Mário Cláudio distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela 2014
pela Associação Portuguesa de Escritores (APE)
O escritor Mário Cláudio, distinguido em de 15 Julho de 2015 com o Grande
Prémio de Romance e Novela 2014, pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) (1) (2),
por causa de Retrato
de Rapaz, publicado em 2014, editou um novo romance, intitulado Astronomia,
na editora D. Quixote.
CLÁUDIO, Mário – Astromonia
A obra estará dividida em três
partes, intituladas "Nebulosa",
"Galáxia" e "Cosmos", referentes às três
fases fundamentais da vida do protagonista: a infância, a idade adulta e a
velhice", explica a editora.
Este livro, que ficciona a vida
de Giacomo, discípulo do pintor renascentista Leonardo da Vinci, é o segundo de
uma trilogia de novelas dedicadas a relações entre pessoas de idades distintas.
CLÁUDIO, Mário – Boa noite, Senhor Soares
Esta trilogia foi iniciada em 2008
com Boa noite, Senhor
Soares, no qual é revisitado o semi-heterónimo Bernardo Soares,
de Fernando Pessoa, e a relação com António, "moço de escritório", e
concluída este ano com O Fotógrafo e a Rapariga, sobre o
escritor Lewis Carroll e Alice Lidell, que inspirou Alice
no País das Maravilhas.
CLÁUDIO, Mário – O Fotógrafo e a Rapariga
Mário Cláudio está entre os
escritores mais premiados da literatura portuguesa, escritor prolífico,
metódico e rigoroso, pesquisador de estilos e investigador da «portugalidade», serve-se
dos mais variados géneros literários – poesia, romance, teatro, conto, crónica,
novela, literatura infantil, ensaio, biografia –, embora confesse sentir-se
mais à vontade na narrativa ficcional, sobretudo o de cariz histórico. Na sua
escrita e oralidade denota, uma religiosidade abnegada de cunho católico e
barroco.
É um leitor compulsivo e cronista
de costumes, escreveu inúmeros textos de opinião e conferências, mas também
séries documentais para a televisão. Fez traduções, organizou antologias e
comunidades de leitores, prefaciou inúmeros novos autores e colaborou
dispersamente em mais de meia centena de diferentes jornais e revistas,
nacionais e estrangeiros, nos últimos 30 anos, tendo-se ainda empenhado na
homenagem e divulgação de importantes figuras da cultura portuguesa (Nobre,
Camilo, Aquilino, Eça), a par de algumas profissões institucionais ligadas à
Cultura, em especial a literária.
Mário Cláudio
Mário Cláudio é o pseudónimo literário de Rui Manuel Pinto Barbot
Costa, nascido a 6 de Novembro de 1941, no seio de uma família da média-alta
burguesia industrial portuense de raízes irlandesas, castelhanas e francesas, e
fortemente ligada à História da cidade nos últimos três séculos. Filho único,
foi primeiro instruído por um professor particular, tendo prosseguido os
estudos, até à conclusão do liceu, sob a rígida batuta dos padres do Colégio
Almeida Garrett (actual Teatro do Bolhão, no Porto).
Começou o curso de Direito em
Lisboa e terminou-o em Coimbra (1966), onde viria a diplomar-se novamente, em
1973, com o Curso de Bibliotecário-Arquivista. Pelo meio, a Guerra Colonial e
uma mobilização para a Guiné, na secção de Justiça do Quartel General de
Bissau. Antes de partir, em 1968, entrega ao pai, pronto para publicação, o seu
primeiro livro de poemas, Ciclo de Cypris, publicado no ano
seguinte.
Pouco depois de assumir a
direcção da Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia, foi bolseiro da
Fundação Gulbenkian, tendo obtido o título de Master of Arts em Biblioteconomia
e Ciências Documentais (1976), pela Universidade de Londres, defendendo uma
tese que seria parcialmente publicada com o título Para o Estudo do Analfabetismo e da
Relutância à Leitura em Portugal, o único livro que assinou com
o seu nome civil. Ainda durante a década de 70 publica dois livros de poesia,
um romance, uma novela, um livro de viagens em colaboração e uma antologia de
textos sobre Gaia.
Pertenceu sucessivamente à
Delegação Norte da Secretaria de Estado da Cultura, ao inacabado Museu da
Literatura e à direcção da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do
Porto.
Em 1985, iniciou-se como
professor na Escola Superior de Jornalismo do Porto e, actualmente, é professor
convidado da Universidade Católica do Porto e da Fundação de Serralves.
Em 1984, por convite de Vasco Graça Moura, escreve Amadeo,
biografia do pintor futurista Amadeo de Souza-Cardoso (3).
Amadeo no seu atelier,
Rue Ernest Cresson, 20, Paris, 1912
Les Faucons (Os falcões), 1912
Tinta-da-china sobre papel, 27 x 24,3 cm
Que Mário Cláudio consideraria como uma «psico-socio-biografia»,
e início da premiada Trilogia da Mão,
na qual o escritor abordou a vida e obra de outras duas figuras artísticas
nortenhas, a violoncelista Guilhermina Suggia (Guilhermina) e a
barrista Rosa Ramalha (Rosa). Através dos três artistas,
tipificou distintos estratos sociais (aristocracia, burguesia, povo) e o
«imaginário nacional», entre o virar do século XIX e meados do século XX. Nesta
primeira trilogia, o autor romanceia o próprio processo de biografar, através
de uma escrita fragmentada, mais sensorial que objectiva. Aliás pode-se afirmar, para usar as palavras do autor: «toda a
biografia é um romance».
Em 1984 foi distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela da APE
precisamente pelo romance Amadeo.
CLÁUDIO, Mário – Amadeo
Seguiu-se a publicação de um
segundo tríptico (A
Quinta das Virtudes, Tocata para Dois Clarins e O Pórtico da
Glória), onde a História volta a cruzar a ficção, mas desta
feita incorrendo na autobiografia familiar.
CLÁUDIO, Mário – A Quinta das Virtudes
Entre 2000 e 2004 publicou uma
outra trilogia, composta por Ursamaior, Oríon e Gémeos,
e que é descrita pelo autor como relacionada com «situações
de alguma marginalidade» e «discurso
problemático com o poder», transversais a três gerações de
personagens, uma por volume.
CLÁUDIO, Mário – Oríon
CLÁUDIO, Mário – Gémeos
O autor está traduzido em inglês,
francês, castelhano, italiano, húngaro, checo e serbo-croata.
Foi condecorado com a Ordem
de Santiago de Espada.
Em 2004, pelo conjunto da obra literária, foi-lhe atribuído o Prémio
Pessoa e em 2008 recebeu o Prémio
Vergílio Ferreira.
Já conquistou por duas vezes o Prémio
PEN Clube Português de Novelística, assim como o Grande Prémio de Crónica da APE
e o Prémio
Fernando Namora com o romance Camilo Broca.
CLÁUDIO, Mário – Camilo Broca
Em 2013, a antiga escola
primária de Venade, localidade do concelho de Paredes de Coura, foi
reconvertida num Centro de Estudos Mário
Cláudio, criado a partir do arquivo doado pelo escritor.
Centro de Estudos Mário Cláudio (Paredes de Coura)
Chegados a este ponto,
pergunta-se: o que é que o Miguel de
Carvalho tem a ver com o assunto?
Miguel de Carvalho – artista plástico/livreiro-antiquário
A capa do livro foi concebida por Rui Garrido com base numa collage de
Miguel de Carvalho – No Princípio
Não Era O Verbo.
Miguel de Carvalho - o artista a trabalhar
(©Fotografia de mdc no Facebook)
Dentro do estilo a que já nos tinha habituado, e das quais partilha algumas no Facebook, conseguiu realizar um trabalho que permitiu a realização de uma capa com um excelente grafismo e que em muito valoriza esta obra.
Bom agora resta-nos comprar, ler o livro e apreciar mais de perto esta
pequena obra de arte. (Quando digo pequena refiro as dimensões que não a sua alta qualidade)
Fotograma do filme Documental sobre o escritor Mário
Cláudio.
Realizado por Jorge Campos e produzido pela Vigília Filmes
Bibliografia:
Ficção
Um Verão Assim (1974)
As Máscaras de Sábado
(1976)
Damascena (1983)
Improviso para Duas
Estrelas de Papel (1983)
Amadeo (1984)
Guilhermina (1986)
Duas Histórias do Porto
(1986)
A Fuga para o Egipto
(1987)
Rosa (1988)
A Quinta das Virtudes
(1990)
Tocata para Dois
Clarins (1992)
Trilogia da Mão (1993)
Itinerários (contos,
1993)
As Batalhas do Caia
(1995)
Dois Equinócios
(contos, 1996)
O Pórtico da Glória
(1997)
O Último Faroleiro de
Muckle Flugga (1998)
Peregrinação de Barnabé
das Índias (1998)
Uma Coroa de Navios
(1998)
Ursamaior (2000)
O Anel de Basalto e
Outras Narrativas (narrativas, 2002)
Oríon (romance, 2003)
Gémeos (romance, 2004)
Triunfo do Amor
Português (2004)
Camilo Broca (2006)
Boa Noite, Senhor
Soares (2008)
Retrato de Rapaz (2014)
O Fotógrafo e a
Rapariga (2015)
Astronomia (2015)
Poesia
Ciclo de Cypris (1969)
Sete Solstícios (1972)
Étimos e Alexandrinos
(1973)
A Voz e as Vozes (1977)
Estâncias (1980)
Terra Sigillata (1982)
Dois Equinócios (1996)
Nas Nossas Ruas, ao
Anoitecer (2001)
Os Sonetos Italianos de
Tiago Veiga (2005)
Teatro
Noites de Anto (1988)
A Ilha de Oriente
(1989)
Henriqueta Emília da
Conceição (1997)
O Estranho Caso do
Trapezista Azul (1998)
Outras
Meu Porto
Fotobiografia de
António Nobre
A Cidade num Bolso
Pintor e a Cidade
Páginas Nobrianas
Júlio Pomar - Um Álbum
de Bichos
Espero ter despertado o vosso interesse para este conceituado autor
português bem como para a análise da estética, grafismo e autoria das capas das
obras que nos passam pelas mãos, que por vezes “ficam um pouco ao lado”.
Saudações bibliófilas
Notas:
(1)
O Grande Prémio de Romance e Novela da APE foi criado em 1982 e teve,
nesta 33.ª edição, o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das
Bibliotecas, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, do Instituto Camões e da Sociedade Portuguesa de Autores.
(2) Vergílio Ferreira, António Lobo
Antunes, Agustina Bessa-Luís e Maria Gabriela Llansol foram os quatro outros
autores distinguidos por duas vezes com este prémio da APE.
Fontes consultadas:
DGLAB – Direcção Geral Livro dos Arquivos e das Bibliotecas
Màrio Cláudio – Wikipedia:
Mário Cláudio – Portal de Leitura: