"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

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domingo, 17 de janeiro de 2010

400º Aniversário das descobertas de Galileo Galilei




Discorsi e dimostrazioni matematiche, intorno à due nuoue scienze Attinenti alla Mecanica & i Movimenti Locali del Signor Galileo Galilei linceo, Filosofo e Matematico primario del Serenissimo Gran Duca di Toscana. Con una Appendice del centro di grauità d’alcuni Solidi

Este 2010, celebra-se o 400º aniversário das descobertas de Galileo Galilei (1), astrónomo de Pisa considerado um dos pioneiros do pensamento científico moderno e de sua metodologia.

Foi há 400 anos, em 1610, quando publicou as suas descobertas, observadas através do telescópio, sobre o universo na sua obra Sidereus Nuncius em que afirmou que a Lua não era uniforme como se acreditava, mas que estava cheia de crateras e montanhas, afirmou também que Júpiter tinha satélites que giravam em seu redor e que a Via Láctea era formada por uma infinidade de estrelas. Como consequência destas investigações, começou a promover a teoria heliocêntrica, definida anteriormente por Copérnico, e com estas afirmações, começaram também os confrontos e ataques dos defensores da teoria geocêntrica, sobretudo a Igreja e, obviamente, a Inquisição.


Dialogo sopra i due Massimi sistemi del mondo e Tolemaico Copernico

Posteriormente, em 1632, e sem cumprir com todos os quesitos exigidos para a publicação duma obra, deu à estampa a sua grande obra prima Dialogo sopra i due Massimi sistemi del mondo e Tolemaico Copernico onde comparava as duass visões do mundo, defendendo o heliocentrismo como válida frente ao geocentrismo mencionado nas Sagradas Escrituras.
Com estas afirmações abriu de novo a brecha entre ciência e religião. Foi perseguido, processado e sentenciado a prisão domiciliária permanente pela Inquisição, onde negou as suas teorias para salvar a sua vida.

Faleceu em Arcertri em 1642, mas nem a sua prisão, nem a sua cegueira posterior o impediram de continuar a investigar, observar e publicar.

Fica aqui o repto para aqueles, bem mais conhecedores da matéria, tanto cientifica como bibliófila, e aqui interessa mais esta do que aquela, para com o seu contributo perpetuarem a memória deste homem da Ciência e Cultural, pois ele bem o merece,

Saudações bibliófilas.

IberLibro.com

(1) Artigo baseado numa “newsletter” de IberLibro.com.

(2) Leia-se aqui:
«Poema para Galileo» – António Gedeão
Exposições bibliográficas na Biblioteca Nacional de Portugal.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

«Poema para Galileo» – António Gedeão



Depois das duas últimas mensagens que foram por demais fastidiosas, embora com interesse para uma melhor compreensão da bibliofilia em Portugal, proponho-vos hoje a leitura deste poema de António Gedeão (1).


Retrato de Galileu Galilei

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar - que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.



«Galileu frente ao Tribunal da Inquisição Romana»
Pintura de Cristiano Banti

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.


Capa de «Discorsi e Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze»
publicada em Leiden em 1638.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.


Espero que tenham gostado. È um belo poema com muito para pensar ... e repensar.

Saudações bibliófilas.


(1) António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho, nasceu em Lisboa a 24 de Novembro de 1906. Licenciado em Ciências Físico-Químicas, foi professor, pedagogo e autor de manuais escolares, historiador da ciência e da educação, divulgador científico e poeta. Publicou o seu primeiro livro de poesia, «Movimento Perpétuo» (Coimbra), em 1956. Em 1964, para comemorar o 4º Centenário do nascimento de Galileo Galilei, escreveu o "Poema para Galileo", que foi traduzido para língua italiana por Roberto Barchiesi, e publicado, em edição bilingue, pelo Istituto Italiano di Cultura. Este poema, musicado e cantado por Manuel Freire, conheceu uma grande expansão, tal como a "Pedra Filosofal", ou a "Lágrima de Preta". Faleceu em 19 de Fevereiro de 1997 na cidade de Lisboa.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Exposições bibliográficas na Biblioteca Nacional de Portugal



Estrelas de papel: livros de astronomia dos séculos XIV a XVIII


Integrada nas comemorações do Ano Internacional da Astronomia, que se celebra em 2009, a Biblioteca Nacional de Portugal organiza uma exposição em que pela primeira vez será apresentado um conjunto fundamental das obras mais emblemáticas da história da astronomia, manuscritas e impressas. Uma oportunidade rara para conhecer um património cultural que revela a evolução da mais antiga das ciências exactas – a Astronomia – e testemunhar o fascínio que o espectáculo da abóbada celeste exerceu em todos os povos e culturas, nas suas expressões tanto científicas como estéticas.


Constituída por quatro núcleos documentais, complementados por alguns instrumentos astronómicos de época, a Exposição começa por apresentar os Antecedentes da Revolução Astronómica, com obras de Ptolemeu, Sacro Bosco, Afonso X, Regiomontano e Pedro Apiano, entre outros, mostrados através de manuscritos de Alcobaça, códices árabes, incunábulos e edições do século XVI. Em A Revolução Astronómica mostram-se raras edições de autores célebres como Copérnico, Tycho Brahe, Galileu, Kepler, Riccioli, Hevelius e Newton. Um núcleo dedicado aos Atlas Celestes reúne os exemplares mais significativos da evolução da representação das constelações, estrelas, planetas e cometas desde o século XV, com a sua enorme riqueza iconográfica. Como último núcleo, A Astronomia em Portugal exibe impressos e manuscritos de autores portugueses entre os quais Pedro Nunes, Sardinha de Araújo, Manuel Bocarro, Castro Sarmento, Eusébio da Veiga e Monteiro da Rocha, assim como edições portuguesas de autores estrangeiros.
EXPOSIÇÃO Comissariada por Henrique Leitão 29 de Abri a 31 de Julho


Nos 300 anos da fundação do Mosteiro de Clarissas do Louriçal (1709-2009)

A Biblioteca Nacional de Portugal associa-se, com uma mostra bibliográfica, aos 300 anos da fundação do Mosteiro do Santíssimo Sacramento do Louriçal.


Estarão patentes antigas Regras e Constituições das Clarissas, Oratória Sagrada e biografias sobre Santa Clara, alguma produção literária de autoras clarissas portuguesas (Sóror Violante do Céu, Marina Clemência, Madalena da Glória, entre outras) e títulos vários sobre as fundações e vicissitudes dos mosteiros que as abrigaram. Destaque será dado ao do Louriçal, fundado no reinado de D. Pedro II, pela Madre Maria do Lado (1605-1632), cuja devoção se estendeu à Corte e ao povo.
A mostra é enriquecida por uma Cronologia do Mosteiro e por um hábito das Clarissas
MOSTRA BIBLIOGRÁFICA 14 a 30 de Maio Sala de Referência Entrada livre