"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

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sábado, 9 de julho de 2016

Fernando Pessoa – Ultimatum De Alvaro de Campos sensacionista | algumas notas a propósito do livro e de uma Livraria


Ao consultar a página da livraria virtual de Gabriela Gouveia – Livros Antigos localizada na Rua Marcos Portugal, 28-30 | 1200-258 Lisboa (aliás como faço quase todos os dias…) esta apresentou mais uma obra de Fernando Pessoa.


Livraria Gabriela Gouveia – Livros Antigos
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos

E quando digo apresentou para venda, foi isso mesmo, porque já tinha comprador – estava (Reservado)!

Os sempre indigestos Reservados que me fazem muito frequentemente “crises de azia”! A salutar “inveja” que todo o bibliófilo sente quando vê um exemplar cobiçado ser comprado por outro coleccionador (… se calhar também já provoquei algumas crises de azia a outros!); é mesmo assim o coleccionismo bibliófilo (como qualquer outro – e muitas histórias se poderiam contar, mas ficarão para outra altura)

Tratava-se neste caso de Pessoa (Fernando) - Ultimatum De Alvaro de Campos sensacionista (Separata do Portugal Futurista).


Pessoa na minha livraria!
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos

Como se depreende desta fotografia Fernando Pessoa é uma das referências da livreira-antiquária (tem graça que nunca a tratei assim…) e um dos seus escritores preferidos (sentimento generalizado no mundo bibliófilo e felizmente não só – o problema é as 1ª edições serem só para um número muito restrito de coleccionadores.


Fernando Pessoa com 20 anos

Mas vejamos o livro em questão em mais pormenor:



Pessoa (Fernando) - Ultimatum De Alvaro de Campos sensacionista (Separata do Portugal Futurista). Lisboa; Editor: Fernando Pessoa, 1917. [Tip. P. Monteiro, R. do Mundo, 57]. In-fólio de VIII págs. - Brochura.

Fora Do Mercado.

Raríssima Primeira Edição do mais intenso e revolucionário Manifesto do Modernismo Português.
Provocativo e violento manifesto, que embora constitua uma obra independente, com um editor diferente (Fernando Pessoa), publicado primeiro, e com o carimbo azul Fóra Do Mercado, aparece como separata do Portugal Futurista.

Ao surgir como editor e também com a indicação de Fóra do Mercado, demonstra bem a sua ousadia, dando a cara pelo seu tão criticado heterónimo Álvaro de Campos.

Excelente exemplar.

Raríssima e Valiosa Peça de Colecção.

©Gabriela Gouveia – Livros Antigos

Aliás como se sabe esta obra veio publicado no Portugal Futurista – 1917. [Publicação Eventual] de que esta mesma Livraria vendeu recentemente um bom exemplar:



Portugal Futurista – 1917. [Publicação Eventual]. Director e fundador Carlos Filipe Porfírio. Editor: S. Ferreira. Tip. F. Monteiro, Lisboa, 1917. In-fólio de 42 págs. - Encadernado.

Raríssima Primeira Edição.



Primeiro e único número publicado desta raríssima revista, fundamental para a história do Futurismo em Portugal. Aparecida dois anos depois do Orpheu, e logo apreeendida pela censura.

Importantes textos assinados por Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro, Raúl Leal, Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Valentine de Saint-Point, Bettencourt-Rebelo, Guillaume Appolinaire e Marinetti.



Retrato de "Santa Rita Pintor, o grande iniciador do Movimento Futurista em Portugal", e reproduções de quatro das suas pinturas, duas de Amadeo de Sousa-Cardoso e do retrato de "O Poeta futurista José de Almada Negreiros violentamente pateado á sua entrada no Palco do Theatro Republica, Sábado, 14 de Abril de 1917".

Excelente exemplar, conserva intactas as magníficas capas de brochura. Bonita encadernação inteira em pele, com gravação na pasta da frente, do conhecido encadernador Raúl de Almeida.

Raríssima e Valiosa Peça de Colecção.

©Gabriela Gouveia – Livros Antigos (01/2016)

Aliás esta Livraria prima pela rapidez do desaparecimento, da sua página web, das obras mais raras; senão vejamos a sua Mesa Nova (que pouco tempo durou – a maioria dos livros já foram vendidos!)


Mesa nova
(…que já foi!)
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos

Mas voltemos ao tema em análise: Pessoa (Fernando) - Ultimatum De Alvaro de Campos sensacionista (Separata do Portugal Futurista).

“Ultimatum, de Álvaro de Campos, foi publicado no primeiro e (pelo menos até à data) único número de Portugal Futurista, publicação literária cuja natureza vem suficientemente expressa no título, que não carece de tradução.

Tendo escapado à censura por qualquer inexplicável golpe de sorte, esta desapareceu quando alguém chamou para Ultimatum a atenção das autoridades já depois de a revista se encontrar nos escaparates das livrarias. Portugal Futurista foi imediatamente apreendido pela Polícia e instaurado processo contra todos os escritores que colaboraram. Passou-se isto (cumpre explicar) durante o ministério democrático derrubado por Sidónio Pais na revolução de 5 de Dezembro de 1917. No entanto, é difícil imaginar como qualquer ministério, estando o país em guerra, poderia consentir na publicação de Ultimatum, que, original e magnífico como é, embora não germanófilo (pois é «anti» tudo, Aliados e alemães), contém insultos contundentes contra os Aliados, e bem assim contra Portugal e o Brasil, os próprios países aos quais, sem dúvida, «P. F.» se destinava.

Se traduzi Ultimatum, foi por ser bem a obra mais inteligente de literatura jamais saída da Grande Guerra. Podemos contemplar com espanto as suas teorias como indizivelmente excêntricas, podemos discordar da violência excessiva da invectiva introdutória, mas ninguém, julgo eu, pode deixar de confessar que o aspecto satírico é magnífico na sua justeza estudada de aplicação, e que o aspecto teórico, pensemos o que pensarmos acerca do valor das teorias, tem, pelo menos, os méritos raros da originalidade e da frescura.

São estas boas razões para traduzir Ultimatum, e a circunstância de, embora publicado desde Setembro de 1917, só agora eu o fazer é devida ao facto, que o manuseio da obra tornará evidente, de ser impossível tal publicação durante a guerra.


Assinatura de Álvaro de Campos

Resta dizer alguma coisa ao leitor inglês acerca da natureza da obra e acerca do autor. A tendência da obra é bem clara -- insatisfação ao ante a incapacidade construtiva característica da nossa época, em que não surgiu nenhum grande poeta, nenhum grande estadista, nem mesmo, bem vistas as coisas, nenhum grande general. Falando acerca do Ultimatum dizia-me certa vez Álvaro de Campos: «Esta guerra é a dos pigmeus mais pequenos contra os pigmeus maiores. O tempo mostrará (foi isto dito em Janeiro de 1918) quais são os maiores e quais os mais pequenos, mas, de qualquer modo, são pigmeus». «Pouco importa quem ganha a guerra, pois será ganha, de certeza, por um imbecil. Pouco importa o que dela resultará, pois o que virá será seguramente imbecilidade. Já chegou a era da engenharia física (acrescentou ele caracteristicamente), mas estamos ainda longe da era da engenharia mental. Isto mostra a medida em que recuamos da civilização grega e romana, e o crime do Cristismo representa contra a substância da cultura e do progresso». «Esse sofista reles, o PresidenteWilson», disse-me em certa ocasião, «é o tipo e o símbolo do nosso tempo. Nunca disse nada de concreto na sua vida. Seria incapaz de dizer algo de concreto para salvar aquilo que, suponho, ele julga ser a sua alma».

São estas quase as palavras exactas, que, por haverem sido pronunciadas em inglês, é menos provável eu esquecer.

Álvaro de Campos nasceu em Lisboa em 13 de Outubro de 1890, e viajou muito pelo Oriente e pela Europa vivendo principalmente na Escócia.”

Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1996. Trad.: Jorge Rosa. Pág.409. (1)

Para todos aqueles que não conheçam o texto, ou queiram recordar a sua leitura, deixo aqui a versão digitalizada da BNP (Biblioteca Nacional de Portugal) que poderá ser lida aqui (2)







Que me desculpem todos os estudiosos de Fernando Pessoa, pois este não é um estudo pessoano nem sequer um artigo sobre uma das suas obras.

É, muito simplesmente, a referência a um exemplar que surgiu no mercado bibliófilo, o qual fez furor na época e é um dos marcos de todo o enigmatismo da personalidade de Fernando Pessoa.

Se o consegui fico muito contente com isso, pois que o tema do blogue é muito simples: “Conversas em torno dos livros”!

E para terminar, não quero deixar de referir que muitas outras obras, de inquestionável raridade, deste genial escritor já passaram pela “montra” desta Livraria.

Vejam-se como ilustrativos estes três exemplos que se referem a seguir:



Pessoa (Fernando) - 35 Sonnets. Lisbon: Monteiro & Co. 1918. - In-4º de [20] págs. Brochura.

Excelente exemplar, em brochura, magnífica pasta inteira em chagrin, com gravação na pasta, interior em seda com gravação a ouro nas seixas.

Rara Primeira Edição.

Raríssima e Valiosa Dedicatória de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões.

Raríssima Peça de Colecção.

©Gabriela Gouveia – Livros Antigos (12/2015)



Pessoa (Fernando) - English Poems. Lisbon; «Olissipo», Apartado 145; 1921. In-4º, 2 opúsculos de 16 e 20 págs. - Brochuras.

Primeira Edição.

Raríssimo.

Raríssima primeira obra de Fernando Pessoa, publicada ainda em sua vida, treze anos antes da "Mensagem".

Excelente exemplar, em brochura, magnífica pasta inteira em chagrin, com gravação na pasta, interior em seda com gravação a ouro nas seixas. Da autoria do conhecido encadernador Raúl de Almeida.

Raríssima Peça de Colecção.

©Gabriela Gouveia – Livros Antigos (01/2016)



Pessoa (Fernando) - Teatro. Revista de Crítica. Lisboa; Director Literário: Boavida Portugal, 1913. In-4º , 3 números; il. - Brs.

Raríssima Colecção Completa.

Importante Colaboração Literária de Fernando Pessoa nos 3 números.

O Nº 1, Fernando Pessoa publica o seu primeiro trabalho de crítica literária;  " Naufragio de Bartholomeu". Focaliza ele, e de modo cáustico, o livro Bartholomeu Marinheiro, de Afonso Lopes Vieira.

No Nº 2, Fernando Pessoa publica "Coisas estilisticas que aconteceram a um gomil cinzelado, que se dizia ter sido batido no ceu, em tempos da velha fabula, por um deus amoroso". Da igual virulência desse texto ainda de crítica literária, desta vez dirigida ao volume O Gomil dos Noivados, de Manuel de Sousa Pinto.

No último número, Nº 3, a finalizar a sua colaboração, e ainda em tom irónico ou mesmo mordaz, Pessoa, comenta neste texto, com o título de "3", a aparição recente, "para a pretensão de serem lidas", das publicações Teatrália, Gente Moça e o semanário O Talassa ("É uma publicação perfeitamente inoffensiva politicamente. Recomendamo-la sem hesitação aos seus atacados e caricaturados").

Ilustrações de Amarelhe e colaboração de Boavida Portugal, Eduardo Freitas, João Correia de Oliveira e Ricardo Santos.

[Fotobibliografia de Fernando Pessoa; João Rui de Sousa, Eduardo Lourenço, INCM, 1988]

Excelentes exemplares.

Raríssima e Muito Valiosa Peça de Colecção.

©Gabriela Gouveia – Livros Antigos (24/06/2016)

Falar de Fernando Pessoa é um risco para qualquer estudioso, quanto mais para um leigo como eu, mas não queria deixar de prestar esta singela homenagem a um dos maiores vultos da nossa literatura.

Saudações bibliófilas.

Notas:

(1) In Arquivo Fernando Pessoa

(2) PESSOA, Fernando, 1888-1935 – Ultimatum / de Alvaro de Campos, sensacionista. - Lisboa: Fernando Pessoa, 1917. - [4] f. ; 34 cm.

Consultas sugeridas:






domingo, 29 de janeiro de 2012

World Legend – Leiria & Nascimento - Leilão de Livros, Serigrafias e Instrumentos musicais




Anúncio do Leilão

A World Legend – Leiria & Nascimento, com sede na Avenida Álvares Cabral, n.º 35 em Lisboa, vai organizar um leilão no próximo dia 31 de Janeiro pelas 21:30 horas onde vão ser leiloadas livros, serigrafias e Instrumentos musicais.


Catálogo do Leilão

Este catálogo pode ser visualizado aqui  .

Da parte que nos interessa mais – os livros – que se inicia no lote n.º 126 destacam-se duas obras de inquestionável raridade e interesse para o mundo da bibliofilia e sobretudo para os coleccionadores das obras de Fernando Pessoa.


Retrato de Fernando Pessoa em 1914

Lote nº 191


Lote nº 191

PESSOA, Fernando. - MENSAGEM
Lisboa. Parceria António Maria Pereira. 1934. In-8º de 100, [2] págs. Enc. Primeira edição. Valorizada com dedicatória manuscrita de Fernando Pessoa a Francisco Camello. Conserva as capas de brochura e revestido de bela encadernação em pele, com artísticos ferros a ouro na lombada e pastas Peça de colecção.




Lote nº 192

PESSOA, Fernando. - 35 SONNETS
Lisbon. Monteiro & Co. 1918. In-8º de 20 págs. Br. Primeira edição desta Rara obra incluída no ciclo inglês, publicada ainda em vida do autor. Valorizada com bela dedicatória manuscrita de Fernando Pessoa a César Porto.

De salientarainda, pelo seu interesse e apesar de não ser uma edição original, um “livro de viagens”na tradução desse eminente bibliófilo e investigador que foi Rubens Borba de Moraes, de Auguste de Saint-Hilaire, do qual já se deu aqui um breve apontamento.


Lote nº 202

SAINT-HILAIRE, Auguste. - VIAGEM À PROVINCIA DE SÃO PAULO E RESUMO DAS VIAGENS AO BRASIL, PROVINCIA CISPLATINA E MISSÕES DO PARAGUAI. Tradução e prefácio de Rubens Borba de Moraes. S. Paulo. Livraria Martins. 1940. In-8º de 375, [1] págs. Enc. Inserida na Biblioteca Histórica Brasileira. Reprodução deste importante texto do século XIX. Encadernação meia de pele. Com capas.

Outras obras nesta temática e referentes ao Brasil podem ser encontradas neste catálogo..


World Legend – Leiria & Nascimento

Estarão também em leilão vários conjuntos de partituras musicais, que serão seguramente muito licitadas.

Espero que a consulta seja do vosso agrado.

Saudações bibliófilas.


domingo, 27 de março de 2011

artes & letras – Leilão livros de Pierre Hourcade e outras proveniências




Catálogo do Leilão



A artes & letras – leilões vai proceder ao Leilão dos livros de Pierre Hourcade e outras proveniências nos dias 11 e 12 de Abril às 21h no Palácio da Independência – Largo de São Domingos, 11 (ao Rossio) em Lisboa, como é já habitual. A sua organização é de José F. Vicente / Luís Gomes livreiros associados.
1ª Sessão – lotes 1 a 450
2ª Sessão – lotes 451 a 920

Os livros estarão em exposição nos dias 10, 11 e 12 de Abril das 15h às 20h, no mesmo local.

Este evento bibliófilo merece destaque mais que não seja pela presença de um excelente acervo de Fernando Pessoa com vária bibliografia activa – onde se incluem vários manuscritos – e passiva do mesmo, e a este propósito não será estranho o facto de Pierre Hourchade ter conhecido de perto Fernando Pessoa, de quem foi o primeiro tradutor para francês, e o Manuscrito Iluminado e Redigido por Estêvão Gonçalves Neto sobre a origem histórica da família e do nome Aguiar.

Mas quem foi Pierre Hourcade? Para uma resposta sucinta leia-se este esboço biográfico no catálogo deste leilão:




Na literatura merecem destaque obras de: ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner (lotes 1 a 4)



002 ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. - A FADA ORIANA. Ilustrações de Bió. Capa de Quito sobre quadro de Nuno Siqueira. Lisboa. Edições Ática. 1958. In-8º de 103, [1] págs. Br.

Edição original, destinada ao Serviço de Escolha de Livros para as Bibliotecas das Escolas Primárias. Com dedicatória da autora a Pierre Hourcade. Bom exemplar.

FONSECA, Branquinho da (lotes 32 a 35) LOURENÇO, Eduardo (lotes 51 e 52), MONTEIRO, Adolfo Casais (59 a 68)



059 MONTEIRO, Adolfo Casais. - CONFUSÃO. Poemas. Coimbra. Edições Presença. 1929. In- 8º de 70, [1] págs. Br.

Edição primitiva. Livro de estreia do autor.

NAMORA, Fernando (lotes 70 e 71), NEMÉSIO, Vitorino (lotes 74 a 78 e 661 a 663), PESSOA, Fernando (lotes 109 a 118 e 703)



109 PESSOA, Fernando. - ANTINOUS. A Poem, by... Lisbon. Monteiro & Co. 1918. In-8º de 16 págs. Br.



Edição primitiva desta Raríssima obra, valorizada com extensa dedicatória de Fernando Pessoa a Pierre Hourcade, em francês. Capa de brochura da frente com pequena mancha de humidade e insignificantes defeitos. O texto em perfeito estado de conservação. Peça de colecção.



110 PESSOA, Fernando. - AVISO POR CAUSA DA MORAL. Europa. (Lisboa). Typ. Annuario Commercial - Praça Restauradores. 1923. 1 Fl. 16,5x22cm. Br.

RARISSIMA espécie pessoana deste texto dirigido aos estudantes por Álvaro de Campos. Muito bem conservada.

RÉGIO, José (lotes 122 a 126 e 738), SÁ-CARNEIRO, Mário de (lote 131), SERPA, Alberto de (lotes 135 a 138), SIMÕES, João Gaspar (lotes 139 a 147), TORGA, Miguel (lote 149)



149 TORGA, Miguel. - PÃO ÁZIMO. Contos de Adolpho Rocha. Coimbra. Oficinas da Atlântida. Ilustrado com o retrato de Miguel Torga por Arlindo Vicente. Valorizado com dedicatória do autor, assinando Adolpho Rocha. Tiragem reduzida. Exemplar com fortes manchas de água nas capas de brochura e no texto. 1931. In-8º de 77, [2] págs. Br.

Primeira edição. Prosa. Raríssima. Terceiro livro do autor, publicado com o seu verdadeiro nome.

BOTTO, António (lotes 247 e 248), COELHO, Trindade (lotes 325 e 326), CORREIA, Natália (lotes 340 e 341), GARRETT, J.-B. da Silva Leitão d’Almeida (lotes 456 a 457), GAYO, Dr. A. da Silva (lote 458), HERCULANO, Alexandre (lotes (478 e 479), JUNQUEIRO, Guerra (lotes 517 e 518), LEAL, Gomes (lote 539), MARTINS, J. P. de Oliveira (lotes 615 a 618), MARTINS, Rocha (lote 620 a 622), MORAES, Wenceslau de (lotes 651 a 654), QUEIRÓS, Eça de (lotes 725 a 728)



725 QUEIRÓS, Eça de. - A CIDADE E AS SERRAS. Porto. Livraria Chardron. 1901. 8º de [2], 380, [1] págs. Enc.

Edição original. Ilustrada com o retrato do autor. Encadernação contemporânea meia de pele. Sem capas.

QUENTAL, Antero de (lotes 732 a 734),


No livro antigo onde se apresenta um bom acervo de obras sobre vários temas com predomínio dos livros dos séc. XVII-XVIII, refira-se a título de exemplo:



216 BARRETO, João Franco. - ORTOGRAFIA// DA // LINGVA PORTVGVEZA // PER // ... // EmLisboa. Na Of cina de Ioam da Costa. M.DC. LXXI. In-8º de [16], 279 págs. Enc.

Primeira edição. Muito Rara. Encadernação moderna inteira de chagrin com ferros a ouro na lombada e guardas, assinada por Vasco Antunes. Bem conservada.



369 DAMASO, S. - S. DAMASO PAPAE // OPERA QVAE EXTANT // ET VITA EX CODICIBUS MSS. // CVM NOTIS // MARTII MILESII SARAZANII. // ROMAE, // Typis Vaticanis M.DC.XXXIIX (Sic, 1638). In-8º de [4], 194 págs. Enc.

RARISSIMA. Primeira edição. São Dâmaso (305-384) terá nascido na Península Ibérica, havendo mesmo quem tenha defendido a hipótese de ele ter nascido em Guimarães ou em Idanha-a-Velha, na época fazendo parte do Império Romano. A sua época coincidiu com a ascensão de Constantino e a adopção do Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Em magnifico estado de conservação. Encadernação da época em inteira de pergaminho.

 

527 LACERDA, D. Fernando Correia de. – VIRTVOSA // VIDA, // E SANTA MORTE // DA PRINCESA // DONA IOANNA: // REFLEXÕES // MORAES, E POLITICAS // SOBRE A SUA // VIDA, E MORTE // ... // Lisboa. // Antonio Craesbeeck de Mello. // 1674. In-8º de [12], 275 págs. Enc.

Primeira e única edição publicada. Muito Rara. Exemplar com manchas de água. Encadernação inteira de pergaminho.



627 MEDINA, Pedro de. - [LIBRO DE GRANDEZAS Y COSAS MEMORABLES DE ESPANA. AGORA DE NUEVO FECHO Y COPILADO POR… PEDRO DE MEDINA…]. [Sevilla?]. [Dominico de Robertis?]. [1549]. In-8º de [6], CLXXXIV. In-4º Enc.

Raríssimo exemplar da que julgamos ser 2ª edição deste importante livro. O exemplar encontra-se incompleto e com restauros, com falta dos 4 primeiros fólios, frontispício incluídos, fólio 38, 56, 57, 67 parcial, 185 e 186. Numerosas ilustrações abertas em madeira, incluindo Lisboa, Setúbal, Viseu, Coimbra e Guimarães.



630 MELO, José Rodrigues de. - DE RUSTICIS BRASILIAE REBUS // CARMINUM // LIBROI IV. // ACCEDIT PRUDENTII AMARALII // BRASILIENSIS // DE SACCHARI // OPIFICIO // CARMEN. // ROMAE. // Ex Typographia Fratrum Puccinelliorum // MDCCLXXXI. In-8º de VII, [1], 206 págs. Enc.

Primeira Edição de Extrema Raridade. Ilustrada com quatro gravuras em folhas desdobráveis, abertas a buril em chapa de cobre, com representação da mandioca, sua plantação e distribuição e um moinho de açúcar. Posteriormente esta obra tornou-se conhecida sob o nome de Geórgicas Brasileiras. Contém poesias sobre a plantação dos arbustos da mandioca e do tabaco, da autoria do José Rodrigues de Melo, natural do Porto. Em 1739 chegou à Bahia e tornou-se posteriormente professor de ciências humanas nos colégios de Santos e Paranguá. Na época das perseguições aos jesuítas foi banido primeiro para o Rio de Janeiro e mais tarde para Lisboa. De lá, dirigiu-se a Roma, onde morreu em 1789. O final é formado por um poema sobre a fabricação do açúcar brasileiro de Prudêncio do Amaral, do Rio de Janeiro, reimpresso aqui pela segunda vez. Exemplar com vários carimbos no frontispício e em algumas folhas do texto. Com manchas de humidade, mas em bom estado de conservação. Encadernação moderna inteira de pele. GMBH - Biblioteca Brasiliana, 234; Borba de Moraes, pág. 552/553; Blake, Vol. V, pág. 164.

 

664 NETO, Estêvão Gonçalves. – MANUSCRITO ILUMINADO E REDIGIDO POR... RELAÇÃO DO PRINCIPIO, E ORIGEM DA NOBILISSIMA, E ANTIQUISSIMA FAMILIA DO NOME, E APPELIDO D’AGUIAR de que descende per linha direita legitima masculina Damiam d’Aguiar Ribeiro do conselho d’el rey nosso senhor. (estes dizeres dentro de uma magni ca cartela desenhada e pintada a ouro e cores de estilização vegetalista e carrancas). In-4º 19 x 26 cm. Com 23 folhas de pergaminho. S. n. data. (161?). Enc.

Documento que descreve a origem histórica da família e do nome Aguiar, seguindo-se a genealogia da mesma família tudo escrito pelo punho do próprio Estêvão Gonçalves Neto que preparou o documento para ser acrescentandodas futuras datas de nascimentos e óbitos dos familiares, estando 40 fólios em branco: Todas são regradas e as 23 escritas apresentam bela caligrafia de Estêvão Gonçalves Neto. Adornado com belas capitulares iluminadas. Encadernação da época em veludo verde sobre pastas d madeira. Corte das folhas brunido a ouro fino. Frontispício, dois belos brasões de página inteira e letras capitulares iluminados pelo grande mestre iluminador português, o autor do famoso Missal pontifical de Estêvão Gonçalves Neto. O primeiro brasão com armas e timbre de Aguiar elmo, virol e paquife. O 2º brasão com escudo esquartelado: I - Aguiar, II - Vasconcellos, III - Ribeiro, IV - Mendonça timbre de Aguiar elmo, virol e paquife. Ex -libris de Luis Vasques da Cunha e Ataíde, 2º Conde de Povolide (1697 - 1761). Damião de Aguiar foi o principal jurista português da sua época, todos os exemplares das constituições filipinas impressas no Mosteiro de S. Vicente de Fora, em 1603, estão assinados pelo seu próprio punho. Juntamos o estudo de J. Cardoso Gonçalves, Uma Jóia de Iluminura Portuguesa. O Missal Pontifical de Estêvão Gonçalves Neto, onde se reproduzem trabalhos idênticos ao manuscrito aqui apresentado.



866 TORÍO, Torquato. - ARTE DE ESCRIBIR POR REGLAS Y CON MUESTRAS, SEGÚN LA DOCTRINA DE LOS MEJORES AUTORES ANTIGUOS Y MODERNOS, EXTRANGEROS Y NACIONALES: ACOMPAÑADO DE UNOS PRINCIPIOS DE ARITMÉTICA, Gramática y Ortografia Castellana, Urbanidad y vários sistemas para la formacion y enseñanza de los principales caracteres que se usan en Europa. COMPUESTO Por Don Torquato Torío de Riva y Herrero, Socio de número de la Real Sociedad económica Matritense; Oficial del Archivo del Excelentísimo Señor Marques de Astorga, Conde de Altamira; Escritor de Privilegios, y Revisor de Letras antiguas por S. M. MADRID MDCCXCVIII. [1798]. EN LA IMPRENTA DE LA VIUDA DE DON JOAQUIN IBARRA. In-8º de XXVIII, 418, [I] págs. Enc.

Primeira edição. Ilustrado com 58 lâminas, numeradas e intercaladas em extra-texto, com dezenas de exemplos de alfabetos para uso caligráfico e para a execução de tipos de imprensa. Anterrosto da obra com frontispício gravado. Encadernação da época em pergaminho rígido com atilhos. Palau Tomo VII, pág. 42.

 

902 VIEIRA, Padre António. - ARTE DE FURTAR, // ESPELHO DE ENGANOS, // THEATRO DE VERDADE, // MOSTRADOR DE HORAS MINGUADAS, // GAZUA GERAL // Dos Reynos de Portugal. // OFFERECIDA // A ELREY NOSSO SENHOR // D. JOÃO IV. // para que a emende. // COMPOSTA NO ANNO DE 1652. // Correcta, e emendada de muitos erros; e assim // tambem a verà o curioso leytor com as pa- // lavras, e regras, que por inadvertencia faltaraõ na passada impressão. // AMSTERDAM, // Na Officina de Martinho Schagen. // M.DCCXLIV. In-8º de [24], 409 págs. Enc.

MUITO RARA. Nesta data publicaram-se duas edições distintas. Contudo a outra edição contém 508 páginas. Com o retrato do Padre António Vieira. Encadernação da época inteira de carneira.


Claro que vamos encontrar alguns livros estrangeiros, especialmente franceses, neste leilão que “pelas suas várias proveniências” permite uma maior variedade de temáticas e períodos em oferta.



395 DUBREUIL, Coronel. – SOUVENIRS DU PORTUGAL. Galerie de portraits dessinésd’après nature aux lazarets de Valencia d’Alcantara et d’Albuquerque, en Octobre 1833. Par Le Colonel Dubreuil et dédié par lui a ses camarades. Cet ouvrage ne se trouve que rue Mre. Dees Bons Enfants, nº 23]. 1834. In-4º Enc.
Colecção de 56 litografias gravadas por Formeiden, Villain e na sua maioria por Lemercier. A partir de desenhos de Dubreuil a tinta-da-china retratando 56 camaradas de armas franceses do exército miguelista retidos em Valencia de Alcântara depois da derrota. Os seus nomes encontram-se a seguir ao rosto em lista manuscrita (adicional) com os números das gravuras.

Obra com título de posse a lápis. “provient de la vente de la bibliotheque du général Marbot”. Lista adicional “Table Nominative” constam entre outros nomes: 1. Le Marechal Conte de Bourmont; 2. Le General Baron Clouet; 3. Le General Conte de Larochejacquelein; 4. Le General Baron Grival; 5. Le Brigadier Viconte de Bourdais; 6. Le Colonel Dubreuil (o autor), etc. Sendo os últimos retratados conhecidos apenas por um único nome, pelo que se supões tratarem-se de patentes baixas, estando as gravuras colacionadas por hierarquia das patentes. Obra com importância para o conhecimento dos uniformes e trajos civis, apresentando em particular um conjunto variado de coberturas militares e civis. Encadernação em tela.



646 MONEY, John. - HISTOIRE // DE LA // CAMPAGNE // FAITE EN 1792, // PAR LES ARMÉES FRANÇOISES // SOUS LES // Armées des puissances Alliées // SOUS LE COMMANDEMENTCOMMANDEMENT DU DUC DE BRUNSWICK; // AVEC // UN RAPPORT DE CE QUI S’EST PASSÉ AUX // THUILLERIES LE 10 AOUT. // Londres // Chez E. Harlow. // 1794. In-8º de XV, 212, [2] págs. Cart.

Muito rara. O autor foi Marechal de Armas do Rei de França.


Encontram-se também algumas belas encadernações de que destaco:



267 CAMÕES, Luis de. LIRICA DE CAMÕES. Edição crítica pelo Dr. José Maria Rodrigues e Afonso Lopes Vieira. Coimbra. Imprensa da Universidade. 1932. In-8º de L, XXI, 385 págs. Enc.

Da Biblioteca de Escritores Portugueses. Revestido de bela encadernação inteira de chagrin, com artísticos ferros a ouro na lombada, pastas e seixas. Dourado por folhas. Capas de brochura preservadas.

 

919 SANTA ANA, José Joaquim de. – ENSAIO SOBRE O PROCESSO CIVIL POR MEIO DE JURADOS E JUIZES DE DIREITO. Porto. Typ. de Viuva Alvares Ribeiro e Filho. 1833. In-8º de [4], 97, [3] págs. Enc.

Encadernação coeva inteira de pele decorada na pasta da frente com as Armas do Imperador D. Pedro do Brasil. Bom exemplar.



920 WALTON, William. - SEGUNDA CARTA DIRIGIDA AO MUITO HONRADO VISCONDEPALMERSTON SOBRE A SUA POLITICA RELATIVAMENTE A PORTUGAL E A INJUSTIÇA E PERIGO EM SE CONTINUAR POR GUILHERME WALTON EM JANEIRO DE 1833. Traduzida por… Lisboa. Na Impressão Régia. Anno de 1833. In-8º de 115, [1] págs. Enc.

Muito bom exemplar. Encadernação inteira de marroquim encarnado com as Armas de Portugal a ouro na posta da frente, enquadrado por uma moldura de motivos vegetalistas em ambas as pastas. Duarte de Sousa, Tomo II, 761.


Na secção obra gráfica integram-se as gravuras e litografias que tiveram origem no atelier da então Sociedade Cooperativa dos Gravadores Portugueses, GRAVURA fundada em 1956, por um conjunto de artistas de que faziam parte Júlio Pomar, Rogério Ribeiro e José Júlio entre outros.



080 Arlindo Vicente (1906-1977). – Desenho a carvão sobre papel [Pescadores], assinado edatado 1932. (65x50 cm), com pequeno defeito.



094 José Júlio (1916-1963). - Guache sobre papel, assinado e datado 1958. (25x16 cm), apresenta dedicatória a P. Hourcade.



099 Mily Possoz (1888-1967). - Litografia a preto [Gato], 74/100. Assinada. (53x40 cm)


Nas revistas literárias refira-se: ARMAS Y LETRAS. Revista de la Universidad de Nuevo León. Nº 2. Año 6. Junio de 1963 [Número inteiramente dedicado a Fernando Pessoa e á poesia portuguesa] (lote 6), ÁRVORE (lote 7), ATHENA (lote 8), CORRESPONDENCIAS - 2. Revista Bimestral de Poesia. Direccion: Homero Aridjis e Moisés Ladrón de Guevara. México. (1966?) [Número dedicado a Fernando Pessoa] (lote 20), CRITIQUE. Revue Générale des Publications Françaises et Étrangères. Tome XXIV - Nº 251. Avril 1968. Paris. 1968 [Número dedicado a Fernando Pessoa] (lote 24), GRAAL (lote 39), LÁCIO (lote 47), MANIFESTO (lote 53), PRESENÇA [Colecção incompleta] (lote 120), QUADERNI PORTOGHESI. I (e II) (lote 121)



008 ATHENA. Revista de Arte. Directores: Fernando Pessoa. Ruy Vaz. Vol. I (ao Vol. V). Lisboa. 1924 (a 1925). 5 Nos. In-4º Brs. Edição original desta importante revista, colaborada por Fernando Pessoa, Almada Negreiros, António Botto, Mário Saa, etc. Ilustrações de Almada Negreiros, Mily Possoz, Lino António, etc. Algumas capas de brochura com pequenos defeitos.



120 PRESENÇA. Folha de Arte e Critica. Números 4, 5, 8 a 11, 13 ao 42, 44 ao 47, 50, 53-54. Número 2, Série II, Ano XII, Fevereiro de 1940 e Número Especial do Cinquentenário. Coimbra. 1927 (a 1940 e 1977). In-Fólio e In-4º Brs.

Publicação preciosa, marco importante no movimento modernista português. Colaboração de poetas e prosadores mais importantes da literatura portuguesa, dos quais destacamos: José Régio, Fernando Pessoa, António Botto, Miguel Torga, Mário de Sá-Carneiro, Alberto de Serpa, Cecília Meireles, Vitorino Nemésio, Saul Dias, Pedro Homem de Mello, etc., etc. Ilustrações de Almada Negreiros, Mário Éloi, Dórdio Gomes, Diogo de Macedo, Bernardo Marques, Sara Afonso, etc.


Como curiosidade refira-se a presença deste interessante Catálogo, entre muitos outros sobre diversas temáticas:



303 CATÁLOGO DE MOBILIAS. S. local . n. data. In-4º oblongo com 135 ilustrações de mobílias. Catálogo ilustrado com desenhos a cores e a preto assinados “A. Lemos”


Esta é uma das  possíveis leituras deste catálogo, e que transmite um pouco a minha visão sobre o mesmo, claro que muitas outras leituras poderão ser feitas... mas isso ficará para cada um de vós.

Boa leitura e consulta deste excelente catálogo.

Saudações bibliófilas.