantes universitários, reflexões, sugestões e documentos que permitam aprofundar ideias ou criar novas perspectivas de aná­lise. Para além destes textos de base, também se propõe como leitura recomendada ampla documentação, rara ou pouco conhecida, sobre as áreas temáticas referidas.”



Cadernos para Estudos N.º 3: Do Romance Nordestino Brasileiro de 30 ao Neorrealismo Português. Coordenação de Fernando Cristóvão. Colecção: Cadernos da CLEPUL. Coimbra: Almedina, 2013. In 8º de 23x16 cm, 261 pág. Brochura. ISBN 978-972-40-5140-6.

Estas três sugestões são, tão simplesmente propostas de leitura/consulta, para um maior aprofundamento da compreensão da estrutura contextual da escrita, sobretudo para aqueles com formação mais científica que literárias (como ´e o meu caso), possam ter um entendimento mais correcto dos textos em apreço.


Livros

Boas leituras e desfrutem destes belos dias de Verão, pois nunca se sabe quanto duram…

Saudações bibliófilas.

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