"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

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domingo, 4 de junho de 2017

Uma conversa a propósito do Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco


Numa das minhas últimas a Lisboa tive ocasião de passar pela Livraria Artes e Letras – Avenida Elias Garcia, 153 – A | 1049 - 055 Lisboa | Portugal do meu estimado amigo Luís Gomes e conversar um pouco com ele.


Livraria Artes e Letras

Como esta questão de amizade não se mede pelo número de livros que este nos vende ou que eu lhe compro, mas sim pela sintonia de ideias que partilhamos (pelo menos é essa a minha opinião), fácil será perceber-se que se falou de tudo um pouco – projectos futuros que germinam nos nossos horizontes, experiências gastronómicas… e claro que também de livros!


Luís Gomes

E já que falamos de livros, como sempre dou uma espreitadela pelo que ele tem nas estantes do seu bom acervo e descobri (esta é a grande ilusão de qualquer bibliófilo ter a ideia da descoberta de um livro numa qualquer livraria!) um livrito curioso:



Alberto Pimentel ― Notas sôbre o Amor de Perdição. Lisboa, Guimarães & C.ª – Editores (68, Rua do Mundo, 70) 1915. In-8º de 155, [5] págs. Brochura.


Página de referência à 1.ª edição

"O romance Amor de Perdição, apesar do pálido conceito que dêle fazia o autor, entrou no gosto público e criou tão fortes raízes, que ainda agora foi reimpresso pela vigésima-primeira vez. / Em 1862, logo que êle aparece, a crítica dos homens de letras revela-se em perfeita concordância com a sôfrega procura do mercado. Vinte e nove anos depois de ter aparecido, uma empresa literária despende oito contos de réis numa edição monumental. / Mais tarde ainda, primeiro o drama, em seguida a ópera, redoiram o Amor de Perdição com uma intensa luz de vida e arte e colhem triunfos não inferiores aos do livro, nem menos ruidosos e espontâneos. / Finalmente, as traduções espanholas, italiana e suéca são factos demonstrativos de que o afecto dos portugueses pelo Amor de Perdição não é devido a uma especial sentimentalidade caseira que outros povos, da mesma raça latina ou de raça diferente, sejam incapazes de compreender e repercutir.”


Reprodução de páginas do manuscrito original

Capítulos: «Origens do «Amor de perdição»», «Dedicatória», «O Prefácio», «Acção e personagens», «Ainda o entrecho e as figuras», «Sensação causada por este livros – Um inquérito», «As edições», «As traduções», «O drama», «A ópera», «Ultima nota».

(Texto descritivo de outro bom amigo o Gonçalo Rodrigues)

Livro que me trouxe à memória quando li pela primeira vez o romance – seguramente há perto de 50 anos!

Sinceramente não me recordo com uma exactidão precisa de todos os pormenores do enredo, mas sim das suas linhas gerais, mas lembro-me (a minha memória visual é muito boa…) da capa do livrinho que li na altura.


Amor de Perdição – Capa da brochura do livro que li

Primeiras edições? O que era isso nessa época!

Li-a o que me caía entre mãos – o que me ofereciam como prendas pelo Natal e anos, assim como alguns que me compravam fora destas datas festivas e muitos outros que os meus colegas e amigos de infância me emprestavam…sempre fui um leitor bastante ecléctico!  

Algumas edições passaram pelas minhas mãos, claro que também a 1.ª edição, mas nenhuma me fez esquecer aquele primeiro livrinho que li!


Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco,
filho ilegítimo de Joaquim Botelho e de Jacinta Maria,
nasce em Lisboa, a 16 de Março de 1825

Mas voltemos ao Amor de Perdição e relembro convosco o seu enredo (e esta foi uma forma de o recordar):

Simão Botelho era filho do corregedor Domingos Botelho, tinha um irmão mais velho, Manuel, com quem tivera algumas desavenças, e irmãs mais novas. A sua mãe chamava-se Rita e por vezes tinha uma atitude de soberba.


Capa de brochura de Amor de Perdição

Simão era um jovem que envergonhava a família porque as suas amizades eram apenas com aqueles que pertenciam às classes mais pobres e de comportamento duvidoso, o que desgostava muito a seus pais.

Porém, passado um tempo Simão mudou totalmente; deixou de sair de casa, as suas más amizades findaram, as suas desordens também e passava os seus dias em casa junto com a sua irmã Rita.


Capa de brochura de Amor de Perdição

Esta mudança no comportamento dele devia-se à sua paixão por Teresa Albuquerque, filha de Tadeu Albuquerque. Simão e Teresa eram membros de famílias rivais, que se tinham apaixonado. Moravam em casas vizinhas em Viseu. Os jovens apaixonados, logo perceberam a impossibilidade da realização desse amor por meio do casamento, pois as suas famílias eram inimigas.

Não demorou a que começassem a sentir ódio pelos seus pais, no entanto mantêm um namoro silencioso através das janelas próximas. Ambas as famílias, desconfiadas, fazem tudo para combater esta união amorosa.

Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, ao descobrir o romance, trata de prometer a mão de sua filha a seu sobrinho Baltasar Coutinho. No entanto, a filha negou-se, até pelo facto de o seu primo a aborrecer muito, pelo que começaram então as ameaças a Teresa, casava-se ou não seria mais considerada filha, seria mandada para um convento.


Capa de brochura de Amor de Perdição

Na casa de Simão, o pai, muito irritado com aquela paixão resolve pôr fim ao romance entre seu filho e Teresa, enviando o jovem Simão a Coimbra para concluir os seus estudos e, deste modo, pretendia sufocar o amor dos jovens pela distância.

Simão, enlouquecido pela saudade de sua amada, decide ir a Viseu encontrar-se com Teresa. É hospedado pelo ferreiro João da Cruz, homem destemido, forte e fiel que devia favores a seu pai. Após uma tentativa falhada de se encontrar com Teresa Simão sai ferido. O rapaz busca refúgio na casa de João da Cruz para recuperar, dos ferimentos. Os amantes ainda mantinham comunicação por meio de uma velha mendiga que passava com frequência sob a janela do quarto de Teresa. Para castigar a filha, Tadeu de Albuquerque decide mandá-la para um convento do Porto. Porém Antes a jovem é recolhida num convento na própria cidade de Viseu, enquanto Tadeu aguardava a resposta do Porto.

Em Viseu, na casa do ferreiro, Mariana, filha do ferreiro acaba por se apaixonar por Simão, amor esse que ela não revela. Amor escondido, platónico e de uma dedicação extrema.


A morte de Baltasar Coutinho – Ilustração de Amor de Perdição

Simão ao tomar conhecimento dos factos, fica furioso e, num acesso incontido de raiva, decide tentar raptar Teresa. O jovem defronta-se com Baltasar, na tentativa de resgatar Teresa. Mesmo diante de várias testemunhas o jovem Simão atinge Baltasar com um tiro mortal. Simão é preso e condenado à morte. Porém, devido à interferência do corregedor Domingos Botelho, pai de Simão, a pena é convertida ao degredo nas Índias. A sentença do desterro sai, Simão é condenado a ficar dez anos na Índia.

Teresa começa a ter a sua saúde abalada, cada vez mais triste e magoada, parece ter perdido a vontade de viver.

Ao embarcar rumo à Índia, Simão vê, pela última vez no mirante do convento Teresa. Também Teresa contempla o navio que levava seu amado. Logo após, Teresa morre.


A morte de Teresa de Albuquerque – Ilustração de Amor de Perdição

Simão, antes de seguir seu destino, toma conhecimento da morte de Teresa e segue rumo ao degredo. Relê as cartas de Teresa enquanto o seu corpo é consumido pela morte. Alguns dias após o início da viagem, Simão adoeceu, tinha febres e delírios, Simão morre.

Mariana, não resistindo à perda de Simão, no momento em que vão lançar o corpo ao mar, lança-se ao mar também.

É sem dúvida um dos romances mais românticos e trágicos do romantismo português com o seu enredo shakespeariano a lembrar o de Romeu e Julieta – sem que com isto queira tirar o mérito ao ilustre romancista, nem que o livro seja decalcado deste enredo.


Uma das raras imagens de Ana Augusta Plácido,
depois Pinheiro Alves,
quando era ainda muito jovem.

Foi com Ana Augusta Plácido, que teve o seu grande envolvimento amoroso, mas, por imposição paterna, esta casa-se com um rico comerciante “brasileiro” que regressa de viagem (Manuel Pinheiro Alves), o que origina em Camilo uma profunda depressão e aversão a figuras de portugueses enriquecidos no Brasil que regressavam sem cultura nem princípios morais, como ele os caricatura em muitas das suas novelas, apresentando-os como figuras grotescas.


Cadeia da Relação do Porto – Interior

Ana Augusta Plácido deixa o marido para viver com o amante, o que era nesse tempo um escândalo passível de acção judicial. O escândalo traz notoriedade a Camilo. O casal, perseguido pela justiça, passa algum tempo fugitivo, escondendo-se em vários lugares, até que os dois amantes se vêem forçados a entregar-se à prisão (Ana em Maio e Camilo em Outubro). Acusados de adultério, ambos, são remetidos para a Cadeia de Relação do Porto.


Cela onde esteve Camilo Castelo Branco
©blog A Vida em Fotos

O cárcere durou um ano e dezasseis dias, período em que recebe a visita do rei D. Pedro V. Aqui, Camilo ocupou o tempo a escrever, entre outros escritos, num momento psicológico de alta tensão trágica, em quinze dias, o Amor de Perdição (1862), baseado em factos reais da sua história familiar – o seu tio paterno Simão António Botelho, mas largamente coloridos pela mestria da sua pena do escritor – onde a realidade se confunde com a imaginação do autor que está a viver o que o seu antepassado terá também sofrido.


in D. Pedro V, Um Homem e Um Rei (Ruben Andresen Leitão, 1950)

Julgados em tribunal, acabaram por ser absolvidos do processo porque o marido de Ana Plácido morrera e, portanto, terminara o crime de adultério. Passaram a viver juntos, finalmente.


Página de Alberto Pimentel ― Notas sôbre o Amor de Perdição.

Claro que não vou deixar passar esta conversa sem uma referência à sua 1.ª edição e à mais bela encadernação que vi (infelizmente só em fotografia) desta obra importante do nosso panorama literário (hoje um pouco relegada para seguindo plano, assim como toda a obra deste talentoso escritor)




Castelo Branco (Camilo) – Amor de Perdição (memórias d'uma família). Porto; Em Casa de N. Moré - Editor. 1862. In-8º gr. de XI, 249 p. il. - Encadernado.

Raríssima primeira edição do mais popular romance de Camillo.



"A novela de paixão amorosa mais intensa e profunda que se tenha escrito na Península" .  Unamuno.       
    

                                                                       
Chamo especial atenção para a maravilhosa encadernação inteira em marroquim verde, com lindíssimo e original trabalho a ouro nas pastas, lombada e seixas. Corte das folhas impecavelmente douradas. (encadernador francês?)



Ex-libris, na folha de guarda, do conhecido bibliófilo Emílio Monteiro. Sem capas de brochura, e discreta assinatura da época. Muito limpo e muito bem conservado. Exemplar muito atractivo.



Magnífica Peça de Colecção.

©Gabriela Gouveia – Livros Antigos (28/05/2015)

E assim desta conversa entre amigos, de um livrito (sem qualquer desprimor para o livreiro-antiquário), se construiu uma reflexão que muitas vezes fazemos quando entram nas nossas bibliotecas livros que nos recordam outros.

Saudações bibliófilas com votos de uma boa semana.


domingo, 26 de março de 2017

Bibliographias – Catálogo III



Livros antigos

O meu prezado amigo Gonçalo Rodrigues, da bibliographias, editou mais um dos seus belíssimos catálogos.


Bibliographias - logotipo

Mas vejamos como o Gonçalo Rodrigues faz a sua apresentação:

“Envio em anexo o terceiro catálogo da bibliographias, que tem o Romantismo como grande pano de fundo e, acessoriamente, o Romanceiro/Cancioneiro e o Ribatejo e bibliografia ribatejana.


Almeida Garrett

Garrett está obviamente em destaque, devendo sublinhar-se as edições originais do «Romanceiro», do «Dona Branca» e d'«O Alfageme de Santarem».


Alexandre Herculano em Vale de Lobos, 
sentado numa das cestas da apanha de azeitona

Quanto a Herculano, as de «O Bobo», «Ao Partido Liberal Portuguez» e «Eurich, der Priester der Gothen». «Luz Coada por Ferros», de Ana Plácido, e a última edição publicada em vida de Camilo do correspondente «Amor de Perdição»; sendo de Camilo apresentadas peças importantes da bibliografia passiva (só de Alberto Pimentel, «O Romance do Romancista», «O Torturado de Seide», «Uma Visita ao Primeiro Romancista Portuguez em S. Miguel de Seide» e «Notas sôbre o Amor de Perdição»).


Alberto Pimentel em 1869

Da primeira fase de Antero, «Beatrice» e «Primaveras Romanticas». Uma edição ainda setecentista do «Werther», de Goethe.


François Guizot
Retrato por Jehan Georges Vibert (Castelo de Versailles)

Várias primeiras edições de Guizot e primeiras portuguesas de Alexandre Dumas, incluindo «O Conde de Monte-Christo». Primeiras edições de alguns primeiros livros de Redol, Soeiro, Saramago e Santareno. Etc. - o melhor é espreitar.


Soeiro Pereira Gomes

O catálogo deverá ser impresso e distribuído em Abril, mas aceitam-se encomendas a partir deste momento, por e-mail ou por telefone.
Como de costume, agradeço eventuais sugestões e/ou correcções de gralhas antes da impressão.


Bibliófilo em apuros…
©Le Blog du Bibliophile

Chamo a atenção para que alguns destes livros e muitos outros dentro do mesmo tema começaram já e continuarão a ser anunciados no blog da livraria, a que por isso se aconselha visita com alguma frequência.

Chamo ainda a atenção, a quem subscreve as mensagens do blog por telemóvel, para que o endereço que consta dessa aplicação é um endereço «no-reply» - de não-resposta. O único endereço de contacto da livraria é este, bibliographias@gmail.com."


Capitular A

Trata-se de uma excelente continuação, na minha opinião, da última postagem, pois demonstra de uma forma prática aquilo que se escreveu sobre a estratégia para a constituição da nossa biblioteca.

Com efeito, se ela compreender livros ou autores deste período ou temas, temos aqui um vasto leque de opções de escolha para compra, caso contrário servirá apenas de consulta e apreciação de como se elabora um bom catálogo com descritivos precisos sobre o conteúdo da obra e muito particularmente sobre o seu estado… e nada mais!
(…e que o meu estimado amigo Gonçalo Rodrigues me perdoe o atrevimento!)

Mas passemos a uma breve visão do catálogo, como já é habitual, com aquelas obras que podem ser mais documentadas e as de maior raridade:


Catálogo



Almanach das Senhoras Portuguezas e Brazileiras para 1888 por Albertina Paraizo/(3.º anno). Casa Editora de Alcino Aranha & C.ª. Porto. In-4º peq. de 208 págs. Enc. 42€

Apresentado por nota introdutória ( «Palavras Indispensaveis») de Albertina Paraíso dando nota das mudanças em relação aos dois anteriores, iniciais – deixar de ser dedicado apenas às «Senhoras Portuenses» e estender-se às «Portuguezas e Brazileiras», passando a ser editado por Alcino Aranha –, o volume contou com a colaboração de, entre muitos outros, Camilo (meia-dúzia de «Maximas» um tanto para despachar, numa das poucas ocasiões, segundo Catarino Cardoso, em que assinou literariamente como Visconde de Correia Botelho), Eça (com um fragmento inédito do capítulo VII de Os Maias), João de Deus, Antero, Junqueiro, Teófilo Braga, Oliveira Martins (uma pequena e bem-humorada carta explicando-se por não entregar nada de substancial), Bulhão Pato, Olavo Bilac, Ramalho, Joaquim de Carvalho, Júlio César Machado, Lopes de Mendonça, Luís de Magalhães, Pinheiro Chagas e um ainda novato Raul Brandão (curto conto de 3 páginas, «Caso Urgente», que, salvo erro, não se recensearia em qualquer edição posterior). Com uma belíssima capa de brochura, ilustrada, e ilustrado ainda por frequentes gravuras no texto e pelos retratos, em folhas destacadas de papel couché, de D. Maria Pia, D. Amélia (por então, princesa) e Margarida Relvas, que pouco antes morrera.

Exemplar nº11 da raríssima tiragem especial – “Consta de 25 exemplares em papel de linho, nacional, numerados, a presente tiragem de bibliophilos e camonianistas” – em maior formato; encadernado em percalina gravada a ouro na lombada e conservando por inteiro a capa de brochura, mas estando já a encadernação bastante desfeada por manchas várias. No miolo, pelo contrário, muito cuidado, sem defeitos significativos.



BASTO, Artur de Magalhães ― O Pôrto do Romantismo. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1932. In-8º gr. de VII, [I], 234, [6] págs. Enc. 55€

Edição primitiva e já relativamente rara de um dos títulos fundamentais da bibliografia portuense, cheio de apontamentos de interesse relativos à época de ouro da cidade, debruçando-se em particular sobre o meio do século. Alguns dos capítulos: «1820 e a Burguesia Portuense», «O Pôrto de 1850», «Poesia e... Matéria», «A Família Burguesa», «O Pôrto Culto», «Sua Majestade-o-Amor», «Êles e Elas», «O Jardim de S. Lázaro», «Vida Boémia», «O último acto de um grande drama», «O Amor e os Poetas», «Bailes e Banquetes», «Folguedos Populares».

Exemplar revestido de boa encadernação recente ao estilo meio-amador com cantos e larga lombada em pele e as pastas em marmoreado; guardando por inteiro a bonita capa original.



BRITO, Francisco Nogueira de ― Arqueologia Scalabitana // Relatorio Elaborado por (...) / Excursão da Associação dos Arqueologos Portuguezes a Santarem em 9 de Julho de 1916 / Separata do «Boletim da Associação dos Arqueologos Portuguezes» feita a expensas do 3.º Visconde de Santarem. Lisboa ―Composto e impresso na Tipografia ― Casa Portuguêsa (139, Rua do Mundo, 141) ― 1917. In-8º gr. de 27, [1] págs. Br. 14€

Relação de um périplo à maneira do que Garrett, Passos Manuel e afins fizeram mais de meio século antes, mas obviamente ainda mais centrado nos temas de História da Arte do burgo santareno.
Da separata, valorizada pelas fotogravuras em folhas à parte e sobretudo pela bela capa desenhada por Alberto de Sousa, foram impressos mil exemplares correntes (como este) e seis especiais, que não terão sequer chegado a entrar no mercado.



CÉSAR, Oldemiro ― Camilo e o Amor de Perdição. Editorial Domingos Barreira. Pôrto. (1947). In-8º de 218, [6] págs. Br. 20€

Apesar do que possa indiciar o título, o livro não é uma monografia dedicada ao principal romance de Camilo – ainda que dele tratando dois capítulos em exclusivo –, mas um estudo de mais amplo escopo com apontamentos vários para a biografia do escritor. Ilustrado em folhas à parte de papel couché, o volume apresenta ainda, a terminar, uma longa folha desdobrável reproduzindo em fac-simile o manuscrito do Amor de Perdição, na passagem em que era narrada a morte de Simão; e inclui, também no fim, uma «Breve Antologia Camiliana» e bibliografia.

Exemplar bem conservado, sem defeitos significativos: apenas o ligeiro envelhecimento da capa e alguns vestígios de acidez ao longo do volume.


Manuel Joaquim Pinheiro Chagas
(Diário Ilustrado, Junho de 1873)

CHAGAS, Pinheiro ― Ministros, Padres e Reis / por M. Pinheiro Chagas. Editores: C. S. Afra & Comp.ª. Lisboa. [S/d – 1870?]. In-8º de 220, [2] págs. Enc. 25€

Primeira e já rara edição em volume de uma série de artigos e folhetos publicados na imprensa da época, com o intuito, explicava o autor no prefácio, de “passar uma revista chronologica, ora séria, ora humoristica, a todas as grandes questões d’um dos periodos da historia contemporanea mais cheios de extraordinarios successos”, tendo sido quatro os seus alvos principais – a monarquia de Isabel II em Espanha, o império de Napoleão III, o poder temporal do Papa e a Prússia de Bismarck em ascensão. Alguns capítulos a destacar: o cómico «O casamento civil», «O iberismo e o principio das nacionalidades», «A insurreição republicana em Hespanha», «O bispo de Vizeu» (pouco conhecida mas muito curiosa sátira ao livro de Camilo), «França e Prussia».

Exemplar com boa encadernação recente, conservando por inteiro a pouco frequente capa de origem.



COLAÇO, Branca de Gonta ― Poetas d'Hontem (Conferencia realisada na sede da Liga Naval, na tarde de 22 de Maio de 1914.) Lisboa: Typographia Castro Irmão, 1915. In-4º de 85, [3] págs. Enc. 35€

“O pensamento que suggeriu e dictou as linhas dos Poetas d'Hontem, foi o desejo de juntar n'um circulo intellectual o maior numero dos poetas que viveram no tempo de Thomaz Ribeiro” (o pai de Branca). Ao texto da conferência, que reproduz algumas composições dos escritores aludidos e recenseia muitos dos títulos constantes deste catálogo, acrescenta esta publicação em volume uma espécie de dicionário de autores, disposto por ordem alfabética, com indicações bio-bibliográficas, algumas de particular utilidade – ou por darem conta de nomes hoje positivamente ignorados, ou por apontamentos menos conhecidos relativos aos que o não são. No final, transcreve-se «O Douro», de Serpa Pimentel – poemeto a que é feita referência no princípio do texto –, cuja impressão original fôra encomendada por Alberto Pimentel à Magalhães e Moniz num pequeno opúsculo que era, já então, muito raro.

Edição especial limitada a 525 exemplares numerados, sendo este o nº 408, da série em papel vergé nacional, e revestido de uma boa encadernação – com lombada e cantos em pele gravada a ouro, preservada por inteiro a capa de brochura (que tem também aplicações a ouro); apresenta uma dedicatória de oferta manuscrita pela autora à Biblioteca Imperial de São Petersburgo, a que não deverá porém ter chegado.


©Livraria do Adro de Miguel de Carvalho

CRUZ, Fr. Bernardo da ― Chronica de ElRei D. Sebastião, por (...); publicada por A. Herculano, e o Dr. A. C. Payva. Lisboa: 1837. Na Impressão de Galhardo e Irmãos, Rua da Procissão N.º 45. In-8º peq. de XVI, 446, [2], [XXXVI] págs. Enc. 60€

“A Academia Real das Sciencias já em 1825 havia promettido imprimir a Chronica por nós agora publicada; porém esta promessa nunca se verificou”; “Como historiador Fr. Bernardo da Cruz tem meritos e defeitos, quanto nos é licito julgar pelas copias que da sua obra nos restam. Em nosso entender o plano do livro foi bem traçado. O reinado de D. Sebastiaõ é notavel por um facto unico – a perda em Africa – á roda do qual só apparecem mesquinhos enredos de Côrte, traiçoens de conselheiros vendidos, e loucuras de mancebos”. (Do «Prologo» de Herculano – que, segundo se crê já desde Inocêncio, aqui publicava pela primeira vez um livro).

Exemplar com uma boa encadernação de pequenos cantos e lombada em pele, que nesta última apresenta ligeiros picos de traça – não passaram, felizmente, para o miolo.


Alexandre Dumas

DUMAS, Alexandre ― O Conde de Monte-Christo. Romance Historico por (...). Lisboa: Typographia Lisbonense, 1849. 6 vols in-8º. Enc. em 3. 75€

Salvo erro, terá sido esta a primeira edição portuguesa do monumental romance de Alexandre Dumas, publicada em seis volumes quatro anos depois da original francesa; bastante rara, sobretudo quando assim, completa.

Boas encadernações (ainda do séc. XIX mas, aparentemente, posteriores) com a lombada em pele e gravações artísticas a ouro. Conservando-se sólidas, apresentam, no entanto, natural desgaste – maxime nas lombadas.


©SCRIBD

FIGUEIREDO, Fidelino de ― Historia da Litteratura Romantica Portuguesa (1825-1870). Lisboa: Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira (20-Praça dos Restauradores-20) – 1913. In-8º gr. de 322 págs. Enc. 25€

Primeira edição de um dos sempre proveitosos trabalhos deste professor que o exílio mais tarde desaproveitaria, dividido nos capítulos principais «Garrett», «Herculano», «O Lyrismo», «O Romance Historico», «O Romance Passional», «O Romance Maritimo e o Romance Campezino», «O Theatro», «A Historia», «A Eloquencia» e «Generos Menores».

Exemplar coberto de uma boa encadernação com a lombada em pele gravada a ouro, mas que o desproveu da capa original. Com o conhecido ex-libris (Do Estudo Floresce a Luz) da portuense Livraria Académica.


©Colecção privada

GARRETT, Almeida ― D. Branca, ou A Conquista do Algarve, Obra posthuma de F. E. París, me [sic] casa de J. P. Aillaud, Quai Voltaire, nº11. (Na Imprensa de H. Fournier, Rue de Seine, nº 14.) M DCCC XXVI. In-8º de [VIII], 248 págs. Enc. 85€

Foi a edição original do livro que se considera ter introduzido o romantismo em Portugal, junto com o Camões do mesmo Garrett – que os compôs a ambos durante o exílio parisiense, e que aqui assinava curiosamente F.E., o que não deixará de remeter para Filinto Elísio...

Exemplar protegido por coeva encadernação integral em pele com algum desgaste, tendo a lombada, acrescida de rótulo, gravada a ouro – também a ouro gravadas de alto a baixo as coifas. Corte das folhas aparado e ornamentado. Defeitos: assinatura na de rosto; mancha antiga de humidade nas iniciais e finais; marcas e picos de acidez ao largo de todo o volume; falta de duas no fim (apenas de notas, todavia).


©Infopedia

GARRETT, Almeida ― Romanceiro e Cancioneiro Geral por J. B. de (...) Lisboa: Typ. da Soc. Propagadora dos Conhec. Uteis (Largo do Pelourinho n.º 24.) – 1843. (E na Imprensa Nacional, 1851). 3 vols. in-8º de XXIII, [1], 216; XLVI, 300, [4]; e VI, 294, [II] págs. Enc. 175€

O primeiro volume, publicado mais cedo, «Adozinda e outros», integra «Adozinda, romance», «Bernal-francez, romance», «Noite de San’João, romance», «O Anjo e a Princeza, legenda», «O chapim d’elrei, xacara» e «Rosalinda, romance». O segundo e o terceiro, publicados em melhor papel já pela Imprensa Nacional um e outro em 1851, incluem dezenas de «Romances Cavalharescos Antigos», entre os quais «Bella Infanta», «Dom Aleixo», «Reginaldo», «Dom Beltrão», «Donzella que vai á guerra», «A Nau Cathrineta» e «Linda-a-Pastora».


Assinatura autografa de Almeida Garrett

Edição original desta pioneira recolha, cuja importância para a história da literatura popular portuguesa dispensa comentários.

Os três volumes tiveram a mesma antiga encadernação inteira em pele e pertenceram todos a João de Castro Osório (e depois a Mariana Osório de Castro), de quem têm o ex-libris, sublinhados e apontamentos variados – estando por isso valorizados q.b., excepto no preço.


©Livraria Antiquária do Calhariz

GOMES, Soeiro Pereira ― Engrenagem (romance). Edições SEN Porto, 1951. In-8º de 261, [3] págs. Enc. 35€

Primeira edição, publicada pela cooperativa portuense Sociedade Editora Norte; com uma fotogravura do último retrato de Soeiro em folha preliminar, destacada, de papel couché. O volume inclui uma pungente nota inicial da irmã Alice, explicando por que lhe falhara a coragem para destruir, conforme o pedido do escritor, este romance que ele entendia ainda inacabado e sobre cujo manuscrito apusera a indicação “Para eu corrigir um dia”.

Exemplar revestido de boa encadernação recente que conserva por inteiro a capa e até a tira que revestia o encaixe; o corte das folhas foi aparado e carminado à cabeça, permanecendo intactas as restantes margens.



GOMES, Soeiro Pereira ― Esteiros. Edições «Sirius». 1941. In-8º de 297, [7] págs. Br. 35€

Primeira edição, ilustrada ao longo do volume por desenhos de Álvaro Cunhal; incluída na série «Romance» da Sirius. Com uma pequena nota inicial do autor em que, depois de dedicar o livro “Para os filhos dos homens que nunca foram meninos”, falava dos “Esteiros. Minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo. Dedos das mãos avaras dos telhais, que roubam nateiro às águas e vigores à malta. Mãos de lama, que só o rio afaga”.

Exemplar com algum desgaste, particularmente na capa.


©Open Library

GUIZOT, François ― De La Democratie en France. (Janvier 1849) Par M. Guizot. Paris: Victor Masson, Libraire – MDCCCXLIX. In-8º gr. de [4], 157, [1], 29, [1] págs. Br. 85€

Foi a edição original de um dos mais importantes tratados de ciência política desse tão rico oitocentos, tomando como base os acontecimentos em França desde a Revolução ocorrida 60 anos antes mas estendendo a panorâmica para considerações gerais de sociologia política e sobre ideias como República, Democracia e Socialismo; defendendo a democracia representativa contra a democracia social, num posicionamento moderado (“Liberalismo Conservador” costuma chamar-se-lhe) que tão caro viria a ser ao Guizot português, Herculano, e que facilmente se entenderá tendo em conta que era ele próprio o esteio do orleanismo e o primeiro-ministro de França quando em 1848 sobreveio a Comuna de Paris, escrevendo este livro já a partir do exílio britânico.

Capítulos: «D’où vient le mal», «Du gouvernement dans la démocratie», «De la République démocratique», De la République sociale», «Quels sont les éléments réels et essentiels de la société en France», «Conditions politiques de la paix sociale en France», «Conditions morales de la paix sociale en France», «Conclusion».


©Livraria Moreira da Costa - Alfarrabista

HERCULANO, Alexandre ― Ao Partido Liberal Portuguez a Associação Popular Promotora da Educação do Sexo Femenino. Lisboa, na Imprensa União-Typographica, 1858. In-4º de 43, [1] págs. Br. 55€

Primeira, única e raríssima edição, publicada anónima. O opúsculo de Herculano é uma (demasiado) longa proclamação contra a pretendida entrada das «Irmãs de Caridade» francesas em Portugal, que o autor associava à Reacção e à “conspiração organizada neste paiz contra a Liberdade”, tendo por isso incentivado a constituição de uma associação com o escopo de combater “as tentativas de reacção antiliberal, cuja manifestação mais importante é o empenho de transviar a educação popular, entregando-a a congregações religiosas, não só estrangeiras, mas tambem regidas por principios oppostos ás instituições liberaes”.

Exemplar em estado razoável, dada a fraca qualidade do papel. Com uma sobrecapa artesanal, em papel transparente, para protecção e uso normal da frente da capa, que está solta.


Victor Hugo

HUGO, Victor ― Os Miseraveis (Traducção de Antonio Rodrigues de Sousa e Silva revista por Gualdino de Campos) Livraria Civilisação de Eduardo da Costa Santos – Editor (4 – Rua de Santo Ildefonso – 6) – Porto. [S/d]. 5 vols. in-4º. Enc. 85€



Edição primorosamente executada, com composição gráfica da Typographia Occidental portuense, reproduzindo as belas ilustrações de uma edição francesa coetânea – muitas em folha inteira destacada – a partir dos trabalhos de desenhadores e gravadores como Doré, Meaulle, Bayard e Bellenger. É geralmente considerada a mais bonita das dezenas ou centenas que o livro conta em Portugal.

Todos os volumes envoltos numa boa encadernação com a lombada em pele gravada a ouro e as pastas em percalina, mas apresentando estas últimas já algumas escoriações.



MARTINS, Rocha ― A Paixão de Camilo (Ana Placido). Edição do Auctor. Composto e Impresso nas Oficinas Gráficas do «ABC». Lisboa. [S/d – 1924?]. In-4º de 357, [3] págs. Br. 40€

Primeira edição de um dos grandes «clássicos» da bibliografia camiliana, mosaico como poucos da sociedade portuguesa e, muito em particular, portuense do séc.XIX. O volume, ilustrado na capa por Stuart Carvalhais, integra em folha preliminar de papel couché um retrato de Ana Plácido por António Carneiro composto originalmente para o efeito, além de vários clichés destacados sobre folhas únicas com o fac-simile de jornais e documentos diversos seus (cartas, diário, etc.) e a reprodução de fotografias e retratos – dela, de Camilo, de familiares e de amigos (como Vieira de Castro, «O Condemnado»).

Exemplar do terceiro milhar impresso, resguardado por uma boa encadernação recente que conserva por inteiro a capa.



Pearls from the Poets. Works of Celebrated Writers. Selected, with Biographical Notes, By H. W. Dulcken, Ph. D., M.A. With a Preface by The Rev. Thomas Dale, M.A., Canon Residentiary of St. Paul’s, etc., etc. London: Ward, Lock, and Tyler, Warwick House, Paternoster Row. [S/d - 1860?]. In-8º gr. de 220 págs. Enc. 35€

Logo no prefácio, Thomas Dale sublinhava com boa razão a excelência tipográfica e beleza e riqueza das ilustrações – que tornam o volume, bastante devedor da estética dos códices medievais, um regalo para os olhos de qualquer leitor. A antologia repesca em exclusivo autores britânicos, focando q.b. toda a plêiade romântica oitocentista, à qual vai por exemplo buscar Wordsworth, Coleridge, Scott, Montgomery, Moore, Byron, Shelley e Keats.

Belíssima encadernação editorial em percalina profusamente gravada a ouro na lombada e na pasta superior, sendo ainda dourado por inteiro o corte das folhas.

O exemplar ostenta na folha de guarda uma bonita dedicatória de oferta (Londres, 1881) manuscrita em inglês por Eduardo da Silva Guimarães ao literato beirão Arnaldo de Figueiredo.



PIMENTEL, Alberto ― O Romance do Romancista. Parceria A. M. Pereira, 1974. In-4º de 495, [5] págs. Enc. 35€

Anunciada como a segunda, foi de facto a terceira (última até hoje, salvo erro) das edições da biografia, aqui na série especial encadernada pela editora e impressa em maior formato sobre papel superior, com tiragem limitada a 350 exemplares numerados – coube a este, ainda em bom estado, o n.º 88. Teve introdução e notas de Alexandre Cabral, que passou todo esse prefácio a «cascar» – quase sempre com bom critério... – na ingenuidade confiante de boa parte dos biógrafos de Camilo, Pimentel incluído, para no final dizer que, apesar de tudo, valia a pena reeditar a coisa. Quem na Parceria lhe encomendou o trabalho não há-de ter gostado muito, quer-se supor.


©Open Library

PIMENTEL, Alberto ― O Torturado de Seide (Camilo Castelo Branco). Lisboa, Livraria de Manoel dos Santos, 1922. In-8º de 221, [3] págs. Br. 35€

Primeira edição de um dos livros principais da bibliografia passiva camiliana, reunindo em volume uma série de artigos escritos por Alberto Pimentel – uns inéditos, outros antes publicados (e, nalguns casos, revistos para este propósito). Além das histórias e das curiosidades sobre a vida de Camilo aqui reproduzidas pelo amigo, o livro interessa também, acessoriamente, ao estudo do Porto do séc.XIX, descrevendo, em vários passos, aspectos da cidade e da sociedade da época e contando alguns episódios mais castiços.

Com os seguintes capítulos: - O Dropp; - A urna da prata; - A Freira de S.Bento…e de Camilo; - O filho mais velho de Camilo; - Camilo janota; - Ainda as «Cem cartas»; - Camilo morto-vivo; - Uma Carta de Camilo; - O incendiário; - Serão Camiliano; - Voltando ao «Amor de Perdição»; - Horas alegres numa casa triste; - Camilo tripeiro; - Camilo minhoto; - Camilo incoercível; - O seu centenário.

Exemplar bem encadernado com lombada em pele gravada a ouro, conservando a capa original.


©Open Library

PIMENTEL, Alberto ― Uma Visita ao Primeiro Romancista Portuguez em S.Miguel de Seide. Porto: Livraria Portuense de Lopes & Cª – Editores. 1885. In-8º de 40 págs. Br. 25€

Primeiro dos muitos dedicados por Pimentel a Camilo, o livro é uma pequena reportagem da viagem – de mula – de ida e volta desde Santo Tirso a Ceide, onde jantou com o velho amigo que, segundo conta, não encontrava já havia dez anos. Primeira e provavelmente única edição.


©Colecção privada

QUENTAL, Antero de ― Beatrice por Anthero de Quental. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1863. In-8º gr. de 39, [1] págs. Enc. 185€

Primeira edição de um dos primeiros livros publicados por Antero, o segundo em verso; das mais invulgares e valiosas de toda a sua bibliografia, porventura apenas suplantada justamente pela raríssima original dos «Sonetos», publicada dois anos antes, em 1861.
Exemplar encadernado inteiramente em pele, sem a capa de brochura.


Antero de Quental

QUENTAL, Antero de ― Primaveras Romanticas: versos dos vinte annos (1861-1864) por Anthero de Quental. Porto: Imprensa Portugueza – Editora, 1872. In-8º de 202, [2] págs. Enc. 125€

Primeira edição, rara, deste conjunto de “marcos poeticos tão distanciados já no caminho da vida real” e só entrevistos tendo sobre eles “as nevoas doiradas da phantasiadora ignorancia juvenil” (alguns anos mais tarde, diria Antero a Storck serem “pecados de juventude, rimas fantasistas, versos amorosos” de um “Heine de segunda categoria”), antes publicados de forma dispersa por periódicos vários. São «Beatrice», «Peppa», «Idylio Sonhado», «Maria», «Cantigas» e «Poesias Diversas».

Exemplar forrado de uma boa encadernação, relativamente recente, com lombada (gravada a ouro) e cantos em pele e as pastas em fantasia; não conservando (ao menos, de forma visível) a capa de brochura nem, como quase sempre sucede, o retrato do poeta. Em razoável estado no miolo, apesar de marcas mais ou menos regulares no papel, que afectam sobretudo o início do volume.



REDOL, Alves ― Os Romances de Alves Redol:/1: Gaibéus/2: Marés/3: Avieiros. Inquérito. (Lisboa). [S/d]. In-4º de 550, [10] págs. Br. 30€

Edição monumental, impressa em grande formato, reunindo os três primeiros romances publicados pelo autor e apresentando no início de cada um, em gravura sobre folhas destacadas, três alegorias correspondentes compostas por Manuel Ribeiro de Pavia (de quem é também a ilustração da capa).
Exemplar em bom estado, salvo sobretudo uma ligeira mancha na capa.



SANTARENO, Bernardo ― A Promessa: peça em três actos e três quadros. Edições Ática. Lisboa. 1959. In-8º de 115, [5] págs. Br. 30€

Primeira edição independente da talvez mais conhecida peça do autor, ilustrada na capa por Suarez e impressa em bom papel.

Exemplar valorizado por dedicatória manuscrita de Santareno na folha de anterrosto, incluindo ainda um postal com a reprodução de uma fotografia de Laura Alves e o folheto (ilustrado por um desenho a carvão representando alguns dos actores principais: a mesma Laura Alves, Rui de Carvalho, José de Castro, etc.) de promoção da encenação da peça no Teatro Monumental, para onde transitara depois da estreia no Teatro Experimental do Porto com encenação de António Pedro.



SILVA, Luís Augusto Rebelo da ― Obras Completas de Luiz Augusto Rebello da Silva, revistas e methodicamente coordenadas / XXVIII / Estudos Criticos – III / Arcadia Portugueza. Lisboa: Empreza da Historia de Portugal, Sociedade editora || 1909. 3 vols. in-8º de 153, [1]; 128; e 197, [5] págs. Enc. em 1. 23€

 “Rebello da Silva, na sua actividade febril de escriptor, encheu columnas e columnas de Revistas, e outras publicações congeneres do seu tempo, da sua scintillante e malleavel prosa, tocando todos os pontos do saber humano, mas muito  especialmente os assumptos literarios, que lhe mereciam muito particular predilecção. / D’entre estes destacam-se os estudos litterarios sobre a Arcadia, ácerca dos quaes escreveu primeiramente artigos seguidos no Panorama de 1853 a 1855, sob o titulo geral de Poetas da Arcadia, e em que tractou successivamente d’estes tres poetas: Pedro Antonio Correia Garção, Domingos dos Reis Quita e Antonio Diniz da Cruz e Silva; e mais tarde um estudo geral, a Arcadia Portugueza, nos Annaes das Sciencias e Lettras, em 1862. / São estes notaveis trabalhos, nunca publicados em volume, que nós vamos reeditar”, assim rezava a nota preliminar dos editores.

Os três volumes foram conjuntamente revestidos de uma sóbria encadernação com a lombada em percalina, mantendo a frente da capa de brochura (comum aos três, suponho) do primeiro.


Bibliófilos a escolher livros
©Le Blog du Bibliophile

A lista foi longa, mas as propostas também o são, fica agora ao vosso critério o estudo deste precioso catálogo: apenas como elemento de consulta bibliográfica de importância relevante (não esquecer o que escrevi acima) ou também para pesquisarem mais alguns exemplares para a vossa biblioteca.

Saudações bibliófilas


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