"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

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sábado, 19 de agosto de 2017

D. Luís I, rei de Portugal e tradutor de Shakespeare



D. Luís I, O Popular, 31 ° rei de Portugal
Retrato por Augusto Bobone, 1885

D. Luís I, O Popular, foi o 31 ° rei de Portugal. Segundo filho da rainha D. Maria II e do rei D. Fernando.


WALTON, C. W., fl. ca. 1850
[D. Luis I, Rei de Portugal]
[Visual gráfico / drawn by C. W. Walton. - London : Morris [entre 1861 e 1862]
1 gravura : litografia, p&b
(PURL.PT / BNP)

Nasceu em Lisboa, no paço das Necessidades em 31 de Outubro de 1838, faleceu em Cascais a 19 de Outubro de 1889. Foi baptizado na capela do referido paço, pelo patriarca de Lisboa D. Patrício da Silva, capelão mor da rainha, a 14 de Novembro do mesmo ano, sendo padrinho o rei de França Luís Filipe. O seu nome completo era D. Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Volfrando Saxe-Coburgo-Gota de Bragança e Bourbon.


D. Luís, enquanto Infante de Portugal

Até à morte de seu irmão, o rei D. Pedro V, foi infante de Portugal, 1.° duque do Porto e duque de Saxónia. Recebeu uma educação esmeradíssima, como todos os filhos de D. Maria II. 


Sentado El-Rei Dom Pedro V de Portugal,
inclinado sobre a mesa Dom Luís e de costas, com xaile,
Sua Majestade a Rainha Vitória do Reino Unido

A soberana destinava-o à vida marítima, não simplesmente como oficial de marinha honorário, mas como prático, porque entendia que os príncipes, apesar do seu elevado nascimento, assim o deviam ser tanto na marinha como no exército, partilhando os mesmos trabalhos e fadigas dos marinheiros e soldados.

Pedro V, O Esperançoso, por W. Corden
(Palácio Nacional da Ajuda)

D. Pedro V assumiu o governo do Reino, sendo aclamado em 16 de Setembro de 1855, dia em que justamente completava dezoito anos de idade.

D. Pedro V tornou-se muito popular; o povo adorava-o, e chamava-lhe o rei santo. A sorte protegia-o, porque expondo-se com tanta afoiteza, com tanta coragem ao perigo do tenebroso contágio, não teve o menor sinal de doença naqueles meses de Agosto, Setembro, Outubro e Novembro de 1857, em que mais se pronunciaram os efeitos da epidemia. Pouco a pouco foram rareando os casos, que até então eram numerosos todos os dias, e quando chegou o fim de Dezembro estava a febre-amarela completamente debelada, restando os choros e os lamentos das pessoas que tinham perdido parentes queridos, e crianças órfãs, que se viam sós entregues à mais profunda tristeza e saudade.


D. Pedro V, rei de Portugal (1837 - 1861)
Retratos de Portugueses do séc. XIX. (1859 - 1865)
de Joaquim Pedro de Sousa
Biblioteca Nacional de Portugal

Chegou depois o ano de 1858, que trouxe para Portugal dias mais sossegados e mais felizes. Para suavizar as angústias dos dois anos anteriores, tratou-se do casamento do jovem monarca, que se tornara o ídolo do povo.


SM a Rainha D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen de Portugal (1837-1859)
Casa Real: Hohenzollern-Sigmaringen

Essa notícia foi recebida com o maior entusiasmo sendo a esposa escolhida a princesa de Hohenzollern-Sigmaringen, D. Estefânia Josefina Frederica Guilhermina Antónia, segunda filha do príncipe soberano do Hohenzollern-Sigmaringen, Carlos António Joaquim, e de sua mulher D. Josefina Frederica.


D. Pedro V e SM a Rainha D. Estefânia

O casamento realizou-se por procuração em Dresden a 29 de Abril de 1858, e em pessoa, em Lisboa, a 18 de Maio, na igreja de S. Domingos, um formoso dia de primavera, que parecia vir também saudar os régios noivos, reunindo-se ao entusiasmo que se notava por toda a parte, à alegria e satisfação que reflectia em todos os semblantes. As aclamações e os vivas, que o povo soltava durante o trânsito do Terreiro do Paço, onde a jovem rainha desembarcou, até à igreja de S. Domingos, chegaram ao delírio.

Este foi talvez o último rei amado, e idolatrado, por todo o povo.

Em 1861 saiu de Lisboa com o infante D. João, em viagem pela Europa, e estava em Londres quando recebeu a notícia de que D. Pedro V adoecera gravemente, o que tornava de grande urgência o seu regresso a Portugal. Os dois infantes embarcaram logo na corveta Bartolomeu Dias, e desembarcaram em Lisboa pouco depois do fatal dia 11 de Novembro de 1861, em que falecera o monarca.

A primeira notícia do lamentável sucesso, logo a recebeu a bordo, dada indirectamente pelo marquês de Loulé, presidente do Conselho de Ministros, tratando-o pelo título de Majestade.


D. Luís e D. Maria Pia
(Fotografia com carimbo de Photo American, Thesouro Velho Lisboa)


Os pais, D. Luís e D. Maria Pia, com o seu primogénito, o pequeno Carlos

Em seguida pensou-se no casamento do rei, e sendo escolhida a filha mais nova do rei de Itália Vítor Manuel II, a princesa D. Maria Pia de Sabóia, deu-se começo ao respectivo contrato, vindo o casamento a realizar-se por procuração em Turim a 27 de Setembro de 1862, sendo ratificado em Lisboa a 6 de Outubro seguinte, com sumptuosas festas e brilhantes iluminações.


Gravura do Palácio de Cristal publicada em 1864 no Archivo Pittoresco

Em 1865 houve no Porto uma exposição internacional no Palácio de Cristal, que se construíra para esse fim.


O projecto do Palácio de Cristal foi, na época, destaque na Illustrated London News
(Imagem: Wikipedia)

A grande Exposição Internacional do Porto, inaugurada em 18 de Setembro de 1865 pelo rei D. Luís (1838-1889), foi a primeira exposição internacional da Península Ibérica.

A grande Exposição Internacional do Porto de 1865

Organizada pela antiga Associação Industrial Portuense, na exposição foram expostas as inovações e conquistas industriais e comerciais, divididas em quatro grandes ramos de produtos: matérias-primas, máquinas, manufacturas e belas-artes. A exposição ficou patente até Janeiro de 1866.
O êxito foi enorme, causando entusiasmo em todo o país tão notável empreendimento.


D. Luís e D. Maria Pia

O rei D. Luís era um espírito culto; além da sua especial instrução científica, falava correctamente sete ou oito dos principais idiomas da Europa; dedicava-se às belas artes, desenhando e pintando, compondo música, e executando-a em diversos instrumentos, com especialidade no violoncelo e no piano.

Rei e Músico

Tinha profundo amor às letras, estudando os clássicos e os sábios. Era considerado um dos monarcas mais instruídos e estudiosos da Europa. O teatro entusiasmava-o, e tinha por Shakespeare um verdadeiro culto. Quis empreender a tradução de algumas das suas obras, e como lhe dissessem aqueles a quem lia os seus escritos, que as traduções estavam excelentes, resolveu publicá-las, sem lhes pôr o seu nome.


Gabinete de Trabalho de El-Rei D. Luís I
Aguarela de Henrique Casanova
© Palácio Nacional da Ajuda

A primeira que se imprimiu, foi a tradução do Hamlet, em 1877; edição muito nítida em papel superior, destinada para brindes; em 1880 fez-se a 2.ª edição, em que se lia a nota seguinte: «propriedade cedida por sua majestade o rei à Associação das Creches.» O rei, permitindo que o dito instituto fizesse a nova impressão, foi para que o produto da venda revertesse em produto do cofre que protege a infância indigente. Em seguida publicou o Mercador de Veneza, em 1879; desta edição cedeu o rei 300 exemplares a favor da Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida de Lisboa. Também traduziu Ricardo III, publicado em 1880; depois apareceu o Otelo, em 1885, trazendo o nome do tradutor. Começou as traduções, que não concluiu, do Romeu e Julieta, Estupro de Lucrécia, Vénus e Adonis, A Esquiva domada. Traduziu também várias poesias de Rollinat, alguns trechos da Fille de Rolland, de Bernier, e a comédia de Pailleron Le Monde ou l’on s'ennuie que Gervásio Lobato traduziu com o título de Sociedade onde a gente se aborrece.


Academia Real das Ciências – brasão

Como presidente da Academia Real das Ciências instituiu o prémio de 1.000$000 réis destinado à obra mais notável que se tivesse publicado nesse ano.


Sessão inaugural na Academia Real das Ciências
Gravura de Alberto Macedo
In O Ocidente, 1880, vol. 3, p. [165]
BN J. 3113 M.

Era presidente da Academia Real das Ciências, e presidente honorário e protector de várias corporações científicas, literárias e de beneficência do Reino.

Mas vem tudo isto, a propósito das traduções do rei D. Luís I das obras de Shakespeare de que a Frenesi Loja apresentou recentemente para venda estas edições:



SHAKESPEARE, William – Hamlet [junto com] O Mercador de Veneza. [Trad. D. Luís]. Lisboa, Imprensa Nacional, 1877 e 1879. 1.ª edição (ambos).  2 livros enc. 1 volume. 24 cm x 16,5 cm. 150 págs. + 114 págs.

Impressos sobre papel de gramagem superior.



Luxuosa encadernação em meia-francesa, gravação a ouro na lombada. Corte carminado, sem capas de brochura. Exemplar estimado; miolo limpo.

Augusto Forjaz redigiu e assinou a seguinte comunicação na pág. 2 do primeiro livro: «As traduções de Shakespeare contidas neste volume foram feitas por El-Rei Dom Luiz. No rosto de cada volume encontra-se a sua firma.»



Carimbo do Ministério do Reino lixiviado em ambos os frontispícios e nas respectivas págs. 11

VALORIZADO PELA ASSINATURA DO REI D. LUÍS EM AMBOS OS FRONTISPÍCIOS
Peça de colecção

300,00€ (IVA e portes incluídos)

Espero que este apontamento tenha sido do vosso agrado e resta-me despedir com votos de bom fim-de-semana.

Saudações bibliófilas.



Para saber mais:

D. Luís I, rei de Portugal – Portugal – Dicionário Histórico 

D. Luís I de Portugal - Wikipédia

D. Pedro V, rei de Portugal – Portugal – Dicionário Histórico

 Pedro V de Portugal – Wikipédia

Exposição Internacional do Porto (Palácio de Cristal, 1865)

Instituto Camões: Academia Real das Ciências de Lisboa – Ciência em Portugal

As Aguarelas de Henrique Casanova – Parques de Sintra | Monte da Lua

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Romeu e Julieta – Amor e tragédia


A propósito do Dia de S. Valentim, mais conhecido como Dia dos Namorados, que se aproxima, a Bauman Rare Books dos USA fez algumas sugestões com Romantic Gifts for Valentine's Day.


S. Valentim

Uma das obras proposta é Romeu e Julieta (no original em inglês Romeo and Juliet) a tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba por unir as suas famílias desavindas e em pé de guerra há muitos anos.


Pintura a óleo de 1870 por Ford Madox Brown
retratando a famosa cena do terraço de Romeu e Julieta.

A peça ficou entre as mais populares na época de William Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos em todo o mundo.


O Último Beijo de Romeu em Julieta por Francesco Hayez.
Óleo sobre tela, 1823.

Romeu e Julieta pertence a uma tradição de romances trágicos que remonta à antiguidade. O seu enredo é baseado num conto italiano, traduzido em versos como A Trágica História de Romeu e Julieta por Arthur Brooke em 1562, e retomado em prosa como Palácio do Prazer por William Painter em 1582.


Frontíspicio do poema Romeu e Julieta de Arthur Brooke

Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil.

Vejamos então a obra proposta:

"FOR NEVER WAS A STORY OF MORE WOE THAN THIS OF JULIET AND HER ROMEO": SHAKESPEARE'S IMMORTAL TRAGEDY ROMEO AND JULIET, EXTRACTED FROM THE SECOND FOLIO, 1632, SPLENDIDLY BOUND



SHAKESPEARE, William – The Tragedie of Romeo and Juliet. [London: Tho. Cotes for Robert Allot, 1632]. Folio (9 by 12-3/4 inches), period-style full red morocco, elaborately gilt-decorated spine and covers, raised bands, black morocco spine label, marbled endpapers; pp. 82-106.
$15,000.


The complete text of Shakespeare's first tragedy and one of his greatest plays, Romeo and Juliet, from the rare and important Second Folio, on 13 original leaves. Splendidly bound in elaborately gilt-decorated period-style morocco.



The four folios of Shakespeare are the first four editions of Shakespeare's collected plays. These were the only collected editions printed in the 17th century (a 1619 attempt at a collected edition in quarto form was never completed). The Second Folio, like the First Folio of 1623, contains 36 plays, all the plays that are considered to be wholly or in part by Shakespeare (with the exception of Pericles, which was added to the Third Folio edition of 1663). "The folios are incomparably the most important work in the English language" (W.A. Jackson, Pforzheimer Catalogue). A new group of investors published the Second Folio collection of Shakespeare's plays, which, with some changes (intentional and otherwise), largely reprinted the First Folio (1623) page for page. It is estimated that no more than 1000 copies of the Second Folio were printed. Leaves [gg5]-[ii5] contain the play Romeo and Juliet. "The Shakespearean exuberance or gusto is part of what breaks through linguistic and cultural barriers… Shakespeare is to the world's literature what Hamlet is to the imaginary domain of literary character: a spirit that permeates everywhere, that simply cannot be confined" (Bloom, The Western Canon, 52).



"To more effective account did Shakespeare in Romeo and Juliet (his first tragedy) turn a tragic romance of Italian origin, which was already popular in the English versions of Arthur Broke in verse (1562) and William Painter in prose (in his 'Palace of Pleasure,' 1567). Shakespeare made little change in the plot, but he impregnated it with poetic fervor, and relieved the tragic intensity by developing the humor of Mercutio, and by grafting on the story the new comic character of the Nurse. The fineness of insight which Shakespeare here brought to the portrayal of youthful emotion is as noticeable as the lyric beauty and exuberance of the language" (DNB). The facsimile title page exactly reproduces the title page of the Second Folio copy from which this play came. See STC 22274; Jaggard, 496.

A splendidly bound volume in fine condition.

Espero que esta história de amor, ainda que com um final trágico, nos faça perceber a beleza deste sentimento tão profundo e tão belo.

Saudações bibliófilas

sábado, 23 de abril de 2016

O Dia Mundial do Livro 2016



19th century Papier Cartonnage Romantique Book Binding
©Richard Norman

O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril. Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram importantes escritores como Cervantes e Shakespeare, entre outros.


Cartaz

A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo.


São Jorge e o Dragão, de Gustave Moreau

A mensagem da Direcção-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), para o Dia Mundial do Livro, a assinalar hoje, realça as efemérides literárias deste ano, como os centenários de Mário de Sá-Carneiro e Vergílio Ferreira.


Miguel de Cervantes
©Cushing Memorial Library (Texas A&M Cervantes Project)
Cátedra Cervantes (University of Castilla de la Mancha)

A DGLAB destaca as coincidências, a começar por Miguel de Cervantes e William Shakespeare, ambos falecidos há 400 anos - respectivamente a 22 e 23 de Abril -, facto que está na base da escolha da data para o Dia Mundial do Livro.


William Shakespeare

A par dos autores de "Don Quijote" e "Hamlet", a DGLAB recorda "a obra de grandes escritores portugueses, cujos centenários de nascimento ou morte" também se assinalam este ano: Bocage, cujas comemorações dos 250 anos do nascimento decorrem até Setembro; Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), que morreu há cem anos, a 26 de Abril de 1916, ano do nascimento de Mário Dionísio (1916-1993) e Vergílio Ferreira (1916-1996).


Manuel Maria Barbosa du Bocage
Retrato gravado a buril e água-forte por Joaquim Pedro de Sousa


Homenagem a Bocage pela Fábrica da Pampulha


[Notícia da prisão de Bocage
no Mosteiro de São Bento,
pelo Tribunal do Santo Ofício]



BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du – Os jardins ou a arte de aformosear as paizagens, poema de Mr. Delille, da Academia Franceza / trad. em verso [...] por Manoel Maria de Barbosa du Bocage. – Lisboa: Na Typ. Chalcographica, e litteraria do Arco do Cego, 1800.
©BNP



Mário de Sá-Carneiro



Sá-Carneiro (Mário de) - Dispersão. 12 Poesias por… Lisboa; Em casa do autor, 1 Travessa do Carmo, 1913. In- 4º gr. de 70[2]p. Primeira Edição. Enc. [ 5.500.00€]

Raríssima. Tiragem única de 250 exemplares.
Obra de extrema importância na literatura modernista portuguesa.
Admirável capa de brochura, ilustrada a cores e ouro, por José Pacheco (ilustrador da capa do nº 1 da revista Orpheu).

Capa que tem a particularidade de possuir margens consideravelmente maiores do que as dimensões do corpo do volume, daí que sejam raros os exemplares que a mantenham na sua integridade. 
Excelente exemplar, com as capas de brochura, em perfeito estado de conservação. Magnífica encadernação da época, meia francesa inteira em pele, com gravação a ouro na lombada e pastas. Do conhecido encadernador Frederico d'Almeida.
Valiosa e Bela Peça de Colecção.
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos



Mário Dionísio



DIONÍSIO, Mário – Oiro! Caricatura duma Civilização. Lisboa, Edições Gleba, 1934. Capa de Luiz Areosa. 1.ª edição [única]. 2 págs. + 36 págs. 16,7 cm x 12,7 cm. [90,00€]

Impresso sobre papel superior avergoado, acabamento com dois pontos em arame
Exemplar muito estimado, apresentando fortes sinais de ferrugem nos agrafos; miolo irrepreensível, parcialmente por abrir.



Ostenta colado no verso da capa o ex-libris do conhecido médico portuense, bibliófilo e escritor anti-fascista Alfredo Ribeiro dos Santos
Acondicionado em estojo próprio de confecção recente
PEÇA DE COLECÇÃO

Livro de juventude enjeitado pelo escritor, provavelmente devido ao maniqueísmo no tratamento estético do motivo social.
©Frenesi Loja



DIONÍSIO, Mário – O Riso Dissonante. Poemas. Lisboa: Centro Bibliográfico, 1950. 1.ª edição. 68 Págs.19,2 cm x 13,6 cm. [35,00€]

É o 4.º volume da colecção Cancioneiro Geral composto manualmente em Elzevir
Exemplar em muito bom estado de conservação; miolo limpo.

Jorge de Sena, na 3.ª série das Líricas Portuguesas (Portugália Editora, Lisboa, 1958), é parco na afirmativa:
«[...] nos poemas mais conseguidos, o drama da esperança sempre frustrada, e que, não obstante, “desponta sob o manto cúmplice das coisas”, é incisivamente expresso.»
©Frenesi Loja



DIONÍSIO, Mário – O Dia Cinzento. Coimbra, Coimbra Editora, Limitada, 1944. Desenho de Leandro Gil (pseud. do Autor). 1.ª edição. 220 págs. 19,5 cm x 13,9 c. [90,00€]
Exemplar em muito bom estado de conservação
Valorizado com dedicatória do autor a Gilberto [de] Moura

Apenas duas referências dignas de nota:
Urbano Tavares Rodrigues – «É ainda neste livro muito importante o contraponto dos meios urbanos e rurais, tal como os contrastes de classes, apresentados sem simplismo demagógico, antes com a lucidez dramática de um olhar de artista implacavelmente honesto para consigo e para com os outros. Ao rigor, junta-se, porém, a ironia e, à aridez da reivindicação, o sol da ternura – e assim se constitui uma obra que escorre verdade e amor.»
Vergílio Ferreira – «Escandalizou algum tanto, este O Dia Cinzento, quando apareceu [...]. Mas, é o que foi ontem uma razão de escândalo que é hoje precisamente uma razão de apreço.»
Capa referenciada in Ilustração & Literatura Neo-Realista, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, 2008.
©Frenesi Loja



Vergílio Ferreira com os alunos numa sala de aula
(Liceu Camões – Lisboa)



FERREIRA, Vergílio – O Caminho Fica Longe. Lisboa; Editorial "Inquérito", Lda., 1943. In-8º de 316 [4] p. - Encadernado. Primeira Edição. [430.00€ -vendido]
Muito Raro.



Primeiro e mais raro livro do autor.
Retirado do mercado pela censura política da época.
Bonita encadernação, lombada e cantos em pele, com gravação a ouro.

Excelente exemplar, capas intactas e todo por abrir.
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos



FERREIRA (Vergílio) – Onde Tudo Foi Morrendo. Coimbra; Coimbra Editora, Ldª. 1944. Primeira Edição. Raro. In-8º de VIII-436 [2] p. – Encadernado. [300.00€] (Colecção privada)

Primeira e muito rara edição do segundo livro do autor, da qual deixamos as primeiras linhas: "Pela janela aberta vem a poesia da dispersão. Tudo se calou naquela hora sombria. E longa. As árvores quedaram-se, transidas de frio, de braços nus erguidos ao céu. Mas o céu escondera-se porque os ventos lhe tinham desdobrado nuvens espêssas pela curva abatida. Então os homens ficaram tristes, olhando, em silêncio, a planície sem fim. Rostos enegrecidos, barba crescendo, negra e negra, sempre crescendo, olhos necessitados inundando o ar... Pelo céu recôncavo ecoam uivos fundos de cães que choram lá para as bandas do cabo do mundo. Lamentos de uma angústia tôrva. Por isso o azul do céu foi sorrir para as terras do Sol. E a aldeia começou a fugir também para as terras do Sol. Só aquela janela aberta olha a tristeza das árvores abandonadas e derrama na saleta escurecida a desolação do Outono.(...)."



Capa de Regina Kaspizykowi, mulher de Vergílio Ferreira.

Integrada na colecção Novos Prosadores, que lançou os primeiros romances do neo-realismo português.
Apreendido pela censura política da época.
Excelente exemplar.
Muito bonita encadernação, lombada em pele e ferros a seco, da autoria de Vasco Antunes. Com as capas de brochura.
©Gabriela Gouveia – Livros Antigos

Alarga assim o espectro a seis autores, que este ano celebram "datas redondas", e "convida" as bibliotecas municipais e as livrarias a darem destaque às suas obras.

Para assinalar o Dia Mundial do Livro, a DGLAB também apresenta, no edifício da Torre do Tombo, em Lisboa, a exposição "Livros de muitas cores", uma "mostra de documentação antiga e moderna que pretende chamar a atenção para o papel do livro nas suas muitas vertentes", lê-se no texto da direcção-geral, divulgado na Internet.

Segundo a DGLAB, a criação do Dia Mundial do Livro encontra ainda inspiração "na lenda de S. Jorge e o dragão, adaptada para honrar a velha tradição catalã, segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge e recebem, em troca, um livro, testemunho das aventuras do heróico cavaleiro".


Dante Gabriel Rossetti - The Wedding of St George and Princess Sabra (1857)

O autor de "Romeu e Julieta" morreu precisamente a 23 de Abril de 1616, na localidade inglesa de Straford-upon-Avon, um dia depois do autor de "Don Quijote", em Madrid.


Miguel de Cervantes Saavedra
(Retratos de Españoles Ilustres, 1791)




Portada de la primera edición de la primera parte de El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha,
Libro de Miguel de Cervantes. Madrid: Juan de la Cuesta; 1605.



Portada de la primera edición de la Segunda parte del ingenioso caballero don Quijote de la Mancha. 
Madrid, Juan de la Cuesta, 1615.

La novela consta de dos partes: El ingenioso hidalgo don Quijote de la Mancha, publicada con fecha de 1605, aunque impresa en diciembre de 1604, momento en que ya debió poder leerse en Valladolid, y la Segunda parte del ingenioso caballero don Quijote de la Mancha, publicada en 1615.



Primera lámina a toda página de la edición de Joaquín Ibarra de 1780 para la RAE.
Se trata de una representación del hidalgo manchego creada y dibujada por José del Castillo
y grabada por Manuel Salvador Carmona.

Cervantes redactó en agosto de 1604 el prólogo y los poemas burlescos que preceden a la primera parte, fecha en la que ya debía haber presentado el original para su aprobación al Consejo Real,6 ya que los trámites administrativos y la preceptiva aprobación por la censura se completaron el 26 de septiembre, cuando consta la firma del privilegio real. De la edición se encargó don Francisco de Robles, «librero del Rey nuestro Señor», que invirtió en ella entre siete y ocho mil reales, de los cuales una quinta parte correspondía al pago del autor. Robles encargó la impresión de esta primera parte a la casa de Juan de la Cuesta, una de las imprentas que habían permanecido en Madrid después del traslado de la Corte a Valladolid, que terminó el trabajo el 1 de diciembre, muy rápidamente para las condiciones de la época y con una calidad bastante mediocre, de un nivel no superior al habitual entonces en las imprentas españolas. Esta edición princeps de 1604 contiene además un número elevadísimo de erratas que multiplica varias veces las encontradas en otras obras de Cervantes de similar extensión. Los primeros ejemplares debieron enviarse a Valladolid, donde se expedía la tasa obligatoria que debía insertarse en los pliegos de cada ejemplar y que se fechó a 20 de diciembre, por lo que la novela debió estar disponible en la entonces capital la última semana del mes, mientras que en Madrid probablemente se tuvo que esperar a comienzos del año 1605. Esta edición se reimprimió en el mismo año y en el mismo taller, de forma que hay en realidad dos ediciones autorizadas de 1605, y son ligeramente distintas: la diferencia más importante es que El robo del rucio de Sancho, desaparecido en la primera edición, se cuenta en la segunda, aunque fuera de lugar. Hubo, también, dos ediciones pirata publicadas el mismo año en Lisboa.
©Wikipedia



William Shakespeare




SHAKESPEARE, William – Mr. William Shakespeare’s Comedies, Histories, and Tragedies. Published according to the true Original Copies. Unto which is added, Seven Plays, Never before Printed in Folio… The Fourth Edition. London: Printed for H. Herringman, E. Brewster, and R. Bentley, 1685. Folio, 19th-century burgundy crushed full morocco, raised bands, elaborately gilt-decorated spine, marbled endpapers. [$200,000].



Rare 1685 Fourth Folio of Shakespeare’s plays, first issue, with the engraved frontispiece portrait of Shakespeare by Droeshout, the ten-line poem by Ben Jonson and John Milton’s first poem. The folios are “incomparably the most important work in the English language” (William A. Jackson). Because of their incalculable impact on the language, thought and literature of our world, they are among the most desirable of all English language books, the prizes of any collection. Handsomely bound by Maltby of Oxford.



The “four folios of Shakespeare” are the first four editions of Shakespeare’s collected plays, which were the only collected editions printed in the 17th century. At that time, plays were not considered “serious literature”; they were to be performed and attended, not read, and thus they were not routinely printed and often survived only in manuscript form. Hence, the first collected edition of Shakespeare’s works did not appear until seven years after his death, and 17 of the 36 plays included had never been published before (and might have been lost had the folios not been printed). This Fourth Folio “contains the additional seven plays that first appeared in the 1663 [third folio] edition [only one of which, “Pericles, Prince of Tyre,” is now attributed to Shakespeare], as well as a good deal of correction and modernization of the text designed to make it easier to read and understand” (Folger’s Choice 6). It was the last edition of Shakespeare’s plays printed in the 17th century—last to appear before the editorial onslaught of the next hundred years. Because the Fourth Folio had been “modernized,” it was therefore nearer a modern text than either the Second or Third, and became the edition of choice for future editors. Shakespeare’s first acknowledged editor, Nicholas Rowe, for example, used the Fourth as the basis for his famous 1709 edition. The Fourth was printed on Dutch Demy Royal sheets, a larger format than any of its predecessors, and the type “is in a larger font than the three earlier editions, and more liberally spaced” (Jaggard, 497). In addition to Ben Jonson’s famous epitaph, this edition also includes the unsigned “An Epitaph on the admirable Dramatick Poet, William Shakespear,” regarded as John Milton’s first published poem, written when he was a student at Cambridge and appearing for the first time in the Second Folio (1632).



First issue, without Richard Chiswell listed in the imprint statement, as in the second issue (a third issue lists Herringman alone). For this fourth edition, Shakespeare’s text was cast off to three different printers (one of whom has been identified as Robert Roberts), who typeset their sections simultaneously, thus shortening the time it took to bring the edition to market (and tying up as little type as possible from any one printer). When the work was finished and the three sections of printed sheets collated, there was a shortage of 17 sheets from the second section, which were then hastily reprinted without the characteristic borders around the text. Copies have been found with these second state sheets. All of the relevant sheets in this present copy, however, are the original settings, with the page-borders. A second anomaly distinguishes this edition: in collating the sheets it was also discovered that text had been omitted from the first section, so that leaf L1 had to be reset in a smaller point-size to accommodate the missing text.Although there is no accurate census of the number of folios still extant today, it is believed that copies of each printing number only in the hundreds. Shakespeare’s portrait is in the third state, as issued, with extensive additional crosshatching in his hair and in the shadow on his ruff (see Blayney, 19). Leaf 2C1 (King John) misbound between 2C6 and 2D1 (Richard II); all text present. Greg III, 1119-1121. Wing S2915. Jaggard, 497. Pforzheimer 910 (second issue). Bartlett 123. Miller, 138-39. Dawson, “Some Irregularities in the Shakespeare Fourth Folio” (Studies in Bibliography, 1951). Armorial bookplate of English physician Paulin Martin (1842-1929), Abingdon; recent leather booklabel of Lucy [Doheny] Smith Battson, daughter-in-law of the noted book collector Estelle Doheny. A few marginal pencil notations, misprinted headline for The Tempest corrected in early manuscript.

Portrait leaf trimmed and skillfully mounted, with partial loss of first letter of engraver’s name only; small hole to 1C5 affecting letters but not the sense of text on recto; a few minor paper repairs without loss, occasional minor soiling. Binding very handsome. A very good complete copy, with no facsimile leaves.
©Bauman Rare Books

Aqui vos deixo este apontamento no Dia Mundial do Livro e já agora convêm lembrar que:



 Saudações bibliófilas.