"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

domingo, 1 de junho de 2014

Uma conversa amena



Ao folhear um livro da nossa biblioteca.

Quantas vezes ao folheramos um dos livros da nossa bibliootaca, não encontramos referència a uma cidade, vila o até uma pequena aldeia de um qualquer país e se, por vezes temos dificuldade em a localizar no mapa, o mais frequente é não sabermos nada, ou quase nada, sobre a mesma!


A View of Utrecht.
Charles Henri Joseph Leickert (1816-1907)

Outras vezes encontramos referências a cujos apelidos nos remete para a nobreza – duque, conde, visconde ou simplesmente barão...– e de que desconhecemos a sua linhagem.



Fernandes, M. Antonino – Felgueiras de Ontem e de Hoje. Braga. Ed. CMF. 1989. 213 págs. 24cm. E.

Importante obra sobre a história de Felgueiras. Contém inúmeras fotografias antigas e recentes, bem como dados históricos e genealógicos de elevado interessse.

Exemplar em bom estado. Assinado (dedicatória) pelo autor.

Vem isto a propósito de um conjunto de monografia que a Colofon – livros antigos disponibiliza na sua Montra de Junho| Monografias, Genealogia, História.

Claro que com a informática essa informação se obtém apenas em segundos, mas, como bom bibliómano, nada melhor que folhear uma destas monografias para conhecer as histórias da História, onde começa a realidade e acaba a lenda (e vice-versa, pois que nestas coisas a tradição oral tem sempre muito peso!….), os seus usos e costumes e até o seu “linguarejar” (quero com isto referir que a forma de se exprimirem, e neste caso em português, varia de região para região de norte a sul do país).

(Experimentem comprar vagens em Lisboa ou feijão-verde em Aveiro – nos mercados tradicionais obviamente – e depois contem-me os vossos resultados).

Mas voltemos então à tal Montra que o meu prezado amigo Francisco Brito realizou:


Adolphe Monet Reading in the Garden
Claude Monet (1866)
Ah! e se ao lerem o jornal se depararem com uma referência a Segura, que sabem sobre esta aldeia? Eu também a desconhecia!
Porque não ler então esta monografia:


Andrade, Mário Marques de – Subsídios para a Monografia de Segura. Lisboa. Ed. Autor. 1949, 405 págs. 23.5cm. B.

Fabulosa monografia sobre a aldeia raiana de Segura, no concelho de Idanha-a-Nova. Obra enriquecida por três mapas, várias fotografias e representações gráficas entre outros apontamentos dignos de nota.
Exemplar em bom estado de conservação.

E quem conhece bem os Fonseca Coutinho de Fonte de Arcada?

Eu conheço alguns, mas seguramente não têm quaisquer relações com estas famílias nobres!



Sousa, E. Ferreira e Fernandes, M. Antonino – Fonsecas Coutinhos de Fonte Arcada. Braga. Ed. Autor. 1983. 243págs. 24cm. E.

Depois de uma introdução (que é na verdade um autêntico estudo) do Prof. Doutor Luiz de Mello Vaz de São Payo, segue-se o notável trabalho dos autores Elísio de Meireles Ferreira de Sousa e de Maurício Antonino Fernandes, em que é estudada a descendência de Pedro da Fonseca Coutinho, senhor (por casamento) do Solar dos Rebelos (em Cabeça Santa, Penafiel) e com descendência em várias casas nobres da região (Lousada, Felgueiras, etc.). Obra de elevado interesse histórico e genealógico.

Exemplar muito estimado. Tem algumas anotações a lápis. É este o exemplar nº112, rubricado por Maurício Antonino Fernandes.

Como veêm, a bibliofilia, não é só coleccionar livros antigos: in-folios ou iluminuras de leitura nem sempre fácil. Estes livros, na sua maioria de consulta, embora tenham lugar em certas colecções temáticas, são de utilidade para qualquer um de nós.

Claro que existem sempre manuscritos que são bastante mais cativantes para qualquer um (ou não fosse “o coleccionismo de manuscritos o último estadio da bibliofilia” como me disse um prezado amigo livreiro-antiquário).



Tombos de Celorico de Basto [manuscrito]. Século XVIII.

“TOMBO DAS FREGZª DA INFESTA E SANTA TECLA” – Século XVIII (1787- 1796). 458 f. + [3]; 37 cm. Encadernado.

Manuscrito sobre papel. Parece apresentar dois tipos de caligrafia diferentes. O documento é composto por 458 folhas numeradas pela frente. O documento encontra-se em bom estado de conservação, estando o seu miolo muito limpo e sendo todo o texto bastante legível. Apresenta algumas manchas de humidade. Pequenas manchas de tinta que não afectam o texto. Contém um índice relativo às propriedades de cada freguesia tratada. Todas as folhas se encontram rubricadas por Joaquim Cabral de Noronha e Menezes (n.1750 – m. 1805), Juiz do Tombo dos Direitos Reais de Basto, Juiz de Fora de Celorico de Basto, Senhor das Casas do Souto, da Cruz e da Bouça (em Celorico de Basto), Bacharel em Direito e Cavaleiro da Ordem de Cristo. Apresenta algumas anotações marginais do século XIX. Contém folhas soltas com apontamentos do século XX. O Tombo não se encontra numerado. Encadernação da época em pele bastante danificada.

O documento descreve o “Tombo e appegação dos foros e propriedades que pertencem aos Direitos Reaes da Villa de Basto nas Freguesias de São Salvador de Enfesta e Santa Tecla”.

Neste Tombo encontram-se arroladas as propriedades reguengas das freguesias de Infesta e de Santa Tecla, sendo descritas pormenorizadamente as suas rendas, foros, dimensões, limites, confrontações e medições e indicados aqueles que à época eram os seus proprietários.

“TOMBO DAS FREGUESIAS DE ARNOIA E MOREIRA – TOM VIII”. Século XVIII (1796). 458 f. + [5]; 37cm. Encadernado.

Manuscrito sobre papel, escrito a uma só mão, composto por 458 folhas numeradas pela frente. O documento encontra-se em excelente estado de conservação, estando o  miolo muito limpo e sendo bastante legível. Apresenta algumas manchas de humidade que não afectam o texto. Contém um índice relativo às propriedades de cada freguesia tratada. Todas as folhas se encontram rubricadas por Joaquim Cabral de Noronha e Menezes (n.1750 – m. 1805), Juiz do Tombo dos Direitos Reais de Basto, Juiz de Fora de Celorico de Basto, Senhor das Casas do Souto, da Cruz e da Bouça (em Celorico de Basto), Bacharel em Direito e Cavaleiro da Ordem de Cristo. O Tombo encontra-se numerado com o número “VIII”. Encadernação da época em pele em bom estado de conservação.

O documento descreve “os Reguengos, Foros e pensões que se pagão à Coroa e Exmº. Donatário o Snr. Dom Francisco de Menezes da Silveira e Castro, Conde da Caparica do Concº de Sua Magestade, Vedor e Estribeiro Mór da Serenicima Srª. Princesa do Brasil, nas Freguesias de Arnoya e Santa Maria de Moreira e seus limites; termo da Villa de Basto”.

Neste Tombo estão arroladas dezenas de propriedades das freguesias de Arnóia e de Moreira do Castelo, sendo descritas pormenorizadamente as suas rendas, foros, dimensões, limites, confrontações e medições e indicados aqueles que à época eram os seus proprietários.

Boa consulta desta montra e quem sabe se não descobrirão alguma obra interessante.


Saudações bibliófilas.

2 comentários:

APARECEM MUITAS NO LIXO disse...

MONOGRAPHIAS ...CLARO E OBRAS DESINTERESSANTES SIMILARES...

MORRE MUITO BIBLIÓFILO NESTES DIAS E NUM É DA CRISE É DA EGRÉGIA EDADE MESMO

NUNCA FOY TANTO LIVRO PRÓ LIXO COMO NESTA DÉCADA QUE MAL COMEÇOU E JÁ LEVA UNS CENTOS DE MILHARES DE AVANÇO SOBRE OS OUTROS ANOS TODOS

VELHARIAS ....UM MUSEU CÁ DO SÍTIO BOTOU UNS 700 NO LIXO SÓ ESTA SEMANA ....DOAÇÕES ...
AS BARATAS E OS RATOS TAMÉM COMEM ALGUMA DESSA TRALHA

Rui Martins disse...

Vamos procurar nesse "lixo" e guardar essas obras, pois cabe aos coleccionadores anónimos a salvaguarda de um património cultural que sem eles já estaria perdido.
Deixemos para os "ratos" o que é dos ratos!
Cumprimentos.