"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Livraria Castro e Silva: Catálogo 120 – Fevereiro de 2010




CATÁLOGO 120 – Fevereiro de 2010

Por razões de ordem profissional, tenho tido pouco tempo para me dedicar ao estudo e elaboração de textos que possam ser do interesse daqueles que, de modo inexplicável, ainda vão tendo paciência para me lerem.
Só por isso merecem o meu respeito e, quando escrevo qualquer apontamento, gosto que este seja um pouco diferente daquilo que se encontra noutros blogs – na maioria com muito melhor qualidade do que as minhas modestas contribuições.

SOARES DA SILVA. (José) – MEMORIAS PARA A HISTORIA DE PORTUGAL
Frontispício

Por exemplo estão em fase de estruturação, que não de conclusão ainda, alguns artigos sobre os Craesbeeck (há quanto tempo!) e a conclusão, pelo menos para já, da série de apontamentos sobre Bocage.
Isto só para falar de algumas ideias.
(só que isto de ideias é preciso ter imaginação – felizmente penso ter alguma – e, sobretudo, tempo para a desenvolver – que é o que mais me falta!)

Mas para vos ir “espicaçando” um pouco a curiosidade, pelo menos que vos possam interessar, como a mim me delicia a sua consulta, vou aqui deixando notícia dos eventos que por cá se vão realizando. Quanta informação preciosa se pode retirar dos Catálogos destes mesmos eventos.
Neste caso concreto, penso que, e como já estamos habituados, o «Suplemento» é sempre a “jóia da coroa!” do qual deixo aqui referência a duas obras notáveis:

324. SOARES DA SILVA. (José) MEMORIAS PARA A HISTORIA DE PORTUGAL, QUE COMPRENDEM O GOVERNO DEL REY D. JOÃO I. DO ANNO DE MIL ETREZENTOS E OITENTA e tres, até o anno de mil quatrocentos e trinta e tres. DEDICADAS A EL REY D. JOÃO V. NOSSO SENHOR, APPROVADAS PELA ACADEMIA REAL da Historia Portugueza. ESCRITAS PELO ACADÉMICO JOSEPH SOARES DA SYLVA. LISBOA OCCIDENTAL, Na Officina de JOSEPH ANTONIO DA SYLVA, Impressor da Academia Real. M. DCC. XXX. - M. DCC. XXXIV. (1730-34) 4 volumes In fólio de 27x20 cm. Com: Vol. I com (xcvi) até a pag. 522. Vol. II com (xviii) até a pag. 980. Vol. III. com (xxiv) até a pag. 1524. Vol. IV. COLLECÇAM DOS DOCUMENTOS, COM QUE SE AUTHORIZAM AS MEMORIAS PARA A VIDA DELREY D. JOAÕ I. ESCRITAS NOS PRIMEIROS TRES. NAS QUAIS SE APONTAM OS LUGARES A QUE PERTENCEM os ditos Documentos, (fielmente tresladados dos seus originaes) que se podem buscar pellos numeros delles, como se declara nas mesmas Memorias. LISBOA OCCIDENTAL, Na Officina de JOSEPH ANTONIO DA SYLVA, Impressor da Academia Real. In fólio de 27x20 cm. Com (xxviii) 506 pags. Encadernações inteiras de pele da época com nervos e rótulos vermelhos e ferros a ouro nas lombadas. Cada um dos quatro tomos apresenta a bela gravura alegórica da Academia Real da História Portuguesa desenhada por Viera Lusitano e aberta por Francisco Harrewyn.


SOARES DA SILVA. (José) – MEMORIAS PARA A HISTORIA DE PORTUGAL
Gravura alegórica da Academia Real da História Portuguesa desenhada por Viera Lusitano e aberta por Francisco Harrewyn

O primeiro tomo apresenta o retrato de D. João II desenhado e gravado por Francisco Harrewyn e ainda dois fólios desdobráveis com árvores genealógicas régias. Obra impressa com belos caracteres itálicos rotundos e adornada de belas vinhetas e capitulares representando cenas históricas, vistas e palácios, abertas por Rochefort e Debrie famosos gravadores estrangeiros ao serviço na corte de D. João V. Magnifico exemplar com margens generosas e impresso sobre papel grande espessura e qualidade. Inocêncio V, 137. “JOSÉ SOARES DA SILVA, Cavalleiro professo na Ordem de Christo, Academico da Academia Real de Historia, e da Portugueza, etc. - N. em Lisboa a 9 de Janeiro de 1672, e m. a 26 de Agosto de 1739, depois de penosa e longa enfermidade. - Foi respeitado no seu tempo como homem mui instruido, e entretinha correspondencia familiar com varios sabios estrangeiros, entre elles com o celebre polygrapho e critico hespanhol Fr. Bento Jeronymo Feijó. Ajuntou uma livraria copiosa e escolhida, a julgarmos pelas amostras que d'ella se conservam, apparecendo ainda nas publicas e particulares de Lisboa, que tenbo examinado, muitos livros marcados com o seu nome, e eu mesmo tenho em meu poder alguns. - E. 4875) (C) Memorias para a historia de Portugal, que comprehendem o governo d'el rei D. João o I, do anno de 1383 até o de 1433. Tomo I. Lisboa, por José Antonio da Silva 1730. 4.º gr. ou fol. de XCVI 522 pag. - Tem frontispício gravado, idêntico ao que costuma acompanhar as demais obras publicadas pela Academia; um retrato de D. João I aberto por Harrewyn, e duas arvores ou mappas genealogicos no fim. (O Catalogo chamado da Academia menciona a impressão d'este volume como feita em 4750!!!) - Tomo II. Ibi, pelo mesmo 1731. 4.º gr. com XVI pag. de rosto, indice etc., sem numeração; e depois continúa a paginação sobre a do volume precedente, de 523 até 980. - Tomo III. Ibi, pelo mesmo 1732. Primeiramente XXII pag. innumeradas; depois segue a paginação de 981 a 1524. Collecção dos documentos com que se auctorisam os primeiros tres tomos. Ibi, pelo mesmo 1734. 4.º gr. de XXVI 506 pag. - Entre estes documentos acha se a collecção completa das trovas e versos que nos restam do infante D. Pedro, filho do sobredito rei, trasladados do Cancioneiro de Resende, etc., etc. É muito para censurar que nas vinhetas historicas, collocadas no começo de varios livros e capitulos dos tres tomos d'esta obra (aliás bem executadas no que dependeu do buril do artista), se commettessem os mais grosseiros anachronismos e disparidades nos trajes das personagens ali representadas. Assim vemos no tomo I os infantes D. Pedro (pag. 317), D. Henrique (pag. 379), e D. João (pag. 475), vestidos, elles e as pessoas do seu sequito, precisamente á moda da côrte de D. João V, de calções, casacas, e com desmesuradas cabelleiras, etc., etc.! O preço dos quatro volumes d'estas Memorias tem sido modernamente de 3:600 a 4:800 réis.” Palha 2868. Sousa da Câmara 2938. Ameal 2266.


SOARES DA SILVA. (José) – MEMORIAS PARA A HISTORIA DE PORTUGAL –
Encadernação

Como já disse, variadas vezes, não sendo de uma qualidade excepcional, se comparadas com outras produções europeias – sobretudo francesas e italianas – as nossas impressões dos séculos XVI a XVIII não nos envergonham, e também é este um dos objectivos destes curtos apontamentos: divulgar as nossas produções e tentar os potenciais coleccionadores para a sua compra ... e aqui é que temos o aspecto mais complicado, mas não esqueçamos tudo na vida se consegue realizar com algum sacrifício, paciência e, sobretudo, força de vontade.



319. MAFFEI. (João Pedro) IOAN PETRI MAFFEII, BERGOMATIS, E’ SOCIETATE IESV, HISTORIARVM INDICARVM LIBRI XVI. SELECTARVM, ITEM EX ÍNDIA Epistolarum, eodem interprete, Libri IV. ACCESSIT IGNATII LOIOLAE VITA. Omnia ab Autore recognita, & nunc primùm in germânia excusa. Item, in Singula opera copiosus Index. His nunc recèns adiecta est charta geographica, a re nitidissimè expressa, qua Lectori vtriusq: Indiae situs, & longuinqua ad aes nauigatio, accuratè ob oculos spectanda pro- ponitur, non minus ad specto, quàm historia ipsa lectu iuncunda. COLONIAE AGRIPPINAE, In Officio Birckmannica, sumptibus Arnoldi Myllii. ANNO M. D. X CIII. (1593) In fólio de 30x20 cm. com (iv) 541 (xxxiii) pags.

 

Mapa desdobrável

Apesar da crise, ou por isso mesmo, a bibliofilia parece atravessar um período de um certo “apogeu”, mas não sei se nos devemos congratular, ou lamentar.
Se por um lado, para os recém-chegados, estamos num período onde se podem iniciar colecções em quase todas as temáticas de bibliofilia, também é certo que assistimos ao desaparecimento de bibliotecas preciosas de grandes bibliófilos.
Espero que este empobrecimento se faça reflectir, dentro de alguns anos, com o ressurgimento de novas e belas bibliotecas, onde o livro, esse objecto de culto e paixão, continue a ser o rei.

Saudações bibliófilas

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Renascimento, SA – Leilão de Importante Biblioteca e Outras Proveniências




Esta empresa vai realizar o seu primeiro leilão de livros deste ano. Este decorrerá nos dias 9, 10 e 11 de Março pelas 21:30 horas.
Os lotes podem ser consultados na Rua Agostinho Lourenço. 20 C (ao Areeiro), local do leilão, nos dias 6, 7 e 8 de Março.




Estarão em venda obras de António Botto (lote 119 a 129), Camilo Castelo Branco (lotes 202 a 311), Ferreira de Castro (lote 327 a 340), Herberto Helder (lotes 694 a 700), José de Almada Negreiros (lotes 934 a 938), Vitorino Nemésio (lotes 939 a 950). Luís Pacheco (figura muito popularizada ultimamente em termos de oferta para venda – lotes 992 a 996), Fernando Pessoa (com mais uma 1ª edição de «Mensagem» lote 1028), Eça de Queirós ( lotes 1076 a 1099. com mais outra 1ª edição de «O Crime do Padre Amaro» - lote 1084) e José Régio (lotes 1130 a 1138) só para citar alguns dos autores mais procurados.

Curiosamente José Saramago (lotes 1321 a 1236) aparece também, já com alguma cotação. facto que se deve salientar pelo facto de se tratar dum autor ainda vivo.

Surge igualmente o raro «O Livro de Cesário Verde» – lote 1338.

Refira-se. a título de curiosidade, que tem um conjunto importante de obras de José Daniel Rodrigues da Costa (autor já aqui analisado).

Não posso deixar de salientar o excelente conjunto de obras dos séculos XVII-XVIII, sempre aguardadas com grande expectativa pelos bibliófilos mais exigentes e “puristas”.

Por fim chamo a atenção para um excelente conjunto de gravuras, aonde se destaca um belo conjunto subordinado ao tema «Costumes Portugueses»

Ao contrário do que é habitual, deixo uma lista, um pouco exaustiva, visando chamar a atenção para a qualidade e riqueza da nossa bibliofilia, que consegue reunir um conjunto notável de obras do nosso património cultural, bastante enriquecido com outras de proveniência estrangeira, mas que acrescentam, de facto, uma mais-valia a qualquer Biblioteca.

Com o desfazer destas colecções preciosas, permite-se que outras novas se vão formando e, desta forma, toda a bibliofilia se vai renovando dentro dos parâmetros delineados pelos novos proprietários.



013 - AGOSTINHO, Santo. - LA CIVDAD // DE DIOS DEL // GLORIOSO DOCTOR DE LA // Iglesia D. Agustin, Obispo Hiponense en //veynte y dos libros. // CONTIENEN LOS PRINCIPIOS, Y PROGRESSOS DESTA // Ciudad con vna defensa de la ReligionChristiana contra los LA CIVDADA // DE DIOS DEL // GLORIOSODOCTOR DE LA // Iglesia S. Agustin. Obispo Hiponense en //veynte y dos libros. // CONTIENEN LOS PRINCIPIOS Y PROGRESSOS DESTA // Ciudad con vna defensa de la Religion Christiana contra los errores // y calunias de los Gentiles. //TRADVZIDOS DE LATIN EN ROMANCE POR ANTONIO DE // Roys Roças, natural de la villa de Verghara. // DIRIGIDOS A DON PEDRO MANRIQUE ARCOBISPO DE // Zaragoça del Consejo de su Magestad. // (Brasão de armas do Bispo Manrique) // Em Madrid, por Iuan de la Cuesta. // Año 1614. In-4º de [8], 783, [46] págs. Enc.
Clássico de EXTREMA RARIDADE. Primeira edição. Exemplar com assinatura antiga no frontispício e algumas manchas de água e acidez, mas em geral é um bom exemplar. Possui colado numa folha de guarda o retrato de S. Agostinho que não pertence á obra. Encadernação moderna em inteira de pele, com ferros a ouro na lombada, pastas e seixas Palau, Tomo XIX, pág. 8.




035 - ANDRADA, Francisco d'. - CHRONICA // DO // MUYTO ALTO E MUYTO PODEROSO // REY // DESTES REYNOS DE PORTUGAL // DOM JOÃO // O III DESTE NOME, // DIRIGIDA // HA C. R. M. D'EL REY DOM FILIPPE O III, // COMPOSTA POR // ... // PARTE I (à Parte IIII). COIMBRA: // Na Real Officina da Universidade. // Anno de MDCCLXXXXVI. 4 Vols. In-8º Encs.
2ª Edição. A primeira publicou-se em 1613. RARA. Exemplares em magnifico estado de conservação. Encadernações mais recentes em inteiras de pele. Por aparar. Belo exemplar. O Valor do Livro Antigo em Portugal, págs. 56 e 538.




149 - BRUN, Pe. Pedro. - EXPLICAÇÃO // DAS ORAÇÕES, e ceremonias da missa, // a fim de se saber celebrar, e ouvir perfeita, e devotamente, // ... // Com muitas Reflexões dos SS. PP as quaes se // lhe ajuntão para socorro da devoçaõ, // Escrita no idioma italiano // Por Fr. CAETANO MARIA DE BERGAMO // Capuchinho, // E traduzida em o nosso vulgar // Pelo B. C. S. B. // LISBOA // Na Regia Officina Typografica. Anno 1787. In- 8º peq. de [2], XXV, [3], 240 págs. Enc.
Pouco vulgar. Encadernação da época em inteira de carneira, possuindo em ambas as pastas um Brasão Cardinalício. Dourado por folhas. Tem uma nota colada na guarda que diz ter pertencido á colecção de J. A. Telles da Sylva e tem o n.º 76.



203 - CASTELLO BRANCO, Camillo. - AMOR DE PERDIÇÃO. (Memorias d'uma familia). Romance. Porto. Em Casa de N. Moré - Editor. [Typ. de Sebastião José Pereira]. 1862. In-8º de XI, 249 págs. Enc.
Edição original deste imortal romance de Camilo.
Encadernação moderna em inteira de pele, com ferros a ouro na lombada e pastas. Sem capas de brochura. Com algumas manchas de humidade e assinaturas de antigos possuidores no rosto e na folha de dedicatória. Peça de colecção.



257 - CASTELLO BRANCO, Camilo. - HORAS DE LUCTA. Porto. Editor - João António de Freitas Fortuna. 1889. [Typographia de Manoel Luiz de Sousa Ferreira]. In-4º de 131, [1] págs. Enc.
Primeira edição, de EXTREMA RARIDADE. Bela edição organizada por Freitas Fortuna, grande amigo de Camilo. O frontispício é impresso a cores e ouro e as folhas do texto dentro de uma tarja azul. Tiragem de apenas 32 exemplares, destinada a oferta a grandes vultos portugueses. Este exemplar foi destinado ao Dr. Manoel Lopes Santiago, cujo nome se encontra impresso. Encadernação moderna em inteira de pele, com ferros a ouro na lombada, pastas e seixas. Capas de brochura preservadas. Só ligeiramente aparado à cabeça. Peça de colecção.



331 - CASTRO, Ferreira de. - MAS... Lisboa. Tip. Boente & Silva. 1921. In-8º de [4], 100 págs. Enc.
Primeira edição e única publicada. Raríssima. Conserva as duas últimas folhas picotadas, que poderiam ser removidas por conter um final que poderia chocar o leitor. Encadernação em meia de pele. Conserva a capa de brochura da frente.




377 - COLLECTION OF PRINTS, FROM PICTURES PAINTED FOR THE PURPOSE OF ILLUSTRATING THE DRAMATIC WORKS OF SHAKESPEARE, by the Artistes of Great Britain. Volume I (e Volume II). London. Published by John and Josiah Boydel. M.DCCCIII. 2 Vols. In-Fólio máximo. Encs.
Obra monumental, ilustrada com 89 estampas, abertas a buril em chapa de cobre, de grande beleza, desenhadas e gravadas pelos mais importantes artistas ingleses.
Encadernações contemporâneas em meias de pele, com defeitos.



444 - DEUS, João de. - CARTILHA MATERNAL. S. local. n. data. In-Folio. de 33 Folhas e a Tábua de Pitágoras. Enc.
Primeira edição. RARISSIMA. Contém 25 lições em folha dupla e a Tábua de Pitágoras. Em magnifico estado de conservação.
Encadernação original em tela.




540 - FOSSATI, Giorgio. - RACOLTA // DI // VARIE FAVOLE // Delineate, ed incise in Rame // DA // ... // ARCHITECTO // TOMO PRIMO // (ao TOMO SESTO). Venezia. // Apresso Carlo Pecora. MDCCCXLIV. 6 Vols. In-4º Encs. em 3.



Edição monumental desta Raríssima obra das Fábulas de Fossati. Colecção completa. Ilustrada com 108 gravuras – 36 estampas por volume - finamente abertas a buril em chapa de cobre, impressas e preto, sépia, sanguínea e outras cores, sobre papel de linho. Textos em italiano e francês.
Encadernações recentes em inteiras de pele. Brunet, Tomo II, col. 1354. Peça de colecção.



582 - GIARDIN, Joannes. - PROMPTUARIUM // ARTIS ARGENTARIAE // EX QUO, // CENTUM EXQUISITO STUDIO INVENTIS, DELINEATIS, // AC IN AERE INCISIS TABULIS PROPOSITIS, // ELEGANTISSIMAE, AC INNUMERAE EDVCI POSSVNT NOVISSIMADE IDEAE // AD CUJUS CUMQUE GENERIS VASA ARGENTEA, // AC UREA INVENIENDA, AC CONFICIENDA. // OPUS // NON MODO ARTIS TYRONIBUS, // VERUM ETIAM PROVECTIS MAGISTRIS SANE PERUTILE // INVENIT, AC DELINEAVIT // ... // AC DUAS PARTES DISTRIBUIT. // PARS PRIMA // (e PARS ALTERA) // ROMAE // Fausti Amidei // MDCCL. 2 Vols. In-Fólio. Encs. em 1.
Bela edição desta RARA sobre Artes Decorativas. Ilustrada com 100 primorosas gravuras abertas a buril em chapa de cobre. Encadernação da época em inteira de carneiras com defeitos.




614 - COSTUMES PORTUGUESES. TRAZ OS MONTES FRONTEIRA DE HESPANHA - Trajo Antigo. Litografia Guedes. Colorido.
Medidas: 34,5x44cm. Emoldurado. Lisboa. David Corazzi. S. data. Séc. XIX.
648- COSTUMES PORTUGUESES. Varino. Lith. Guedes. Colorido.
Medidas: 33,5x43,5cm. Emoldurado. Lisboa. David Corazzi. S. data. Séc. XIX.




682 - GUERREIRO, João Tavares de Vellez. - JORNADA, // QUE // ANTONIO DE ALBUQUERQUE // COELHO, // Governador, e Capitaõ General da Cidade do // Nome de Deos de Macao na China, // Fez de Goa até chegar á dita Cidade no // anno de
1718. Dividida em duas partes. // Escrita // PELO CAPITÃO // ... // LISBOA OCCIDENTAL, // Na Officina da Musica . M.DCC.XXXII. In-8º peq. de [16], 427 págs. Enc.
RARISSIMA. Segunda edição. A primeira publicou-se em Macau em 1718, em papel de manufactura chinesa. Frontispício e texto enquadrado numa tarja xilográfica. Encadernação da época em inteira de pergaminho. Bem conservado. Sousa da Câmara, 3047; Samodães, 3025.



684 - GUIGNES, Chrétien Louis Joseph de. - VOYAGES A PEKING, MANILLE ET L'ILE DE FRANCE, Faits dans l'intervalle des années 1784 à 1801. Tome Premier (ao Tome Troisième). Paris. De l'Imprimerie Impériale. MDCCCVIII. 3 Vols. In-8º + Atlas. In-4º. Os 4 Vols. Encs.
Primeira edição desta célebre obra, MUITO RARA, especialmente quando acompanhada do Atlas, que se compõe de 97 gravuras e mapas, alguns em folhas desdobráveis. Um dos mapas, em folha desdobrável, representa o "Plan de la Ville de Macao". As gravuras mostram vistas de monumentos, arquitectura, usos e costumes destes povos, etc. O autor foi Cônsul da França em Cantão. Os volumes de texto com
encadernações da época em inteiras de pele. O Atlas com encadernação em inteira de pele, moderna. O 3º volume com pequeno restauro no frontispício. Peça de colecção.




754 - KIRCHERI, Athanasius. - AEGYPTIACVS // HOC EST // Vniuersalis Hieroglyphicae Veterum // Doctrinae temporum iniuria abolitae. // INSTAVRATIO, // Opus ex omni Orientalium doctrina & sapientia // conditum, nec non viginti diuersarum,
// authoritate stabilitum, // Felicibus Auspecijs // FERDINANDI III. // AVSTRIACI // Sapientissimi & Inuictissimi // Romanorum Imperatoris semper Augusti // é tenebris
erutum, // Tomus I. // (e Tomo II - 1ª e 2ª Parte e Tomo III). // ROMAE, // Ex Tipographia Vitalis Mascardi M.DC.LII (a 1654). 4 Vols. In-Fólio. Encs.
Primeira Edição desta RARISSIMA obra de Athanasius Kircher célebre padre jesuíta, matemático, físico, alquimista e inventor alemão nascido em Geisa. Obra ilustrada com um anterrosto gravado, retrato de Fernando III, mapas e gravuras extra-texto, algumas em folhas desdobráveis e dezenas de ilustrações disseminadas pelos textos. Nesta obra, o autor reflecte sobre os mistérios do Egipto, seus hieróglifos e deuses, com destaque para Isis, a mãe de todos eles.
Encadernações em inteiras de carneira, com ferros a seco nas pastas, com defeitos. Completos de texto e gravuras, contendo os seguintes defeitos: Tomo I, insignificantes cortes de traça em algumas folhas; Tomo II - Parte I - Cortes de traça nas páginas 421 a 440 e Índice, que atingem letras do texto; Tomo II - Parte II - Cortes de traça nas páginas 153 a 255, afectando ligeiramente o texto em 3 folhas. Todos os volumes com algumas manchas de humidade e acidez. Apesar dos defeitos apontados é obra valiosa. Brunet, Tomo III, 668; Grasse, IV, 22.



876 - MATTHIOLI, Petri Andreae. - APOLOGIA // ADVERSVS AMATHVM LVSITANVM // Cum Censura in eiusdem // enar rationes. // (Marca do impressor) // VENETIIS, // Ex Officina Erasmiana, Vincentij Valgrisij. // M D LVIII. In-Fólio de [100], 776, 50 págs. Enc.
RARISSIMA. O autor, 1500-1577, foi um célebre médico botânico, tendo publicado em Veneza, 1544, como complemento à obra de Dioscórides, este erbário, onde se descrevem e reproduzem 1.200 espécies de plantas medicinais. Sobre esta obra o médico judeu português, Amato Lusitano, comentou-o insignemente. É também citado por Garcia da Orta nos Colóquios dos Simples. Exemplar com muitas anotações manuscritas da época. Nas últimas 50 folhas, julgamos que falta um rosto gravado ou então existe um erro de paginação. Encadernação em inteira de carneira com decorações a seco. Algumas folhas com manchas de água.



987 - ORTIGÃO E EÇA DE QUEIROZ, Ramalho. – AS FARPAS. Chronica Mensal de Politica, as Letras e dos Costumes. Lisboa. Typographia Universal. 1871 (a 1883). 4 Séries. In-8º peq. Encs. em 7 Vols.
Colecção completa. Primeira edição desta famosa publicação de critica à politica e aos costumes da época. Publicada em 4 Séries de 26, 10, 3 e 3 números respectivamente. Encadernações em inteiras de pele, imitando nas pastas da frente os motivos das capas de brochura. Dourados à cabeça. Todos os números possuem as capas. Exemplares em magnifico estado de conservação.



1084 - QUEIRÓS, Eça de. - O CRIME DO PADRE AMARO. Edição definitiva. Lisboa. Typografia Castro Irmão. 1876. In-8º de [6], 362 págs. Enc.
Primeira Edição em livro. RARISSIMA. Publicou-se primitivamente em fascículos na Revista Occidental. Exemplar lavado.
Encadernação moderna em inteira em chagrin, com ferros a ouro na lombada e pastas e seixas. As páginas 61 a 64 com passagens do texto sublinhadas a lápis de cor vermelho. Sem capas.



1338 - VERDE, Cesário. - O LIVRO DE CESÁRIO VERDE. 1873-1886. Lisboa. Typographia Elzeviriana. 1887. In-8º de XIX, 103, [4] págs. Enc.
Primeira edição. Prefácio de Silva Pinto, grande amigo do poeta e a quem se deve a sua publicação. Tiragem de apenas 200 exemplares, numerados, este com o número 46. Encadernação modesta em meia de pele. Dourado à cabeça. Exemplar por aparar.
Com falta das capas de brochura.



1396 - ARISTÓTELES. COMMENTARII // COLLEGIO CO- // NIMBRI - CENSIS // SOCIETATIS // IESV, // In QVATOR LIBROS DE COELO, ME- // teorologicos & Parua Naturalia, Aristotelis Stagirite. // ... // HAC TERTIA IN GERMANIA EDITIONE. // COLONIAE, // Impensis Lazari Zetzneri. // M.D.XCVI. 4 Partes. In-8º Encs. em 1.
Edição valiosa e Muito Rara, quando acompanhada das 4 Partes, que possuem frontispícios próprios. A edição original publicou-se em Coimbra, em 1592. Pequeno carimbo a óleo no frontispício do primeiro volume. Com manchas de acidez.
Encadernação contemporânea em inteira de pergaminho. O Valor do Livro Antigo em Portugal, pág. 600




1524 - SACROBOSCO, Joannes de. - SPAERA // IOANNIS DE // SACRO BOSCO // EMENDATA. // Eliae Vineti Santonis scholia eandem sphae- // ram, ab ipso authore restituta. // Adiunximus huic libro compendium in Sphae- // ram, per Pierium Valerianum Bellunensem, // Et, // PETRI NONII SALENCIENSIS // ... // LVTETIAE, // Apud Gulielmum Cauellat // 1558. In-8º peq. 102, [1] Fls. Enc.
RARISSIMA EDIÇÃO comentada por Valerianus e Pedro Nunes. Ilustrada no texto. Com pequenas manchas de humidade. De resto em magnifico estado de conservação. Encadernação do século XIX em meia de pele.


Espero que a leitura vos tenha despertado o interesse por este Leilão, mas, mais importante, pela beleza das nossas produções bibliófilas, que podem ombrear com o que de bom se fazia no resto da Europa.
Quem sabe se o “bichinho” vos atrairá para este mundo fascinante da bibliofilia e se decidam a tentar a sorte neste evento ... boa sorte!

Saudações bibliófilas

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Gomes Leal – O Poeta Panfletário



António Duarte Gomes Leal

O meu estiado amigo Marco Fabrizio, com o seu artigo Severo Amador, Himno a Salomé. 1918 sobre um “autor marginal” mexicano, fez-me recordar este poeta intervencionista e de uma frontalidade marcante, mas que tão arredado anda das nossas lides literárias e bibliófilas.

Já aqui ficou um esboço muito sumário sobre sua personalidade: Gomes Leal – Apontamentos para um estudo, no entanto hoje quero-lhes trazer um livro sobre um tema bastante actual em Portugal nos dias de hoje: a liberdade de Imprensa.

Trata-se de «O Renegado a António Rodrigues Sampaio: carta ao Velho Pamphletario sobre a perseguição da imprensa» (1), publicado em 1881, e onde ele critica, de modo mordaz e acutilante, a última passagem pelo governo do Reino de António Rodrigues Sampaio.


LEAL, Gomes – O Renegado a António Rodrigues Sampaio :
carta ao Velho Pamphletario sobre a perseguição da imprensa. (2)
Lisboa, Typ. do Largo dos Inglezinhos, 27, 1881. 65, [3] p. ; 14 cm

Com efeito, a 23 de Março de 1881, demitido o ministério progressista, e não querendo Fontes Pereira de Mello assumir nessa ocasião a responsabilidade franca e aberta do poder, foi António Rodrigues Sampaio chamado a organizar um gabinete ministerial, recebendo a presidência do conselho, acumulando com a pasta do Reino, a sua especialidade de sempre.

O governo iniciou funções a 25 de Março de 1880 e manteve-se até 11 de Novembro do mesmo ano, data em que Fontes Pereira de Melo substituiu Rodrigues Sampaio na presidência do ministério. Após essa data, adoentado, Rodrigues Sampaio retirou-se então para a vida particular, continuando a exercer o seu lugar de conselheiro no Tribunal de Contas.

Mas os seus anteriores correligionários nos tempos de revolucionário não lhe perdoaram as medidas de controlo da imprensa que foi obrigado a tomar. É neste cenário, que se inscreve esta obra – «O Renegado - Carta ao Velho Panfletário sobre a Perseguição da Imprensa», publicada em 1881 pelo poeta e jornalista António Duarte Gomes Leal, a qual constitui um autêntico libelo à percebida traição de Rodrigues Sampaio aos ideais que defendera.

Enquanto político, Rodrigues Sampaio foi também um alvo predilecto do lápis corrosivo de Rafael Bordalo Pinheiro, sobretudo em 1881, quando assumiu a presidência do ministério. As caricaturas então publicadas traduzem bem a forma risonha e mordaz com que Rodrigues Sampaio foi analisado pelo humorista e caricaturista.


O governo de Rodrigues Sampaio visto por Bordalo Pinheiro.
Sampaio é o mestre-escola tentando ensinar os seus ministros

«Antonio Rodrigues Sampaio (3), do meu conselho, par do reino, presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios do reino. Amigo, eu El-rei vos envio muito saudar como áquelle que amo.

Tendo na mais elevada estima os reconhecidos merecimentos que concorrem na vossa pessoa, e que haveis manifestado no honroso e illustrado desempenhodos mais altos cargos do estado, e em differentes e importantes commissões de interesse publico; e querendo por estes respeitos e pelo subido apreço em que tenho os vossos distinctos e revelantes serviços prestados á dynastia, ás instituições, á causa publica e á liberdade, conferir-vos um testemunho authentico da minha real consideração: hei por bem nomear vos commendador da antiga e muito nobre ordem da Torre e Espada, do valor, lealdade e merito, e elevar-vos conjunctamente á dignidade de gran-cruz da mesma ordem.


Rodrigues Sampaio numa caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro

O que me pareceu participar-vos para vossa intelligencia e satisfação, e para que possaes desde já usar das respectivas insignias, vos mando esta carta.

Escripta no paço de Cascaes em 28 de setembro de 1881.— El Rei. — Antonio José de Barros e Sá.
Para Antonio Rodrigues Sampaio, do meu conselho, par do reino, presidente do conselho de ministros, ministro e secretario d'estado dos negocios do reino».

Já que El-Rei, teu Senhor contra a sua Mãe cara, assim te premiou a ensanguentada offensa, eu, um Juiz tambem – Juiz d'uma outra vara, contra ti, velho Reu, lavrei esta sentença:

Segue-se o poema


LEAL, Gomes – O Renegado a António Rodrigues Sampaio :
carta ao Velho Pamphletario sobre a perseguição da imprensa.
Página 7 - Início do poema

Após o poema panfletário, em que Gomes Leal, tece as suas criticas, termina com esta nota que demonstra toda a sua eloquência como personagem interveniente na sociedade do seu tempo.


NOTA

Á hora de se imprimir a ultima folha d'esta publicação o velho presidente do ministerio, o homem de quem aqui nos occupámos, renegado das suas convicções d'outrora, o perseguidor da imprensa, pela qual se elevou, de que é decano e presidente honorario pediu a sua demissão, não tendo o pejo de recuar perante o parlamento, ao qual teria que dar contas. Mas nem por isso a sua responsabilidade fica menos grave, nem menos attenuada. A sua sentença já lhe foi lavrada pela Opinião Publica, e na Historia, aonde o seu nome fica lutuosamente escripto. O homem que escreveu que antes queria imprensa anarchica que imprensa perseguida, e é depois de Costa Cabral, (tão incisivamente attacado por elle,) o unico que se atreveu a reviver as perseguições e as vindictas, fica vergonhosamente vinculado, e tanto mais vergonhosamente que foi e é um jornalista!...

Comtudo por elle fugir perante o Parlamento, nem por isso se deve eximir ao castigo. É preciso que a responsabilidade ministerial não seja uma vã palavra. Se não existe a responsabilidade regia, se não existe de facto a responsabilidade ministerial, é força que estes senhores o confessem francamente: a Constituição é uma farça! Se ainda persistem em proclamar que o não é, façam que sejam julgados os seus ministros demittidos! Nós pedimos que elles se sentem nos bancos dos reus. O povo que o peça tambem comnosco, os nossos tribunos que o peçam nos comicios, toda a imprensa da opposição que brade para que os julgamentos dos tribunaes não sejam apenas para os adversarios ou para os miseraveis e gatunos: mas que sejam tambem para os grandes salafrarios constitucionaes.


LEAL, Gomes – O Renegado a António Rodrigues Sampaio :
carta ao Velho Pamphletario sobre a perseguição da imprensa.
Página inicial da NOTA

O auctor d'estas linhas pede tambem o seu julgamento. Ha já tempo que teem capciosamente sobre elle um processo em aberto, como a espada de Damocles, que o priva dos seus direitos civis e politicos, e o impede de ser eleito pelo povo para alguma missão de confiança popular. É um excellente e perfido meio constitucional para affastar um adversario! mas muito conhecido nos arsenaes politicos. É uma espada velha e enferrujada do tempo de Carlos Magno, mas que ainda dá bons botes!

No entanto o julgamento, dos ministros demittidos não se fará: pelo menos no tempo da Monarchia. Ao inverso do ministerio Saint Hilaire, que não fugiu á responsabilidade em face do Parlamento francez, o governo portuguez demittido não se peja de fugir a ella. São de tal forma as engrenagens do systema constitucional que as maiores arbitrariedades se commettem e se perpetram, ficando naimpunidade, na sombra do esquecimento, ou na velha alcofa d'essa trapeira que se chama – Politica. Fallamos da politica monarchica. Mas é força que as cousas não continuem no mesmo pé! É preciso que á mingua da Lei juridica, se erga a Lei da Consciencia Humana! Que a cada attentado corresponda um castigo, que a cada perversidade corresponda um ferro em braza, que a cada abominação corresponda uma guilhotina moral! A espada d'essa lei moral devem vibral-a a Opinião Publica a Historia, o jornalismo, os poetas, os homens justos, os homens de consciencia lavada. Que todos elles repillam de si estes forasteiros, esses safardanas pulhas que especulam ha 50 annos com a Constituição, como especullaram com as bullas, no tempo de Leão X, e com agua de Lourdes no tempo de Pio IX. Que elles fiquem certos que os seus crimes não esquecem! Que elles fiquem scientes que as suas arbitrariedades não ficarão na sombra! Ha quem vela, e quem registra. É a Historia. Ha quem se indigna e quem decapita. É a Poesia.

É para isso que se escreveu este pamphleto.”

Espero que este texto vos faça reflectir sobre os problemas de uma época, e que se mantém na actualidade, mas sobretudo quero tentar fazer redescobrir este autor que muito tem para nos oferecer.

Saudações bibliófilas


(1) Decide-se manter a ortografia da edição original por opção pessoal.

(2) Podem ler o texto do livro em: http://purl.pt/6577/1/index.html

(3) António Rodrigues Sampaio (1806 -1882) foi um jornalista e político português que, entre outras funções, foi deputado, par do Reino, ministro e presidente do ministério. Foi um dos maiores vultos do liberalismo português de oitocentos, jornalista ímpar e parlamentar de excepção.
Era uma personalidade controversa, polémica, e mesmo revolucionária, mas sempre coerente e fiel aos seus princípios e desígnios, foi um agitador de renome nacional, o que lhe valeria a alcunha de o “Sampaio da Revolução”, já que se notabilizou como redactor principal do periódico «A Revolução de Setembro».
Era um jornalista de causas, não de notícias, como aliás era o jornalismo do século XIX. Foi membro importante da Maçonaria.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

SLAM – «A la découverte du livre ancien»




SLAM


Não quero deixar passar, em claro, um acontecimento de grande importância bibliófila que brevemente se iniciará em França, promovida pelo SLAM (1), subordinada ao tema: «A la découverte du livre ancien».

Trata-se dum ciclo de conferências de que deixo, mais como curiosidade do que para inscrição nas mesmas, o respectivo programa (2)
(já que Paris não é exactamente ali "ao virar da esquina"...):


Alguns livros

Du 16 février 2010 au 22 juin 2010
CYCLE D’INITIATION DE 8 CONFERENCES, du 16 février au 22 juin 2010

Salle des Mariages de la Mairie du 6e arrondissement -
78, rue Bonaparte - 75006 Paris, métro Saint-Sulpice
18h30-20h

Toutes les conférences sont assurées par des libraires membres du SLAM et illustrées de nombreux exemples matériels

16 février
Histoire du livre depuis l’invention de l’imprimerie, par Anne Lamort

23 mars
Vocabulaire du livre ancien, par Jean-Marc Dechaud

25 mars
Le livre : typographie, mise en page, par Pierre Walusinski

6 avril
Techniques d’illustration, par Pierre Prévost

4 mai
La reliure, technique et aperçu historique, par Emmanuel Lhermitte

19 mai
Les catalogues de livres, par Anita van Elferen

10 juin
Les Autographes, par Frédéric Castaing

22 juin
Valeur marchande du livre, par Henri Vignes et Jean-Pierre Fouques



Uma ilustração

Como podem verificar pelo programa, este ciclo de conferências parece-me extremamente aliciante e de grande utilidade para o desenvolvimento dos nossos conhecimentos (no meu caso bem modestos..) e intercâmbio de experiências.

Com efeito, e de acordo com a minha experiência pessoal, julgo que quanto mais tentamos aprofundar os nossos conhecimentos mais dúvidas se nos deparam e, aqui como em toda a matéria que envolva uma vertente coleccionista ou artística, como é a bibliofilia, não existe nenhum manual de aprendizagem, só a consulta do que tem sido publicado, a leitura das poucas revistas sobre o tema, e, sobretudo, a frequência deste tipo de conferências nos podem fazer evoluir um pouco mais.

Talvez seja esta uma das razões do avanço da bibliofilia em França?


Uma encadernação

Desculpem esta minha intrusão na pacatez dos nossos conhecimentos, mas nunca é demais alargarmos o horizonte dos mesmos.
Como diz o velho aforismo, se “Cultura é o que resta depois de esquecermos tudo aquilo que aprendemos”, temos que aprender muito para podermos esquecer, pois se esquecemos sem aprender será um caso complicado...

Saudações bibliófilas


(1) SLAM (Syndicat national de la Librairie Ancienne et Moderne) : http://www.votrelibraire.fr/index.php

(2) No entanto se alguém quiser efectuar a sua inscrição aqui fica o pdf para a sua realização: http://www.votrelibraire.fr/IMG/pdf/Bulletin_d_inscription_conferences_SLAM_2010.pdf

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Livraria Antiquária do Calhariz – Leilão n.º 74




Livraria Antiquária do Calhariz


Esta Livraria-Antiquária, gerida por José Manuel Rodrigues e Catarina Rodrigues, propõe-nos, para além da consulta directa ao acervo da loja, a venda em Leilões e através da Internet em: www.iberlibro.com/librerias/ANTIQUARIACALHARIZ

È dentro deste espírito que nos oferece um bom conjunto de livros esgotados, curiosos, raros e valiosos no Catálogo do seu Leilão n.º 74 que se realizará nos dias 17, 18 e 19 de Fevereiro de 2010 na Casa da Imprensa, em Lisboa.



Catálogo do Leilão


Ainda não completamente refeitos das emoções do Leilão da «Biblioteca do Dr. Laureano Barros», temos outra já “à porta”

Estas emoções sempre presentes neste tipo de eventos são um dos grandes atractivos e uma das grandes “tentações” a que não conseguimos escapar.
Como se pode descrever com rigor, toda aquela mistura da alegria pelo exemplar, arduamente conseguido, com a desilusão daqueles que nos escaparam, ou muito simplesmente a satisfação por termos conseguido mais um "livrito" daquele autor que coleccionamos com entusiasmo e que, para nossa felicidade, por enquanto, poucos o procuram!

Afinal tudo isto faz parte da bibliofilia.
Ela nunca se esgota e, mais ainda, permite ser reinventada por cada um de nós de acordo com os seus gostos e paixões.

Deste Leilão, que reúne um bom conjunto de exemplares da Carta Constitucional, um outro de livros de Camilo Castelo Branco (autor com bastante procura) e alguns Manuscritos, deixo aqui estes dois exemplos


12. ALBERTI (Leon Battista) - EL MOMO ¢ La moral y muy graciosa historia del Mo mo: compuesta en Latim por el docto varon Leon Baptista Alber- to Florentin. Trasladada en Castellano por Augustin de Almaçan, medico d su Magestad. Dirigido ala Illu strissima señora doña Maria de Mendoça, Señorade las villas de Torres y Canena &c... Alcalá de Henares: en casa de Joan de mey Flandro, 1553. In-4º XIV-LXXI ff. E.
PRIMEIRA EDIÇÃO castelhana da obra de Alberti, humanista e arquitecto do séc. XV, uma das figuras proeminentes do Renascimento italiano. Importante texto na linha do elogio da loucura publicado após a morte do autor. A obra é uma crítica às concepções religiosas e politicas vigentes, bem como, aos hábitos e usos sociais. Rosto impresso a preto e vermelho, com título enquadrado por moldura renascentista, com quatro tarjas; sob o título e o sumário da obra, uma gravura xilográfica alegórica de um ancião com um livro, amparando com a mão direita um grande compasso, que parece proteger uma coroa e um ceptro, símbolos evidentes do poder; no verso o alvará, assinado por Ioan Vasquez.
Na frente do segundo fólio a dedicatória a D. Maria de Mendonça; no verso, um soneto, dirigido à mesma, da autoria de Iuan Hurtado de Mendoça. Terceiro fólio com texto dirigido ao leitor, da autoria do tradutor (finda a meio do folio a4f.); segue-se uma «Protestacion del autor» (começando a meio do folio a4v.) e prolongando-se por todo o quinto fólio (a5). Os quatro fólios seguintes com texto destinado al benevolo y pio lector, de Aleixo Venegas, que finda a meio da página seguinte; de seguida tem início a tabla de la presente obra, que se alonga até ao fólio b6v. O texto da obra, inteiramente composto em caracteres gótico, estende-se de folhas I a LXXI (f.), no verso da qual deparamos com uma aprovação de Venegas e um colofon, com a indicação da data de finalização do livro: 10 de Janeiro de 1553. Exemplar um pouco aparado, moldura do rosto levemente afectada na margem exterior, mas muito limpo, apresentando apenas um reforço na margem exterior do fólio C2 e a falta da último folha que apenas integra a marca do impressor. Encadernação modesta, do séc. XIX, em meia de marroquim com pastas em percalina. Palau, 5193. PEÇA RARÍSSIMA.


481. [FLÁVIO JOSEFO, A GUERRA JUDAICA] JOSEPHUS (Flavius) - AEGESIPPI HISTORIOGRAPHI FIDE= lissimi ac disertissimi et inter Christianos Ant= quissimi Historia. De bello Iudaico Sc[a]eptri sublatione. Iud[a]eorum dispersione. Et Hierosolymitano Excidio. A diuo Ambrosio Mediolanen. Antístíte e Græca Latina facta. Cum eiusdem Anacephaleosi Et Tabellis congruentiarum cum Iosephi libris etiam de gestis Macchabeorum. Premisso iam primũ índíce: Alphabetica serie ab Ascensio collecto. [Vinheta com imagem e nome do impressor: Prelũ Ascēsianũ]. [Colofón no fólio antes da Anacephaleosis] Finis Rursus Inedibus Ascensianís ad Calendas Ianuarías. M.D.XI. [1511] [e após as várias: Tabula de Concordantárum] RVRSVS ANNO SALVTIS HVMANAE VNDECIMO SVPRA. M.D. AD TERTIVM CALENDAS IANVARIAS. [3 de Janeiro de 1511]. In-4º [IV]-LXXVII-[V] ff. E.
Bela edição do Prelu Ascensianu parisiense, de uma série de obras sobre a guerra da Judeia, a rebelião, a dispersão dos judeus e a sua fuga de Jerusalém, tendo sido a primeira obra escrita no primeiro século da era cristã pelo historiador judeu Flávio Josefo, ainda que seja também atríbuido a S.to Ambrósio baseado em Josefo e outras fontes. Impressão pós incunabular em papel bem conservado com títulos a gótico e texto em letra romana, profusamente ilustrado com capitais decorativas e uma vinheta do impressor (representando uma tipografia) aberta a talha-doce no rosto. Com uma tabela de concordância e localização das matérias comuns tratadas nos livros de Josefo as Antiguidades e a Guerra da Judeia; atenciosamente coligida pelo impressor Ascensio. Encadernação da época em pergaminho rígido. MUITO RARO PÓS-INCUNÁBULO.


Saudações bibliófilas.


(1) Deixo aqui os contactos para os interessados solicitarem o Catálogo em versão pdf:

LIVRARIA ANTIQUÁRIA DO CALHARIZ
Largo do Calhariz, 14
1200-086 Lisboa
Telefone/Fax – 213428477
http://us.mc355.mail.yahoo.com/mc/compose?to=livraria.antiquariacalhariz@gmail.com

Trata-se de um Catálogo com bons descritivos e bem ilustrado, pelo que julgo valer a pena, mais que não seja para consultas posteriores.

Feira de Antiguidades e Obras de Arte simultaneamente com uma mostra do Livro Antigo



Esta «Mostra» está a decorrer no Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL - Junqueira) desde 6 e até 14 de Fevereiro de 2010 (1).


Horário:
De 6 a 14 de Fevereiro de 2010
Sábados e Domingo (7) - 16h00 às 24h00
Dias úteis - 18h00 às 24h00
Domingo (14) - 16h00 às 22h00

Será, assim o creio, uma visita sempre interessante para todos aqueles que tenham disponibilidade para aqui se deslocarem.

As movimentações do mercado com as várias ofertas que têm surgido, as valorizações de alguns autores e a própria procura pelos bibliófilos, permitem, que nestes eventos, se possa fazer uma boa reflexão sobre o estado actual da bibliofilia ... assim a presença dos livreiros a possibilite.

Saudações bibliófilas.

(1) A «Livraria Castro e Silva» disponibiliza, para os seus clientes, o convite impresso que permite acesso gratuito à mesma (2 pessoas) e que podem solicitar na recepção da feira bastando para tal referir o nome desta Livraria.