É Natal…
Ainda que aparentemente “ausente” nunca deixei de acompanhar o blogue, pelo que não posso deixar de agradecer a todos aqueles, que apesar do meu silêncio, continuam a ler o que fui publicando.
São José com o menino Jesus de Guido Reni
Para todos os leitores – tanto os novos como os da primeira data – quero expressar, nesta quadra em que e celebra o nascimento de Cristo e se aproveita para estreitar os laços familiares os meus votos de um Natal Feliz no convivio das vossas famílias.
Dia de Natal
Não vos trago nenhum livro nem nenhum catálogo brilhante – tantos que me passaram pelas mãos ou simplesmentes pela versão pdf na internet – mas apenas estes poemas de Fernando Pessoa sobre o Natal … mais do que os presentes que se trocam, por tradição, devemos conseguir viver a poesia que esta data encerra!
Fernando Pessoa (caricatura)
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Fernando Pessoa (jovem)
O sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
O eterno fascínio do livro antigo…
Bom, e enquanto vamos buscar um livro para ler à nossa biblioteca, seja ele de uma grande raridade ou um livro que acabámos de comprar só pelo prazer da sua leitura (e não será para isso mesmo que um livro serve?), não nos esqueçamos de todos aqueles para quem a simples leitura é um acto de luxo – cada vez a sociedade se está a tornar mais desigual e onde os pobres aumentam a cada dia que passa.
Como seria tão bom que o Natal fosse sempre que o homem quisesse…
Saudações bibliófilas.