Ruben estudante de comunicação social colocou-me algumas questões sobre o livro antigo, no contexto de um trabalho que está a fazer.
O bibliófilo Rui
Como esta temática me parece ser do interesse geral, e como já tinha elaborado um “esboço de artigo” (mais um dos muitos que tenho em mente...) decidi apresentar aqui as minhas respostas deixando o espaço aberto para outras opiniões e visões sobre esta problemática.
Deixo aqui apenas as minhas vivências, experiências e opiniões.
Espero que para o “entrevistador” este contributo lhe seja de alguma utilidade.
Biblia ad Vetustissima Exemplaria Nunc recens castigata, in quibus praeter ea quae subsequens praefatio indicat, capita sinbula ita versibus distincta sunt, Ut numeri praefixi, Lectorem nec remorentur, & loca quaesita tanquam digito demonstrent., Cum Licentia Superiorum // Venetiis, // Apud Haeredes Nicolai Beuilaquae, & socios. // 1578
– O que o despertou para a bibliofilia?
Sempre gostei de ler, mas cedo comecei a reparar que nem todos os livros eram iguais.
Recordo-me de que um dos primeiros pormenores a atrair-me a atenção foi o tipo de papel em que o livro era impresso.
Havia livros impressos em papel comum, enquanto outros eram em papel de melhor qualidade: papel bíblia ou papel couché.
Outro aspecto foram as ilustrações dos livros. Na altura as ilustrações eram atraentes e cativavam para a leitura texto. Havia vários tipos de ilustrações (algumas coloridas).
Só mais tarde, me apercebi da verdadeira estrutura material do livro: a minha primeira noção de livro-objecto. Claro que na altura essa imagem não tinha nenhuma visão bibliófila, mas para aí me conduziu.
Mário DOMINGUES – "D. Manuel I e a época dos Descobrimentos
– Evocação histórica"
Lisboa, Edição Romano Torres, 1960. in. 8.º de 412 (4) págs.
Capa de brochura ilustrada com retrato de D. Manuel I.
De um lado tinha os livros com capas de papel, mais ou menos rígidas – os livros brochados, enquanto outros eram encadernados de origem – com ou sem sobrecapas –, mas havia igualmente outros que tinham sido encadernados posteriormente.
Destes as encadernações em pele sempre me fascinaram (ainda que tivesse muito poucos!)
Uma encadernação
Este conjunto de pormenores obrigou-me a reavaliar todos os meus poucos livros.
Na altura, ainda novo e estudante, pouco podia comprar – tinha os livros que me ofereciam e os que já existiam lá por casa, só que estes eram sobretudo livros técnicos dada a profissão do meu pai.
Ferreira CASTRO – "Morte Redimida".
Porto, Livraria e Imprensa Civilização - Editora, 1925.
Biblioteca Civilização. 1 ª edição. 75 (2) pp.
Comecei por descobri as Livrarias e, com elas, nasceu o meu primeiro “vicio” / “paixão” – a bibliomania: o prazer de possuir todos os livros que me fascinavam!
Só muito mais tarde, descobri essa classe maravilhosa dos “alfarrabistas”, foi quando entrei na «Barateira» para procurar um livro de estudo!
"Achat de livres"
Bouquinistes et bouquineurs: Physionomie des quais de Paris.
(Uzanne, Octave)
Os livros antigos ainda eram mais fascinantes e, por vezes, com edições bastante cuidadas.
Iniciei as primeiras “peregrinações” pelos alfarrabista e livreiros-antiquários. Tive muita sorte, pois consegui encontrar quem teve paciência para “aturar o rapazote”!
Livraria D. Pedro V
Lisboa
O meu primeiro professor e, talvez o principal, foi o Sr. Magalhães da «Livraria D. Pedro V». Estamos a falar dos anos 70, era eu universitário caloiro.
Recordo, ainda hoje, com saudade, as tardes que passava a falar com ele sobre livros e autores e a ver livros que, pacientemente, me mostrava (foi pela sua mão que vi o primeiro exemplar de uma 1ª edição de «Clepsidra»), enquanto a sua esposa “ajuntava” as malhas das meias de nylon das senhoras ou tricotava ... sempre aparentemente calada e “ausente”, mas com uma fisionomia, e uma forma de estar, que nos acolhia com uma grande simplicidade e nos fazia sentir “quase em casa”.
José dos SANTOS – CATÁLOGO DA IMPORTANTE E PRECIOSA LIVRARIA QUE PERTENCEU
AOS NOTAVEIS ESCRITORES E BIBLIÓFILOS CONDES DE AZEVEDO E DE SAMODÃES.
Enriquecido de notas Bibliográficas e noticias de varias edições de muitas das obras descritas.
E também de numerosos fac-similes de portadas, frontispícios, páginas, gravuras,
registos de lugar e de data de impressão das mesmas obras, etc.
Redigido por José dos Santos.
Com uma introdução pelo erudito escritor e bibliófilo Sr. Anselmo Braamcamp Freire.
Primeira Parte (e Segunda Parte).
Porto. Tip. Da Empreza Literária e Tipográfica. MCMXXI. 2 Vols. In-Fólio.
Nunca esquecerei uma 1ª edição de «O Crime do Padre Amaro» que vi, desconjuntado e que ele fez reencadernar, em inteira de pele verde escuro com o corte das folhas dourado e com excelentes gravados de ferros dourados! O problema é que já nessa altura pediu cinquenta contos (é verdade!) e vendeu-o rapidamente.
Curiosamente nunca mais vi este livro (e não há assim tantos exemplares no circuito comercial).
Eça de QUEIRÓS – O CRIME DO PADRE AMARO.
Edição definitiva. Lisboa. Typografia Castro Irmão. 1876. In-8º de [6], 362 págs. Enc.
Primeira Edição em livro.
Publicou-se primitivamente em fascículos na "Revista Occidental".
Outro professor, este mais complicado pelo seu trato de “raposa velha”, que ainda mantém, é o Sr. Ernesto, "discípulo" dos irmãos José e Manuel dos Santos livreiros que marcaram Lisboa nos inícios do século XX, e proprietário da “Biblarte”, em frente ao Jardim de S. Pedro de Alcântara.
(Infelizmente, parece que é desta que a Livraria vai mesmo acabar, pois tem de a ceder para o Estado ... só que há mais de um ano discutem a indemnização de trespasse!)
Vale a pena entrar e ver pelo menos alguns dos seus exemplares, e, caso tal se proporcione, falar com o Sr. Ernesto – aprender-se-á sempre qualquer coisa de novo!. Tem muito à vista, mas tem muito mais que nos escapará de certeza.
Jardim de S. Pedro de Alcantara
Lisboa
Havia uma outra Livraria perto da Estação do Rossio, de que não recordo nem o seu nome nem o do seu proprietário, apenas retenho dois pormenores: entrava-se e “tinha-se um susto”, pois parecia ser só um armazém de livros com um simples balcão; no entanto, perguntava-se por um livro e ele lá o descobria (ainda hoje não consigo saber como!); uma outra característica, infelizmente, era o facto de ter problemas de alcoolismo: para se conversar tinha de ser de manhã, para se fazer negócio era sempre melhor de tarde ...
No entanto, é também um homem que recordo com certa nostalgia e tristeza (faz-me lembrar um “bouquiniste” que Octave. Uzanne descreve de maneira soberba ...)
"Bouquin"
Bouquinistes et bouquineurs: Physionomie des quais de Paris.
(Octave Uzanne)
Com a aprendizagem, começou a compra de alguns livros, sempre pautada pela escassez da bolsa de estudante. Mas, na altura já o fazia de uma maneira ponderada: tinha como temática preferida a História de Portugal do século XIX (pois obviamente!) e alguns dos seus autores – o Alexandre Herculano era um deles!
Só muito mais tarde descobri os livros dos séculos XVI-XVII
– No seu blog diz que se interessa por edições raras ou ilustradas de autores dos séculos XVIII e XIX. porquê essa época em particular?
São dois séculos onde o Homem reinventou a sua forma de viver e estar na vida!
Se o século XVIII ficará para sempre marcado pela Revolução Francesa e os “enciclopedistas”, o século XIX foi fértil em acontecimentos e transformações filosóficas, políticas e culturais.
Como já afirmei claramente sou um grande apaixonado pelo século XIX.
Caricatura representando D. Pedro IV e D. Miguel I
a lutar pela coroa portuguesa,
por Honoré Daumier, 1833
Só em Portugal tivemos as Invasões Francesas, a ida da Corte para o Brasil, a Revolta de 1817 de Gomes Freire de Andrade, a Revolução de 1820, depois as Guerra Civil entre Liberais e Absolutistas, e finalmente o período Constitucionalista que diga-se foi bem atribulado. Vivemos o Ultimatum da Inglaterra.
Guerra Junqueiro
Tivemos o Realismo, o Romantismo, o Naturalismo e o Simbolismo na Literatura. Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Guerra Junqueiro, Antero de Quental e tantos outros nomes grandes que enriqueceram o nosso património cultural e literário.
Eça de Queirós
Tivemos “A Questão Coimbrã” e as “Conferências Democráticas do Casino”.
Realizaram-se grandes expedições exploratórias em África: não esqueçamos Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens.
Roberto Ivens (de pé)
com Hermenegildo Capelo em Iaca.
Deixaram-nos “De Benguela às Terras de Iaca” (2 volumes), de 1881 e “De Angola à Contracosta” (2 volumes) de 1886.
Hermenegildo CAPELLO e Roberto IVENS – DE ANGOLA Á CONTRA-COSTA.
Descripção de uma viagem através do Continente Africano.
Volume I (e Volume II). Lisboa. Imprensa Nacional. 1886. 2 Vols. In-8º
Internacionalmente, é o século da emancipação hispano-americana.
Caricatura de Charles Darwin (1871) – “Vanity Fair”
A Biologia com Charles Darwin e a sua teoria da evolução pelo método da selecção natural nunca mais será a mesma.
Ficarão para sempre: “The Voyage of the Beagle” (1839) e “The Origin of Species” (24 November 1859).
HMS Beagle de Conrad Martens
A política foi revolucionada pelo aparecimento do socialismo (1), expressão consagrada por Robert Owen em 1834, ainda no final do século XVIII tendo origem na classe intelectual e nos movimentos políticos da classe trabalhadora que criticavam os efeitos da industrialização e da sociedade sobre a propriedade privada.
Friedrich Engels
O socialista utópico Henri di Saint Simon defende uma posição mais idealista, enquanto que Friedrich Engels com “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra” (1845) lhe deu uma outra visão. Este depois com Karl Marx iria levar a uma posição ainda mais radicalizada com a publicação do “Manifesto Comunista” (1848).
O Manifesto do Partido Comunista
(em alemão: Manifest der Kommunistischen Partei)
Publicado pela primeira vez em 21 de Fevereiro de 1848
Neste contexto que sumariei atrás apareceram livros que traduzem estas experiências e formas de pensamento. Aparecem os livros ilustrados com trabalhos de grande qualidade e riqueza de pormenores.
Podemos dizer que o livro se estendia por uma “nova clientela”: a burguesia que ia enriquecendo como resultado da Revolução Industrial.
Jane AUSTEN – "Pride and Prejudice"
“She then told him what Mr. Darcy had voluntarily done for Lydia”
Ao ler-se Charles Dickens ou Jane Austen, por exemplo, as ilustrações dos seus livros quase que nos fazem sentir seus contemporâneos.
Jules VERNE – "Mistress Branican"
Paris, Hetzel, 1891. In-4, percaline rouge de l'éditeur au décor polychrome,
dos au phare, plat au portrait imprimé, tranches dorées.
Premier tirage, illustré de 2 cartes en couleurs,
12 chromolithographies et de nombreux dessins dans le texte
par Louis Benett ; catalogue Hetzel in fine
E, perdoem-me os mais puristas, que dizer dos livros de Jules Verne editados pela Hetzel e das suas ilustrações?
JulesVERNE – "Les Frères Kip"
Les Voyages Extraordinaires – Les Frères Kip par Jules Verne
Illustrations par Georges Roux 12 grandes chromotypographies -
nombreuses vues photographiques - 2 cartes.
Collection Hetzel Paris s.d.( 28 cm x 18,5 cm ) : 460 pp.
E, já agora, que se pode dizer desse grande bibliófilo, e homem multifacetado, que foi Octave Uzanne e dos seus livros sobre bibliofilia preciosamente ilustrados ... sentimos mesmo o cheiro dos “bouquinistes” na margem do Sena!
– Acha que a actividade de comercialização do livro antigo é um pouco "obscura" ou por outras palavras não lhe é dada o devido valor?
Antes de mais convém referir uma definição: “por livro antigo entende-se todo o livro anterior a 1800”.
João Baptista LAVANHA – VIAGEM // DA CATHOLICA REAL // MAGESTADE // DEL REY D. FILIPE II //
N. S. // AO REYNO DE PORTVGAL // E rellação do solene // recebimento que // nelle se lhe fez //
S. MAGESTADE // a mandou escrever // POR... // SEV CORONISTA MAYOR // MADRID //
Por Thomas Iunti Impressor del Rei N. S. // M. DC. XXII. In-4º de portada, [2], 78 fls.
Mas aqui, os mais procurados são sobretudo os livros dos séculos XVI-XVII, até pela sua acessibilidade, tanto pela sua oferta, ainda bastante boa, como pelo seu valor de custo, ainda se podem adquirir exemplares interessantes, mas atenção que as raridades tem o seu “preço especial”.
Claro que o século XV é o “fruto mais apetecido”, mas esse só para muito poucos!
Entre nós, pelo menos – questão de moda? – a sua procura tem vindo a decair em detrimento do livro moderno de Literatura do século XX.
Victor HUGO – Les Châtiments. Nouvelle édition illustrée.
Eugène Hugues, Editeur, rue Thérèse, 8, Paris, s.d. (1884).
Paris, Typographie A. Quantin, rue St-Benoit, 7.
Mas sobre este ponto tenho uma opinião pessoal.
São os próprios bibliófilos, que pelo seu espirito reservado, e muitos vezes desconfiado, fazem com que a bibliofilia, e o comércio do livro antigo, seja um “pouco iniciático”.
Se pensarmos que um bibliófilo é um “caçador” e como a “caça grossa” escasseia, quanto “mais se levantar a lebre” pior poderão ser as suas possibilidades de se ter êxito e daí ...
Emile ZOLA – Le Naturalisme au théâtre
Paris Charpentier, 1881, 12,5 x 19 cm, relié.
Reliure anglaise signée "The Atelier Bindery" en plein maroquin vermillon, dos à cinq nerfs ornés de pointillés dorés orné de double-caissons dorés, date en queue, double-filets dorés en encadrement des plats, roulettes dorées sur les coiffes, filets dorés sur les coupes, encadrement de maroquin orné de quadruples filets dorés sur les contreplats, superbe ex-libris en maroquin du bibliophile Arthur M. Brown encollé sur le premier contreplat, monogramme du bibliophile en pied du second contreplat.
Edition Originale.
Envoi de l'auteur sur la page de faux-titre à l'écrivain Jacques de Nittis.
Na minha modesta opinião é este hermetismo e mistério que lhe conferem um pouco o aspecto ”obscuro” de que fala.
Felizmente, compraz-me observar que já não existe tanto este aspecto tão fechado quer por parte dos livreiros, quer pelas gerações mais jovens dos bibliófilos que entretanto vão adquirindo um estatuto nestas fileiras.
– Para si o que caracteriza um bom livro?
Precisamente aquele que me falta!
Claro que existem vários pormenores que podem caracterizar um bom livro e nisso a bibliofilia permite-nos congeminar as combinações mais diversas.
Obviamente que o conteúdo é fundamental, mas como para o bibliófilo o livro é um todo que se ama pelo objecto em si mesmo, devem encarar-se outros aspectos.
Octave UZANNE – La Française du siècle Edition originale. Modes - Mœurs - Usages.
Paris, Quantin, 1886. Format : 18,5 sur 26,5 cm (gr. in-8). Broché.
Couverture illustrée rempliée. Minuscules taches sur le deuxième plat.
Imprimé sur vélin filigrané non rogné.
Illustrations à l'aquarelle d’Albert LYNCH
gravées à l'eau-forte en couleurs par Eugène Gaujean.
Teremos que começar pelo papel, que nos poderá dar grandes informações só por si mesmo, depois temos a impressão, onde teremos que considerar a sua qualidade técnica, o impressor ou editor; se for ilustrado, a técnica de gravado e a beleza das gravuras, a edição (a 1ª edição sempre como a rainha majestosa no seu trono!, mas há outras edições bastante apelativas e às vezes mais raras) e, finalmente, chegamos ao “vestido”.
Jacques (de La Sarraz du) FRANQUESNAY
"LE MINISTRE PUBLIC DANS LES COURS ETRANGERES, ses fonctions et ses prérogatives.
Par le sieur J. de La Sarraz du Franquesnay".
A Paris, chez Etienne Ganeau, libraire rue St-Jacques, aux armes de Dombes, 1731
1 volume in-12 (17 x 10 cm) de xxiv-293-(5) pages. EDITION ORIGINALE.
Para um apaixonado pela encadernação, esta e a sua qualidade estética e artística é fundamental, mas claro que um livro brochado, com raros sinais de manuseamento, papel de boa qualidade e em bom estado, mantendo a sua sonoridade e sem pontos de oxidação (infelizmente muito frequentes nos livros dos século XIX) julgo que seja ainda mais apetecível (...pelo menos para mim é!)
Teremos sempre a hipótese de o proteger dentro e um estojo – artístico ou simples – isso dependerá do gosto de cada um!
– Teme que a tecnologia, e ainda para mais com o aparecimento dos livros digitais, afecta este mercado do livro antigo?
O livro antigo julgo, apesar de outras opiniões que possam ser divergentes, nunca morrerá!
Ao longo da minha vida e de contacto com os livreiros, convivi com várias gerações que vão passando e renovando os “quadros” dos bibliófilos.
Uma biblioteca
Já fui “juvenil” e “júnior” agora sou “sénior” (pelo menos em idade que não em grandes conhecimentos ...), mas é com grande prazer que gosto de encontrar elementos dos escalões mais jovens numa Livraria a trocarem impressões com o seu proprietário demonstrando conhecimentos e o que querem.
Louis LANOIZELEE – Les bouquinistes des Quais de Paris
Paris, 1956
Quanto ao livro impresso actual já não estou tão optimista, começará a ser difícil absorver os milhões de exemplares lançados anualmente no mercado, sobretudo quando todos falam na falta de gosto pela leitura e os atractivos que a Internet disponibiliza serem bastante aliciantes.
O suporte digital terá seguramente uma grande palavra no futuro. Será uma nova etapa na Historia do Livro.
"As Farpas"
(versão digitalizada)
Repare-se que a própria arquitectura dos novos apartamentos e vivendas não é muito consentânea com o estabelecimento de grandes bibliotecas ... falta espaço ou melhor a sua concepção não pensou nelas!
(opinião pessoal um pouco ousada, mas ainda não encontrei um apartamento onde possa montar uma biblioteca condigna sem lesar o bem-estar e o ambiente acolhedor da habitação .. e já procurei bastante, faltam-me apenas os palacetes ... mas para esses falta-me outra coisa ...)
Octave UZANNE - "Physiologie des QUAIS DE PARIS, du pont Royal au pont de Sully" [E.O]
Illustrations d'Emile MAS.
Paris, Ancienne Maison Quantin;
Librairies-imprimeries réunies, Bouquinistes et bouquineurs, 1893 (achevé d'imprimer le 20 décembre 1892),
grand in-8° (258x170mm.) ; 3ff. XI, 318pp, 1f. Édition originale.
Tentei ser o mais objectivo e directo possível, muito ficou por dizer, mas esta conversa já dura há um ano e espero que não morra aqui.
Espero que para si, Ruben, estas minhas reflexões e opiniões, estritamente pessoais, lhe sejam úteis aproveitando para lhe endereçar os meus votos de sucesso no seu trabalho.
Para os restantes leitores o meu obrigado pela vossa paciência.
Saudações bibliófilas.
(1) A este respeito leia-se sobre aquilo que nos diz respeito. J. P. de Oliveira MARTINS – “Theoria do Socialismo. Evolução política e económica das sociedades na Europa". Lisboa, Parceria A. M. Pereira, 1872.
Rui.
ResponderEliminarEstupenda entrevista.
Buenas pregunta e interesantes respuestas.
Me agrada mucho la explicación de tus preferencias bibliófilas en base al contexto histórico.
Un fuerte abrazo.
Rui,
ResponderEliminarGracias por transcribir y hacernos participar de esta entrevista. La pasión desborda entre las respuestas y son muy clarificadoras. A pesar de ello, siguiendo tu blog y nos habíamos apercibido de tu pasión y tus intereses...
Me gustó conocer tus inicios, un poco como los de todos..., y sobretodo la clave para una buena continuidad de bibliófilos:
"ive muita sorte, pois consegui encontrar quem teve paciência para “aturar o rapazote”!"
Un abrazo.
Interesante entrada, Rui. Me resultó particularmente divertido el comentario de la librería en la que había que entrar por la mañana o por la tarde, según fueran tus intenciones. Y también muy revelador un sello que aparece en uno de los libros que la ilustran, que por esas pequeñas pero extraordinarias casualidades de la vida, me tenía ocupado este fin de semana.
ResponderEliminarSaludos bibliófilos.
Estimados amigos
ResponderEliminarQuando me colocaram estas perguntas, pareceu-me que seria interessante divulgar as suas respostas neste espaço, que pretende demonstrar, para além de fazer a sua divulgação, que isto de bibliofilia não é tão hermético, ou iniciático, como às vezes se pensa.
A própria fotografia do autor aparece de “uma forma despretensiosa”, para realçar que existem outros horizontes na vida muito para além dos livros, e que o bibliófilo é um “personagem normal” como qualquer outro cidadão deste planeta.
Atrevo-me mesmo a dizer que qualquer um pode ser bibliófilo .. para isso é preciso apenas ter gosto/paixão!
De facto, Galderich, creio que uma das chaves mais importantes, senão mesmo a maior, para a minha formação foi a frase que citaste: "Tive muita sorte, pois consegui encontrar quem teve paciência para “aturar o rapazote”!"
E a propósito de fotografias, qual o livro tem a marca que referes Urzay?
Se puder ajudar terei todo o prazer.
Um forte abraço
Verás, este fin de semana me había puesto a hacer una entrada en mi blog sobre un libro que tiene una marca algo borrada que yo desconocía, en la que parecía leerse "Cas...de Azev...". Entonces he leído tu blog, y en una fotografía... allí estaba el mismo sello. Recuerdo haber visto alguna vez citada en las bibliografías la referencia Azevedo-Samodães, pero no la había relacionado con ello, al ser Azevedo un apellido relativamente frecuente, tanto en Portugal como en España, y también porque nunca había consultado directamente ese catálogo. A partir de ahí ha sido fácil identificar el libro en el catálogo digital de la subasta de esa biblioteca, que he descubierto que contiene información utilísima también para los bibliófilos españoles, y era muy desconocida para mí. Sería interesante si pudieras dedicar alguna entrada a darla a conocer. Yo, desde luego, tengo mucho que aprender, y muchas veces, a la hora de buscar recursos bibliográficos, no nos acordamos de lo cerca que estamos los ibéricos. El libro te lo muestro tan pronto tenga un rato para subir las fotografías y publicar la próxima entrada de mi blog. Desde aquí te la dedico, ya que has contribuído a localizar la procedencia. Muchas gracias y un fuerte abrazo.
ResponderEliminarMagnífica entrevista que rezuma amor por los libros y también profundo sconocimientos y extrema sensibilidad.
ResponderEliminar¡Enhorabuena!
Parabéns !
ResponderEliminarExcelente entrevista.
Amigo Rui tenho uma questão para lançar:
Sinceramente, não gosto de ver carimbos a oleo e de assinaturas de posse em certos Documentos.
Qual é a vossa opinião?
Cumprimentos,
Jorge
Caro amigo Jorge
ResponderEliminarAntes de mais obrigado pelo seu comentário.
Em relação à questão que me coloca, começo por lhe dizer que é um tema polémico.
Há quem rejeite qualquer assinatura ou carimbo num livro (esse elemento desvaloriza-o) e repare que a maioria dos catálogo faz sempre menção à sua presença.
Para outros é uma forma de se poder estabelecer todo o historial do exemplar, quem o possuiu, porque bibliotecas passou, etc.
Ora nesta última perspectiva, que a mim me diz muito, penso que assinaturas limpas que não afectem o texto, carimbos nítidos, bem legíveis e igualmente sem afectar o texto, poderão ser uma mais-valia para o livro.
No entanto aqui reside um outro aspecto e o mais importante: de quem é a assinatura ou o carimbo?
Claro que a mais-valia lhe será dada pela importância do seu ex-proprietário (a tal história da “proveniência”)!
Claro que um ex-libris é o mais belo e procurado, mas julgo que não devemos rejeitar exemplares com assinaturas de pessoas importantes. ou melhor ainda, de outros bibliófilos.
Deixo a resposta à sua consideração ... ao tema voltarei qualquer dia.
Cumprimentos
Rui
Obrigado amigo Rui pela pronta e esclarecedora resposta.
ResponderEliminarEu compreendo esta necessidade de se "autenticar" os documentos antigos com carimbos e assinaturas em nome das instituições a que pertenceram e,até mesmo, por questões de roubo/extravio.
Não rejeito a 100%...mas rejeito em documentos como, por exemplo, a Bula «Manifestis probatum», com o carimbo da Torre do Tombo,assim como em outros documentos de semelhante raridade e importância.
Cumprimentos,
Jorge