Frontispício
Por exemplo estão em fase de estruturação, que não de conclusão ainda, alguns artigos sobre os Craesbeeck (há quanto tempo!) e a conclusão, pelo menos para já, da série de apontamentos sobre Bocage.
Isto só para falar de algumas ideias.
(só que isto de ideias é preciso ter imaginação – felizmente penso ter alguma – e, sobretudo, tempo para a desenvolver – que é o que mais me falta!)
Mas para vos ir “espicaçando” um pouco a curiosidade, pelo menos que vos possam interessar, como a mim me delicia a sua consulta, vou aqui deixando notícia dos eventos que por cá se vão realizando. Quanta informação preciosa se pode retirar dos Catálogos destes mesmos eventos.
Neste caso concreto, penso que, e como já estamos habituados, o «Suplemento» é sempre a “jóia da coroa!” do qual deixo aqui referência a duas obras notáveis:
324. SOARES DA SILVA. (José) MEMORIAS PARA A HISTORIA DE PORTUGAL, QUE COMPRENDEM O GOVERNO DEL REY D. JOÃO I. DO ANNO DE MIL ETREZENTOS E OITENTA e tres, até o anno de mil quatrocentos e trinta e tres. DEDICADAS A EL REY D. JOÃO V. NOSSO SENHOR, APPROVADAS PELA ACADEMIA REAL da Historia Portugueza. ESCRITAS PELO ACADÉMICO JOSEPH SOARES DA SYLVA. LISBOA OCCIDENTAL, Na Officina de JOSEPH ANTONIO DA SYLVA, Impressor da Academia Real. M. DCC. XXX. - M. DCC. XXXIV. (1730-34) 4 volumes In fólio de 27x20 cm. Com: Vol. I com (xcvi) até a pag. 522. Vol. II com (xviii) até a pag. 980. Vol. III. com (xxiv) até a pag. 1524. Vol. IV. COLLECÇAM DOS DOCUMENTOS, COM QUE SE AUTHORIZAM AS MEMORIAS PARA A VIDA DELREY D. JOAÕ I. ESCRITAS NOS PRIMEIROS TRES. NAS QUAIS SE APONTAM OS LUGARES A QUE PERTENCEM os ditos Documentos, (fielmente tresladados dos seus originaes) que se podem buscar pellos numeros delles, como se declara nas mesmas Memorias. LISBOA OCCIDENTAL, Na Officina de JOSEPH ANTONIO DA SYLVA, Impressor da Academia Real. In fólio de 27x20 cm. Com (xxviii) 506 pags. Encadernações inteiras de pele da época com nervos e rótulos vermelhos e ferros a ouro nas lombadas. Cada um dos quatro tomos apresenta a bela gravura alegórica da Academia Real da História Portuguesa desenhada por Viera Lusitano e aberta por Francisco Harrewyn.
Gravura alegórica da Academia Real da História Portuguesa desenhada por Viera Lusitano e aberta por Francisco Harrewyn
O primeiro tomo apresenta o retrato de D. João II desenhado e gravado por Francisco Harrewyn e ainda dois fólios desdobráveis com árvores genealógicas régias. Obra impressa com belos caracteres itálicos rotundos e adornada de belas vinhetas e capitulares representando cenas históricas, vistas e palácios, abertas por Rochefort e Debrie famosos gravadores estrangeiros ao serviço na corte de D. João V. Magnifico exemplar com margens generosas e impresso sobre papel grande espessura e qualidade. Inocêncio V, 137. “JOSÉ SOARES DA SILVA, Cavalleiro professo na Ordem de Christo, Academico da Academia Real de Historia, e da Portugueza, etc. - N. em Lisboa a 9 de Janeiro de 1672, e m. a 26 de Agosto de 1739, depois de penosa e longa enfermidade. - Foi respeitado no seu tempo como homem mui instruido, e entretinha correspondencia familiar com varios sabios estrangeiros, entre elles com o celebre polygrapho e critico hespanhol Fr. Bento Jeronymo Feijó. Ajuntou uma livraria copiosa e escolhida, a julgarmos pelas amostras que d'ella se conservam, apparecendo ainda nas publicas e particulares de Lisboa, que tenbo examinado, muitos livros marcados com o seu nome, e eu mesmo tenho em meu poder alguns. - E. 4875) (C) Memorias para a historia de Portugal, que comprehendem o governo d'el rei D. João o I, do anno de 1383 até o de 1433. Tomo I. Lisboa, por José Antonio da Silva 1730. 4.º gr. ou fol. de XCVI 522 pag. - Tem frontispício gravado, idêntico ao que costuma acompanhar as demais obras publicadas pela Academia; um retrato de D. João I aberto por Harrewyn, e duas arvores ou mappas genealogicos no fim. (O Catalogo chamado da Academia menciona a impressão d'este volume como feita em 4750!!!) - Tomo II. Ibi, pelo mesmo 1731. 4.º gr. com XVI pag. de rosto, indice etc., sem numeração; e depois continúa a paginação sobre a do volume precedente, de 523 até 980. - Tomo III. Ibi, pelo mesmo 1732. Primeiramente XXII pag. innumeradas; depois segue a paginação de 981 a 1524. Collecção dos documentos com que se auctorisam os primeiros tres tomos. Ibi, pelo mesmo 1734. 4.º gr. de XXVI 506 pag. - Entre estes documentos acha se a collecção completa das trovas e versos que nos restam do infante D. Pedro, filho do sobredito rei, trasladados do Cancioneiro de Resende, etc., etc. É muito para censurar que nas vinhetas historicas, collocadas no começo de varios livros e capitulos dos tres tomos d'esta obra (aliás bem executadas no que dependeu do buril do artista), se commettessem os mais grosseiros anachronismos e disparidades nos trajes das personagens ali representadas. Assim vemos no tomo I os infantes D. Pedro (pag. 317), D. Henrique (pag. 379), e D. João (pag. 475), vestidos, elles e as pessoas do seu sequito, precisamente á moda da côrte de D. João V, de calções, casacas, e com desmesuradas cabelleiras, etc., etc.! O preço dos quatro volumes d'estas Memorias tem sido modernamente de 3:600 a 4:800 réis.” Palha 2868. Sousa da Câmara 2938. Ameal 2266.
Encadernação
Se por um lado, para os recém-chegados, estamos num período onde se podem iniciar colecções em quase todas as temáticas de bibliofilia, também é certo que assistimos ao desaparecimento de bibliotecas preciosas de grandes bibliófilos.
Espero que este empobrecimento se faça reflectir, dentro de alguns anos, com o ressurgimento de novas e belas bibliotecas, onde o livro, esse objecto de culto e paixão, continue a ser o rei.
Saudações bibliófilas