Já aqui se falou de António Nobre
e o seu livro "Só", mas hoje trago-vos um apontamento
de cunho estritamente bibliófilo sobre as diversas edições desta obra, pois que
alguns dos menos informados poderão desconhecer este pormenor.
Refiro-me concretamente à sua 3.ª edição.
Refiro-me concretamente à sua 3.ª edição.
Capa
da Brochura
NOBRE (António) – SÓ. 3ª
edição. Livrarias Aillaud e Bertrand. Paris-Lisboa. Livraria Francisco Alves.
Rio de Janeiro - São Paulo - Bello Horizonte. 1913. [Typographia de Aillaud,
Alves & Cia. Paris]. In-8º esguio de 172-IV págs. Brochura e com
encadernação editorial, em material sintético com gravados.
Página
de título
Profusamente ilustrado a cores
com vinhetas ao longo do texto da responsabilidade de Júlio Ramos e Eduardo
Moura. Retrato do Autor «d’après Thomaz Costa».
Ilustrações
Trata-se de uma edição muito
bonita, com belos desenhos de Eduardo Moura, de grande elegância no formato e
impressão.
Teve uma tiragem de 3.000 exemplares.
Quase em simultâneo apareceu esta outra edição da Renascença Portuguesa do Porto com indicação de 3.ª edição:
NOBRE (António) – SÓ. 3ª
edição. Porto. Renascença Portuguesa. 1913. [Typ. de Guillard, Aillaud &
Cia. Paris]. In-8º esguio de 172-IV págs. Brochura e com encadernação
editorial, em material sintético com gravados.
Desenhos de Júlio Ramos e Eduardo
Moura. Retratos do poeta segundo uim busto de Tomás Costa e um desenho de
António Carneiro,
Inserindo na página 175 o
costumado colofon. «acabou de se imprimir
aos 31 de julho de 1913». Inclui o soneto dedicatória da 1.ª edição.
Esta edição graficamente muito
elegante, da Livrarias Aillaud e Bertrand. Paris-Lisboa. | Livraria Francisco
Alves. Rio de Janeiro - São Paulo - Bello Horizonte, é considerada, pela
generalidade dos estudiosos, como a verdadeira 3.ª edição, que serviu à
Renascença Portuguesa, no mesmo ano, de modelo para uma pseudo-terceira de
circulação nortenha, com apenas algumas páginas preliminares e capas de
brochura.
Em Agosto de 1913 deu-se à
estampa esta 3.ª edição, aliás 4.ª na cronologia que não na seriação (1),
e a este propósito a Renascença Portuguesa mandou publicar no considerado e
antigo periódico o Commercio
do Porto (n.º 183, de 5 do mês indicado) a seguinte declaração: «acabam de aparecer no mercado literário
duas terceiras edições do Só, de António Nobre. A Renascença Portuguesa julgou
de sua obrigação esclarecer o estranho caso por nele se ter envolvido. Em fins
de 1912 a Renascença Portuguesa combinou com o ex.mo sr. Augusto Nobre, irmão do
poeta, fazer a 3.ª edição do Só. Tal edição começou a ser anunciada na Águia, desde Janeiro e estava a
imprimir-se em fins de Maio quando apareceu anunciada e à venda uma outra 3.ª
edição da Casa Aillaud, que já fizera a 2.ª. A Renascença Portuguesa e o Ex.mo
Sr. Augusto Nobre fizeram desde logo cessar a venda indevida e entraram em
negociações com aquela livraria para se resolver a questão amigávelmente pois
se provou não ter havido má fé na publicação do livro. Após vários alvitres e
propostas, de parte a parte, terminou o incidente, pagando o sr. Aillaud uma
indemnização pelos exemplares vendidos e entregando o resto da edição. Êsse
resto por ulterior acôrdo, foi dividido em partes iguais pela Casa Aillaud e
pela Renascença Portuguesa. A Casa aillaud distribuiu os exemplares conforme
estavam; a Renascença Portuguesa, nos seus substituiu-lhes a capa e acrescentou-lhes
um retrato de António Nobre, segundo desenho do notável pintor António Carneiro,
e a memória da 1.ª edição hoje rarissima, que o extraordinário poeta tencionava
publicar de novo. Eis, pois, os motivos porque apareceram ao mesmo tempo no
mercado literário duas terceiras edições do Só, de António Nobre».”
Nota:
(1) A
4.ª edição seria editada só em 1921 por A
Tribuna no Porto, pelo que ficaremos sempre com estas duas 3.ª edições –
embora desfasadas nas datas de saída dos prelos.
Página
de título
NOBRE (António) – SÓ. 4.ª edição. Porto, “A
Tribuna”, 1921. In 8º gr. de 163-III pags.
Edição imitativa da primeira. Com um retrato do poeta.
Soneto
dedicatória conforme à 1.ª edição
Espero que este breve apontamento
vos tenha sido de alguma utilidade e que tenham aproveitado para reler alguns
dos extractos dos seus poemas.
Saudações bibliófilas.
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