19th century Papier Cartonnage Romantique Book Binding
©Richard Norman
O Dia Mundial do Livro é
comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. Trata-se de uma
data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste
dia desapareceram importantes escritores como Cervantes e Shakespeare, entre
outros.
Cartaz
A ideia da comemoração teve
origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a
quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro
tornou-se uma tradição em vários países do mundo.
São Jorge e o Dragão, de Gustave Moreau
A mensagem da Direcção-geral do Livro, dos Arquivos e das
Bibliotecas (DGLAB), para o Dia Mundial do Livro, a assinalar hoje, realça
as efemérides literárias deste ano, como os centenários de Mário de Sá-Carneiro
e Vergílio Ferreira.
Miguel de Cervantes
©Cushing Memorial Library (Texas A&M Cervantes Project)
Cátedra Cervantes (University of Castilla de la Mancha)
A DGLAB destaca as coincidências,
a começar por Miguel de Cervantes e William Shakespeare, ambos falecidos há
400 anos - respectivamente a 22 e 23 de Abril -, facto que está na base da
escolha da data para o Dia Mundial do Livro.
William Shakespeare
A par dos autores de "Don Quijote" e "Hamlet", a DGLAB
recorda "a obra de grandes escritores portugueses, cujos centenários de
nascimento ou morte" também se assinalam este ano: Bocage, cujas
comemorações dos 250 anos do nascimento decorrem até Setembro; Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), que
morreu há cem anos, a 26 de Abril de 1916, ano do nascimento de Mário Dionísio (1916-1993) e Vergílio Ferreira (1916-1996).
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Retrato gravado a buril e água-forte por Joaquim Pedro de
Sousa
Homenagem a Bocage pela Fábrica da Pampulha
[Notícia da prisão de Bocage
no Mosteiro de São Bento,
pelo Tribunal do Santo Ofício]
no Mosteiro de São Bento,
pelo Tribunal do Santo Ofício]
BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du
– Os jardins ou a arte de aformosear as
paizagens, poema de Mr. Delille, da Academia Franceza / trad. em verso [...]
por Manoel Maria de Barbosa du Bocage. – Lisboa: Na Typ.
Chalcographica, e litteraria do Arco do Cego, 1800.
©BNP
Mário de Sá-Carneiro
Sá-Carneiro (Mário de) -
Dispersão. 12 Poesias por… Lisboa; Em casa do autor, 1 Travessa do
Carmo, 1913. In- 4º gr. de 70[2]p. Primeira Edição. Enc. [ 5.500.00€]
Raríssima. Tiragem única de 250
exemplares.
Obra de extrema importância na
literatura modernista portuguesa.
Admirável capa de brochura,
ilustrada a cores e ouro, por José Pacheco (ilustrador da capa do nº 1 da
revista Orpheu).
Capa que tem a particularidade de
possuir margens consideravelmente maiores do que as dimensões do corpo do
volume, daí que sejam raros os exemplares que a mantenham na sua integridade.
Excelente exemplar, com as capas
de brochura, em perfeito estado de conservação. Magnífica encadernação da
época, meia francesa inteira em pele, com gravação a ouro na lombada e pastas.
Do conhecido encadernador Frederico d'Almeida.
Valiosa e Bela Peça de Colecção.
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos
Mário Dionísio
DIONÍSIO, Mário – Oiro! Caricatura duma Civilização.
Lisboa, Edições Gleba, 1934. Capa de Luiz Areosa. 1.ª edição [única]. 2 págs. +
36 págs. 16,7 cm x 12,7 cm. [90,00€]
Impresso sobre papel superior avergoado, acabamento com dois pontos em
arame
Exemplar muito estimado, apresentando fortes sinais de ferrugem nos
agrafos; miolo irrepreensível, parcialmente por abrir.
Ostenta colado no verso da capa o ex-libris do conhecido médico
portuense, bibliófilo e escritor anti-fascista Alfredo Ribeiro dos Santos
Acondicionado em estojo próprio de confecção recente
PEÇA DE COLECÇÃO
Livro de juventude enjeitado pelo escritor, provavelmente devido ao
maniqueísmo no tratamento estético do motivo social.
©Frenesi Loja
DIONÍSIO, Mário – O Riso Dissonante. Poemas. Lisboa:
Centro Bibliográfico, 1950. 1.ª edição. 68 Págs.19,2 cm x 13,6 cm. [35,00€]
É o 4.º volume da colecção Cancioneiro Geral composto manualmente em
Elzevir
Exemplar em muito bom estado de conservação; miolo limpo.
Jorge de Sena, na 3.ª série das Líricas Portuguesas (Portugália
Editora, Lisboa, 1958), é parco na afirmativa:
«[...] nos poemas mais
conseguidos, o drama da esperança sempre frustrada, e que, não obstante,
“desponta sob o manto cúmplice das coisas”, é incisivamente expresso.»
©Frenesi Loja
DIONÍSIO, Mário – O Dia Cinzento. Coimbra, Coimbra
Editora, Limitada, 1944. Desenho de Leandro Gil (pseud. do Autor). 1.ª edição.
220 págs. 19,5 cm x 13,9 c. [90,00€]
Exemplar em muito bom estado de conservação
Valorizado com dedicatória do autor a Gilberto [de] Moura
Apenas duas referências dignas de nota:
Urbano Tavares Rodrigues – «É
ainda neste livro muito importante o contraponto dos meios urbanos e rurais,
tal como os contrastes de classes, apresentados sem simplismo demagógico, antes
com a lucidez dramática de um olhar de artista implacavelmente honesto para
consigo e para com os outros. Ao rigor, junta-se, porém, a ironia e, à aridez
da reivindicação, o sol da ternura – e assim se constitui uma obra que escorre
verdade e amor.»
Vergílio Ferreira –
«Escandalizou algum tanto, este O Dia Cinzento, quando apareceu [...]. Mas, é o
que foi ontem uma razão de escândalo que é hoje precisamente uma razão de
apreço.»
Capa referenciada in Ilustração & Literatura Neo-Realista, Museu
do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, 2008.
©Frenesi Loja
Vergílio Ferreira com os alunos numa sala de aula
(Liceu Camões – Lisboa)
FERREIRA, Vergílio – O Caminho Fica Longe. Lisboa;
Editorial "Inquérito", Lda., 1943. In-8º de 316 [4] p. - Encadernado.
Primeira Edição. [430.00€ -vendido]
Muito Raro.
Primeiro e mais raro livro do autor.
Retirado do mercado pela censura política da época.
Bonita encadernação, lombada e cantos em pele, com gravação a ouro.
Excelente exemplar, capas intactas e todo por abrir.
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos
FERREIRA (Vergílio) – Onde Tudo Foi Morrendo. Coimbra; Coimbra Editora, Ldª. 1944. Primeira
Edição. Raro. In-8º de VIII-436 [2] p. – Encadernado. [300.00€] (Colecção
privada)
Primeira e muito rara edição do segundo livro do autor, da qual
deixamos as primeiras linhas: "Pela
janela aberta vem a poesia da dispersão. Tudo se calou naquela hora sombria. E
longa. As árvores quedaram-se, transidas de frio, de braços nus erguidos ao
céu. Mas o céu escondera-se porque os ventos lhe tinham desdobrado nuvens
espêssas pela curva abatida. Então os homens ficaram tristes, olhando, em
silêncio, a planície sem fim. Rostos enegrecidos, barba crescendo, negra e
negra, sempre crescendo, olhos necessitados inundando o ar... Pelo céu
recôncavo ecoam uivos fundos de cães que choram lá para as bandas do cabo do
mundo. Lamentos de uma angústia tôrva. Por isso o azul do céu foi sorrir para
as terras do Sol. E a aldeia começou a fugir também para as terras do Sol. Só
aquela janela aberta olha a tristeza das árvores abandonadas e derrama na
saleta escurecida a desolação do Outono.(...)."
Capa de Regina Kaspizykowi, mulher de Vergílio Ferreira.
Integrada na colecção Novos Prosadores, que lançou os primeiros
romances do neo-realismo português.
Apreendido pela censura política da época.
Excelente exemplar.
Muito bonita encadernação, lombada em pele e ferros a seco, da autoria
de Vasco Antunes. Com as capas de brochura.
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos
Alarga assim o espectro a seis autores, que este ano celebram
"datas redondas", e "convida" as bibliotecas municipais e
as livrarias a darem destaque às suas obras.
Para assinalar o Dia Mundial do
Livro, a DGLAB também apresenta, no edifício da Torre do Tombo, em Lisboa, a
exposição "Livros de muitas cores", uma "mostra de documentação antiga e moderna que pretende
chamar a atenção para o papel do livro nas suas muitas vertentes", lê-se
no texto da direcção-geral, divulgado na Internet.
Segundo a DGLAB, a criação do Dia
Mundial do Livro encontra ainda inspiração "na lenda de S. Jorge e o
dragão, adaptada para honrar a velha tradição catalã, segundo a qual, neste
dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge e
recebem, em troca, um livro, testemunho das aventuras do heróico
cavaleiro".
Dante Gabriel Rossetti - The Wedding of St George and
Princess Sabra (1857)
O autor de "Romeu
e Julieta" morreu precisamente a 23 de Abril de 1616, na
localidade inglesa de Straford-upon-Avon, um dia depois do autor de "Don
Quijote", em Madrid.
Miguel de Cervantes Saavedra
(Retratos de Españoles Ilustres, 1791)
Portada de la primera edición de la primera parte de El
ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha,
Libro de Miguel de Cervantes. Madrid: Juan de la Cuesta;
1605.
Portada de la primera edición de la Segunda parte del
ingenioso caballero don Quijote de la Mancha.
Madrid, Juan de la Cuesta, 1615.
La novela consta de dos partes:
El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha, publicada con fecha de 1605,
aunque impresa en diciembre de 1604, momento en que ya debió poder leerse en
Valladolid, y la Segunda parte del ingenioso caballero don Quijote de la
Mancha, publicada en 1615.
Primera lámina a toda página de la edición de Joaquín
Ibarra de 1780 para la RAE.
Se trata de una representación del hidalgo manchego creada
y dibujada por José del Castillo
y grabada por Manuel Salvador Carmona.
Cervantes redactó en agosto de
1604 el prólogo y los poemas burlescos que preceden a la primera parte, fecha
en la que ya debía haber presentado el original para su aprobación al Consejo
Real,6 ya que los trámites administrativos y la preceptiva aprobación por la censura
se completaron el 26 de septiembre, cuando consta la firma del privilegio real.
De la edición se encargó don Francisco de Robles, «librero del Rey nuestro
Señor», que invirtió en ella entre siete y ocho mil reales, de los cuales una
quinta parte correspondía al pago del autor. Robles encargó la impresión de
esta primera parte a la casa de Juan de la Cuesta, una de las imprentas que
habían permanecido en Madrid después del traslado de la Corte a Valladolid, que
terminó el trabajo el 1 de diciembre, muy rápidamente para las condiciones de
la época y con una calidad bastante mediocre, de un nivel no superior al
habitual entonces en las imprentas españolas. Esta edición princeps de 1604
contiene además un número elevadísimo de erratas que multiplica varias veces
las encontradas en otras obras de Cervantes de similar extensión. Los primeros
ejemplares debieron enviarse a Valladolid, donde se expedía la tasa obligatoria
que debía insertarse en los pliegos de cada ejemplar y que se fechó a 20 de
diciembre, por lo que la novela debió estar disponible en la entonces capital
la última semana del mes, mientras que en Madrid probablemente se tuvo que esperar
a comienzos del año 1605. Esta edición se reimprimió en el mismo año y en el
mismo taller, de forma que hay en realidad dos ediciones autorizadas de 1605, y
son ligeramente distintas: la diferencia más importante es que El robo del
rucio de Sancho, desaparecido en la primera edición, se cuenta en la segunda,
aunque fuera de lugar. Hubo, también, dos ediciones pirata publicadas el mismo
año en Lisboa.
©Wikipedia
William Shakespeare
SHAKESPEARE, William – Mr.
William Shakespeare’s Comedies, Histories, and Tragedies. Published
according to the true Original Copies. Unto which is added, Seven Plays, Never
before Printed in Folio… The Fourth Edition. London: Printed for H. Herringman,
E. Brewster, and R. Bentley, 1685. Folio, 19th-century burgundy crushed full
morocco, raised bands, elaborately gilt-decorated spine, marbled endpapers.
[$200,000].
Rare 1685 Fourth Folio of
Shakespeare’s plays, first issue, with the engraved frontispiece portrait of
Shakespeare by Droeshout, the ten-line poem by Ben Jonson and John Milton’s
first poem. The folios are “incomparably the most important work in the English
language” (William A. Jackson). Because of their incalculable impact on the
language, thought and literature of our world, they are among the most
desirable of all English language books, the prizes of any collection.
Handsomely bound by Maltby of Oxford.
The “four folios of Shakespeare”
are the first four editions of Shakespeare’s collected plays, which were the
only collected editions printed in the 17th century. At that time, plays were
not considered “serious literature”; they were to be performed and attended,
not read, and thus they were not routinely printed and often survived only in
manuscript form. Hence, the first collected edition of Shakespeare’s works did
not appear until seven years after his death, and 17 of the 36 plays included
had never been published before (and might have been lost had the folios not
been printed). This Fourth Folio “contains the additional seven plays that
first appeared in the 1663 [third folio] edition [only one of which, “Pericles,
Prince of Tyre,” is now attributed to Shakespeare], as well as a good deal of
correction and modernization of the text designed to make it easier to read and
understand” (Folger’s Choice 6). It was the last edition of Shakespeare’s plays
printed in the 17th century—last to appear before the editorial onslaught of
the next hundred years. Because the Fourth Folio had been “modernized,” it was
therefore nearer a modern text than either the Second or Third, and became the
edition of choice for future editors. Shakespeare’s first acknowledged editor,
Nicholas Rowe, for example, used the Fourth as the basis for his famous 1709
edition. The Fourth was printed on Dutch Demy Royal sheets, a larger format
than any of its predecessors, and the type “is in a larger font than the three
earlier editions, and more liberally spaced” (Jaggard, 497). In addition to Ben
Jonson’s famous epitaph, this edition also includes the unsigned “An Epitaph on
the admirable Dramatick Poet, William Shakespear,” regarded as John Milton’s
first published poem, written when he was a student at Cambridge and appearing
for the first time in the Second Folio (1632).
First issue, without Richard
Chiswell listed in the imprint statement, as in the second issue (a third issue
lists Herringman alone). For this fourth edition, Shakespeare’s text was cast
off to three different printers (one of whom has been identified as Robert
Roberts), who typeset their sections simultaneously, thus shortening the time
it took to bring the edition to market (and tying up as little type as possible
from any one printer). When the work was finished and the three sections of
printed sheets collated, there was a shortage of 17 sheets from the second
section, which were then hastily reprinted without the characteristic borders
around the text. Copies have been found with these second state sheets. All of
the relevant sheets in this present copy, however, are the original settings,
with the page-borders. A second anomaly distinguishes this edition: in
collating the sheets it was also discovered that text had been omitted from the
first section, so that leaf L1 had to be reset in a smaller point-size to
accommodate the missing text.Although there is no accurate census of the number
of folios still extant today, it is believed that copies of each printing
number only in the hundreds. Shakespeare’s portrait is in the third state, as
issued, with extensive additional crosshatching in his hair and in the shadow
on his ruff (see Blayney, 19). Leaf 2C1 (King John) misbound between 2C6 and
2D1 (Richard II); all text present. Greg III, 1119-1121. Wing S2915. Jaggard,
497. Pforzheimer 910 (second issue). Bartlett 123. Miller, 138-39. Dawson,
“Some Irregularities in the Shakespeare Fourth Folio” (Studies in Bibliography,
1951). Armorial bookplate of English physician Paulin Martin (1842-1929),
Abingdon; recent leather booklabel of Lucy [Doheny] Smith Battson,
daughter-in-law of the noted book collector Estelle Doheny. A few marginal
pencil notations, misprinted headline for The Tempest corrected in early
manuscript.
Portrait leaf trimmed and skillfully mounted, with partial loss of
first letter of engraver’s name only; small hole to 1C5 affecting letters but
not the sense of text on recto; a few minor paper repairs without loss,
occasional minor soiling. Binding very handsome. A very good complete copy,
with no facsimile leaves.
©Bauman Rare Books
Aqui vos
deixo este apontamento no Dia Mundial do
Livro e já agora convêm lembrar que:
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