Pedro de Azevedo anunciou o seu próximo leilão de livros e
manuscritos – o Leilão 61 que
decorrerá, como é habitual, no Amazónia Lisboa Hotel, Travessa Fábrica dos Pentes,
12/20 (ao Jardim das Amoreiras), em Lisboa.
O Leilão decorrerá na:
Segunda-feira, 6 de Outubro, às 19.30 h.
A Exposição dos lotes está agendada para o mesmo local a:
Domingo, 5 de Outubro, das 14.30 h. às 19.30 h.
Segunda-feira, 6 de Outubro, 14.30 h. às 17.30 h.
Mas melhor do que eu para fazer a sua descrição, transcrevo a Apresentação do catálogo elaborado pela
leiloeira para este importante evento, que demonstra bem a sua qualidade e
a grande raridade de alguns dos lotes em praça.
Apresentação
O presente leilão inclui um conjunto
de lotes de diversas proveniências que aparentemente poderiam originar alguma
diversidade de temas, mas que, na realidade, em grande parte se completam.
O primeiro núcleo é o que provem das
bibliotecas de Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925) e de seu marido
Joaquim de Vasconcelos (1849-1936). É constituído por mais de 70 espécies, das
quais 33 foram impressas no século XVI e 29 no século XVII. Neste grupo, quase
todos os exemplares conservam as encadernações da época, sendo a maioria de
pergaminho.
D. Carolina anotava por vezes as
obras que estudava, mas sempre a lápis. Já o seu marido, tinha por hábito
utilizar a tinta para anotações nas guardas e alguns exemplares apresentam
mesmo a sua pequena rubrica nas páginas de rosto.
Do conjunto, ressalta
necessariamente a terceira edição castelhana de Os Lusíadas (lote 51), impressa
em Madrid, em 1591, que mereceu por parte de Joaquim de Vasconcelos a seguinte
anotação na folha de guarda: Trad. hoje muito rara. Exemplar perfeito. Mas
outras espécies são de assinalar, entre as quais: o relato da viagem do infante
D. Felipe de Espanha, filho de Carlos V, aos estados do Brabante e da Flandres
(lote 49), na sua edição original (Antuérpia, 1552); a edição quinhentista
lisboeta (1595), do Passionário de Fr. Estêvão de Lisboa (lote 126), com
elaborado grafismo a preto e vermelho e notação musical quadrada; a descrição
dos funerais de Estado de Felipe IV de Espanha (Madrid, 1666), por Pedro
Rodriguez de Monforte (lote 289); o delicioso exemplar da
descrição da conquista do Reino do Pegú (lote 227), da pena do Pe. Manuel de
Abreu Mouzinho (Lisboa, 1617), encadernado em vélin doré; e o exemplar de
trabalho da erudita professora, da edição das poesias de Sá de Miranda (Halle,
1885), repleto de anotações manuscritas a lápis pelo punho da própria autora
(lote 217).
Um segundo núcleo, com mais de uma
centena de espécies, teve a sua origem em dois proprietários distintos, cuja
descendência viria a reunir-se, no nosso tempo, numa única família.
Referimo-nos, em primeiro lugar, ao médico e professor José Frutuoso Aires de
Gouveia Osório (1827-1887) que chegou a ser presidente da Câmara Municipal do
Porto entre 1886 e 1887, proprietário do famoso Erário mineral, do Dr. Luís
Gomes Ferreira (lote 133), assistente nas minas [de Minas Gerais, no Brasil] do
ouro por discurso de vinte annos (Lisboa, 1735) e de outras obras de Medicina.
O outro coleccionador foi o Dr. José
Bento da Rocha e Mello, provavelmente jurista ou advogado no século XIX, a
ajuizar pelas temáticas predominantes na sua biblioteca. São dele os dois
volumes do chamado Código Brasiliense, que encerram legislação produzida, pelo
menos parcialmente, na Imprensa Régia do Rio de Janeiro entre os anos de 1808 e
1818 (lotes 43 e 44) e, seguramente, a edição original do De Gloria, de D.
Jerónimo Osório (lote 236), impressa em Lisboa, em 1549, para além dos oito
volumes de leis, decretos e alvarás, dos séculos XVIII e XIX (lotes 77 a 84).
O pequeno acervo de 34 títulos
provenientes da colecção de José Maria Gonçalves (1907-1998) compreende tão
somente 14 espécies impressas no século XVI (e outras tantas no século XVII),
de entre as quais salientamos o notável conjunto de sete leis avulsas
quinhentistas portuguesas (lotes 253 a 258), bem como a edição de 1598 dos
Regimentos do Auditório Eclesiático do Arcebispado de Évora (lote 277) e a
História da Igreja Tripartida, baseada na obra do historiador romano Eusébio de
Cesareia (lote 128), na edição de Coimbra, de 1554.
Finalmente, assinalamos as 63
espécies que pertenceram ao conhecido bibliófilo Emílio Monteiro (1905-1971),
livraria por nós leiloada, em colaboração com Silva’s Leiloeiros, em Maio de
1990, onde se inclui a primeira edição do Só, de António Nobre, com dedicatória
do autor (lote 230). E ainda os 47 lotes da biblioteca de D. Diogo de Bragança,
Marquês de Marialva (1930-2012), que encerra alguns dos títulos mais
significativos do primeiro modernismo literário português.
A Organização
Vejamos alguns
destes lotes:
51. CAMÕES, Luís de.- LOS
LVSIADAS | DE LVYS DE CAMOES, | Traducidos de Portugues en Castellano | por
Henrique Garces. |
DIRIGIDOS A PHILIPPO | Monarcha primero de las Españas, | y de las Indias. |
[armas de Filipe II Espanha e I de Portugal].- En Madrid: Impresso con licencia
en casa de Guillermo Drouy, impressor de libros, Año 1591.- [4], 851
(aliás 185),
[1] f.; 20 cm.- E.
Terceira tradução e edição em língua castelhana, da responsabilidade
de Henrique Garcez, tendo as duas primeiras sido impressas em 1580, uma em
Alcalá de Henares (trad. De Bento Caldera) e a outra em Salamanca (trad. de
Luis Gomez de Tapia). Passamos a descrever o conteúdo das quatro folhas
preliminares: folha [¶1]: rosto e taxa (verso), datada de 5 de Setembro de
1591, subscrita por Miguel Ondarça Çauala; folhas ¶2 e ¶3 (frente): El Rey -
licença datada de 31 de Janeiro de 1591, subscrita Por mandado del Rey nuestro señor Iuan Vasques e aprovação do
Conselho Real, subscrita por Fray Pedro de Padilla; folha ¶3 (verso) até à
folha ¶4 (verso): quatro sonetos apologéticos. Os 10 cantos do poema ocupam as
184 folhas seguintes e a frente da folha 185. No verso da penúltima folha, um
soneto do tradutor, Henrique Garcez; última folha com errata (frente) e cólofon
(verso): En Madrid | En casa de Guillermo Druy | Impressor de libros. | Año
1591. Erro de foliação: f. 851 por 185. Exemplar um pouco aparado e com alguma
acidez, mas sólido e completo.
Pequenas falhas de suporte no canto superior externo da folha A2 e na
margem superior da folha Z3, com prejuízo do título corrente, dos dois lados da
folha. Últimas folhas com algumas manchas de água e de maré; as três finais
manuseadas; a última (Aa2) com restauro no verso, sem afectar o texto.
Inscrição a tinta na guarda volante, pelo punho de Joaquim de Vasconcelos: Trad. hoje muito rara. Exemplar perfeito. No
catalogo de Vindel de Madrid de 1905 (em Maio) vem cotado em 125 pesetas (pag.
326). J. de Vas[conce]los. Outras inscrições na guarda fixa. Encadernação
inteira de pergaminho flexível, com falta dos atilhos, apresentando a seguinte
inscrição na lombada: GARCES Lusiadas DE Camoens. Proveniência: Biblioteca CMV
& JV. José do Canto, nº 185. Palau, 41052. Biblioteca de D. Manuel II, 557.
59. CARLOS DE BRAGANÇA, D. (Rei
de Portugal).- Catalogo illustrado das aves de Portugal: sedentarias, de
arribação e accidentaes.- Lisboa: S. P. N., 1903-1907.- 2 vols.: il.; 31
cm.- B.
Edição original, constituída por 40 litografias representando as
espécies ornitológicas, cada uma das quais acompanhadas por duas folhas com as
respectivas legendas em português e francês. As estampas 1 a 9 e 11 a 13, do
fascículo I e 21 a 23, do fascículo II, são aguareladas à mão; as restantes são
impressas em cromolitografia. Ex-libris de Victor d’Avila Perez (nos dois
fascículos) e de D. Diogo de Bragança (no fascículo I). Os dois fascículos
muito limpos, conservando intactas as capas de brochura, acondicionados em caixa
com formato de livro, revestida de meia-encadernação de chagrin, com casas
fechadas a ouro na lombada.
133. FERREIRA, Luís Gomes.-
Erario mineral dividido em doze tratados...- Lisboa Occidental: Na Officina
de Miguel Rodrigues, 1735.- [44], 548 p.; 27 cm.- E.
Um dos primeiros tratados de medicina brasileira, da autoria do
cirurgião Luís Gomes Ferreira (1686-1764), natural de S. Pedro de Rates (Póvoa
de Varzim) que foi assistente nas minas
do ouro por discurso de vinte annos, segundo consta do rosto. De facto, aos
22 anos, o autor partiu para o Brasil de onde regressou apenas em 1731. A obra,
que teve segunda edição em 1755, resulta da observação directa das condições de
vida dos escravos nas minas da Capitania de Minas-Gerais e apresenta a seguinte
estrutura interna: Rosto (f. [1], verso em branco); dedicatória a Nossa Senhora
da Conceição (f. [2]); prólogo ao leitor (f. [3 e 4]); licenças (f. [5 e 6,
verso em branco]); 11 poesias dedicadas ao livro e ao seu autor (f. 7 a 13,
verso em branco]); index (f. [14 a 20f]); divisão da obra (f. [20v]); proémio
(f. 21 e 22, verso em branco]); seguem-se os seguintes 12 tratados (p. 1 a
488): I - Da cura das pontadas pleuriticas, e suas observaçoens; II - Das
obstrucçoens; III - Da miscellania de varios remedios, assim experimentados, e
inventados pelo autor...; IV - Das deslocaçoens, fracturas, e suas
observaçoens; V - Da rara virtude do oleo de ouro...; VI - Dos segredos, ou
remedios particulares...; VII - Dos formigueyros e outras doenças commuas
nestas minas; VIII - Da enfermidade, a que chamaõ corrupçaõ do bicho...; IX -
Dos resfriamentos; X - Dos danos que faz o leyte, mellado, aguardente de
cana...; XI - Dos venenos e mordeduras venenosas; XII - Do escorbuto ou mal de
Loanda; protestação do autor (p. [489 (seguinte em branco)]); index das cousas
mais notaveis... (p. 491 a 548). Inscrição de oferta (delida) na página de
rosto: Offerecido ao meu particular amigo
Dr. José Fructuoso [Aires de Gouveia Osório]. Visconde de (ilegível).
Exemplar levemente manuseado, com ocasionais manchas menores. Encadernação da
época, inteira de carneira, cansada e com falta das guardas volantes.
Inocêncio, V, p. 293. Borba de Moraes, O bibliófilo aprendiz (São Paulo, 1965),
p. 18 (Grande livro é o Erário Mineral, e raríssimo!). Borba de Moraes, Bibliografia brasiliana, I, p.
307 (Much information about the daily
life of the common people of the period, the maltreatment of slaves, etc.,
cannot be found elsewhere than this book. It is a very rare work).
173. KIRCHER, Athanasius.- ATANASII KIRCHERI |
E SOC. JESU | CHINA | MONUMENTIS, | QUA | Sacris quà Profanis, | Nec non variis
| NATURÆ & ARTIS | SPECTACULIS, | Aliarumque rerum memorabilium |
Argumentis | ILLUSTRATA, | AUSPICIIS | LEOPOLDI PRIMI, | ROMAN. IMPER. SEMPER
AUGUSTI, | Munificentissimi Mecænatis.- Amstelodami: Apud Jacobum à Meurs, in fossa
vulgò de Keysersgracht, 1667.- [16], 237, [11] p.: il.; 31 cm.- E.
Edição publicada na mesma cidade e no mesmo ano da primeira (impressa
por Joannem Janssonium a Waesberge & Elizeum Weyerstraet) de uma das obras
emblemáticas e graficamente mais aparatosas, do célebre jesuíta alemão
Athanasius Kircher (1601-1680). O autor, matemático, físico, orientalista,
linguísta e alquimista, na realidade nunca viajou para fora da Europa, tendo
vivido a maior parte da sua vida em Itália, onde foi professor na Universidade de
Roma; só durante os seis anos que viveu em Roma, Kircher publicou nada menos do
que 44 obras, versando temáticas tão diferenciadas como egiptologia,
matemática, óptica, magnetismo, física, medicina, astronomia, arqueologia, etc.
A edição apresenta a seguinte estrutura interna: frontispício alegórico
gravado; rosto tipografado, com vinheta da Companhia de Jesus; verso com
licença do Superior da Companhia, Giovanni Paolo Oliva, datada de 14 de Novembro
de 1664; dedicatória ao mesmo, nas cinco páginas seguintes (f. *3, *4 e **1f); Prooemium ad lectorem (f. **1v e 2); Index capitum, quæ hoc opere continentur
(f. **3 e **4f); Index figurarum (f.
**4v); retrato do autor, inscrito em oval; o texto decorre de p. 1 (f. A1f) a
p. 237 (f. Gg3f); Index rerum locorum
memorabilium (8 p., f. Gg3v a Hh3f); Typographi
lectori salutem (f. Hh3v); Elenchus librorum...
(f. Hh4 f&v). O texto é intercalado com dois mapas desdobráveis e 23
gravuras a talhe-doce (duas desdobráveis) em separado, cuja colocação
corresponde exactamente ao Index figurorum
acima mencionado; integra ainda 59 ilustrações, igualmente a talhe-doce, a maioria
de meia-página. Exemplar com ligeira acidez e leve manuseamento, mas com boas margens
(corte das folhas carminado). Corte de traça afectando cerca de 25 folhas (p. 1
a 50), grande gravura desdobrável (p. 13), as duas gravuras seguintes (p. 42 e
43) e o mapa (p. 46); outros sinais de trabalho de traça afectando a
encadernação e as folhas de guarda (com vestígios junto ao festo dos cadernos);
manchas em cerca de 10 folhas (p. 30 a 50) e respectivas gravuras; outros restauros
menores. Encadernação da época, inteira de carneira, com a lombada cansada e
dano na coifa superior; decoração a seco nos planos e florões nos entrenervos. Proveniência:
Biblioteca CMV & JV. Cordier (Sinica), I, 27. Sommervogel, IV, 1064.
217. MIRANDA, Francisco de Sá
de.- Poesias.- Edição feita sobre cinco manuscritos ineditos e todas as
edições impressas, acompanhada de um estudo sobre o poeta, variantes, notas,
glossario e um retrato / por Carolina Michaëlis de Vasconcellos.- Halle: Max
Niemeyer, 1885.- [2 vols.] 16, CXXXVI, 949 p., 1 f. desdobr.; 23 cm.- E.
Edição crítica, apreciada por investigadores e bibliófilos, ilustrada
com um retrato do poeta. Exemplar notável por ter pertencido à autora e se
encontrar repleto de correcções e anotações manuscritas (a lápis e a tinta)
pelo seu punho. Inclui ainda, soltos, um postal de Carlos França, dois bilhetes-cartas
de Agostinho de Campos, diversas pagelas e um recorte de jornal (colado na
contracapa). Exemplar manuseado, com alguns restauros grosseiros e uma folha de
índice solta. Encadernação da época, inteira de marroquim, com multipla
cercadura nos planos, casas fechadas na lombada e roda nas seixas. Samodães,
2934.
230. NOBRE, António.- Só.-
Paris: Léon Vanier, 1892.- [8], 157, [2] p.; 23 cm.- E.
Edição original de um dos mais emblemáticos livros da poesia
portuguesa do século XIX, cuja tiragem foi limitada a 230 exemplares, impressos
em papel de linho. António Nobre (1867-1900), poeta ultra-romântico e
decadentista, natural do Porto, foi igualmente influenciado pelo simbolismo
francês do qual foi um dos percursores em Portugal. Único livro de poesia publicado
durante a curta vida autor que viria a morrer de tuberculose aos 32 anos.
Exemplar com dedicatória do autor na guarda volante: Ao Sr. Doutor Antonio
Candido homenagem de Antonio Nobre. Pariz, 12 de Abril, 1897. 21. rue Valette.
Inclui ainda duas folhas de provas tipográficas (granel) com correcções que
tudo leva a crer possam ser da mão do autor, correspondento a parte das pág. 5
e 6 (Corujas piando... — Entre herva sedenta...) e do final da pág. 8 até à 2ª
linha da pág. 10 (Uzava uma bluza... — Aos tristes cazaes!).
Exemplar sem capas de brochura e levemente aparado, com prejuízo
tangencial de uma letra da dedicatória. Ex-libris de Emílio Monteiro
(Silva’s/Pedro de Azevedo, Maio de 1990, lote nº 1016, o mesmo exemplar) e selo
branco heráldico da Casa da Calçada, em Amarante, no anterrosto. Encadernação
recente, inteira de chagrin vermelho, com etiqueta de A. David (Lisboa); planos
profusamente trabalhados a ouro, com cercaduras concêntricas, título gravado a
ouro ao centro do plano superior (florão no posterior), roda nas seixas e na
espessura das pastas e corte das folhas dourado.
297. SANTA ANA, Frei Joaquim
José de, O.S.P.- Elementos de cirurgia ocular.- Lisboa: Na Officina de
Simão Thaddeo Ferreira, 1793.- VIII, 279 p.: [3] gravuras desdobr.; 20 cm.- E.
Primeiro tratado de oftalmologia e cirurgia ocular publicado em
Portugal, cujo autor (1720- 1783), primeiro eremita da Ordem de São Paulo, foi
lente oculista do Hospital de Real São José, em Lisboa, na primeira cadeira da
especialidade criada em Portugal que veio a ser extinta após a sua morte. A
base do seu trabalho, como ele próprio indica no seu prólogo, com grande
isenção, foram as obras de Joseph Jacob Plenck, Doctrina de morbis oculorum
(Viena, 1777) e de Louis Florent Deshais Gendron, Traité des maladies des yeux
(Paris, 1770), as quais corrigiu e supriu com o que nos outros li e a minha
prática me tem ensinado. A edição é ilustrada com três gravuras desdobráveis, a
talhe-doce, a primeira das quais apresenta a subscrição Silva delin. — Queiroz
Sculp. (Ernesto Soares, História, 1626). Primeira gravura solta, com margem
exterior muito aparada, sem afectar a imagem; pertence riscado (da época) na
margem inferior da página de rosto. De resto, um exemplar levemente aparado,
mas limpo, revestido de encadernação inteira de carneira. Inocêncio, IV, p. 91
(indica a data de 1794, certamente por lapso). Mark Athias (Faculdade de
Medicina), p. 269. Ferreira de Mira (História da Medicina Portuguesa), p. 281
(reproduz uma estampa).
365. SILVA, Alberto José Gomes
da.- Regras de acompanhar para cravo, ou orgão, e ainda tambem para qualquer
outro instrumento de vozes, reduzidas a
breve methodo e facil percepção.- Lisboa: na Officina de Francisco
Luiz Ameno, 1758.- [8], 39, [3] p.: il., 6 gravuras, notação musical; 16 cm.-
E.
Única obra impressa conhecida do autor (†1795), compositor, pedagogo,
cravista e organista, de quem pouco se sabe. Segundo o Dicionário biográfico
Caravelas, do Núcleo de Estudos de História da Música Luso-Brasileira
(consultado em www.caravelas.com.pt), a obra [...] distingue-se no panorama
setecentista da teoria musical, por ser a única publicação conhecida em
Portugal dedicada exclusivamente ao baixo contínuo, e igualmente por ser a
primeira obra impressa em Portugal a apresentar a regra da oitava completa. A
edição é ilustrada com diversos exemplos com notação musical: seis folhas
gravadas dos dois lados a talhe-doce, impressas em separado, cinco gravuras,
igualmente a talhe-doce, impressas junto ao texto (p. 6, 8, 11, 12 e 14), e
três exemplos compostos em tipografia (p. 2, 3 e 4). Exemplar levemente
manuseado, com um rasgão reparado, sem falta de suporte, na penúltima gravura.
Rosácea da p. 6 (roda dos intervalos) com falta de um círculo central móvel
(volvelle). Inscrições de posse, delidas, nas folhas de guarda.
Encadernação notável, da época, inteira de chagrin vermelho, com
duplas cercaduras a ouro nos planos e rectângulos centrais a ferros soltos, com
florões aos cantos e ao centro; roda na espessura das pastas e corte das folhas
dourado. Joaquim de Vasconcelos (Músicos), II, p. 167. Inocêncio, I, p. 24 e
VIII, p. 23.
Falta agora a vossa consulta e leitura atenta deste catálogo com
elevada qualidade gráfica e com descritivos bastante informativos.
Fica igualmente o convite para a vossa participação activa neste
evento bibliófilo … com votos de boa sorte.
Saudações bibliófilas.
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