"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

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sábado, 17 de maio de 2014

Archivo Pittoresco Semanario Illustrado (1857-1868) – Um apontamento para a sua história



Candelabro – Livraria Alfarrabista

A propósito de dois exemplares de periódicos do séc. XIX referidos no Catálogo da Candelabro – Livraria Alfarrabista para a segunda quinzena de Maio o Archivo Pittoresco e o Archivo Viannense decidi investigar um pouco melhor sobre a história do primeiro.

Mas vejamos, em primeiro lugar, o último destes –  o Archivo Viannense:



2902. ARCHIVO VIANNENSE. Estudos e Notas por Luiz de Figueiredo da Guerra. Vianna. Tip. a vapor de André J. Pereira & Filho. 10 números em 1 vol. 1891 [a 1895]. Enc.
De "Ao Leitor" de Figueiredo da Guerra: "Desde muito tempo que nutrimos o desejo de tornar conhecidos os valiosos documentos e noticias, principalmente relativos ao nosso concelho, que, com todo o cuidado e minucia, temos recolhido dos principaes cartorios do nosso paiz, e não pequena parte adquirido com muito dispendio: receosos que nos falte o tempo para fazer obra de maior folêgo, que os labores quotidianos nos tolhem de completar, resolvemos lançar mão da publicação periodica como meio mais facil de archivar esses elementos sobre historia, archeologia e bellas artes.
"Buscaremos variar os assumptos para que a leitura d'este Archivo seja toleravel e interesse ao maior numero."
Impresso na tipografia vianense de André J. Pereira & Filho, situada na rua de D. Luiz, 40-42, o Archivo Viannense integra também quatro estampas, a página inteira, das "Armas de Vianna", do "General Calheiros", do "Conde da Carreira" e de "D. Frei Bartolomeu dos Mártires". Constituído por dez números, de periodicidade mensal e, embora datados de Janeiro a Outubro de 1891, o último só viria a editar-se em 1895, conforme se pode constatar na data inscrita na capa e que os reúne num único volume. Cada número possui dezasseis páginas, numeradas de forma sequencial (apresentando, no entanto, um erro na numeração entre as páginas 17 e 24, do número 2, que por lapso foram numeradas de 1 a 8), o que perfaz 160.
Colecção completa desta publicação periódica dedicada à história de Viana do Castelo.
Encadernação antiga com bonita lombada em pele; os dizeres estão gravados a ouro em rótulo de pele vermelha. Conserva a capa de brochura feita especialmente para o 1º volume [e único] (1891-1895). Com antiga assinatura de posse.
Conjunto raro e muito procurado.


Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº 1
©Hemeroteca de Lisboa 

Para um início deste esboço de estudo do Archivo Pittoresco parece-me bastante oportuno, pela análise de todo o seu historial, ler-se a comunicação apresentada no Ciclo de Conferências “Arquivo Pitoresco, 150 Anos Depois (1857-2007) ”: 1.ª Conferência proferida por Eurico Dias na Hemeroteca Municipal de Lisboa a 13 Setembro 2007 – O Archivo Pittoresco (1857-1868). Subsídios para sua História e de que passo a citar alguns dos aspectos que me pareceram mais elucidativos.

Estes e outros periódicos permitiram uma evolução cognitiva de uma vasta camada da população portuguesa, nomeadamente entre os anos de 1837 e 1868, pois veicularam novas ideias e problematizações na profusão do Romantismo em Portugal.

Será legítimo afirmar que os jornalistas são cronistas da História? Algo de extremamente notório no domínio da historiografia moderna será o facto dos trabalhos provenientes dos diferentes mass media serem uma fonte importantíssima na investigação histórica.

A partir das inovações introduzidas por O Panorama e, por conseguinte, pelo Archivo Pittoresco, as relações entre a historiografia e a imprensa portuguesa entraram numa fase simbiótica que marcou toda a conjuntura cultural em que se apoiou o movimento romântico.

Desde o início da década de 1830 que se sucederam as tentativas de publicação de periódicos ilustrados, […] Neste contexto, citamos, por exemplo, o Jornal de Bellas-Artes [1848-1857], a Illustração [1845-1852], a Illustração Luso-Brazileira [1856] ou o Archivo Familiar [1857]. Por meados de 1857, finalmente, apareceu o Archivo Pittoresco, periódico editado pela empresa Castro, Irmão & C.ª, e que perduraria até 1868.


Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº 1 
Ultima página  8
©Hemeroteca de Lisboa

O Archivo Pittoresco – Semanario Illustrado iniciou a sua publicação a 1 de Setembro de 1857 e persistiu até data algo incerta, encerrando por finais de 1868. Adoptando modelos funcionais já conhecidos do público nacional, este periódico vendia-se em folhetins semanais de 8 páginas saindo todos os domingos, […] a assinatura anual ficava pelos 2000 réis, a mensal pelos 200 réis e os números avulsos a 50 réis, enquanto que as assinaturas para as províncias nacionais, ultramarinas ou outros países ficavam pelos 2200 réis.

O Archivo Pittoresco foi considerado, para a altura, uma autêntica obra-prima das artes gráficas portuguesas e o expoente máximo da gravura de madeira. Esta publicação encerra, portanto, um repositório de valor incalculável para o conhecimento da arte da gravação sobre madeira, […]

O conteúdo informativo do Archivo Pittoresco foi basicamente constituído por monografias de autores, novelas e romances históricos variados, episódios da História de Portugal e de História Universal, artigos elucidativos da campanha contra a União Ibérica e, sobretudo, por “estudos da língua materna”, porventura, os noticiais mais constantes.

José de Torres, à data do início da publicação, o redactor principal do Archivo Pittoresco, e um dos principais autores que também contribuíram para a divulgação dos estudos históricos já desde os tempos da sua colaboração com O Panorama, […]

Note-se que, inclusivamente, a quase totalidade dos colaboradores e ideólogos de O Panorama tiveram um papel decisivo na feitura do Archivo Pittoresco. Existe a sensação concreta que, ao participarem em o Archivo Pittoresco, estariam a colmatar questões deixadas em suspenso na vigência/ausência de O Panorama.


As Needles rochedos à entrada de Southampton
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº1
©Hemeroteca de Lisboa

É facto curioso o Archivo Pittoresco ter sido publicado no mesmo ano que o Diccionario Bibliographico Portuguez viu sair o seu primeiro tomo [1857] e que ambas as publicações expressem uma execução prática bastante direccionada para Portugal e para o Brasil, como se poderá facilmente constatar.

O Archivo Pittoresco demonstrará assiduamente a sua preocupação em proporcionar a sua leitura em todos os lugares públicos, deslocando a sua influência, principalmente, para as escolas e para o ensino primário e popular, remetendo o conjunto da esfera política portuguesa para plano inferior de destaque e importância, como bem o demonstrará Augusto Feliciano de
Castilho, um dos autores mais assíduos neste periódico.

No início de 1860, António da Silva Túlio assume a chefia da direcção e da redacção principal do Archivo Pittoresco e, sob o seu nome, publicaram-se os tomos III a VIII deste semanário.


A Biblia dos Jeronimos
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano II Nº50
©Hemeroteca de Lisboa

Face aos custos onerosos da importação das gravuras de proveniência estrangeira, nomeadamente de origem francesa, o Archivo Pittoresco fundou uma escola de gravura em madeira nas suas dependências, fomentando esta arte em Portugal e favorecendo muitos jovens carenciados que aprenderam tal arte tipográfica. Pela sua singularidade e excelência, contribuíram em muitopara o sucesso das modernas estratégias editoriais da aliança da imagem e da palavra.

O grande destaque do Archivo Pittoresco irá ser conseguido pelo apoio monetário e logístico da Sociedade Madrépora, instituição literária e cultural fundada por magnatas portugueses e sedeada no Rio de Janeiro.

Embora o corpo gerente mude em 1866, passando Inácio de Vilhena Barbosa a figurar como principal redactor, coadjuvado por Pedro de Brito Aranha, assiste-se a uma rápida decadência a partir do IX volume em diante, não obstante a elevada competência dos redactores, figuras bem conhecidas do meio cultural português. Mas em 1868, ao volume XI publicado e completo, o Archivo Pittoresco terá que encerrar as suas portas e declarar falência técnica, por não ver saldadas as suas imensas dívidas aos fornecedores e à banca, devido, sobretudo, a um elevado débito que os novos dirigentes da Sociedade Madrépora deixaram pendente desde 1865 e que nunca pagariam.

Em finais de 1868, o Archivo Pittoresco encerrará todas as suas actividades e não mais voltará a figurar no meio jornalístico português.


Na página inicial do seu primeiro número apresenta uma xilogravura do porto do Rio de Janeiro demonstrando as suas características de semanário ilustrado.


Vista da entrada do porto do Rio de Janeiro
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº1
©Hemeroteca de Lisboa

Ainda neste primeiro número pode ler-se o início de um artigo sobre Alexandre Herculano .


Alexandre Herculano
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº1
©Hemeroteca de Lisboa

Reunindo a arte da palavra e da gravura deseja abrir campo em que as vistas curiosas espaireçam sobre as criações da arte, da natureza ou da fantasia, como o seu próprio título nos remete para um imaginário romântico, invocando o exótico e a exaltação dos sentidos.

Não se esqueça que o século XIX é o último século das grandes viagens de exploração, sendo tal temática querida ao homem romântico, seja pelo diletantismo seja pelo contacto com outras civilizações e realidades.

 É precisamente neste espírito que devem ser enquadradas as viagens de exploração da África Oriental em 1869 e em 1887 -1879 da costa oeste de Angola por Serpa Pinto. É esta vastidão imperial que as páginas do Archivo nos oferecem, incluindo também o Brasil, segundo um programa cujo cuidado antropológico estará atento à história, aos costumes de cada geração e civilização de cada século. Portugal Continental também não será naturalmente esquecido, incluindo as suas ilhas.


Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano II Nº50
Ilustração da página 397
©Hemeroteca de Lisboa

Quanto à história da publicação esta foi considerada exemplar quanto à ilustração em gravura de madeira, cumprindo um objectivo de educação popular. Ao longo da sua vida, divulgou monografias de autor, novelas e romances históricos, episódios da história de Portugal e universal e ainda artigos que se opunham À União Ibérica, e estudos da língua materna, tão caros ao amor pelas origens da mentalidade romântica. Este anti-iberismo seria uma das suas vertentes de intervenção politica.

O iberismo, na sua vertente cultural ou política em particular foi defendido por homens notáveis da época como Oliveira Martins (1845 - 1894), Henriques Nogueira (1823 - 1858) e Casal Ribeiro (1825 - 1896). 

Chegou a conhecer tiragens perto dos 5000 exemplares, inéditas para qualquer periódico português da época.

Vejamos então agora o exemplar proposto pela Candelabro – Livraria Alfarrabista:



3000. ARCHIVO PITTORESCO Semanario Illustrado. Volume I - 1857-1858 [a Volume XI - 1868].
Editores Proprietarios, Castro, Irmão & Cª. 1857 a 1868. 11 vols. In-4º gr. de 411-I págs. [todos os vols. têm 411-I págs.]. Enc.

Trata-se de uma das mais importantes publicações periódicas oitocentistas portuguesas, pelo número e qualidade dos seus colaboradores, ilustrações (para a época absolutamente inovadoras) e longevidade (foi publicada durante 11 anos).
Foi no seu tempo um exemplo de tecnologia ao ser a primeira publicação portuguesa a adoptar a técnica da ilustração por gravação em madeira, da qual chegou inclusivamente a criar uma escola.

Dos redactores e colaboradores podemos destacar, entre muitos outros, os seguintes: António Feliciano de Castilho, A. da Silva Tullio, Brito Aranha, Latino Coelho, Rebelo da Silva, Pinheiro Chagas, Inocêncio Francisco da Silva, Júlio de Castilho,Júlio César Machado, F. Gomes de Amorim, Vilhena Barbosa, Simões de Castro, Sousa Telles, etc. Dos desenhadores realçamos a colaboração de Nogueira da Silva, Coelho Junior, Cristino da Silva e de Manuel Bordalo, (pai de Rafael Bordalo Pinheiro).

Dos temas retratados por meio de gravuras em madeira, cerca de 2.000, apontemos a "Vista da entrada do porto do Rio de Janeiro", "Alexandre Herculano", "António Feliciano de Castilho", "Gruta de Camões, Macau", "Illuminação do Passeio Público, Lisboa", "Vendedeiras de fruta de Avintes", "Antiga cidade de Malaca", "A cidade de Agra", "Varinas, vendedeiras de peixe", "D. Pedro V"; "Comboios a vapor para navegação fluvial", "Santarém-Seminário patriarcal", "Mosteiro da Esperança em Ponta-Delgada", "Felix de Avellar Brotéro", "D. Fernando II", "Vista da rua do Ouro por ocasião do consorcio real", "Paláco Real da Ajuda", "Loanda", "Ilha de Malta", "Egreja da Conceição Velha em Lisboa", "Almeida Garrett", "Madrid", "Salamanca", "Granada", "Quinta das Águias, na Junqueira", "A Custódia dos Jerónimos", "Quinta dos Marqueses de Fronteira, em S. Domingos de Bemfica", "Meca", "Almada", "Ilha de Cuba", "Coimbra", "Bruxellas", "Torre de Belem", "Convento da Flor da Rosa, Crato", "Sé de Portalegre", "Fábrica de fiação em Xabregas", "Convento das Carmelitas em Guimarães", "Hospital de Portalegre", "Sé de Viseu", "Porta de Aviz em Évora", "Caldas de Vizella", "Vista da praça Luiz de Camões no acto de collocação da pedra fundamental do seu monumento", "Desembarque de S. M. a Rainha Maria de Saboya na Praça do Commercio de Lisboa [Bela gravura de página inteira]"; "Real Collegio das Ursulinas de Coimbra", "José Estevão", "Casa onde nasceu Almeida Garrett, Porto", "Convento e Serra do Pilar [duas curiosas e invulgares perspectivas]", "Castelo de São Jorge da Mina", "Mossamedes", "Egreja de Cedofeita", "Fac-simile do rosto da primeira edição dos Lusíadas - 1572", "Ermida de Nossa Senhora da Conceição em Braga", "Villa Nova de Famalicão", "Palácio da Bolsa, Porto [bonito desenho]", "Palácio do Visconda Trindade , e a praça de Carlos Alberto", "Convento de Jesus de Setubal", "Casa dos Bicos", "Ponte de Sacavem", "Ceifador mechanico", "Panorama da cidade de Setubal", "Castello de Palmella", "Convento de S. Gonçalo em Amarante", "Rua Nova de Sousa e Porta Nova, em Braga", "Cidade do Funchal", "Hospital Real de Santo António, Porto", "O Douro, e a sua margem direita desde Mossarellos até à Foz", "Ponte de Afife", "Palácio de Cristal na cidade do Porto", "Villa de Ponte da Barca", "Monte da Sé, no Porto", "Panorama do Porto e Villa Nova, ponte pensil sobre o Douro [bela gravura de pág. inteira", "Barcellinhos", "Fabrica do tabaco em Xabregas", "Vista de Vianna do Castello do lado do caes", "Sacavem", "Villa nova de Gaya", "Pico e ribeira de São João, no Funchal", "Largo de S. Roque", "Fortaleza da barra de Villa do Conde", "Fabrica da Abelheira", "Torre da Marca e Massarellos", "Cidade de Guimarães [bela gravura de pág. inteira]", "Macau [duas belas gravuras de pág. inteira]", "Villa de Ponte do Lima", "Estação de Ovar, no caminho de ferro do norte", "Castelo de Vinhaes", "Paços da Inquisição", "Ponte de Mirandella", "Palácio da Brejoeira", etc, etc.

COLECÇÃO COMPLETA. No vol. I faltam as págs. 181/182 e 263/264, falta esta facilmente ultrapassada com a facsimilização das 2 folhas. Todos os restantes 10 volumes foram cuidadosamente conferidos e estão completos.
No vol. XI, última página, os editores chamam a atenção para o término da publicação.
Exemplares encadernados com elegantes e sólidas lombadas em chagrin.
Conjunto em bom estado de conservação; alguma ocasional acidez e pequenas imperfeições em algumas das pastas dos volumes.

A propósito da ilustração em Portugal no séc. XIX, e em particular de Archivo Pittoresco, veja-se esta obra, disponível na in-libris



7419. EXPOSIÇÃO — LISBOA NA GRAVURA DE MADEIRA. Subsídios para a história da gravura em Portugal no século XIX. (Câmara Municipal de Lisboa). Palácio Galveias. Lisboa. 1949. 19x25 cm. 73-III págs. e XXIV estampas. B.

Catálogo desta interessante Exposição de gravuras, muitas delas publicadas no Archivo Pittoresco (1857-1868), no O Panorama (1837-1868), O Occidente (1878-1915). “ (...) De toda a colecção escolheram-se as que se encontram em melhor estado de conservação e dessas as que mais objectivamente se referem a Lisboa. São elementos preciosos, não só para o estudo da transformação sofrida pela cidade nos seus aspectos urbanístico e etnográfico, mas também documentos valiosos que permitem o estudo de uma modalidade artística que não tem merecido o devido interesse aos historiadores da arte portuguesa (...).”
Ilustrado no final com XXIV estampas.

Para aqueles que ficaram com interesse no seu conhecimento mais aprofundado aqui fica o convite para a leitura, em versão digital, dos números do Archivo pittoresco: semanario illustrado [1857-1868] na Hemeroteca de Lisboa.

Espero que tenha sido de alguma utilidade para vós este esboço dum tema pouco abordado em termos mais simples  fora do círculo erudito dos estudiosos.

Saudações bibliófilas.


Bibliografia passiva:

DIAS, Eurico – O Archivo Pittoresco (1857-1868). Subsídios para sua História.

RIBEIRO, António Manuel Andrade Marques Almeida – Património arquitectónico e artístico nas ilustrações e textos do Archivo Pittoresco : 1857-1868 [Monografia]. Coimbra [s.n.], 2009. 1 vol. (pag. múltipla): il. ; 30 cm.
(Dissertação de mestrado em História da Arte, na área de Teoria e História do Património, apresentada à Faculdade de Letras da Universiudade de Coimbra, sob a orientação do Prof. Doutor Francisco Pato de Macedo.)

sábado, 9 de junho de 2012

Librairie Le Feu Follet – Livres Anciens Juin 2012



Sibylle Pandolfi da Librairie Le Feu Follet apresentou o novo catálogo desta livraria para Junho. Nele se incluem edições originais, encadernações armoriadas e edições ilustradas.



Deixo aqui alguns apontamentos da minha leitura deste catálogo.

Curioso este exemplar sobre o anonimato e pseudónimos de alguns autores (obra inacabada, pois o seu autor faleceu antres da sua conclusão):



3. BAILLET Adrien. Auteurs deguisez. Sous des noms etrangers; empruntez, supposez, feints à plaisir, chiffrez, renversez, retournez, ou changeez d'une langue en une autre.

Chez Antoine Dezallier, A Paris 1690, In 12 (9,5x16,5cm), xxvj (2) 615pp, relié.

Edition originale, assez rare, parue de façon anonyme.



Plein Veau brun d'époque. Dos à nerfs richement orné. Pièce de titre en maroquin rouge. Roulette sur les coupes. Un manque en tête. Mors supérieur épidermé avec petits manques. 2 coins émoussés. Exemplaire plutôt frais.





Première bibliographie française consacrés aux auteurs anonymes ou peusonymes. L'auteur, décédé en 1706, ne put poursuivre son travail, et il faudra attendre le dictionnaire de Barbier des ouvrages anonymes pour avoir un travail complet sur le sujet. Par ailleurs, cet ouvrage ne recoupe nullement celui de barbier, puisqu'il devait servir d'introduction à un vaste ouvrage sur le sujet, et en effet, c'est un essai qui tente de comprendre les raisons de l'anonymat ou du travestissement, bien que cela demeure un travail bibliographique (index contenant 1700 pseudonymes).

Parece-me bastante interessante esta história do rei Carlos VII.



10. CHARTIER Jean & COUCY de Mathieu. Histoire du roi Charles VII.

De l'imprimerie royale (Sébastien Cramoisy), A Paris 1661, In Folio (24x38cm), (28) 907pp. (10), relié.





Edition réalisée par Denys Godefroy réunissant pour la première fois les textes sur Charles VII de Jean Chartier, de Mathieu de Coucy et de Jacques le Bouvier. Les trois histoires sont enrichies de pièces historiques et divers mémoires réunis par Denys Godefroy, lequel a rassemblé l'ensemble des écrits connus sur Charles VII.





Un portrait au frontispice et 4 portraits de Jean d'Orléans, Etienne Chevalier Jacques Coeur et Jean Bureau, le tout gravé par Grignon, une grande vignette de titre aux armes de France, plusieurs bandeaux de titre et lettrines historiés très bien imprimés. Belle édition in folio.





Plein Veau d'époque granité. Dos à nerf richement orné. Pièce de titre en maroquin rouge. Très bel exemplaire. Habile et invisible restauration aux mors en tête et queue, et en coiffes.






Très riche ensemble historique de la période allant de 1422 jusqu'en 1461, outre les textes des trois historiens susnommés et des chroniques anonymes, l'ouvrage contient de très nombreuses pièces, lettres, édits illustrant cette période. Excellente édition, rigoureusement construite, qui commence par un éloge de Charles VII tiré d'un manuscrit anonyme, et se termine sur des portraits et pièces de tous les personnages importants de cette période, notamment Jeanne d'Arc.





Ex-libris gravé aux armes du XVIIIe : Du cabinet des livres de Ponchartrain. Célèbre bibliophile, Jérôme Phélypeaux, comte de Pontchartrain, fut secrétaire d'État de la Marine de 1699 à 1715. Il est demeuré célèbre pour sa gestion des colonies française en Amérique, Louisiane et Canada.

E, já que falamos de história – temática sempre com grande número de coleccionadores – aqui fica este excelente trabalho sobre o condado da Borgonha.





16. DUNOD DE CHARNAGE. Histoire du Comté de Bourgogne : Histoire des sequanois et de la province sequanoise, des bourguignons et du premier royaume de Bourgogne [...]. Histoire du second royaume de Bourgogne, du comté de Bourgogne sous les rois carlovingiens, des 3e et 4e royaumes de Bourgogne [...]

Chez Jean-Baptiste Charmet, A Besançon 1730 - 1735, In 4 (18x24,5cm), (2) xxvj 298pp. xvj 179pp. (1bc) (22) cxij et (4) xix (1) 635pp. (1bc.) (21), relié.









Edition originale rare de ces deux volumes parus respectivement en 1730 et 1735 composant l'histoire du comté de Bourgogne. Un troisième volume, paru en 1740, et qui se trouve plus rarement réuni aux deux premiers traite de la noblesse et des comtes de Bourgogne anisi que de son organisation politique (nous vendons ce troisième volume à part, relié différemment et plus communément, et manquant des 5 feuillets préliminaires, du plan de la ville de Dôle et d'une carte).

  







Les deux tomes sont illustrés de 11 planches, comprenant une carte de Besançon, un plan panoramique dépliant de la même ville, une carte dépliante des provinces sequanoises... L'histoire de l'église de Besançon possède un faux-titre, avec une nouvelle pagination. Il est possible qu'il y eut un faux-titre avant la page de titre intitulée Histoire du comté de Bourgogne, faux-titre que l'on trouve sur le second volume, mais rien n'est certain.







Plein Veau marbré d'époque. Dos à nerfs finement et richement orné, notamment d'un fer à la couronne de France répété dans chaque caisson et sur la pièce de tomaison. Roulette en queue avec cheval bondissant. Pièce de titre et de tomaison en maroquin beige, avec encadrement de feuillage sur la tomaison. Coiffe de tête du tome I en partie fragile. Petits accidents en queue du tome I. Coiffe de tête en partie élimée au tome II, fragile en queue avec accidents (mors inférieur ouvert en queue). Un coin portant un manque de cuir en bordure. La planche dépliante d'un arc de triomphe romain porte une déchirure et une trace ancienne brune de scotch. Malgré les nombreux défauts cités, exemplaire de bel aspect, au dos très décoratif et en outre bien frais.

O séc XVIII encontra-se representado por esta obra com vinhetas e ilustrações de bela estética e alta qualidade tipográfica.





23. LE BLOND & LA CHAUD. Description des principales Pierres gravées du Cabinet de SAS Monseigneur le Duc d'Orléans.

Chez M. l'abbé de la Chaud, M. l'abbé le blond, A Paris 1780 - 1784, 2 tomes en 2 Vol. pet. In Folio (20,5x34cm), (32) 303pp. et (4) v (3) 215pp. (5), relié.







Edition originale, magnifiquement illustrée d'un frontispice de Cochin, gravé par Saint-Aubin, d'une vignette de titre du même, de 59 grands culs-de-lampe et en-tête (dessinés et gravés par Saint-Aubin) expliqués et décryptés en début d'ouvrage, et de 179 figures hors-texte présentant chacune une pierre gravée (gravées par Saint-Aubin). Belle impression sur Grand papier de Hollande.







Plein Chagrin maroquiné noir ca 1850. Dos à nerfs plats orné de filets et roulettes sur les nerfs. Encadrements à frois sur les plats avec fleurons angulaires. Tranches marbrées. Legers frottements aux coiffes, coins. Manque de papier en marge d'un feuillet du tome I. Quelques feuillets brunis. Pâle mouillure angulaire sur 3 feuillets du tome I. Bel exemplaire, à grandes marges.








Le Duc d'Orléans fut un grand collectionneur, tant de livres, d'antiques et de pierres gravées ; ces dernières fournissent d'utiles renseignements à l'archéologie et sont même déterminantes pour les études sur l'Antiquité. Réunir des pierres gravées exigeait de longues et patientes recherches et beaucoup d'argent, et il n'y a guère que les souverains qui pouvaient rassembler une collection. Celle du Duc d'Orléans, remarquable, fut léguée à Louis XIV. En fin d'ouvrage, une lettre de Daubenton sur l'exactitude de la représentation des hippopotames.

Como um exemplo de encadernações armoriadas temos este exemplar, ainda que com muitas imperfeições, com as armas da marquesa de Pompadour.





33. MONET Philibert. Origine et Pratique des Armoiries a la Gaulloise: qui est la premiere partie du formulaire des Arts, an Francois, et an Latin.

Chez Claude Landry, A Lyon 1631, Pet. in 4 (15,5x23,5cm), (16) 187pp, relié.

Edition originale, rare. Marque de l'imprimeur en page de titre. Impression à petits caractères. La seconde partie, Pratique des armoiries, contient systématiquement la traduction latine de la description des armes.

Exemplaire frappé au centre des plats des armes de la Marquise de Pompadour.







Plein Veau blond XVIIIe. Dos à nerfs orné de 4 fleurons dans des caissons. Pièce de titre de maroquin rouge. Triple filet d'encadrement sur les plats. Tranches rouges. Coiffe de tête élimée. Mors supérieur fendu en tête. Coins émoussés. Frottements. Brunissures sur les premiers feuilets. Le second feuillet (épître au prince de Condé porte un manque au coin droit de 8 cm sur 8 avec perte de texte. Feuillet 7, un petit manque en marge haute, de 3 cm sur 1. Assez bel exemplaire néanmoins, aux armes parfaitement exécutées, dans une reliure en veau blond.





L'auteur remonte à l'empereur Auguste pour le premier usage des armoiries, dont les francs auraient hérité en chassant les romains de gaule ; il s'attarde ensuite longuement sur l'usage des couleurs, des figures depuis les premiers francs jusqu'à la fin du XVIe, et chaque fois explique l'origine des usages et emplois. Il résulte de ces recherches un traité assez curieux dans le domaine, plus épris de légendes que de systématisme et de rigueur. Curieux, intéressant, et fort divertissant par ses fantaisies. Cachet de bibliothèque aux armes de France en page de titre : Ecole Royale Militaire. Un second tampon bleuté : Ecole spéciale militaire (en page de titre et sur quelques feuillets).

Ainda do séc. XVIII e na literatura temos este romance burlesco bem ao estilo da época.



36. MOUHY Chevalier de Charles de Fieux. La Mouche ou les Aventures de M. Bigand.

Chez Poilly ; Chez Jean Neaulme, A Paris ; A La haye 1736 - 1742, 8 parties en 4 Vol. in 12 (10x16,5cm), 265pp; (6) 172pp. et x, 209 (4) 240pp. et (6) 188pp. et (3) 173pp. (3) et (3) 168 (4) 175pp, relié.



Edition originale très rare des 4 dernières parties, précédées des 4 premières (avec titre de relais), dont la troisième, à la date de 1736, est en édition originale. Réunion exceptionnelle et fort rare des huit parties en reliure uniforme, qui plus est en maroquin. La publication de l'ouvrage s'est étalé de 1736 à 1742. Les premières parties de cet ouvrage sont certainement en premier tirage, mais avec des titres de relais à l'adresse d'autres libraires qui avaient racheté le privilège.





Plein Maroquin rouge d'époque. Dos lisse richement orné. Pièce de titre et de tomaison en maroquin noir. Triple filet d'encadrement sur les plats, avec fleurons angulaires. Tranches dorées. Roulette intérieure. Mors du tome I en grande partie fendus et coiffe de queue élimée. Mors supérieur du tome II fendu, un léger manque en queue. Mors supérieur du tome III fendu. Mors supérieur du tome IV en partie fendu, idem pour le mors inférieur ; un manque sérieux en coiffe de queue. La moitié des coins émoussés. Quelques tâches jaunâtres dans le premier volumes et quelques rousseurs malgré un ensemble plutôt frais. Malgré les défauts, aspect fort décoratif des dos. L'ensemble demeure un bel exemplaire, fort enviable en cette condition.



Roman picaresque difficilement narrable tant il brille par l'invention, la mouche (terme d'argot pour l'espion) reste l'oeuvre la plus célèbre de son auteur ; on y sent l'influence nette de Lesage et de Prévost quant au modèle narratif autobiographique.

As edições quinhentistas, um pouco a perderem o interesse dos bibliófilos, continuam no entanto a fascinar pelo seu apurado trabalho tipográfico, como é o caso desta história eclesiástica.



49. XANTHOPOULOS Nicephore Calliste. L'Histoire ecclésiastique de Nicephore, fils de Calliste Xantouplois, autheur grec, traduicte nouvellement du latin en françois [...] de nouveau corrigée et mise en meilleur françois qu'auparavant par deux docteurs en en la faculté de théologie à Paris [Ensemble] Histoire ecclesiastique nommee tripartite, divisée en douze livres [...] depuis le temps de Constantin le Grand jusques au temps de Theodose le jeune.

Pour Abel l'Angelier, A Paris 1578, In Folio (21x33,5cm), (9f.) 445ff. (23f.) ; (20) 227pp. (7), relié.



Rare édition originale de la traduction française que l'on doit, selon Barbier, à deux bénédictins : Denys Hangart et Jean Gillot, mais selon des recherches récentes, Hangart serait le seul traducteur et Jean Gillot serait l'éditeur scientifique. L'édition serait également parue dans le format in 8 d'après un exemplaire détenu à Lille. Le privilège a été partagé avec Locqueneulx, Michel Sonnius et autres éditeurs. Marques de l 'éditeur en page de titre.





On ne trouve à la Bibliothèque Nationale de France que les rééditions de 1586 chez le même éditeur, un exemplaire de 1578, in folio, à Lyon.





Le second ouvrage porte la même date de privilège que le premier (page de titre et pagination séparée), mais les exemplaires de 1586 de la BNF ne le mentionnent pas, pas plus que les quelques exemplaires de 1578 détenus à Lyon et à Lille. La réunion de cet ouvrage à L'histoire de Calliste ne s'est donc pas toujours fait. Par ailleurs on trouve à la BNF des éditions isolées de ce titre en 1587, et 1586.





Plein Veau brun d'époque. Dos à nerfs très habilement restitué au XIXe, orné de 6 petits fleurons et de filets noirs. Plats frappés à chaud d'un médaillon central renaissance. Filet d'encadrement (brodures et coins restaurés). Petites tâches diverses sur les plats. Une mouillure très pâle en marge droite en coin sur les premiers feuillets, également en fin d'ouvrage, sur les deux coins en marge. Une légère mouillure en marge basse au milieu, au centre de l'ouvrage. Quelques feuillets jaunis. Dans l'ensemble, bon exemplaire, avec des restaurations plutôt discrètes.





46. TACHARD Guy. Voyage de Siam des peres jesuites envoyés par le roy, aux Indes & à la Chine.

Chez Pierre Mortier, A Amsterdam 1687, In 12 (10x16,2cm), (10) 227pp. (1bc.) (12), relié.


Parece que me entusiasmei um pouco, mas julgo que este catálogo reune um bom leque de opções temáticas, onde pontuam algumas raridades, e a preços relativamrente aliciantes.

Boa leitura.

Saudações bibliófilas.