"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 9 de abril de 2016

Actividade bibliófila em Abril – uma breve resenha



Encadernações com corte de folhas marmoreadas

Este mês de Abril promete grandes acontecimentos bibliófilos – leilões, lançamento de vários catálogos e, sobretudo, esses dois eventos que catalisam a atenção dos bibliófilos em todo o mundo: a New York Antiquarian Book Fair de 7 a 10 de Abril e o Salon International du Livre rare, de l'Autographe, de l'Estampe et du Dessin au Grand Palais – Paris de 22 a 24 de Abril.





Vou começar com a Livraria Ecléctica que realizou, logo no início do mês mais um importante leilão – Leilão Biblioteca Particular Parte IV | Sale of a Private Collection, Parte IV, que decorreu de 7 e 8 de Abril de 2016 pelas 18h30 na Ecléctica — Sala de Leilões – Tv. André Valente, 26 em Lisboa.

Fica aqui um breve apontamento, e o catálogo para consulta, dada a elevada qualidade de muitos dos lotes em praça.





53. BARTOLUS DE SAXOFERRATO — [LECTURA SUPER SECUNDA PARS DIGESTI VETERIS]. Começa: Rica Si certu[m] petat de rebus creditis [et] de certicondictione generali. colofón: Explicit secu[n]da pars dñi Bartoli de saxoferrato super. ff. Veti optime emendata venetijs i[m]pressa per magistru[m] Nicolau Iensõ gallicum año dñi. M.cccclxxvij. cetere vo lecture Bartoli erunt per eunde[que] cõplete p totam quadragesimam p.xime venturam. Laus deo.. Venetijs: Nicolau Jenso, 1478. assin: a10, b-u8; [1 br.], [16], [1 br.] ff.; 400 mm. [€ 1 500,00 — 2 000,00]

Magnífico exemplar, encadernado em pergaminho da época; com mancha de humidade marginal em alguns folios, mas de forma geral limpo.

RARÍSSIMO e importante incunábulo de Bartolus de Saxoferrato, importantíssimo jurista do s. XIV e comentador de direito romano. O incunábulo está belissimamente iluminado no primeiro fólio com as duas colunas de impressão envolvidas num bonito motivo floral e uma lindíssima capital dourada e colorida, estando o restante texto decorado com simples mas belas capitais a vermelho e azul. Bartolus de Saxoferrato foi um jurista italiano, nascido em 1313/14 em Sassoferrato e falecido em 1357 em Perugia. Professor de direito em Perugia e o líder de um grupo de juristas italianos que escreveram em meados dos século XIV um Código Civil Romano.

O seu grupo usou o Código de Justiniano e o Código Civil Romano como os fundamentos a partir dos quais derivariam vários conceitos e princípios gerais usados na Europa do seu tempo. Durante este processo Bartolus escreveu várias doutrinas legais bastante influentes. Estes e outros dos seus princípios tornaram-se a lei comum em Itália e foram também reconhecidos como lei em Espanha, Portugal e Alemanha. A sua influência foi tãogrande que os seus comentários ao ‘Corpus juris civilis’tiveram autoridade equivalente às leis inscritas no código em si. p Hain 2570 II.



321. JENKINS (James) — THE MARTIAL Achievements of Great Britain and Her Allies from 1799 to 1815. London: Printed for Js. Jenkins, s.d. Título gravado, frontispício gravado, viii pp., [2] pp. de índice, [60] ff. de texto, 51 águas-tintas: il.; 350 mm. . [€ 1 500,00 — 2 000,00]

Encadernação com lombada e cantos em chagrin; corte superior dourado por folhas; boas margens; todas as gravuras coloridas, incluindo a vinheta do frontispício. Com falta de uma das gravuras da batalha de Waterloo.

PRIMEIRA EDIÇÃO, MUITO RARO, deste tributo aos feitos militares ingleses durante a Guerra Peninsular. Composta por um total de 54 águas-tintas soberbamente executadas para James Jenkins por T. Sutherland, M. Dubourg, D. Havell e D. Hill a partir de desenhos de W. Heath, ilustram as mais importantes batalhas, incluindo as do Vimeiro, Bussaco, Pombal ou Waterloo. O texto que acompanha as gravuras foi obtido, na sua quase totalidade, nas cartas de Wellington e outros oficiais ingleses e termina com a lista dos oficiais mortos, feridos ou desaparecidos durante a guerra. Alguns exemplares possuem uma água-tinta extra, com um retrato de Wellington, mas que não faz parte do projecto. Era vendida à parte e por alguns acrescentada à obra. 



406. MANUSCRITO — 1916, 28 de Jul. — ESPANCA (Florbela) — A ANTO!... Um poema, duas cartas e uma fotografia de Florbela Espanca. Documentos acondicionados em caixa com lombada em percalina. Interessantíssimo conjunto de três manuscritos e uma fotografia relacionado com a poetisa Florbela Espanca enviados por Carlos Sombrio, autor de uma biografia da poetisa alentejana ao Dr. Leite Pinto. [€ 150,00 — 200,00]

Além da carta de envio dos documentos datada de 15 de Novembro de 1948, o conjunto possui uma fotografia original com a seguinte legenda: “Florbela Espanca — retrato oferecido pelo antigo marido da Poetisa Dr. Mario Lage, a Carlos Sombrio, e por este oferecido ao Senhor Prof. Doutor Leite Pinto, em 15.11.948” A fotografia é o retrato mais conhecido de Florbela nas dimensões 165x110 mm. Vem depois um soneto de Florbela, autógrafo, escrito num postal endereçado a Julia Alves, grande amiga da poetisa residente em Lisboa e que esta ofereceu a Carlos Sombrio. O Soneto chama-se “A Anto!...”. O soneto é uma homenagem a António Nobre e ao “mais triste livro deste Portugal”, o Só. Por fim, uma carta de Julia Alves, endereçada a Carlos Sombrio e datada de 15 de Março de 1946, em que lhe envia o poema manuscrito em postal acima mencionado, sentindo-se pelo tom da carta uma grande amargura e uma admiração grande pela poetisa. Carlos Sombrio, como referimos, foi autor de uma biografia da poetisa alentejana, publicada em 1948, data da primeira carta.


A Bauman Rare Books de New York, Las Vegas e Philadelphia lançou o seu April Catalogue.



Como sempre, merece destaque Jane Eyre de Charlotte Bronte, obra de elevada raridade, publicada sob o seu pseudónimo de Currer Bell.



6. (BRONTE, Charlotte) BELL, Currer. Jane Eyre: An Autobiography. Edited by Currer Bell. London: Smith, Elder, 1847. Three volumes. Octavo, contemporary three-quarter green calf gilt, raised bands, marbled boards, endpapers and edges. [$52,000].

Rare first edition of one of the greatest and most popular novels in English literature in lovely contemporary calf-gilt.

Charlotte Bronte's decision to publish under the pseudonym "Currer Bell" aroused great public curiosity regarding the author's true identity. Thackeray, Bronte's literary hero, was sent a pre-publication copy, prompting this reply: "It is a fine book… Some of the love passages made me cry… I have been exceedingly moved & pleased by Jane Eyre. It is a woman's writing, but whose?" (Barker, 535). The demand for Jane Eyre "was almost unprecedented. The first edition… was published on 16 October 1847; it had sold out within three months… By any standard, Jane Eyre was a resounding success" (Barker, 535-37). Bronte "had learned to combine extraordinary power of expressing passion with an equally surprising power of giving reality to her pictures which transfigures the commonest scenes and events in the light of genius" (DNB). With all half titles; bound without publisher's advertisements. Wolff 826. Smith 2. Bookplates.

Scattered light soiling to text, binding quite handsome. A lovely near-fine copy of this scarce first edition.

Destaquem-se ainda:



12. DICKENS, Charles. Bleak House. London, 1853. Octavo, original olive cloth, custom clamshell box. [$9800].

First edition in book form, with 40 engraved illustrations by Hablot Knight Browne (“Phiz”), including frontispiece and vignette title page, a very nice copy in original publisher’s cloth.

“In Bleak House for the first time [society] is seen as an absurdity, an irrelevance, almost a madness. A dark force from which the real people must escape in order to create another society of their own… [Dickens] had been preparing for this novel all his life and, despite the calamities… which had helped to provoke it in the first place… was even happy while he was writing it… It might even be said that Bleak House cured the very malaise which was responsible for its composition” (Ackroyd, 649-50). “The Dickens cosmos, his phantasmagoric London and visionary England, emerges in Bleak House with a clarity and pungency that surpasses the rest of his work, before and after” (Bloom, 311). Ten of the 40 plates are Browne’s striking “dark plates,” deeply etched with a mezzotint-like chiaroscuro contrast (Hatton & Cleaver, 276). Originally published in parts. With half title. Smith 10. Gimbel A131. Armorial bookplate. Scattered foxing as often, more so to preliminaries; spine gently sunned to brown. A near-fine and desirable copy in the original cloth.



13. FLAUBERT, Gustave. The Complete Works of Gustave Flaubert. New York and London, 1904. Ten volumes. Octavo, contemporary full green morocco gilt. [$11,000].

Limited “Académie Française” edition of Flaubert’s collected works in English, the first collected edition of Flaubert in English, one of only 50 sets signed by editor Robert Arnot in Volume I, with vignette title pages and 36 plates in double suite, including 10 hand-colored frontispieces and 10 other hand-colored plates, sumptuously bound by MacDonald.



Flaubert “conformed his existence to the necessities of writing… He strove for perfection by working in a slow, laborious manner, which resulted often in only a few written pages but in a perfection of style for which the exact word had been achieved, and his own presence effaced” (Dolbow, 121). In addition to Madame Bovary and Salammbo, this collection includes A Sentimental Education, The Temptation of Saint Antony, his drama The Candidate, Bouvard and Pecuchet, and several of his shorter works, sketches, and correspondence. With a biographical preface by Arnot, critical articles by Ferdinand Brunetiere of the French Academy and Guy de Maupassant, and coverage of Flaubert’s trial for immorality following the publication of Madame Bovary. Flaubert’s collected works were not published in English until 1904, in various limited editions, of which this edition is one. Mahaffey, 156. A beautiful set in fine condition.



17. HEMINGWAY, Ernest. Typed letter signed, with envelope. Paris, circa July 21, 1944. One sheet of typing paper, 8-1/2 by 11 inches, and original air mail envelope; matted and framed together, entire piece measures 14-1/2 by 23 inches. [$18,500].

Fascinating typed letter signed by Ernest Hemingway written while covering the Second World War in France as a war correspondent, to his friend and boxing trainer George Brown, discussing his severe head injury, subsequent effects of the concussion, and the D-Day landing. Other than for members of his own family, Brown was likely the only friend for whom Hemingway ever signed letters or books as “Ernie.” Framed with the original air mail envelope addressed to Brown at his New York City gym, which Hemingway has inscribed in ink: “Ernest Hemingway, war correspondent.”



The letter reads in part: “Dear George: Have been very bad about not writing you pal but it is because am so damned busy all the time. First got conked on the head with that car going into the static water tank. That is a metal tank set in the road to hold reserve water in case of fires. It wasn’t lighted and the driver hit it square and I went through the shatter-proof glass. Kept my head down and didn’t even break my glasses but bunged up my good knee and one hand where I braced against it and and [sic] cut the head from above the left ear in a horse shoe shaped cut through that old scar and way back into the scalp straight back from that old scar. Doctor did a swell job; [f]ifty two stitches and there is no welt and it really does not look bad now the hair is grown out. But I lost about two quarts of blood and for a while thought might bleed out. I got out of the hospital four days after it happened by lying about no headache and feeling fine etc. but was awfully weak and wobbly. Had the last stitches out on the attack transport and the life there; no drinking; lots of good chow, salt air and finally lots of salt water on the head the day we went in with the assault boats cured it well... since then have been attached to the R.A.F. and have had a chance to do quite a lot of flying. I like flying in the fast planes very much and often wonder why we used to pay out good money to hunt those animals in Africa when you can have this for nothing... Write, will you, to the address at top of this. I weigh 205. Get plenty of cinders for when Ernie comes home. Your pal [signed in pencil] Ernie [and additionally] Ernest Hemingway.” The envelope is additionally inscribed and signed by Hemingway in ink in the lower left corner: “Censered [?] by Ernest Hemingway, war correspondent.” The envelope is additionally stamped and resealed by the U.S. Army Examiner (censor).

While boxing trainer George Brow considered Hemingway “‘one of the finest men I’ve ever known,’ Brown’s opinion both of his ability and his ethics as a boxer was low… the gym manager had a completely straightforward view of the novelist’s psychology in these set-to’s—he was out to win, any way he could” (Lynn, Hemingway, 422-23). Brown drove Mary and Ernest home to Idaho from Rochester when he was discharged from the Mayo Clinic, and was still present as a guest in Idaho when Hemingway killed himself not long after. He was also one of the pallbearers at Hemingway’s funeral. Handsomely framed.


A Librairie L’Intersigne – Livres Ancien de Alain Marchiset editou o seu Catalogue nº 142 – Sciences anciennes & Sciences occultes.



Destaco alguns dos seus títulos.



5- BERNARDIN DE SAINT-PIERRE (J. H.). Etudes de la Nature, nelle édition avec figures. à Bâle, chez Tourneizen, 1797, 5 vol. gd. in 8°, ill. d'un frontispice et de 10 planches gravées en taille-douce h.t. dont une mappemonde se dépl., pl. veau Racine époque, dos lisse orné, grecque dorée sur les plats, p. de t. rouges et vertes, deux mors sup. fendus et qq. ff. brunis sinon bel exemplaire sur papier vélin fort, signé par l'auteur au 1er volume "de Saint-Pierre". (62) [750 €]

Bonne édition illustrée, la meilleure et la plus complète. Elle contient: les Etudes de la Nature, Paul et Virginie (rajouté en 1788), L'Arcadie, Voeux d'un solitaire, et La chaumière indienne. L'ouvrage fit la réputation de Bernardin de St-Pierre, il est resté célèbre par ses vues anthropocentriques et ses interprétations finalistes de la Nature particulièrement dans la partie consacrée aux Harmonies. ¶ Dict. Dês oeuvres II/p.791: "… peintre admirable et maître du langage … il veut inventer un langage pittoresque des couleurs, des sons, des saveurs, et il y réussit … il introduit des mots exotiques, il en invente au besoin. C'est là la grande nouveauté de ces descriptions … qui sont des évocations exactes et vivantes des sensations … Son oeuvre continua d'exercer une influence considérable dans le domaine de l'expression qu'il a libérée des poncifs." Edition inconnue de Quérard Fr. litt. et de Brunet qui mentionnent tous deux l'édition de 1804, qui n'est pourtant qu'une réédition de celle-ci.



13- DOLOMIEU (Déodat Gratet de). Voyage aux îles de Lipari, fait en 1781, ou notice sur les îles Aeoliennes, pour servir à l'histoire des volcans, suivi d'un mémoire sur une espèce de volcan d'air un autre sur la température du climat de Malthe, sur la différence de la chaleur réelle de la chaleur sensible. Paris, hôtel Serpente, 1783, in 8°, de VIII-208pp., pl. veau marbré époque, dos lisse orné, premier et dernier feuillet lég. bruni sinon bel exemplaire. (15). [1.000 €]

 Edition originale. Pendant son séjour à Lisbonne, il y fait ses premières observation du basalte, un "produit du feu" jugera-t-il. Il posera la question de la relation entre volcans et tremblements de terre. Il écrit à Faujas de Saint-Fond sur ce sujet des lettres que ce dernier publiera dans ses "Recherches sur les volcans éteints du Vivarais et du Velais". En 1781, il se rend en Italie, où il étudie l’Etna, le Stromboli et le Vulcano. Il publie ses travaux en 1783 dans "Voyage aux îles de Lipari" et en 1784 dans "Mémoire sur les volcans éteints du Val di Noto en Sicile". Dolomieu est le premier à supposer l'existence de masses ignées profondes à l'origine des volcans et le refroidissement de la croûte terrestre à la surface du Globe. Aidé dans ses travaux de géologie par Nicolas de Saussure, il décrit plusieurs minéraux comme l’analcime, le psilomélane, le béryl, l’émeraude, la celestite et même l’anthracite. ¶ DSB IV. 149 "Dolomieu ... acquired a reputation as one of the most astute geologists ... He was known primarily for his studies of volcanic substances and regions; among his related interests were earthquakes, the structure of mountain ranges, the classification of rocks, and the fashion in which chemical and mineralogical studies could be applied to historical interpretation of the earth"



94- NAVIER (Pierre-Toussaint) et [A. L. LAVOISIER]. Contre-Poisons de l'Arsenic, du sublimé corrosif, du verd-de-gris et du plomb. Suivis de trois dissertations intitulées: la première, Recherches médico-chymiques sur différens moyens de dissoudre le Mercure, &c. La seconde, Exposition de différens moyens d'unir le Mercure au Fer, &c. La troisième, Nouvelles observations sur l'Ether, &c. Paris, Veuve Méquignon, Didot le jeune, 1777, 2 vol. in 12, de XXVI, 360pp., et XXII, 389pp., pl. veau raciné lég. postérieur, dos lisse orné, p. de titre et de tomaison rouge et verte, encadrement de dentelle dorée sur les plats, tranches dorées. Signature de l'auteur à la fin du privilège et à la fin de la table du 2e vol., qq. rousseurs sinon bel exemplaire. (56). [1.100 €]

 Edition originale rare. Le 2e volume contient pp. 213 à 228 un Rapport des Commissaires de l'Académie sur un mémoire de Navier relatif à l'éther nitreux; il est signé Bourdelin, Lassone et Lavoisier. Navier, médecin habile et renommé, ne cessa jamais de s'occuper de recherches chimiques. Il fonda et fut un membre actif de l'Académie des science  de Châlons-sur-Marne et fut le premier à réussir la combinaison du fer et du mercure. ¶ Duveen p.423: "Navier was the first to combine mercury and iron. His most important discovery was, however, that of nitrous ether, and this and many other experiments are related in the present work." - Duveen & Klickstein n°404 (pour le texte de Lavoisier): "This report ... deals with a memoir by Navier relating to the products obtained by reacting spirits of wine and solutions of various metals in aqueous nitric acid. The referees found his work interesting and suitable for publication." Dezeimeris III/630: "Il occupa bientôt le premier rang parmi les plus habiles praticiens de la contrée" - Quérard Fr. litt. VI.388 "Cet ouvrage... fruit de plus de trente années d'étude, jouit encore d'une estime méritée" - Bolton I/694 - Blake p.320 - Nourry cat. alchimie (1927) n°322 "Inconnu à Hoefer et Ferguson, cet ouvrage est fort rare"


A Librarie Camille Sourget lançou o seu Catalogue 19.



Cito, como exemplo da elevada qualidade do seu acervo, este exemplar:



5. Les Métamorphoses d’Ovide imprimées à Lyon en 1543

Reliure à l’emblème et à la devise de giovaNNi Battista grimaldi, prince de Monaco, héritier d’une famille de financiers génois dont l’oncle avait été l’un des banquiers de Charles Quint. Son emblème en forme de camée sur les plats figurant Apollon sur son char gravissant le Parnasse est accompagné de sa devise grecque : ΟΡΘΩΣ ΚΑΙ ΜΗΛΟΞΙΩΣ (tout droit et sans détour). Les lettres de Grimaldi montrent l’attention qu’il a portée à la formation de sa bibliothèque; les livres  en langues mortes, comme ici, étaient reliés en maroquin brun, ceux en langues vivantes en maroquin rouge.

Sur: Ovide. Metamorphoseon libri XV. Lyon, Sébastien Gryphe, 1543.

446 pages et 1 feuillet de marque.

In-8, maroquin brun, au centre des plats médaillon allongé représentant Apollon conduisant un quadrige vers le Mont Hélicon sur lequel se tient Pégase. Certains détails du médaillon sont peints en vert,  d’autres sont dorés. Une devise grecque en lettres d’or entoure le médaillon. En tête de chaque plat, le nom de l’œuvre : Metamorphoseon, double encadrement de filets à froid et dorés, fleurons dorés variés et fleurs-de-lys aux angles. Le dos est orné dans le plus pur style italien : trois double nerfs proéminents et quatre simple nerfs moins apparents, tous soulignés de filets or. Tranchefiles de soie verte et jaune, coupes décorées, tranches dorées. Reliure Romaine de l’époque de Marcantonio Guillery pour Giovanni Battista  Grimaldi, prince de Monaco.
167 x 110 mm (dimensions de la reliure).

PREMIÈRE ÉDITION EN CHARACTÈRES ITALIQUES DES MÈTAMERPHOSES D’OVIDE DONNÈE PAR SÈBASTIEN GRYPHE À LYON EN L’ANNÈE 1543; QUALIFIÈ PAR BAUDIER. LE BIBLIOGRAPHE DLYONNAIS, DE «véritables bijoux typographiques, fort goûtés des lettrés et des curieux»

Chevillier (Origine de l’imprimerie à Paris, 1689, p. 151) appelle Sébastien Gryphe «l’honneur de l’imprimerie lyonnaise».

S. Gryphe était un véritable érudit et un excellent latiniste, les louanges dont l’honorent Scaliger, Gesner, Macrin et tant d’autres érudits le prouvent assez et aussi les nombreuses préfaces et épîtres dédicatoires dans lesquelles, tant pour le fond que pour la forme, il rivalise avec les plus excellents humanistes, ses contemporains, ses correspondants, ses clients et ses amis, auprès desquels sa  compétence et son savoir jouissaient d’une légitime influence.

«Les Métamorphoses d’Ovide, où brillent quelquefois à l’état d’ébauches, tant de merveilles encore inexplorées, sont une source toujours jaillissante. Quelle autre, la Bible à part, l’Odyssée peut-être, alimenterait pareillement la méditation, qui est le rêve sous sa forme la plus haute, docile à la maîtrise d’une souriante raison qui ne peut naître que d’un subtil accord entre les puissantes réserves de l’œuvre et nos secrets appels.» F. Lefèvre.



23. Falda, Giovanni Battista. Le Fontane di Roma nelle Piazze, e luoghi publici della Citta… Date in luce con direttione, e cura da Gio. Giacomo de Rossi… libro primo. Rome, G. G. de Rossi, vers 1691.


Especialmente para a New York Antiquarian Book Fair que está a decorrer de 7 a 10 de Abril no Park Avenue Armory, 643 Park Avenue (Stand A9) preparou um catálogo especial:




Veja-se este exemplar:






A Librairie Le Feu Follet vai editar dois catálogos especiais para o Salon International du Livre rare, de l'Autographe, de l'Estampe et du Dessin au Grand Palais – Paris de que já saiu o Catalogue n.º1.



Ficam aqui estes dois belos exemplares como ilustrativos da qualidade e raridade do seu conteúdo:



71. FLAUBERT Gustave. Madame Bovary. Michel Lévy frères, Paris 1857, 12 x 18,5 cm, 2 volumes reliés. [10 000€]



Édition originale comportant toutes les caractéristiques de première émission dont la faute à «Sénart» au feuillet de dédicace. Reliures en demi maroquin prune à coins, dos à cinq nerfs ornés de triples caissons à froid enrichis d’un motif floral doré en leurs centres, dates dorées en queues, plats de papier marbré, gardes et contreplats de papier à la cuve, couvertures conservées, tête dorées, ex-libris encollés aux versos des premiers plats de reliure, élégante reliure signée de Georges Huser. Ouvrage bien complet du catalogue de l’éditeur à la fin du premier volume. Très bel et désirable exemplaire, relié avec ses rares couvertures, parfaitement établi par Georges Huser.



92. HUGO Victor. Ruy Blas. Drame en 5 actes, en vers. Michel Lévy frères, Paris 1872, 12 x 19 cm, relié Nouvelle édition, en partie originale car augmentée de la préface intitulée « à la France de 1872 » éditée à l’occasion de la reprise de la pièce, à l’Odéon, le 19 février 1872. Reliure en demi-chagrin brun, dos à cinq nerfs, couvertures conservées. [20.000€]



Exceptionnel envoi autographe de Victor Hugo à sa maîtresse Juliette Drouet : « Premier exemplaire aux pieds de ma dame ». Depuis sa création jusqu’à sa consécration tardive, l’histoire de Ruy Blas est intimement mêlée à celle de Juliette Drouet.



Recluse chez elle durant toute l’écriture de la pièce, Juliette en fut la première lectrice, le 12 août 1838 (Hugo en acheva l’écriture le 11). Immédiatement, elle tombe amoureuse de ce drame romantique dont Hugo lui promet le rôletitre au côté de Frédérick Lemaître: «Quel miracle que ta pièce, mon pauvre bien-aimé, et que tu es bon de me l’avoir fait admirer la première! Jamais je n’avais rien entendu de si magnifique. Je n’en excepte même pas tes autres chefs-d’œuvre. C’est une richesse, une magnificence, un éblouissement [...] Oh mon beau soleil, vous m’avez aveuglée pour longtemps». Rapidement, Juliette connaît la pièce par cœur, certains vers évoquant farouchement la relation du poète et de la comédienne: «Madame, sous vos pieds, dans l’ombre, un homme est là Qui vous aime, perdu dans la nuit qui le voile ; Qui souffre, ver de terre amoureux d’une étoile ; Qui pour vous donnera son âme, s’il le faut ; Et qui se meurt en bas quand vous brillez en haut » (Acte II, scène 2) Le 15 août, Hugo lui confirme le rôle de Doña Maria de Neubourg. Juliette ne pouvait espérer une plus belle preuve d’amour : « Je vois de la gloire, du bonheur, de l’amour et de l’adoration, tout cela dans des dimensions gigantesques et impossibles...»



Malheureusement, loin de présager la gloire espérée, cette nouvelle marquera le début de la guerre ouverte d’Adèle, qui jusque-là était peu intervenue dans la relation adultérine de son mari. à la fin de l’été, Adèle écrit au directeur du théâtre : « Je vois le succès de la pièce compromis [...] car le rôle de la Reine a été donné à une personne qui a été un élément du tapage fait à Marie Tudor. [...] L’opinion [...] est défavorable [...] au talent de Mlle Juliette. [...] Cette dame passe pour avoir des relations avec mon mari. - Tout en étant personnellement convaincue que ce bruit est dénué entièrement de fondement, [...] le résultat est le même. [...] j’ai quelque espoir que vous [...] donnerez le rôle à une autre personne.». Ce sera l’amante de Frédérick Lemaître qui en héritera. Juliette ne cache pas son désarroi: «Je porte en moi le deuil d’un beau et admirable rôle qui est mort pour moi à tout jamais. [...] J’ai un chagrin plusgrand que tu ne peux l’imaginer.» Et, même si Ruy Blas ne rencontre pas le succès escompté, sa passion pour la pièce reste intacte : « j’ai versé tout mon sang pour vous, pour votre pièce ».



Le 5 décembre 1867, alors que l’Odéon projette une reprise de la pièce, Napoléon III la fait interdire car «il ne faut pas que le scandale d’Hernani se renouvelle ». Juliette est plus affectée encore que Hugo par cette injustice, comme en témoigne son abondante correspondance. Ses lettres sur le sujet sont réunies dans l’ouvrage de Paul Souchon (Autour de Ruy Blas. Lettres inédites de Juliette Drouet à Victor Hugo, Albin Michel, 1939). Pendant des années, elle milite pour sa réhabilitation et, lorsqu’en 1872 Ruy Blas est enfin accueilli à l’Odéon, elle assiste et commente chaque étape de cette résurrection. Ainsi au sortir de la première lecture de Hugo aux comédiens, le 2 janvier 1872: «Victoire, mon grand bien-aimé! Émotion profonde et enthousiaste de tout ton auditoire. [...] Ruy Blas depuis le premier mot jusqu’au dernier est le chefd’œuvre des chefs-d’œuvre. Je suis sortie de là éblouie, ravie, t’aimant, t’admirant et t’adorant comme le premier jour où je t’ai entendu. C’était autour de moi, tout à l’heure chez toi, à qui était le plus transporté et le plus ému de l’auteur et de la pièce. Je suis honteuse de te le dire si mal, mais je cède au besoin de mon cœur tout plein de ton génie et de mon amour. Te voilà, mon adoré, je me hâte de baiser tes ailes et tes pieds.» Avec Sarah Bernhardt dans le rôle de la reine, la pièce est un triomphe qui ira croissant au fil des représentations. Le lendemain de la première, Juliette commente cette consécration attendue depuis plus de trente ans: «Tu vois, mon bien-aimé, que je t’avais dit la vérité sur le prodigieux et formidable enthousiasme de tous les spectateurs hierJamais tu n’[en] as eu et n’en pourras avoir de plus grand. C’était un délire général qui allait crescendo à chaque vers. Ta sublime poésie subjuguait toutes les âmes et on sentait des effluves d’adoration sortant de tous les cœurs. Les tonnerres d’applaudissements étaient si continus et si forts qu’il jaillissait des étincelles électriques de toutes les mains. [...] Quant à moi, je sens dans ce mois béni un renouveau d’amour et il me semble que tous mes doux souvenirs refleurissent et parfument mon âme de bonheur. Et je voudrais déposer à tes pieds un bouquet divin.»
C’est Victor Hugo qui finalement dépose «aux pieds de [s]a dame» ce chef-d’œuvre du romantisme en témoignage de leur amour mythique. 




Muito mais se poderia apresentar e descrever, mas seria por de mais fastidioso, pelo que prometo voltar ao tema em breve tal a profusão de catálogos que me chegam.


Saudações bibliófilas.

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