"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

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sábado, 30 de junho de 2012

António José Osório de Pina Leitão e a Tipografia de Manuel António da Silva Serva



Estes apontamentos vêm a propósito de um livro – Alfonsiada. Poema heroico da fundação da Monarquia Portugueza pelo Senhor Rey D. Alfonso Henriques. Bahia, Typ. de Manuel António da Silva Serva, 1818, in 4º de 278 páginas. – que me interessou num dos muitos leilões já realizados em Portugal este ano.

O meu interesse no livro não era tanto nem pelo seu autor – António josé Osório de Pina Leitão – nem pela alta qualidade literária da obra (opiniões divergentes mas que na sua maioria lhe reconhecem um limitado interesse literário), mas sim na casa impressora do mesmo – Tipografia de Manuel António da Silva Serva.

Apesar de a estimativa máxima perspectivada pelo livreiro-antiquário ser relativamente baixa, decidi licitar por um valor bastante acima da mesma, mas mesmo assim, ao “soar do martelo o livro foi para outras mãos!”.



...ao soar do martelo!

Fruto das minhas pesquisas, que partilho parte convosco, cheguei à conclusão que a estimativa era pouco coincidente com a realidade do mercado, mas sobretudo que os meus conhecimentos eram bastante limitados neste assunto (assim como em muitos outros…), pelo que entendo que o livro foi vendido por um preço que se pode considerar aceitável.

Vem isto a propósito de devermos tentar estar informados do valor de venda em leilões, pelo menos das mais recentes, e mesmo noutros livreiros-antiquários, de uma qualquer obra que nos interesse, para podermos fazer uma “licitação correcta” sobre o mesmo.


Southebey's Book Auction 1888

Quando falo em “licitação correcta” pressuponho um preço que esteja dentro dos valores praticados e sempre em consonância com o estado da mesma, pois que em leilões o valor de uma determinada obra pode disparar para “valores inabituais” (e digamos lisonjeiramente assim) para o que basta haver dois grandes interessados/”teimosos” na sala em disputa.

Mas também este é um dos aspectos que nos podem fascinar num leilão – até onde nos pode conduzir uma velha paixão por um livro que tanto procurámos e que finalmente está mesmo ali ao nosso alcance!

Toda a cautela é pouca se não corremos o risco de entrar em “pequenas/grandes loucuras”!

Vejamos então quem foi António José Osório de Pina Leitão.


António José Osório de Pina Leitão

António José Osório de Pina Leitão nasceu no Manigoto (suburbios de Pinhel) a 12 de Março de 1762.

Segundo o Diccionario Bibliographico Brazileiro Vol. 1, 1883, pp. 218-219, faleceu "no Rio de Janeiro, sendo brasileiro adoptivo, a 24 de Março de 1825", portanto com 63 anos.

No entanto, segundo outras fontes, caso de Inocêncio Francisco da Silva no seu Dicionário Bibliográfico Português, terá morrido depois de 1840.


Diccionario bibliographico brazileiro
pelo doutor Augusto Victorino Alves Sacramento Blake

Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de Outubro de 1781 a Outubro de 1785, onde conseguiu o grau de Bacharel em Canones. Após mais um ano de frequência desta Faculdade, obteve a sua Formatura em Canones em 5 de Julho de 1786.

Seguiu a carreira da magistratura onde exerceu vários cargos. Foi Juíz de Fora de Alfândega da Fé.

(Não consegui apurar a data exacta da sua partida para o Brasil).

Aqui prosseguiu a sua carreia na magistratura onde desempenhou igualmente altos cargos.

Sobre estes convirá descrever um pouco da sua história.

Olinda, sede histórica dos primeiros colonizadores, reclamava de longas datas o seu próprio tribunal. Incendiada durante a ocupação holandesa, perdera para o Recife boa parte do seu poderio comercial, mas continuava a disputar com aquela cidade o predomínio na capitania, primando por ser a mais aristocrática cidade do nordeste.

Mas a imagem de Pernambuco não era das melhores. Junto à sua intensa atividade comercial fervilhava um forte movimento independentista que, já em 1817, protagonizara uma revolução parcialmente bem sucedida e que, por pouco mais de dois meses, chegara a controlar os destinos da capitania.


Domingos José Martins (1781-1817) (1)

Este movimento republicano foi chefiado por Domingos José Martins. Nasceu no sítio Caxangá, nas proximidades de Itapemirim, hoje município de Marataízes, no estado do Espírito Santo, e foi fuzilado em Salvador, Bahia, em 12 de junho de 1817. A Revolução Pernambucana de 1817 visava proclamar a independência do Brasil, ainda sob o jugo de Portugal, e implantar o regime democrático.

Embora a devassa tivesse sido suspensa em 1818, por uma especial demonstração de clemência de D. João VI na hora da sua coroação, ninguém ignorava que ainda muitos revolucionários moravam em Olinda e Recife.

No entanto, em 1821, o rei autorizou a criação do tribunal, fundamentando sua decisão nas "dificuldades que experimentavam os habitantes da Província de Pernambuco, de recorrerem à Relação da Bahia para o prosseguimento das suas causas, pela grande distância de huma e outra Província, avultadas despesas, separação de suas famílias, interrupção dos trabalhos de que tirão a sua subsistência, e outros muitos inconvenientes". Conforme a fundamentação, esses empecilhos seriam demasiadamente sérios, mesmo sendo os processos "entregues a procuradores", o que teria "induzido a muitos a deixarem sem última decisão os seus pleitos, preferindo antes perdel-os do que sujeitarem-se a tão graves incommodos".


D. João VI

Traindo, de certa maneira, a solicitação de Olinda, o rei resolveu estabelecer a sede da nova Relação na cidade do Recife, mais importante e dinâmica do ponto de vista administrativo e comercial.

Desta vez, D. João VI não perdeu tempo em mandar redigir novo regimento. Estava ainda recente o que fora outorgado ao tribunal de São Luís. O Alvará de criação limitou-se a dar à Relação do Recife "a mesma graduação e alçada que tem a do Maranhão", indicando que "será presidida pelo Governador e Capitão General que atualmente o he e for para o futuro da Província de Pernambuco, e será composta do Chanceler e do mesmo número de Desembargadores e Oficiais que tem a referida Relaçãoo do Maranhão".






Alvará de 6 de Fevereiro de 1821

O Alvará acrescentava, ainda, que "O seu Presidente, Ministros e Officiaes vencerão os mesmos ordenados, ajudas de custo, propinas, assignaturas e emolumentos concedidos ao Governador, Ministros e Officiaes da Relaçãoo do Maranhão, servindo-lhe de Regimento o mesmo que pelo Alvará de 13 de Maio de 1812 fui servido dar à Relação do Maranhão, menos quanto aos recursos, que os deverá dar para a Casa da Suplicação do Brasil". Percebe-se, assim, que apesar de o rei e a Corte residirem no Brasil desde 1808, o tribunal maranhense continuava a dar recurso à Casa da Suplicação de Lisboa.


Casa de Suplicação de Lisboa (séc. XVII)

Ainda em 6 de Fevereiro de 1821 foram designados os primeiros membros do novo tribunal: António José Osório Pina Leitão, Eusébio de Queiroz Matoso, Bernardo José da Gama, João Pereira Sarmento Pimentel e João Evangelista Faria Lobato, todos eles na qualidade de Desembargadores dos Agravos. Eusébio de Queiroz Matoso acumulava o cargo de Procurador da Coroa, João Pereira Sarmento Pimentel, o de Ouvidor do Crime e João Evangelista Faria Lobato, o de Ouvidor do Cível.


Eusébio de Queiroz Matoso

Aderindo à Revolução portuguesa, à revelia do governo de Rego Barreto, os liberais instalaram uma Junta de Governo, em Goiana, ao que Barreto respondeu com a formação de outra junta, por ele presidida, na cidade do Recife.

Enquanto isso, os desembargadores designados para o novo tribunal aguardavam pela instalação. D. João VI já tinha retornado a Lisboa; D. Pedro tinha demasiadas preocupações para se lembrar do projecto.


D. Pedro IV, rei de Portugal
D.Pedro I, imperador do Brasil
[D. Pedro, Duque de Bragança] [Visual gráfico / Primavera, 1833.
[S.l. : s.n., 1833] ([Lisboa]: O.R.L.. - 1 gravura : litografia, p&b

Finalmente, depois de muita insistência, D. Pedro autorizou a instalação, que foi efectivada em 13 de Agosto de 1822, faltando menos de um mês para a declaração da Independência. No dia anterior, o desembargador António José Osório Pina Leitão prestara juramento como Chanceler interino, em substituição do titular, Lucas Monteiro de Barros, futuro Visconde de Congonhas do Campo. Embora esse juramento devesse ser prestado perante o Chanceler Mor do Reino, a pressa por acelerar a instalação definitiva e o carácter de interino fizeram com que esse compromisso fosse formalizado ali mesmo, perante a Junta de Governo de Pernambuco.

Já no dia 13 aconteceu a instalação do tribunal, tomando como sede provisória o antigo Erário Régio. Salas e mobília eram improvisadas, o quadro de servidores estava incompleto e não existia ainda o oratório onde, regimentalmente, todos os dias os desembargadores ouviriam missa antes de entrar em sessão, isso tudo evidenciando, ainda mais, a pressa por consolidar o tribunal antes que qualquer nova eventualidade viesse adiar mais uma vez o seu funcionamento efetivo.


Lucas António Monteiro de Barros,
o Visconde de Congonhas do Campo (1767-1782)

Ouvida a missa e tomado o juramento aos demais desembargadores, a Relação começou logo a funcionar, resolvendo "que fossem os dias terças-feiras e sábados de todas as semanas os destinados para as secções deste Tribunal, assim como o eram na Relação da Bahia, e na Casa da Suplicação do Rio de Janeiro". Entretanto "como no dia de sábado faz também secções a Junta da Fazenda Nacional de que também é Deputado o Procurador da Coroa e Fazenda", optaram por "oficiar a referida Junta para que haja de substituir com outro o dia de sábado; no que não pode sofrer inconveniente em ordem a que não sofra o respectivo expediente destas importantes secções".

Com a declaração de Independência do Brasil e António José Osorio de Pina Leitão ficou ao serviço do Império, pelo que seria considerado como brasileiro.

Ainda segundo o Diccionario Bibliographico Brazileiro Vol. 1, 1883, pp. 218-219: "foi um delicado cultor da litteratura, sobre tudo da poetica".


Bibliografia:



PINA LEITÃO, António José Osório de Pina – Elegia composta sobre a funesta morte do Príncipe do Brasil D. José. Lisboa, Off. de António Gomes, 1788, in 4º de 15 páginas. (2)



É uma composição em versos soltos, publicada com o nome António José Osório.


©Livraria Castro e Silva

©Livraria Castro e Silva

PINA LEITÃO, António José Osório de Pina – Tradução Livre ou Imitação das Geórgicas de Virgílio em verso solto, E outras mais Composições Poeticas. Offerecidas Ao Illmo, e Exmo. Senhor JOSE’ DE SEABRA DA SILVA, Ministro Secretario de Estado dos Negocios do Reino. &c. &c. &c. por ANTONIO JOSE’ OZORIO DE PINA Leitão. Juiz de Fóra d’Alfandega da Fé. LISBOA: Na Typografia Nunesiana. Anno 1794. In 8º (de 17x11 cm) com 256- (VII) pags.

Contem a tradução das Geórgicas em versos soltos, seguindo-se oito odes e vinte e oito sonetos originais do tradutor.


©Livraria Castro e Silva

Encadernação da época inteira de pele com ferros a ouro na lombada.

Esta obra foi bastante bem acolhida.

A Academia Real das Ciências de Lisboa premiou em sessão pública de 12 de Maio de 1790 o livro II, que o tradutor lhe apresentara.

Bocage qualificou de boa esta versão numa das notas que terminam a que ele fez do livro I das Metamorfoses de Ovidio, porém este testemunho não obstou a que José Maria da Costa e Silva, tratando da mesma versão na Revista Universal Lisbonense, tomo VI pag. 425, a considerasse como “obra de medíocre merecimento”.

Este livro teve uma segunda edição, Lisboa, 1804.





PINA LEITÃO, António José Osório de Pina – Alfonsiada. Poema heroico da fundação da Monarquia Portugueza pelo Senhor Rey D. Alfonso Henriques. Bahia, Typ. de Manuel António da Silva Serva, 1818, in 4º de 278 páginas. Este livro é ilustrado com os retratos de D. Afonso Henriques, de D. João VI e do autor, assinados por A. do Carmo, como artista, e gravados por J.J. de Souza (Joaquim Inácio Ferreira de Sousa). (3)

J. J. Ferreira de Sousa é conhecido por ter trabalhado na Casa Tipográfica do Arco do Cego e na Impressão Regia de Lisboa na primeira década do século XIX. Em 1816 executou as gravuras incluídas na Colecção de retratos de homens que adquiriram nome, publicada no Rio de Janeiro.


Assinaturas do artista e gravador

O poema compõe-se de doze cantos em oitava rima.





Foi elogiado por Ferdinand Denis no seu Résumé de l’Histoire Litteraire du Portugal, p. 487 (“este poema oferece alguns episódios notáveis”). "Comtudo parece-me que poucos leitores terão tido a paciencia necessaria para o levarem ao fim", segundo o Diccionario Bibliographico Brasileiro.

Como apontamento de curiosidade refira-se a cronologia dos principais eventos históricos e publicações literárias, ocorridos no Brasil, na segunda metade do século XVIII até o primeiro quartel do XIX, período conhecido como Arcadismo, referente ao ano de 1818, no qual se publicou a Alfonsíada:

- Biblioteca do arquiteto Zé da Costa e Silva comprada pelo governo português e incorporada à Biblioteca Real (Rio de Janeiro)
- O governo real baixa alvará com força de lei contra instituições maçônicas
- Coleridge: On poesy (sic) or art
- Pe. Feijó: Cadernos de Filosofia (até 1821)
- Walter Scott: Ivanhoé
- Schopenhauer: O mundo como vontade e como representação
- Byron: D. Juan
- Francisco de Melo Franco: O Reino da Estupidez
- Diogo Duarte e Silva: Elogio de D. João VI
- Bernardo Avelino Ferreira de Sousa: Elogio Dramático e Ode a Paulo Fernandes Viana (Chefe de Polícia)
- António José Osório de Pina Leitão: Alfonsíada (poema heróico em doze cantos, Bahia)

Publicou ainda:

PINA LEITÃO, António José Osório de Pina – Ode pindarica ao Ell.mo e Ex.mo sr. Conde dos Arcos" in Relação do festim que ao Ill.mo e Ex.mo sr. Conde dos Arcos... deram os subscritores da Praça do Commercio. Bahia, Typ. de Manuel António da Silva Serva, 1817, in 4º de 64 páginas.

PINA LEITÃO, António José Osório de Pina – Ode pindarica offerecida a Elrei o sr. D. João VI na sua gloriosa acclamação. Bahia, Typ. de Manuel António da Silva Serva, 1818, in 4º de 10 páginas.

PINA LEITÃO, António José Osório de Pina – Ode pindarica offerecida a el-rei nosso senhor dom João VI, na ocasião do fustissimo parto da princeza real, Rio de Janneiro, 1819, in 4º de 13 páginas.



Mas como disse acima, mais do que o autor, ou a obra, o meu interesse centrava-se na casa impressora – a Typographia de Manuel António da Silva Serva.


Marca da Impressora

Aqui ficam igualmente alguns apontamentos sobre esta tipografia.

Manuel António da Silva, nasceu em Cerva, (Serva à maneira de alguns documentos antigos), Vila Real de Trás-os-Montes, comerciante, e tal como muitos outros daqueles tempos, emigrou para o Brasil, nomeadamente para Salvador, Brasil, no ano de 1797. Aí começou a vender móveis cristais e livros importados da Europa.

Foi tesoureiro da irmandade da Devoção do Senhor Bom Jesus do Bomfim, quando provavelmente criou as "medidas" do Senhor do Bomfim, mais conhecidas como "fitinha do Bonfim", cujo uso foi introduzido em 1809.

Quando o Príncipe Regente a caminho do Rio de Janeiro em 1808, onde tinha a sua Residência Real, fez uma visita inesperada a Salvador, as forças locais empenharam-se ao máximo para persuadi-lo a permanecer na cidade, embora não conseguissem o seu objectivo ficaram atentas ao desenrolar dos acontecimentos.

Observaram que um dos primeiros resultados da chegada da Corte foi a organização da Imprensa do Governo.

Perante este facto, o livreiro Manuel António da Silva Serva tenta obter a permissão para ir a Inglaterra e adquirir um prelo (máquina tipográfica de imprimir manualmente) para a Bahia.

Após uma pequena passagem por Lisboa, para contratar os artesãos necessários em 18 de Dezembro de 1810, apresentou ao governador Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito, que tinha sido nomeado em 30 de Outubro do mesmo ano, havia pouco tempo ainda portanto, um pedido formal de autorização para começar a imprimir.


D. Marcos de Noronha e Brito,
8º Conde dos Arcos

Não confiando muito, e como não tinha provas de que já tivesse imprimido alguma coisa decidiu partir para o Rio de Janeiro, pensando que lá poderia influenciar no resultado do seu requerimento, e ao mesmo tempo não perdeu a oportunidade de fazer alguns negócios aí durante a sua permanência.

Publicaria uma “Notícia do catálogo de livros que se achão á venda em casa de Manuel António Silva Serva, na Rua de S. Pedro nº 17 o qual o faz por hum commodo preço {…} atendendo a demorar-se muito pouco tempo nesta Côrte”.

Esta lista deve ser o catálogo mais antigo de uma livraria brasileira, com mais de setecentos itens, ordenada por títulos. Os preços mais comuns eram $480, $560, $960 por volume (devido ao facto de as moedas da época serem múltiplos de quarenta réis). Exemplos: “Curso de Matemática por Belindoso. Com estampas, 4 volumes; Constituição da Hespanha; Exame de Bombeiros. Com estampas; Compendio d’Agricultura, 5 volumes; e o mais caro, Dicionário Italiano e Portuguez, 2 volumes 16$000”.

A carta régia que instruía o governador a aprovar a sua petição foi publicada a 5 de Fevereiro de 1811, três meses depois.

Silva Serva voltou à Bahia, nos Princípios de Abril de 1811, onde começou imediatamente a trabalhar, produzindo as suas primeiras edições em 14 de Maio: um prospecto de quatro páginas para um jornal, um “Plano para o Estabelecimento de huma Biblioteca Publica na Cidade de S. Salvador” (em quatro páginas) e um impresso em onze páginas, “a Oração Gratulatoria do Príncipe Regente” de Inácio José Macedo.


Inácio José Macedo

Os projectos de um jornal e de uma biblioteca pública eram, ambos, claras tentativas de competir com o Rio de Janeiro, e os dois foram realizados pouco depois. A biblioteca, inspirada pela inauguração da Biblioteca Real Portuguesa, no Rio em 27 de Julho de 1810, deveu-se muito ao interesse do Conde dos Arcos.

O jornal - "Gazeta da Bahia - Idade d'Ouro do Brazil" -  surgiu no mesmo ano, vindo a se tornar o terceiro jornal da história do Brasil (depois do "Correio Braziliense" e da "Gazeta do Rio de Janeiro", jornal oficial da Coroa).



Idade d’Ouro do Brasil (4)

Publicado em Salvador, foi o primeiro jornal a ser impresso na então Província da Bahia. Com quatro páginas, circulou às terças e sextas-feiras, no período de 14 de maio de 1811 a 24 de junho de 1823. Foi um coadjuvante no processo de consolidação de uma cultura científica no país, publicando esporadicamente artigos ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico.

Tinha uma linha editorial conservadora, defendendo o absolutismo monárquico português.

Em Janeiro de 1812, Silva Serva passou a publicar uma revista semanal, encartada no jornal, denominada Variedades. Tinha uma função semelhante à de um suplemento cultural dos jornais de hoje e é reconhecida como a primeira revista da história da imprensa brasileira.

Até 1821 este jornal "publicaria os atos oficiais, anúncios e notícias gratulatórias e fúnebres" (PASSOS, 1952, p. 34).

Algumas regras foram emitidas por portaria de 5 de maio de 1811 (PASSOS, 1952, p. 32-33), regulando as normas para circulação do jornal, que deveria:

Publicar "todos os Direitos Ministeriais e Econômicos; cujo conhecimento convém publicar, discorrendo sôbre o intêresse público que deflui das disposições e medidas que nêles se contem";
Anunciar "as novidades mais exatas de todo o Mundo [...]";
Contar "as notícias Políticas" de forma singela;
Descobertas úteis;
Fazer "menção dos despachos civis e militares, particularmente desta Capitania".

Para aprovar as publicações de Serva, o Governo Provincial criou uma Comissão de Censura, formada por cinco membros, dois dos quais deviam ser clérigos. Essa comissão funcionou até 1821.

Segundo Octavio Mangabeira, esta primeira editora particular do Brasil funcionaria, contudo, "sob a condição imprescindível de submeter quaisquer artigos, que houvesse de publicar, ao prévio exame de uma comissão civil ou eclesiástica" e "foi instalada por cima dos Arcos de Santa Bárbara, na Freguesia da Conceição da Praia".

A tipografia de Serva era formada, como destaca Moraes (2006, p.141), por:

Dois prelos com os tipos e apetrechos necessários;
Um mestre impressor;
Um revisor de provas;
Um encadernador - oficial encarregado de dobrar as folhas impressas de maneira a formar cadernos prontos para a costura;
Quatro serventes de prelo;
Seis aprendizes.

Ou seja, o número de empregados da oficina – o impressor chefe Marcelino José, o revisor de provas – Bento José Gonçalves Serva, seis aprendizes de composição (meninos entre 12 e 15 anos), quatro impressores e um encadernador, já com dois prelos, tornavam esta tipografia maior do que um mercado de tamanho tão limitado poderia justificar: o catálogo que publicou em 1812 não exigiu uma tiragem superior a cem exemplares.

Durante o primeiro ano teve a ideia de fabricar prelos em madeira de pau-brasil e exporta-los para Inglaterra, onde os trocaria por suprimentos de papel e outros equipamentos. Só que como pau-brasil era monopólio da Coroa a ideia esfumou-se.

Entretanto aparece o prelo de ferro, mas o seu custo era elevado, de cerca de 90 libras, pelo que em 1815 foi-lhe concedido um empréstimo (quatro contos de réis pagáveis em dez anos).

O governo também lhe prestou auxílio quando confiscou um prelo dum concorrente que fora importado em 1810, pela firma Barroso, Martins Dourado e Carvalho. O Embaixador Português em Londres havia relatado que esta aquisição fora uma iniciativa secreta do próprio Hipólito da Costa, mas é possível que esta tenha servido apenas de agente comercial, pois no jornal que fundara pomposamente intitulado “Gazeta da Bahia, Idade de Ouro”, os seus redactores, o português Diogo Soares da Silva de Bivar e o padre Inácio José Miranda, assumiram perante as autoridades uma lealdade quase servil.


Hipólito da Costa

Manuel António da Silva Serva, um homem “alto, gordo, rosto redondo trigueiro e bastante barba, num esforço para ampliar seu mercado, nomeou seu conterrâneo, Manuel Joaquim da Silva Porto, seu agente no Rio, para vender as suas publicações. Além disso, fez várias viagens à capital do Império para obter encomendas. Como os preços cobrados pela impressão Régia eram escandalosamente altos, tornava-se fácil conseguir tais encomendas. Assim, ele foi o primeiro concorrente da gráfica do Governo, visto que, antes de 1821, os concorrentes do Rio estavam proibidos de trabalhar.

Durante a sua quarta viagem para o Rio de Janeiro, Silva Serva morreu, em 3 de Agosto de 1819. Dois meses antes, tinha admitido como sócio o seu genro, José Teixeira e Carvalho, de modo que a firma continuou como “Typografia da Viúva Serva e Carvalho”. Mais tarde, em 1819, o seu único filho (também Manuel) começou a trabalhar na firma. Nesta altura a situação da firma estava boa, os dois prelos estavam tão sobrecarregados de trabalho que foram precisos dois anos para se desobrigarem das tarefas.

Com a morte de Silva Serva, Salvador perdeu muito do seu interesse como centro editorial.

A editora de Silva Serva sobreviveu até 1846, mas perdeu a sua posição de monopólio em 1823.

Durante a luta pela independência em 21 de Agosto de 1822, a junta pró-Portugal passou a governar em Salvador, e invadiu as suas instalações para interromper a impressão do jornal nacionalista, o Constitucional.

Os seus editores fugiram para Cachoeira, onde instalaram a sua própria gráfica e imprimiram sua continuação, o semanário O independente Constitucional.

No entanto, a tipografia de Serva continuou a imprimir a sua Gazeta da Bahia, pró-Portugal. Quando a causa nacionalista triunfou, a 24 de Junho de 1823, não só apenas a Gazeta da Bahia teve de interromper a sua publicação mas também a Tipografia acompanhou as forças brasileiras vitoriosas de volta à capital provincial.

Segundo o bibliófilo Renato Berbert de Castro, pelo menos 176 títulos foram publicados pela editora de Silva Serva, ao longo de sua vida. De acordo com Octavio Mangabeira, inúmeros outros periódicos, para além do Gazeta da Bahia, foram impressos na tipografia da família, que, entre 1811 e 1843 "esteve mais ou menos ligada à quase totalidade dos jornais que se publicaram na Bahia".

Pode-se afirmar que Manuel António da Silva Serva foi de Portugal, em 1797, para fazer história no Brasil. Radicou-se na Bahia, onde fundou, com a autorização real, em 1811, a primeira tipografia e editora privada do país – três anos depois da Impressa Régia, pioneira no ramo e que pertencia ao rei. Com a licença, o empresário pode publicar a primeira revista brasileira, a As Variedades; o primeiro jornal do estado – e o terceiro do país – O Gazeta da Bahia; e, pelo menos, 176 títulos de livros.

Terminadas que estão as minhas divagações resta-me agradecer a vossa leitura.

Saudações bibliófilas.



Fontes consultadas:

Cronologia

Diniz, J. Péricles – Uma breve trajetória da imprensa no Recôncavo da Bahia durante o século XIX

Domingos José Martins (um benemérito do correio parnaibano)

Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (Hipólito da Costa)

A Impressão da Leitura em Silva Serva

Jornal Actual

Memória da Justiça Brasileira - Volume 2



Notas:

(1) Domingos José Martins (1781-1817), grande comerciante e chefe imortal, liberal, republicano, líder civil da Revolução Pernambucana de 1817. Representava o Comércio na Junta da nova República. Óleo sobre tela de F T J Lobo do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano.
(4) Veja-se este video do Youtube: De Olho no Passado - Jornal Idade D'ouro do Brasil (Quadros apresentados pela historiadora Isabel Lustosa especial para o Observatório da Imprensa sobre a trajetória da imprensa no Brasil).

 
 

sábado, 12 de novembro de 2011

A Casa Literária do Arco do Cego – Apontamentos para um estudo




Quintos, Antonio José (grav.) – Maneira de gravar a agva-forte (1)

A propósito do artigo publicado por Márcia Carvalho Rodrigues no seu excelente blogue Tesouro bibliográfico: Frei Veloso e a Tipografia do Arco do Cego em exposição lembrei-me de alguns apontamentos e textos que tinha dispersos, para estudo, e aos quais decidi dar alguns “retoques” finais para publicação.

Casa Literária do Arco do Cego

Aqui os deixo, meramente como um esboço, pois que outros já fizeram o seu estudo aprofundado, como contributo para uma singela homenagem a esta ilustre figura do século XVIII-XIX da história do livro luso-brasileiro e da tipografia à qual o seu nome permanecerá para sempre ligado.

A Casa Literária do Arco do Cego, projecto editorial instalado em Lisboa a partir de 1799, foi uma iniciativa do então Secretário dos Negócios da Marinha e do Ultramar, D. Rodrigo de Sousa Coutinho (2).


D. Rodrigo de Sousa Coutinho

Até hoje não foi localizado nenhum documento oficial referente à criação da Casa Literária do Arco do Cego. O que se sabe é que em Agosto de 1799, após obras de adaptação na Quinta do Intendente, começa a funcionar a Casa Literária, instalada em local muito próximo da residência D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

Com a protecção de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, a direcção desta casa de edição foi entregue ao brasileiro José Mariano da Conceição Veloso (1741-1811), frei franciscano e naturalista. (3)


Frei José Mariano da Conceição Veloso

Frei Mariano Veloso foi um dos mais importantes botânicos da época. As suas expedições pelo Rio de Janeiro, realizadas entre 1782 e 1790, foram idealizadas pelo Vice-Rei D. Luís de Vasconcelos e levaram-no a percorrer a Serra do Mar, em direcção a Santos, passando pela Ilha Grande e por Paraty, chegando até a Serra de Paranapiacaba.

O naturalista, além de levar consigo alguns escravos, contou com a ajuda de dois religiosos, Frei Francisco Solano (4), que desenhou as espécies e Frei Anastácio de Santa Inês, encarregado das descrições das plantas.


Velloso, Fr. José Marianno da Conceição – Naturalista instruido nos diversos methodos antigos e modernos a ajuntar, preparar, e conservar as producções dos tres reinos da natureza. Lisboa: Officina da Casa Litter. do Arco do Cego, 1800. In 8.º, [4 fs/n]+90+[3 fs/n] (5)

Botânico autodidacta, Frei Mariano Veloso mudou-se para Lisboa, em 1790, trazendo na bagagem para serem publicados os manuscritos e as pranchas relativos à sua Flora Fluminensis, obra resultante de longos anos de pesquisa de campo na província do Rio de Janeiro.


Flora Fluminensis - Frontispício de volume de Estampas

A permanência de Frei Mariano Veloso em Lisboa tem a ver com o seu estreito relacionamento com D. Rodrigo Coutinho e com a convergência de interesses de ambos para um desenvolvimento agrícola do Brasil.

Inicialmente Frei Mariano Veloso foi incumbido de acompanhar o complexo processo de impressão da Flora Fluminensis.

Ainda que redigida em 1790 só seria impressa com as pranchas em 1827, já após sua morte. Não se sabe ao certo as razões para que a obra não tenha sido imediatamente publicada, já que o autor logo se associou a diversos empreendimentos editoriais.

Deste modo, quanto mais passava o tempo, mais desactualizados ficavam os manuscritos, à luz dos saberes botânicos que se renovavam a cada dia. Frei Mariano Veloso, apesar de sua longa prática em história natural, não seguira estudos formais pelo que ficou à margem da Academia das Ciências de Lisboa.


Velloso, José Mariano da Conceição – Flora Fluminensis.
Paris: Off. Lithog. Senefelder, 1827. 11 Volumes.
(Trata-se do Volume I : 21 p., 14 p., 153 gravs.) (6)

Porém, em 1797, D. Rodrigo Coutinho já ampliava as suas responsabilidades atribuindo-lhe a direcção de um conjunto de trabalhos literários para o que constituiu uma equipa gráfica própria para tais trabalhos.

A partir desse pequeno núcleo, Frei Mariano Veloso teve a oportunidade de desenvolver a sua espantosa capacidade como coordenador de edições, tradutor e compilador.


Pé-de-imprensa próprio da Casa Literária do Arco do Cego

Antes mesmo de 1799, quando saíram do prelo as primeiras edições com o pé-de-imprensa próprio da Casa Literária do Arco do Cego, Frei Mariano Veloso já revelara a sua vocação de divulgador, pois que procurou criar uma rede de editores interessados na publicação e distribuição de obras voltadas para a melhoria da produtividade agrícola e divulgação de inovações nas técnicas de cultivo.

Fruto da decisão e vontade política de D. Rodrigo Coutinho, mentor e patrocinador de vários empreendimentos durante toda a sua vida, a Casa Literária do Arco do Cego constituiu-se, certamente, como uma ampliação para melhoria das condições dos trabalhos desenvolvidos na pequena oficina tipográfica então dirigida por Frei Mariano Veloso.

A exemplo da Academia de Ciências de Lisboa, e de outras iniciativas de carácter científico, pedagógico e cultural surgidas durante o reinado de D. Maria I, a Casa Literária do Arco de Cego constituiu-se como mais um espaço editorial e divulgação de produção científica e técnica em torno do qual passou a gravitar um grupo de intelectuais, especialmente jovens brasileiros formados na Universidade de Coimbra.


D.ª Maria I, rainha de Portugal (1777-1815)

A Casa Literária do Arco do Cego pode ser vista como a concretização de um projecto político de D. Rodrigo Coutinho, inspirado no iluminismo, virado para uma política de realçar, interna e externamente, a importância do Brasil e para a acção propagandística de difundir as luzes da ciência, sobretudo no domínio da agricultura, através de publicações ilustradas, bem ao gosto das elites eruditas e académicas da época.

Esta casa de edição foi responsável pela publicação de inúmeras obras ligadas às práticas mais avançadas europeias e coloniais de exploração da natureza e desenvolvimento das ciências e das artes.

A política editorial da Casa Literária do Arco do Cego é característica de um momento de transformação nas práticas portuguesas vigentes até meados do século XVIII.

Publicara-se muito pouco sobre a América portuguesa, já que as autoridades censuravam tudo aquilo que pudesse fornecer às potências europeias informações sobre os produtos coloniais. Um dos exemplos mais relevantes dessa política de segredo que guiava as autoridades portuguesas foi a destruição do livro Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, do jesuíta André João Antonil (Giovanni Antonio Andreoni) (7).


Antonil, André João – Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas …
Lisboa: Na Officina real Deslandesiana, 1711 (8)

Impresso em Lisboa no ano de 1711, foi considerado indesejado pela Coroa portuguesa, por conter informações sobre a localização de riquezas e métodos de preparo do açúcar, pelo que mandou recolher e destruir todos os exemplares. Salvaram-se alguns poucos exemplares, mais precisamente sete.

Dos sete exemplares conhecidos, três encontram-se no Brasil. A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro possui um deles e a Brasiliana da USP outro. Fora do Brasil, os outros quatro exemplares, estão nas seguintes instituições: na Biblioteca Nacional de Lisboa, na Biblioteca de Paris, na Biblioteca Britânica de Londres e na Biblioteca da Universidade Brown de Providence nos Estados Unidos.

Em 1800, a política relativamente à informação impressa transformara-se: Frei Mariano Veloso publicou pela Casa Literária do Arco do Cego um trecho do livro de Antonil intitulado Extracto sobre os engenhos de assucar do Brasil, e sobre o methodo já então praticado na factura deste sal essencial. (9)


Velloso, Fr. José Mariano – Extracto sobre os engenhos de assucar do Brasil, e sobre o methodo já entaõ praticado na factura deste sal essencial: tirado da obra Riqueza e Opulencia do Brasil, para se combinar com os novos methodos, que agora se propoem debaixo dos auspicios de S. Alteza Real o Principe Regente Nosso Senhor / por Fr. José Mariano Velloso.
Lisboa: na Typographia Chalcographica, e Litteraria do Arco do Cego, 1800.
[8], 116, [8] p., [4] f. grav. desdobr. : il. ; in 4.º. (10)

Naquele momento, acreditava-se que a prosperidade económica da metrópole dependia, em grande parte, do desenvolvimento da agricultura na América portuguesa, daí a predominância de obras sobre agricultura produzidas pela casa editorial.

Deste modo, a Casa Literária do Arco do Cego abarcou uma larga variedade temática, com ênfase na agricultura e nos conhecimentos que se pudessem revelar úteis para o crescimento de Portugal e do seu imenso território americano.

Esta linha temática da divulgação de novas práticas agrícolas, escritas principalmente por autores franceses e ingleses, visava, além da agricultura portuguesa, a modernização da economia brasileira.


Massac, Pierre-Louis de – Memoria sobre a Qualidade e
Emprego de Adubos, ou Estrumes (trad.)
Lisboa: Na Typographia Chalcographica e
Litteraria do Arco do Cego, M.DCCCI. [1801]. (11)

Muitas memórias diziam respeito a métodos de produção de açúcar e outros produtos coloniais. Divulgava-se também o uso de máquinas simples que pudessem tornar mais produtivo o sistema de produção baseado no trabalho escravo.

Pelas suas actividades anteriores, onde se incluíam as desenvolvidas ainda no Brasil, justificou-se plenamente a escolha do brasileiro Frei Mariano da Conceição Veloso para gerir este projecto editorial.


Frei José Mariano da Conceição Veloso

Homens como ele, nascidos no Brasil, foram peças-chave na realização da política de modernização de Portugal, iniciada já em meados do século XVIII pelo ministro Marquês de Pombal.

Na viragem do século XVIII para o XIX, a presença desses brasileiros foi visível em diversos circuitos, especialmente na esfera do ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho e do naturalista paduano Domenico Vandelli, director do Jardim Botânico da Ajuda.

Foi precisamente neste grupo de técnicos e naturalistas que Frei Mariano Veloso, se integrou.

Também começou a ter contacto com tipografias como a de Simão Thaddeo Ferreira.

Não será por acaso que este publicará a obra de Frei Mariano Veloso Alographia dos alkalis fixos vegetal ou potassa, mineral ou soda e dos seus nitratos … Lisboa: Na Offic de Simão Thaddeo Ferreira, 1798.


Alographia dos alkalis fixos vegetal ou potassa, mineral
ou soda e dos seus nitratos …
Lisboa: Na Offic de Simão Thaddeo Ferreira, M.DCC.XCVIII [1798] (12)

“Sem livros não há instrução”, esta afirmação de Frei Mariano Veloso sintetiza sua confiança no poder do livro para levar aos lavradores os conhecimentos práticos e os conselhos úteis de que necessitavam para promover uma agricultura moderna.

Não é por acaso, que a sua primeira obra de grande fôlego como compilador e divulgador foi O Fazendeiro do Brasil Criador.


Velloso, José Mariano da Conceição, (compil.) – O fazendeiro do Brazil Criador.
Lisboa: Typographia Chalcographica, Typoplastica e
Litteraria do Arco do Cego, 1801. 10 Vol. (13)

Concebida nos moldes de uma verdadeira enciclopédia ilustrada agrícola, a obra completa perfazia dez volumes e a sua publicação deveu-se à excepcional capacidade de Frei Mariano Veloso para articular o interesse de diversos tipógrafos lisboetas em torno de um mesmo projecto editorial.


José Mariano da Conceição Velloso, in O Fazendeiro do Brasil, (Lisboa, 1806), vol. 2, tábua 1, imagens da p. 341. “Trabalho do terreno para se plantar hum [um] indigoal, e para o colher” - mostra várias fases da plantação de índigo (anileira): fig. 1 (topo) descreve o preparo da terra para o plantio, usando um arado; fig. 2 (centro) mostra o uso de enxadas para fazer os buracos onde as sementes de índigo são lançadas; fig. 3, descreve a colheita da planta, juntando-as em feixes, e seu carregamento para tanques na etapa seguinte do processo. O painel inferior mostra as ferramentas e instrumentos usados no indigoal. A identificação das imagens e descrição de seus detalhes é mostrada nas pp. 332-333

Entre as obras publicadas nesse período predominam as que versam sobre economia agrícola, embora outros assuntos, como Medicina e História Natural, especialmente o ramo da botânica, campo de interesse particular de Veloso, também tenham sido contemplados.

No seu breve mas intenso período de funcionamento, 1799-1801, a Casa Literária do Arco do Cego publicou mais de 80 títulos bibliográficos, dos quais 36 eram originais de autores portugueses ou brasileiros, 46 eram traduções e 6 edições em latim. A predominância de obras editadas em português evidenciava o propósito da mesma em alcançar um maior número de leitores.

É importante salientar que a Casa Literária do Arco do Cego foi muito mais que uma mera casa editorial.

No seu interior funcionava um verdadeiro complexo de produção livreira que abrigava desde as várias funções ligadas às artes gráficas até a própria produção e tratamento dos textos (traduções, adaptações, compilações) que seriam publicados.

Além da tipografia, a Casa Literária do Arco do Cego contava também com uma oficina tipoplástica, responsável por produzir os seus próprios tipos ou caracteres de imprensa e, ainda, mantinha a sua própria oficina de calcografia, ou Aula de Gravura que, segundo o modelo escolhido por Frei Mariano Veloso, funcionava como um espaço de aprendizagem em acção para o grande grupo de gravadores que abrigava.

Além de ter publicado um número expressivo de livros, a editora funcionou como uma oficina para a aprendizagem das artes tipográficas e da gravura.


Velloso, José Mariano da Conceição, (compil.) – O fazendeiro do Brazil Criador.
Lisboa: Na Officina de Simão Thaddeo Ferreira, M.DCCC [1800]. (14)

A profusão de imagens veiculadas por ela é até hoje objecto da nossa admiração. A editora procurou adoptar as técnicas mais modernas disponíveis na época. Além da modernização técnica, Frei Mariano Veloso tentou divulgar o que havia de mais recente na Europa. Por ela saíram publicadas inúmeras traduções de obras francesas e inglesas, principalmente de história natural aplicada. Além disso, há manuais de ensino de matemática, náutica, gravura, há poesia e obras de carácter mais filosófico.

Velloso, José Mariano da Conceição – Aviario brasilico ou Galleria
ornithologica das aves indigenas do Brasil.
Lisboa: Na Officina da Casa Litteraria do Arco do Cego, M.DCCC [1800]. (15)

Uma das marcas dos livros publicados por Frei Mariano Veloso era o uso intensivo e didáctico de imagens, o que servia ao duplo objectivo de instruir e entreter.

A Casa Literária do Arco do Cego acabou por se constituir num espaço de trabalho e de sociabilidade intelectual para um número significativo de brasileiros.

Para além da “sociabilidade tipográfica de pendor brasileiro” que Frei Mariano Veloso construiu ao seu redor, trabalhar com ele era para os brasileiros na metrópole uma garantia de subsistência e de adquirir visibilidade profissional. Alguns desses jovens bacharéis chegaram a morar nas dependências da Casa Literária do Arco do Cego, que contava também com verbas para as refeições dos seus colaboradores.

Pertencer a esse grupo era uma garantia de estar sob o olhar atento de D. Rodrigo Coutinho, e, sobretudo, ter as habilidades profissionais conhecidas pelo mentor e sustentador do empreendimento.

Em diferentes fases do projecto da tipografia editorial, regista-se a participação de vários autores e/ou tradutores brasileiros. Figuram entre os colaboradores do Arco do Cego, os brasileiros Manuel Arruda da Câmara, António Pires da Silva Pontes Leme, António Carlos Ribeiro de Machado da Silva e seu irmão Martim Francisco Ribeiro de Andrada, Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, João Manso Pereira, José da Silva Lisboa, Vicente Coelho de Seabra Silva Teles, Luís António de Araújo e José de Sá Bethencourt e Accioli.

Para além dos brasileiros residentes na metrópole, os graduados em Coimbra que desenvolviam estudos no Brasil, contaram com o acolhimento de Veloso para a publicação dos seus trabalhos. Não é, portanto, casualidade o facto do primeiro livro a sair dos prelos do Arco do Cego ser a Memória sobre a cultura dos algodoeiros, e sobre o método de o escolher e ensacar, …, em que se propõem alguns planos novos para o seu melhoramento, remetida de Pernambuco pelo seu autor, Manuel Arruda da Câmara. (16)


Câmara, Manuel Arruda da – Memoria sobre a cultura dos algodoeiros, e sobre o methodo de o escolher, e ensacar etc : em que se propoem alguns planos novos, para o seu melhoramento... / por Manuel Arruda da Camara... ; impressa... por Fr. Joze Mariano da Conceição Velloso.  Lisboa: na Officina da Casa Litteraria do Arco do Cego, M.DCCLXXXXIX [1799]. - [4], 80, [3] p., [6] f. desdobr. ; 4º (21 cm) (17)

Médico e fazendeiro, Manuel Arruda da Câmara trocava correspondência com Frei Mariano Veloso, informando-o sobre as suas pesquisas e projectos e recebendo do editor orientações de como proceder nos seus trabalhos de campo. João Manso Pereira, radicado em Santos, teve dois dos seus ensaios sobre nitreiras artificiais publicados pela Casa Literária do Arco do Cego.

Do ponto de vista financeiro, a Oficina do Arco do Cego dependia inteiramente das verbas provenientes da Secretaria da Marinha que garantia o pagamento das despesas de manutenção das instalações, de compra das máquinas e equipamentos que se foram adquirindo, das matérias-primas, dos ordenados do grande número de profissionais qualificados ali empregados e o sustento dos residentes, como o grupo de brasileiros e os alunos da Aula de Gravura.

Instalou-se mesmo uma loja aberta no Rossio, porém, foram irrisórias as quantias arrecadadas com as vendas, inclusive algumas para fora de Lisboa. Com alguma frequência, fizeram-se remessas de obras para o Brasil mas, aí também, o retorno financeiro não teria compensado o investimento.

Apesar do intenso ritmo de actividades sustentado pelos profissionais da Casa Literária do Arco do Cego, expresso na quantidade de publicações e gravuras saídas de seus prelos, e do incansável trabalho do seu editor e director, Frei Mariano da Conceição Veloso, a editora nunca chegou a ser economicamente rentável.

Após 28 meses de funcionamento, dívidas, empréstimos e o colapso da tesouraria, a Casa Literária do Arco do Cego foi extinta em Dezembro de 1801.


Lista das obras e chapas que Frei José Mariano da Conceição Veloso
imprimiu e fez imprimir na oficina do Arco do Cego. (18)

Contudo, o seu monumental espólio bibliográfico, oficinas e pertences foram transferidos para a Imprensa Régia, que, pela letra da lei, se comprometia a dar prosseguimento ao programa editorial da Casa Literária do Arco do Cego, continuar as obras em andamento, principalmente as obras botânicas de Frei Mariano Veloso, a executar outras e a empregar os artistas gravadores.

Essas determinações representaram, dentro de certa medida, uma forma sobrevivência da Casa Literária do Arco do Cego, mesmo após sua extinção formal.

Por essa época, D. Rodrigo de Sousa Coutinho assumia a Secretaria da Fazenda, à qual a Imprensa Régia estava subordinada. Frei Mariano Veloso, juntamente com Hipólito Ferreira da Costa, outro dos brasileiros protegidos de D. Rodrigo Coutinho, foram nomeados membros da Junta Administrativa, Económica e Literária, incumbida de gerir a tipografia régia. Frei Mariano Veloso permaneceria nessa função até 1808.

Em 1809 voltou ao Rio de Janeiro, instalou-se no Convento de Santo António, onde faleceu em 1811.

A parceria de D. Rodrigo de Sousa Coutinho com Frei Mariano da Conceição Veloso possibilitou a realização de um dos mais ambiciosos projectos de divulgação cultural do séc. XVIII português. Os temas relativos ao aproveitamento do potencial agrícola do Brasil foram colocados no centro das atenções da metrópole, a expansão da informação científica e a divulgação de conhecimentos úteis para um público alargado, enriquecidas com o suporte inestimável da imagem, numa dimensão até então nunca vista, significaram um salto para o futuro em termos de edição.

O conjunto das publicações dos trabalhos literários dos primeiros anos somado à produção da Casa Literária do Arco do Cego, totalizam cerca de 140 obras, verdadeira proeza editorial, concretizada em pouco mais de dez anos. Às expensas da Fazenda Real e sob o mecenato ilustrado de D. Rodrigo Coutinho, Frei Mariano Veloso conseguiu produzir quase tudo o que projectara, mesmo não tendo vivido para ver a publicação de sua obra maior, a Flora Fluminensis.

Os acervos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e da Biblioteca Nacional de Portugal, assim como a Brasiliana da USP, contêm inúmeras obras impressas na Casa Literária do Arco Cego. Além disso, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro possui, desde a morte de Frei Veloso, diversas matrizes originais de cobre gravadas, produzidas pela tipografia. Ao que tudo indica, essas placas haviam sido enviadas para a Impressão Régia no Brasil e posteriormente ficaram com o religioso.


Quassia Simaruba - Gravura
Tipografia Calcográfica, Tipoplástica e Literária do Arco do Cego (imp.)
Lisboa : Typographia Chalcographica e Litteraria do Arco do Cego, 1801

Como disse logo no início, este trabalho representa apenas uma homenagem ao responsável pela Casa Literária do Arco do Cego no 2º centenário da sua morte, pretendendo deixar pistas e referências para outros trabalhos – esses sim verdadeiros estudos biobibliográficos e fundamentais para o conhecimento da história do livro.

Assim sugiro, entre muitos outros:



Gama, José de Saldanha da – Biographia e Apreciação dos Trabalhos do Botanico Brasileiro Frei José Mariano da Conceição Velloso. Rio de Janeiro: Typ. de Pinheiro & C., 1869.

A Casa Literária do Arco do Cego: bicentenário: 1799-1801 / autores dos estudos Diogo Ramada Curto, Maria de Fátima Nunes, João Carlos Brigola (e outros); responsável científico Miguel F. Faria.- Lisboa: Biblioteca Nacional, 1999.- 283 p.: il.

E não quero deixar de referir esse polo de investigação fundamental para um conhecimento da história do livro que é o Centro de Memória Editorial Brasileira – Lhied: Núcleo de Pesquisa sobre Livro e História Editorial no Brasil (http://www.uff.br/lihed/index.php/artigos-e-ensaios.html), onde podemos ter acesso a uma grande diversidade de obras sobre este tema.

Do mesmo refiro três trabalhos do Prof. Aníbal Bragança pela sua especificidade com o assunto em estudo:



Bragança, Aníbal – Antecedentes da instalação hipertardia da tipografia ao Brasil (1747-1808) in FLOEMA. Caderno de Teoria e História Literária é uma publicação semestral editada sob a responsabilidade da Área de Teoria e Literatura do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (DELL) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). - Ano III, n. 5 A, p. 113-135 out. 2009 (Neste caso pág. 122 a 126)



Bragança, Aníbal – António Isidoro da Fonseca, Frei Veloso e as origens da história editorial brasileira. Anais do XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação –, editado pela Intercom, S. Paulo, 2007. ISBN 978-85-86537-26



Bragança, Aníbal – Arco do Cego e Impressão Régia (Lisboa e Rio de Janeiro): sobre rupturas e continuidades na implantação da imprensa no Brasil. in Mídia, ecologia e sociedade. Anais do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. S. Paulo: Intercom, 2008. ISBN 978-85-88537-43-9


Espero ter contribuido com estes meus apontamentos, ainda que duma forma modesta, para a divulgação desta Casa Tipográfica e da figura do Frei José Mariano da Conceição Veloso.

A profusão de notas e remissão para outras páginas, bem mais informativas do que este meu esboço, tem por objectivo permitir aos interessados, leituras mais completas, que possibilitem um conhecimento mais aprofundo do assunto.

Resta-me agradecer a paciência da vossa leitura.

Saudações bibliófilas.


Fontes consultadas:

Brasiliana USP: Frei Mariano Veloso e a Tipografia do Arco do Cego

Lorelai Kury (Casa de Oswaldo Cruz/Uerj/Cnpq) – A Tipografia do Arco do Cego: Frei Veloso enciclopedista

LUGARES & ACONTECIMENTOS – A Tipografia do Arco do Cego

LUNA, Fernando J. - Frei José Mariano da Conceição Veloso e a divulgação de técnicas industriais no Brasil colonial: discussão de alguns conceitos das ciências químicas. Hist. cienc. saude-Manguinhos [online]. 2009, vol.16, n.1 [cited 2011-11-07], pp. 145-155 .
Available from: .
ISSN 0104-5970.


Notas:

(1) Quintos, Antonio José (grav.) – Maneira de gravar a agva-forte [gravura do frontispício]
Lisboa: Typographia Chalcographica, Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego,1801
Parte de: Tratado da gravura a agua forte, e a buril, e em madeira negra com o modo de construir as prensas modernas, e de imprimir em talho doce

(2) D. Rodrigo de Sousa Coutinho - Wikipédia

(3) José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811) - Instituto Camões

(4) Francisco Solano – Wikipédia

(5) Velloso, José Mariano da Conceição – Naturalista instruido nos diversos methodos antigos, e modernos de ajuntar, preparar, e conservar as producções dos tres reinos da natureza colligido de differentes authores, dividido em varios livros. Reino animal. I. Tom. Debaixo da protecção, e ordem de S. Alteza Real, o principe regente nosso senhor … (Open Library)
Acessível em:

(6) Velloso, José Mariano da Conceição – Flora Fluminensis (Volume 01)
(Título alternativo: Petro Nomine ac Imperio Primo Brasiliensis Imperii Perpetus Defensore Imo Fundatore Scientiarum Artium Litterarumque Patrono et Culture Jubente Florae Fluminensis Icones Nunc Primo Editur Vol I Edidit Frater Antonius da Arrabida Biblioth. Imp. in Urb, Rio de Janeiro Profectus Caes. Maj. Bras. Poenitentiarius Episc. titul. Elcemosynarii Imp. Coadjutor Studior q. Principum & Imp. Stirpe Moderator.) Paris : Off. Lithog. Senefelder , 1827. 11 Volumes. Trata-se do Volume I : 21 p., 14 p., 153 gravs.

Este e outos volumes podem ser acedidos em:
e em:

(7) André João Antonil (Giovanni Antonio Andreoni) - Wiipédia

(8) Antonil, André João– Cultura, e opulencia do Brasil por suas drogas, e minas

(9) Refira-se que Cultura e opulencia do Brazil, por suas drogas e minas seria reeditado em 1837 no Brasil:
Antonil, André João – Cultura e opulencia do Brazil, por suas drogas e minas. Rio de Janeiro: Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e Comp. , 1837 [VII], 214 p.

(10) Velloso, José Mariano da Conceição – Extracto sobre os engenhos de assucar do Brasil, e sobre o methodo já então praticado na factura deste sal essencial, tirado da obra Riqueza e opulencia do Brasil, para se combinar com os novos methodos que agora se propõem… Lisboa: Typographia Chalcographica e Litteraria do Arco do Cego, 1800.
Acessível em :

(11) Massac, Pierre-Louis de – Memória sobre a qualidade e emprego dos adubos (trad.) Lisboa: Na Typographia Chalcographica e Litteraria do Arco do Cego, 1801.
Acessível em:

(12) Fotografia tirada de:
LUNA, Fernando J. - Frei José Mariano da Conceição Veloso e a divulgação de técnicas industriais no Brasil colonial: discussão de alguns conceitos das ciências químicas. Hist. cienc. saude-Manguinhos [online]. 2009, vol.16, n.1 [cited 2011-11-07], pp. 145-155 .
Available from: .
ISSN 0104-5970.

(13) Velloso, José Mariano da Conceição (compil.) – O fazendeiro do Brazil Criador. Lisboa: Na Typographia Chalcographica, Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego,1801. 250 p. : il., 2 gravs., tabela

Nota: Veloso tinha por intenção publicar, em conjunto com O Fazendeiro do Brasil, em dez volumes dedicados à agricultura, uma outra série, intitulada O Fazendeiro do Brasil criador, cujo objetivo seria, tal como ele afirma no prefácio, publicar relatórios que explicassem aos proprietários de terra sobre como obter melhores resultados de seus animais. Infelizmente, apenas o primeiro volume desta série apareceu, o qual trata da produção de leite, queijo e manteiga. Este volume é dificílimo de encontrar. (Cf. Moraes, v. 2, p. 447)

(14) Velloso, José Mariano da Conceição, (compil.) – O fazendeiro do Brazil Criador. Lisboa: Na Officina de Simão Thaddeo Ferreira, M.DCCC [1800].

Volumes acessíveis em:

(15) Velloso, José Mariano da Conceição – Aviario brasilico ou Galleria ornithologica das aves indigenas do Brasil. Lisboa: Na Officina da Casa Litteraria do Arco do Cego, 1800. 12 p., front., 1 grav., "Plano do Aviário Brasílico" em papel azul.
Acessível em:

(16) Manuel Arruda da Câmara – Wikipédia

(17) Camara, Manuel Arruda da – Memoria sobre a cultura dos algodoeiros, e sobre o methodo de o escolher, e ensacar etc : em que se propoem alguns planos novos, para o seu melhoramento... / por Manuel Arruda da Camara... ; impressa... por Fr. Joze Mariano da Conceição Velloso. - Lisboa: na Officina da Casa Litteraria do Arco do Cego, 1799. - [4], 80, [3] p., [6] f. desdobr. ; 4º (21 cm)
Acessível em:

(18) Lista das obras e chapas que fr. José Mariano da Conceição Veloso imprimiu e fez imprimir na oficina do Arco do Cego.
Acessível em: