"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

domingo, 13 de dezembro de 2009

Natal – uma reflexão muito pessoal



Seguramente que tínhamos, como sempre, muitos projectos...

Estamos quase no Natal e, mais um ano que se aproxima do seu fim.
Muitos acontecimentos se desenrolaram ao longo destes meses, nos quais nós fomos mais ou menos intervenientes.
Seguramente que tínhamos, como sempre, muitos projectos, mas por diversas vicissitudes da vida, só conseguimos concretizar alguns.

Para muitos o Natal é altura de festejos, de troca de prendas e, sobretudo, uma festa que tradicionalmente, reúne toda a família,
Mas esquecemo-nos de que na sua origem está o nascimento de Cristo e, para os cristãos, deveria ser um hino ao amor pelo próximo.
Como seria bom que todos nós, ao menos nesta quadra, tentássemos ver o Mundo por outra perspectiva e, porque não, com os olhos duma criança!

Quem melhor do que elas é capaz de parar para admirar, com os seus olhos cheios de inocência e o seu sorriso alegre e puro, o voo duma ave, o colorido duma flor, partilhar com um amigo as suas brincadeiras e os seus sentimentos.


...é capaz de admirar, com os seus olhos cheios de inocência e o seu sorriso alegre
e puro, o voo duma ave, o colorido duma flor, partilhar com um amigo
as suas brincadeiras e os seus sentimentos...

Ao crescermos, esquecemos este lado imaterial e puro e preocupamo-nos com os factores materiais e auto promocionais, voltando a cara ao próximo, quando este nos estende a mão, muitas vezes, só para ouvir uma palavra de alento.
Por que não repensarmos a nossa forma de estar no Mundo, tentar manter viva a criança, que existe dentro de todos nós, e deixar que ela possa demonstrar toda a sua ternura desligada de segundas intenções.

Se nós conseguimos partilhar e trocar opiniões sobre os nossos livros e a nossa paixão, a bibliofilia, porque não haveremos de alargar este espirito de partilha com aquilo que nos rodeia.


Iluminura do Livro “Hours of the Virgin”:
A Natividade, a adoração de Cristo menino por Maria e S. José, fl. 44v,
do chamado “Livro de Horas de Besançon”, datado de 1445

Não sou mais puro, nem melhor, que qualquer outro, mas hoje apeteceu-me trocar convosco estas palavras, pois que para além de bibliófilos somos Homens e hoje é com estes que eu me apeteceu falar.

Antes de terminar quero deixar-vos este poema dessa figura ímpar da nossa literatura que é Fernando Pessoa.

[CHOVE. É DIA DE NATAL]

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.

Saudações fraternas, pois as bibliófilas estão sempre presentes!

4 comentários:

Galderich disse...

Me gustan tus reflexiones y si además terminan en un hermoso poema de Pessoa... mejor que mejor para terminar (te adelantas un poco...) este año intenso para ti desde la inauguración de tu blog.
Un fuerte abrazo hoy más que nunca.

Marco Fabrizio Ramírez Padilla disse...

Mi querido Rui.

También disfruto mucho de tus reflexiones, aprovechando la pasión que sentimos por los libros, hemos formado una comunidad que vence distancias y tiempo, para darle calor humano a una fría pantalla.
Un abrazo y felicidades.

Rui Martins disse...

Estimados amigos
O meu obrigado pelos vossos comentários e apoio que me deram ao longo destes meses.
As minhas reflexões são apenas o transmitir do meu pensamento simples, mas sincero, que gosto de compartilhar com todos vós.
É verdade Galderich que o ano ainda não terminou, mas já estou a pensar em "novos voos bibliófilos" (e não só) para o próximo ano.
Com as ausências pelas "festividades" é preferível anteciparmo-nos um pouco do que perder a ocasião...
Marco com tudo aquilo por que passei este ano, nomeadamente a minha doença, de que ainda sinto estar a recuperar, não imaginam a força que me deram para encetar outras formas de encarar o futuro.
De facto o ecrã frio, ainda que luminoso, irradiava uma amizade calorosa e senti a tal mão estendida de que falei na minha mensagem ... como podem ver é tão pouco o que se pode fazer para ajudar alguém muitas vezes!
Convosco aprendi um pouco melhor o significado de partilhar e de viver...mas, sobretudo, a palavra amizade, que já tinha um significado muito especial para mim, ficou mais fortificada como símbolo do melhor que podemos partilhar enquanto cidadãos deste planeta tão maltratado e em que nos esquecemos cada vez mais dos “outros”
Um forte abraço de amizade (que será real um dia, pois disso estou seguro)

Urzay disse...

Caro Rui:
Un poema bien seleccionado. Feliz navidad a tí también. Este año, al ritmo que vamos, tendremos que decir que nieva el día de Navidad.
Un abrazo.