André Breton by
Ida Kar © National Portrait Gallery, London
Paulo da Costa Domingos fez uma «montra de Agosto» onde propõe descontos
20% em aquisições iguais ou superiores a 50,00€.
Mas a mim o que me despertou a
atenção foi o número significativo de obras de André Breton em 1ª edição aí apresentado.
André Breton (alto à esquerda) ao lado de Théodore
Fraenkel,
detalhe de uma foto de classe no liceu Chaptal em 1912.
André Breton (Tinchebray
(Orne), 19 de Fevereiro de 1896 — Paris, 28 de Setembro de 1966) foi um
escritor francês, poeta e teórico do surrealismo. (1)
De origem modesta, iniciou sem
entusiasmo estudos em Medicina sob pressão da família. Mobilizado para o
exército na qualidade de enfermeiro para a cidade de Nantes em 1916, travou ali
conhecimento com Jacques Vaché,
filho espiritual de Alfred Jarry, um
jovem sarcástico e niilista que viveu a vida como se de uma obra de arte se
tratasse e que morreu aos 24 anos em circunstâncias bastante suspeitas (a tese
do suicídio é controversa). Jacques Vaché, que não mais deixou do que cartas de
guerra, teve uma enorme influência no espírito criativo de Breton:
enfraquecendo a influência de Paul
Valéry e, deste modo, determinando tanto a sua concepção de
"Poète" (Le Pohète segundo Vaché) como a de humor e de arte.
Em 1919, Breton funda com Louis Aragon e Philippe Soupault a revista Littérature
e entra também em constato com Tristan
Tzara, fundador do Dadaismo.
Em Les
Champs magnétiques (escrito em colaboração com Soupault), coloca em
prática o princípio da escrita automática. Breton publica o Primeiro Manifesto Surrealista, em 1924.
Um grupo constitui-se em torno de
Breton: Philippe Soupault, Louis Aragon, Paul Éluard, René Crevel,
Michel Leiris, Robert Desnos, Benjamin
Péret. No afã de juntar a ideia de «Mudar a vida» de Rimbaud e a de
«Transformar o mundo» de Marx, Breton adere ao Partido Comunista em 1927, do
qual fora excluído em 1933.
Viveu sobretudo da venda de
quadros na sua galeria de arte. Sob o seu impulso, o surrealismo torna-se um
movimento europeu que abrange todos os domínios da arte e coloca profundamente
em questão o entendimento humano e o olhar dirigido às coisas ou
acontecimentos. Inquieto por causa do governo de Vichy, Breton refugia-se em
1941 nos Estados Unidos da América e retorna a Paris em 1946, onde permaneceu
até sua morte a animar um segundo grupo surrealista, sob a forma de exposições
ou de revistas (La Brèche, 1961-1965).
Frenesi - Loja
Vamos lá então dar uma
espreitadela (mas como já foi colocada no princípio do mês, e muitos outros
livros vieram enriquecer o acervo da loja,
temos que “vasculhar um pouco”,
mas vale a pena tal procura, ou pesquisar directamente pelo autor…fica à vossa
escolha – e depois lá chegaremos.)
BRETON, André – Les
Manifestes du Surréalisme suivis de Prolégomènes à un Troisième Manifeste du
Surréalisme ou Non. Paris, Éditions du Sagittaire, 1947. 1.ª
edição (reunida). 18,8 cm x 12 cm. 216 págs.
Exemplar muito estimado; miolo
limpo. Assinatura de posse no ante-rosto
PEÇA DE COLECÇÃO
80,00€
Reúne pela primeira vez, num
único volume,os documentos fulcrais à compreensão da passagem e contaminação
revolucionárias do surrealismo francês.
BRETON, André – La Situation
du Surréalisme entre les Deux Guerres. Subtítulo: Discours aux Etudiants
Français de l’Université de Yale (10 Décembre 1942). s.l.
[Yale], s.d. [1942] s.i. [ed. Autor]. 1.ª edição. 27 cm x 21 cm. 34 págs. [17
folhas impressas apenas de um dos lados].
Impressão a mimeógrafo sobre
papel avergoado, acabamento com dois pontos em arame, exemplar muito estimado;
miolo limpo.
Tiragem de 250 exemplares, autenticada
pelo Autor [«tirage limité à 250 ex. | B
[André Breton]»]
PEÇA DE COLECÇÃO
850,00€
Trata-se da edição original desta
rara conferência proferida por André Breton nos Estados Unidos, anterior,
portanto, à sua reimpressão quer na revista nova-iorquina VVV (1943), quer em
brochura nas edições Fontaine (1945) que Max Pol Fouchet, a partir da Argélia,
fazia circular pela França ocupada.
BRETON, André – Le
Surréalisme et la Peinture. Suivi de Genèse et Perspective Artistiques du
Surréalisme et de Fragments Inédits. Preface de l’éditeur Robert Tenger. Paris / Nova Iorque, Brentano’s, Inc.,
1945. 1.ª edição [do vertente conjunto; «Achevé d’imprimer le deux avril mil
neuf cent quarante cinq sur les presses de l’Imprimerie Albert Martin, Inc.,
New York»]. 26 cm x 18 cm. 208 págs. + 76 págs.
Profusamente ilustrado a preto e
a cor.
Encadernação editorial em tela
impressa a prata, com cromo colado na pasta anterior.
Exemplar como novo.
225,00€
A II Guerra Mundial levou
inúmeros intelectuais e artistas a abandonar a Europa rumo ao novo continente,
numa sangria do espírito e da imaginação. Entre os resultados de uma acção
revolucionária ininterrupta, apesar da dispersão dos grupos, veio a beneficiar
um público nova-iorquino até aí meio atordoado com o decorativismo de Norman
Rockwell. O surrealismo de André Breton – e mesmo o dadaísmo cínico de Marcel
Duchamp – deixaram rasto (a pop art, por exemplo, não passa de um neo-dadaismo
tornado industrial, de linha-de-montagem). É neste contexto, por assim dizer de
“emigração”, que surgem nos Estados Unidos várias publicações, artigos, filmes,
conferências, mostras, etc., das correntes poéticas e outras, protagonizadas
pelos seus pioneiros e mentores da primeira hora. O vertente livro encaixa-se
nesse perfil.
BRETON, André – Ode à
Charles Fourier. Paris,
Aux Éditons de la Rue Fontaine, 1947. 1.ª edição. 28,5 cm x 17 cm. 4
págs. + 52 págs.
Encadernação recente em
meia-francesa com cantos em pele e gravação a ouro na lombada, corte dourado à
cabeça, conserva as capas de brochura.
Exemplar em muito bom estado de
conservação; miolo irrepreensível
Ostenta no verso da primeira
folha-de-guarda o ex-libris do neo-realista Joaquim Pessoa.
É o n.º 460 da parte da tiragem
impressa sobre velino.
PEÇA DE COLECÇÃO
650,00€
Longo poema escrito numa
inequívoca celebração do rompimento do grupo surrealista francês com o Partido
Comunista local. Fourier representa, no contexto das ideias políticas, a
vanguarda do comunismo libertário.
Iremos ainda encontrar estes dois
títulos:
BRETON, André – Les Pas
Perdus [junto com] Point du Jour. Paris, Éditions Gallimard, 1970. s.i. («nouvelle édition revue et
corrigée», ambos). Capas de H. Cohen. 16,5
cm x 11 cm. 2 x 192 págs.
Da prestigiada colecção Idées NRF [Nouvelle Revue Française]
Exemplares em bom estado de
conservação; miolo limpo
35,00€
Conjunto de dois títulos do
mentor do movimento surrealista francês, que reúnem artigos estendendo-se no
tempo entre 1917 a 1933, e cujo ensinamento estético-filosófico, mas sobretudo
o ensinamento cívico, constituíram a pedra de arremesso da liberdade – e das
liberdades – que as gerações do pós-II Guerra Mundial melhor ou pior souberam
chamar a si. Terá sido o “movimento” dadá em Zurique o real desencadeador
anárquico de uma modernidade consequente; terá sido o movimento surrealista
parisiense o seu disciplinador teórico; do mesmo modo, terá sido a geração da
Internacional Situacionista e levar à rua, à praxis revolucionária urbana, essa
bandeira de que, não somente a poesia tem que ser feita por todos, como há que
transformar o mundo, mudar de vida.
Portrait
photographique André et Elise Breton dans une forêt ou un jardin en 1950
Aqui fica mais uma sugestão de
leitura de Verão e a possibilidade para alguns coleccionadores bibliófilos da
temática surrealista completarem as suas colecções (Breton é o seu mentor e
como tal não poderá faltar numa boa colecção)
Saudações bibliófilas e
continuação de boas férias.