terça-feira, 23 de maio de 2017

Livraria Manuel Ferreira – 27 de Maio - Leilão de Livros, Mapas e Gravuras




A Livraria Manuel Ferreira, localizada na Rua Dr. Alves da Veiga, 89 | 4000-073 Porto | Portugal, vai realizar no dia 27 de Maio dois importantes leilões.

O Leilão da Biblioteca de Ário de Azevedo realiza-se no dia 27 de Maio as 15.00h e o Leilão da Colecção de Mapas e Gravuras de Margit Dreyer no mesmo dia 27 de Maio pelas 17.30h (previsão)

A exposição decorrerá nos dias 25 e 26 de Maio - 15.00h/18.00h no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, Campo 24 de Agosto no Porto.

LEILÃO DA BIBLIOTECA DE ÁRIO DE AZEVEDO
(PRIMEIRO REITOR DA UNIVERSIDADE DE ÉVORA)



A importante biblioteca de Ário de Azevedo, constituída por livros publicados entre o século XVI e o século XX, constitui um interessante espólio bibliográfico onde pontuam uma muito invulgar colecção de livros impressos por ordem da antiga Universidade de Évora, estabelecimento de ensino fundado em 1559 que viria a ser suspenso em 1759 pelo Marquês de Pombal em consequência da expulsão dos Jesuítas. Espólio não só importante para o estudo da instrução em Portugal, mas também para o conhecimento das elites culturais daquele tempo, da própria cidade de Évora e da língua portuguesa. Bibliófilo de grande cultura e saber, reuniu em sua casa, livros sobre as mais variadas temáticas onde a AGRICULTURA, a VITICULTURA, a SILVICULTURA, a ETNOGRAFIA, a MARINHARIA, os DESCOBRIMENTOS, CARTOGRAFIA, NUMISMÁTICA mereceram tratamento de primazia. Especial destaque merece ainda a COLECÇÃO DE PRECIOSOS CÓDICES MEDIEVAIS FAC-SIMILADOS em edições de altíssimo rigor técnico e de tiragens certificadas de muitíssimo limitado número de exemplares.


Ário Lobo de Azevedo

Este catálogo abre com a Evocação de Ário Lobo de Azevedo por Adriano Moreira, Gonçalo Ribeiro Telles, Mário de Carvalho, Carlos Portas, Manuel Ferreira Patrício e Francisco Castro Rego, das quais aqui fica a de Adriano Moreira:

“Conheci pessoalmente Lobo de Azevedo quando nomeei, em 1964, o notável Almirante Sarmento Rodrigues para Governador-Geral de Moçambique, associado a um ambicioso programa de desenvolvimento sustentado incluindo profundas reformas sociais. Para a importante função de Secretário Provincial de Terras e Povoamento logo escolhemos, pelo prestígio académico, de professor e investigador, o jovem credenciado Lobo de Azevedo, que aliava a devoção pela “estratégia do saber”, ao culto de uma ética cívica inviolável, uma inquietação constante pelas humanidades, e uma intocável autenticidade de comportamento. Não transigiu por isso com impostas cedências programáticas, e por isso logo em 1964 regressou à vida universitária que interrompera apenas por civismo. Aqui teve Évora a vantagem de o ter como primeiro Reitor da Universidade, reatando com brilho a tradição e a história com inquebrantável sentido de modernidade, enfrentando com autoridade as dificuldades de percurso da época, e deixando um legado que de novo enriqueceu o património científico e cultural português, não apenas no território nacional, mas na herança que pertence a Moçambique (1960), a Angola (1968) e de modo geral a África (1964). Ensinava o Professor Craveiro da Silva — que foi Diretor do Instituto de Ciências Sociais e Economia de Évora, e seria primeiro Reitor Eleito da Universidade de Braga — que neste mundo apenas conseguiremos deixar pegadas sobre a areia. Nenhuma brisa conseguirá apagar as pegadas de Ário Lobo de Azevedo, nem a admiração dos seus alunos, nem o respeito dos seus pares, nem a marca que ficou no coração dos seus amigos.”

“Sou pessoalmente um bibliófilo. Gosto dos livros. Gosto de livros. Só me sinto bem rodeado de livros por todos os lados. Vejo no amor aos livros um sinal inequívoco de amor à cultura, ao saber, à obra criadora do espírito humano.”
(Citado por Manuel Ferreira Patrício)

Um esboço da sua biografia pode ser consultado aqui.

Deixemos esta introdução, inteiramente justificada pela dimensão da personalidade que reuniu esta biblioteca importante, mas acima de tudo, e para além do eminente professor catedrático e bibliófilo, temos o homem que soube cultivar a amizade e o respeito como poucos o conseguiram, e passemos a uma análise deste mesmo catálogo.


Fernando Pessoa com 20 anos

Neste vamos encontrar, na secção de literatura, um bom conjunto de obras de Fernando Pessoa (lotes 321 a 343) de que se deixa referência à sua grande maioria, visto ser um figura de grande prestígio tanto no nosso país como no estrangeiro, e poder ser de alguma utilidade para os iniciados no estudo da sua obra.



321 — PESSOA (Fernando). - Á MEMÓRIA DO PRESIDENTE-REI SIDÓNIO PAES. Editorial Império. 1940. [Lisboa]. In-4.º de 16-II págs. B.

Desta primeira edição independente do poema, muito cuidada e em bom papel, apenas se imprimiram 545 exemplares numerados.
Com vestígios de acidez na capa da brochura.



322 — PESSOA (Fernando). - ALMAS E ESTRELAS. Horas Espiritvais. Arte & Cultura. Porto. [S.d.]. In-8.º gr. de 133-III págs. B.

Vêm no início palavras de “Petrus”, José de Almada Negreiros e Luís de Montalvor, a que se seguem os seguintes escritos de Pessoa; «A Rosa de Seda», «O Banqueiro Anarquista», «O Marinheiro», «Uma Aventura Amorosa», «Narração exacta e comovida do que é o Conto do Vigário», «História do Menino Jesus Verdadeiro» e «A Pintura do Automóvel». Cuidada edição impressa a azul em excelente papel.



323 — PESSOA (Fernando). - ANÁL ISE DA VIDA MENTAL PORTUGUESA. Ensaios críticos. 1ª edição. Colecção “Universo”. Edições Cultura. Porto. [S.d.] In-8.º de 109-III-11-I págs. B.

As 11 páginas finais inserem, com frontispício próprio e como “Suplemento á Análise da Vida Mental Portuguesa - 1950”, “A Civilização Portuguesa entre o passado e o Futuro”.
Capa da brochura com manchas de acidez.



324 — PESSOA (Fernando). - APOLOGIA DO PAGANISMO. Editorial Cultura. Porto. [S.d.] In-8.º de 139-I págs. B.

Obra assim repartida: «O fenómeno religioso», «As ordens iniciáticas christãs», «O idealismo social christão», «O catholicismo português», «A extirpação cirurgica do christianismo», «Odes pagãs», «Poemas heréticos», «Antologia grega», «Meditação sobre os deuses e o destino», «Testamento anti-catholico romano», «Ressurreição do paganismo», «A invasão negra do christismo» e «A personalidade de Fernando Pessoa no mundo cultural português». Muito cuidada edição, em tiragem de poucos exemplares.

TIRAGEM ESPECIAL EM PAPEL AZUL, NÂO DECLARADA.



325 — PESSOA (Fernando). - APRECIAÇÕES LITERÁRIAS. Bosquejos e Esquemas Críticos. Selecção e Notas de Petrus. Colecção “Arcádia”. Editorial Cultura. Porto. [S.d.] In-8.º de 203-V págs. B.

“Esta antologia compreende a maior e melhor parte dos ensaios e esbocetos críticos de F. Pessoa, dispersos por obras e publicações de diversa índole, algumas tão raras, que certos desses bosquejos e até dos mais valiosos, se conservaram até hoje no inteiro desconhecimento dos seus mais íntimos admiradores e discípulos.”
Com picos de acidez na capa da brochura.



326 — PESSOA (Fernando). - CRÓNICAS INTEMPORAIS. Selecção e Comentários de Petrus. Colecção “Tendências”. [S.l.n.d.] In-8.º de 115-I págs. B.

“Esta obra traz a lume esquecidos escritos na sua maioria de natureza social e filosófica”. Retratos de Pessoa por Castañé e Stuart.



327 — PESSOA (Fernando). - ELOGIO DA INDISCIPLINA. Páginas Livres. Documentos Políticos. C.E.P. Porto. [S.d.] In-8.º de 35-I págs. B.

Volume integrado na colecção «Documentos Políticos» que, ao lado de «O Interregno» foi publicado nesta colecção por Pedro Veiga [Petrus]. Edição numerada, de restrita tiragem.
Exemplar por abrir.



328 — PESSOA (Fernando). - ENSAIOS POLÍTICOS. Ideias para a reforma da política portuguesa. Edições “Acrópole”. [S.l.n.d.] In-8.º de 167-I págs. B.

Reúnem-se neste volume “as últimas e mais profundas páginas de filosofia política que Fernando Pessoa escreveu” e que estavam esquecidas, pouco acessíveis ou em raríssimas edições, como «O Interregno», ou em revistas como «Acção» e «Portugal Futurista». Edição de muito reduzida tiragem.
EXEMPLAR DA EDIÇÃO ESPECIAL EM PAPEL AZUL, NUMERADA E ASSINADA POR PEDRO VEIGA,



329 — PESSOA (Fernando). - EXÓRDIO EM PROL DA FILANTROPIA & DA EDUCAÇÃO FÍSICA. (Páginas Desconhecidas). Editorial Cultura. Porto. [S.d.] In-8.º de 31-I págs. B.

Estas páginas “apresentam o complexo Poeta e Pensador numa atitude compreensiva e inteligente perante um dos problemas mais populares da educação moderna - a cultura física, base da saúde, da robustez, da força muscular e... do desporto.” Edição restrita.
Capa da brochura posterio ilustrada com um desenho de Almada Negreiros. Exemplar por abrir.



330 — PESSOA (Fernando). - HYRAM. Filosofia Religiosa e Ciências Ocultas. Notas e Postfácio de Petrus. “Tendências”. C. E. P. [Porto. S. d.]. In-8.º de 232 + IV págs. B.

“Hyram reune os textos em que Fernando Pessoa discretea, com invulgaríssima preparação, das ciências e seitas e mistérios e símbolos que estão para lá do visível e do profano”.

No final vêm 4 folhas numeradas à parte com uma «Apostila» que completa a errata da página 228.



331 — PESSOA (Fernando). - O INTERREGNO. Defeza e justificação da dictadura militar em Portugal. 1928. Nucleo de Acção Nacional. Lisboa. Offic. da Sociedade Nacional de Typografia. In-8.º gr. de 31-I págs. E.

Manifesto importante, raríssimo nesta sua edição original.

Encadernação com lombada de pele decorada a ouro com os respectivos dizeres e as pastas forradas com bonito papel marmoreado.



332 — PESSOA (Fernando). - A MAÇONARIA vista por Fernando Pessoa o poeta da “Mensagem”, obra nacionalista, premiada pelo Secretariado da Propaganda Nacional. [S.l.n.d. - 1935]. In-8.º de 8 págs. B.

Esta é, segundo cremos, a autêntica primeira edição, muito rara, bastante semelhante à edição por vezes tida como primeira, com menor número de páginas por ser mais reduzido o tipo utilizado na sua composição e revestido de uma capa de brochura em papel azul. Segundo José Blanco “foi editada, com ou sem o acordo de Pessoa, pelo Grande Oriente Lusitano”.



333 — PESSOA (Fernando). - MENSAGEM. Lisboa. 1934. Parceria Antonio Maria Pereira. In-8.º de 100-II págs. B.

Edição original de um dos mais universais Poemas da literatura portuguesa e um dos mais simbólicos do nacionalismo místico e sebastianista. Publicado um ano antes da morte de Fernando Pessoa e o único livro em língua portuguesa publicado em vida do Poeta, ocupa, ao lado de «Os Lusíadas» de Camões, ou do «Só» de António Nobre, lugar de inconfundível destaque entre a nossa maior Poesia.

Livro distinguido pelo Secretariado de Propaganda Nacional, ao lado de «A Romaria» de Vasco Reis [Padre Manuel Joaquin dos Reis Barroso], com o «Prémio de Poesia Antero de Quental», então recentemente instituído por António Ferro.

Com pequenos defeitos na capa da brochura. Assinado no frontispício.



334 — PESSOA (Fernando). - MENSAGEM. Agência Geral das Colónias. [Lisboa. 1941]. In-8.º gr. de 103-III págs. E.

Segunda edição da «Mensagem», em que foram corrigidos e datados alguns poemas. Edição de muito cuidada apresentação gráfica, mais bela e, na nossa opinião, mais rara que a primeira. Segundo informação manuscrita no exemplar que pertenceu à Biblioteca de Laureano Barros, esta edição foi limitada a 500 exemplares.
Bonita encadernação com lombada e cantos de pele, gravada a ouro com ferros em casas fechadas, com os respectivos dizeres e com nervuras. Conserva as capas da brochura e as margens por aparar.



336 — PESSOA (Fernando). - A NOSSA CRISE. Seus aspectos politico, moral e intelectual: Por Fernando Pessoa: Com uma nota de Álvaro Bordalo. Cadernos das Nove Musas Sob o Signo de Portvcale. Porto. 1950. In-4.º de 13-III págs. B.

Tiragem única de 60 exemplares numerados e assinados, dos quais só dez entraram no mercado.
EXEMPLAR NÃO NUMERADO NEM ASSINADO.



337 — PESSOA (Fernando). - POEMAS OCULTISTAS. Selecção e Glosa de Petrus. C. E. P. [Porto. S.d.]. In-8.º de 48 págs. B.

Poemas reunidos em volume pela primeira vez, retirados de «Presença», «Contemporânea», «Orpheu», «Centauro», «Atehna», «Cancioneiro», «Mensagem», etc. Tiragem limitada, logo esgotada. Tiragem limitada a apenas 300 exemplares.



338 — PESSOA (Fernando). - REGRESSO AO SEBASTIANISMO. [S.d. Porto]. In-8.º de 278-II págs. B.

“Este livro de evocação e de pesquisa psicológica é a um tempo um jorro de luz sobre o mais belo dos mitos nacionais e um braçado de flores espirituais desfolhadas pela sensibilidade portuguesa, tocada pelo sentimento romântico da saudade, sobre a memória do rei-cavaleiro que entre ondas de fogo e grita guerreira trocou a sua humanal existência pela eternidade da lenda.” Antologia de textos de Fernando Pessoa, A. Lopes Vieira, Américo Durão, António Botto, António Nobre, António Sardinha, Augusto Ferreira Gomes, José Gomes Ferreira, Junqueiro, Carlos Cochofel, Guilherme de Faria, João de Castro Osório, Mário Beirão, Miguel Torga, Pedro Homem de Mello, Teixeira de Pascoaes, etc., compilados, sistematizados e anotados por Petrus.



339 — PESSOA (Fernando). - SANTO ANTÓNIO, SÃO JOÃO, SÃO PEDRO. Introdução de Alfredo Margarido. A Regra do Jogo, Edições. [1986]. In-8.º de 119-I págs. B.

O extenso texto de introdução a estes poemas, até então inéditos, ficou a cargo de Alfredo Margarido, tendo sido da responsabilidade do António Braz de Oliveira a leitura e organização dos mesmos. Primeira edição.



340 — PESSOA (Fernando). - SOCIOLOGIA DO COMERCIO. Notas e Postfácio de Petrus. Colecção Antologia. C.E.P. [Porto. S.d.]. In-8.º de 111-I págs. B.

“Silva de ensaios, artigos, preceitos e reflexões, seleccionados entre quantos F. Pessoa consagrou à Economia Política e à Sociologia Comercial, em que se revela tam profundamente culto e, por vezes, tam perspicaz e original.” Primeira edição em volume.



342 — PESSOA (Fernando) & MATOS (Norton de). - A MAÇONARIA. Reprodução do célebre artigo do “Diário de Lisboa” Nº 4.388 de 4 de Fevereiro de 1935. [Porto. S.d.]. In-8.º de 50-II págs. B.

Depois do conhecido texto de Fernando Pessoa vem o de Norton de Matos, constituído por uma «Exposição dirigida ao Presidente da Assembleia Nacional em 31 de Janeiro de 1935». Edição de “Petrus” em reduzida tiragem.



343 — PESSOA (Fernando) e outros letrados. - À MEMÓRIA DO PRESIDENTE-REI SIDÓNIO PAES. [Petrus. Porto. S.d]. In-4.º de 17-III págs. B.

Muito esmerada edição de que se imprimiram apenas 500 exemplares numerados e assinados pelo editor.


Ruy Cinatti
Óleo sobre tela, 1968, 81x65cm
Colecção da Casa do Gaiato

Outro autor muito bem representado é Ruy Cinatti (lotes 91 a 108), de que deixamos referência a algumas das suas obras.



91 — CINATTI (Ruy). - ARCHEOLOGIA AD USUM ANIMAE. Com Posfácio de Jorge Fazenda Lourenço. Editorial Presença. [Lisboa. 2000]. In-8.º gr. esguio de 173-III págs. B.

Primeira edição de um dos bons livro de poesia de Ruy Cinatti, “o último dos livros inéditos (...) orga­nizados pelo poeta no final dos anos 60”, livro integrante da cuidada e criteriosa «Colecção forma».



92 — CINATT I (Ruy). - CONVERSA DE ROTINA. Sociedade de Expansão Cultural. Lisboa. 1973. In-8.º gr. de 95-IX págs. B.

Primeira edição deste estimado livro de poesia de Ruy Cinatti, figura de destaque na Literatura Portuguesa contemporânea. Integrado na colecção «Convergência».



93 — CINATTI (Ruy). - CRAVO SINGULAR Narrando directa & alusivamente os verídicos & notáveis Acontecimentos ocorridos em Têmporas de florida Revolução unívoca com variadas Modalidades a-propósito & outras Considerações oportunas & proféticas algo adaptáveis a Discursos patrióticos, Comícios, Meditações de partido, de Indivíduo & de Pessoa, Leituras escolares, Música de Café-Concerto, Marchas populares, Homenagens, Homilias, etc., etc. Tudo corrigido em Estilo poético pelo dito... Autor de BORDA D’ALMA & de outros Avisos Com Afiliação política em Lisboa, na Ilha de Timor & noutras, perto ou longe, congraçadas Partes. Compõe-se de OS 25 DIAS MENOS ÍNTIMOS, AS DUAS FACES DA LUA, TESTEMUNHO PARA UM FUTURO. [vinheta de Manuela Costa]. Em Lisboa, 1974, Na oficina dos antigos «Cadernos de Poesia». [Oficinas Gráficas da Livraria Editora Pax, Lda. Braga]. In-4.º de 24 págs. B

São bastante raros os exemplares deste livrinho de poesias de Ruy Cinatti publicado com motivo no 25 de Abril. Primeira edição.

Vinheta da capa da brochura de Manuela da Costa.



95 — CINATTI (Ruy). - [DACTILOESCRITO] O MINISTÉRIO poema sério-jocoso em um canto só por... autor de O Borda d’Alma e outra maralha poética. Lisboa 1970. 11 ff. A4 dactilografadas.

Dactiloescrito composto pelo poema «O Ministério», datado de 1970, assinado e com acrescentos manuscritos pelo autor e de outros poemas sujeitos ao título genérico «Testemunho para o Futuro», datado de Lisboa, 1974 - Depois de 25 de Abril, todos assinados pelo punho do Poeta.



97 — CINATTI (Ruy). - IMPORT-EXPORT Memória descritiva & caderno de encargos dos Factos, Argumentos, Suposições, Hipóteses, Boatos, Etc. que os pós-Tempos do 25 de Abril estão suscitando a muitos Portugueses e Estrangeiros com variadas Modalidades a propósito — Pessoas, Coisas e Animais — Contas à vida, adrede Fantasias & outras Considerações oportunas e proféticas Tudo disposto para Referência aos Momentos cronológicos, dialéticos e emocionais & redigido em Estilo poético dito RUY CINATT I Afiliado a dois Movimentos & a nenhum Partido, por enquanto, mas Cidadão eleitor desta Cidade com Firma na Ilha de Timor para sempre Autor entre outros Escritos éditos & inéditos de BORDA D’ALMA, CRAVO SINGULAR & O A FAZER, FAZ-SE. [vinheta de Maluda]. Em Lisboa, 1974. [Grafilarte, Artes Gráficas, Lda. Águeda. 1976]. In-4.º de 36 págs. B.

Reedição da primeira impressão, publicada em 1974.
Edição do autor, de limitada tiragem.

Vinheta da capa da brochura de Maluda.



99 — CINATT I (Ruy). - O LIVRO DO NÓMADA MEU AMIGO. Desenhos de Hansi Stael e um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen. Guimarães Editores. [1958]. In-8.º gr. de 74-IV págs. B.

Primeira das duas edições de um dos mais importantes livros do autor, integrado na muito prestigiada «Colecção Poesia e Verdade».



100 — CINATTI (Ruy).- MEMÓRIA DESCRITIVA. Portugália Editora. Lisboa. [1971]. In-4.º de 130-X págs. B.

Primeira edição, muito invulgar, integrada na «Colecção Poetas de Hoje».
COM AMISTOSA DEDICATÓRIA DO POETA PARA ÁRIO AZEVEDO.



105 — CINATT I (Ruy). - O TÉDIO RECOMPENSADO. Guimarães Editores. [1968]. In-8.º gr. de 94-I págs. B.

Primeira edição de um dos invulgares livros deste destacado poeta contemporâneo, livro que foi publicado na «Colecção Poesia e Verdade», alfobre de muitos e grandes poetas portugueses.



106 — CINATTI (Ruy). - TIMOR - AMOR OU DE COMO SENTINDO O QUE FUI VENDO E OUVINDO PROCLAMO ALT LT O & BOM SOM O QUE PENSO NESTE MOMENTO HISTÓRICO EM QUE TODOS DEVEM SENTIR, OUVIR, VER, MEDITAR PARA PODER AGIR. TUDO REDIGIDO EM ESTILO POÉTICO PELO DITO RUY CINATTI. Autor de (...) [Vinheta de Maluda]. Lisboa, 1974. [Composto e impresso na Gráfica Maiadouro - Vila da Maia - e acabou-se de imprimir em Dezembro de 1974]. In-4.º de 16 págs. B.

Edição do autor, de reduzida tiragem. Vinheta da capa da brochura de Maluda.

CURIOSA DEDICATÓRIA DO POETA PARA SEU AMIGO ÁRIO DE AZEVEDO.



108 — CINATTI (Ruy) & PORTUGAL (José Blanc de). - BORDA D’ALMA Narrando alusivamente os verídicos & notáveis Acontecimentos ocorridos em Têmporas de Eleições nacionais com variadas Modalidades a-propósito — Pessoas, Coisas & Animais — & outras considerações oportunas & proféticas, Tudo corrigido em Estilo poético pelo dito Ruy Cinatti, Cidadão eleitor desta Cidade, com Firma na Ilha de Timor. Precedidos de OS MELHORES ANOS DA NOSSA VIDA, Poema grande ocorrido anteriormente ao mesmo Crónista. Tudo seguido por DIVERTIMENTO CONTRAPONTÍSTICO de José Blanc de Portugal, Tratadista de muitos Engenhos & Doenças, que interpolou nalguns dos Poemas acima Versos de Sua Autoria. Em Lisboa, 1973 Na Oficina dos antigos «cadernos de Poesia». [Acabou de se imprimir em Setembro de 1973, nas oficinas Gráficas da Livraria Editora Pax, Lda. Braga]. In-4.º de 32 págs. B.

No verso dos dizeres acima transcritos: «Edição d’Autor — Fora do mercado — (A 1.ª edição desta obra data de 1970 e foi ciclostiada)” Folheto de curiosa e popular apresentação gráfica, muito raro.

EXEMPLAR VALORIZADO COM DEDICATÓRIA DO POETA A ÁRIO AZEVEDO.

E, por fim, aqui ficam mais alguns títulos com destaque para algumas das obras impressas em Évora:



1 — ABREU (Sebastião de) [1595-1674]. - INSTITUTIO // PAROCHI // SEU SPECULUM // PAROCHORUM, // IN QUO PAROCHI, ET OMNES ANIMARUM CURAM // Exercentes videbunt obligationes muneris sui, & method~u ad eas rite implendas, // ad maiorem Dei gloriam, animarum salutem, & meritum ipsorum. // OPUS VALDE UTILE, // AC NECESSARIUM OMNIBUS ANIMARUM CURAM GERENTIBUS, // sive inferioribus Curatis, sive maioribus Prælatis, sive quibuscumque Confessariis [sic], // Prædicatoribus, omnibusque proximorum salutem promovere studentibus. // AD ILL A VERBA CONCILII // TRIDENT. SESf. 23. CAP. I DE RESIDENTIA PRÆLATORUM &c. // (...) // [emblema da Companhia de Jesus] // Aucrore P. Doctore SEBASTIANO DE ABREU // Societatios JESU, Lusitano Crattensi, Sacræ Theologiæ in celebri Eborensi Academia. // Primario quondam Professore, & Cancellario. // —— // EBORÆ, Ex Typographia Academia, anno Domini. M. DCC. In-6.º de XX-898-98 págs. E.

Natural do Crato [Portalegre], Sebastião de Abreu entrou na Companhia de Jesus em 1610, Estudou Filosofia e Teologia na Universidade de Évora onde foi lente de Filosofia, tendo-se Doutorado nesta disciplina e na mesma Universidade em 1633. Regeu Teologia Especulativa e foi Cancelário da Universidade. Em Roma exerceu a função de Revisor Geral dos livros da Companhia de Jesus entre 1644 e 1652.

Entre a vasta Obra publicada do autor, destaca-se sem dúvida Institutio Parochi pela primeira vez impressa em 1665 em Évora pela Ex Typographia Academia e na mesma cidade e pela mesma oficina reimpressa em 1681 e em 1700. O excepcional êxito desta Obra verifica-se também pelas edições impressas ao longo dos séculos XVIII e XIX. Segundo apuramos, Sommervolgel indica 10 edições, estando em depósito da B. N., para além das edições de Évora, quatro impressas em Veneza nos anos de 1724, 1736, 1744 e 1799.

Exemplar cansado. Com manchas de água, e assinado no frontispício. Encadernação da época, também mal cuidada.



2 — ACTAS DAS SESSÕES DO PRIMEIRO CONGRESSO AGRICOLA CELEBRADO EM LISBOA EM FEVEREIRO DE 1888. Lisboa. Imprensa Nacional. 1888. In-4.º peq. de 116 págs. B.

Importante subsídio para o estudo da História da Agricultura em Portugal, em particular dos finais do século XIX durante o período da Monarquia Constitucional.



3 — ACTO DE CONTRIÇ,AÕ // ESCRIPTO. // E // GLOSADO // PELO MAYOR PECCADOR, QUE A TERRA SUSTENTA, // E á Paciencia de JESU Christo tem dado mais que //sofrer, e á sua Misericordia que esperar, // CONSAGRADO // A’ SACRATISSIMA IMAGEM // DE NOSSO SENHOR // DA POBREZA // Venerada em esta sua muito nobre Cidade // de Evora, Sacro Erario de taõ Divino // Thesouro, // [gravura representando Jesus crucificado] // EVORA. // —— // Com todas as licenças necessarias. // Anno de M.DCCXXXVIII. In-8.º de 8 págs. inums. B.

Conforme apuramos no Catálogo da BNP este opúsculo foi impresso em Évora na Oficina Rita-Cassiana. Não nos foi possível no entanto encontrar qualquer outra referência a este invulgar opúsculo.

Edição cuidada, nitidamente impressa, ornada de cabeção de enfeite com o emblema da Companhia de Jesus, florão de remate e outros ornamentos tipográficos.



14 — ALMEIDA (João de). - SUL D’ANGOLA — Relatorio de um governo de distrito (1908-1910). Esboço fisiografico da região. Elementos etnográficos e históricos e dados diversos. Acção militar e administrativa. Progresso moral e material. Economia e fomento. Lisboa. Composto e impresso na Typ. do Annuario Commercial. 1912. In-4.º gr. de XIX-I-648-II págs. B.

Trabalho desenvolvido com notável amplitude, importantíssimo para os diversos aspectos da história de Angola e da sua colonização, abundantemente ilustrado com centenas de fotogravuras nas páginas do texto e muitos mapas e gráficos em separado e em folhas desdobráveis. Invulgar.

Capa da brochura com pequenos defeitos.



21 — ANDRADE (António Alberto Banha de). - O NATURALISTA JOSÉ DE ANCHIETA. Instituto de Investigação Científica Tropical. Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga. Lisboa. 1985. In-4º gr. de XXIII-I-187-I págs. E.

Depois de ter estudado em Portugal sabe-se que Anchieta voltou para Angola, “de onde não sairia mais, contribuindo com suas remessas para o enriquecimento prodigioso do Museu de Lisboa, ao mesmo tempo que criava ao Dr. Barbosa du Bocage a possibilidade de escrever os dois notáveis trabalhos sobre ornitologia e herpelogia de Angola (...). Estas glórias que ninguém regateia a Anchieta, permitem colocá-lo na linha dos grandes empreendedores do movimento científico português (...).” Edição ilustrada com estampas impressas à parte.

Encadernação própria da colecção.



27 — ARCANJOS (Frei António dos) [1632-1682]. — SERMAM // DA IMMACVLADA // CONCEIC,AM // DE NOSSA // SENHORA // NA CAPPELLA REAL. // Assistindo Sua Magestade, e Alteza, em oito // de Dezembro de 664. // PREGOVO // M. R. P. M. Fr. ANTONIO DOS ARCHANJOS // Lente de Prima, e Ministro Provincial da Provin- // cia do Algarve da Ordem de S. Francisco. // OFFERECIDO // Ao Conde de Castelmelhor do Conselho de Estado de Sua // Magestade, e seu Secretario da puridade. // —— // EM EVORA // Com as licenças requizitas. Na Officina desta Vniversidade // Anno de M.DC.LXV. In-8.º de IV-XVIII págs. E.

Diz Barbosa Machado que o autor, “Naceo na Cidade de Evora (...). Abraçou o Instituto dos Frades Memores na Provincia dos Algarves, da qual pelo seu agudo engenho, profunda literatura, e grande authoridade foy illustre esplendor. Ensinou Filosofia, e Theologia aos seus Religiosos até que jubilou na Cadeira de Prima. Depois de ter exercitado varias Prelazias da Ordem com summa prudencia foy eleito Provincial (...) em cujo lugar descobrio mais claramente o grande talento que tinha para o governo. (...) Foy Qualificador do Sancto Officio, e Examinador das Ordens Militares, e Prègador insigne (como o intitula o P. Francisco da Fonseca na Evora Glorios. pag. 410.) da Magestade delRey D. Pedro II. naõ lhe fazendo menor elogio Fr. Joan. `D. Anton. in ‘Bib. Franc. Tomo I. pag. 93. (...)”.

Primeira edição, novamente impressa em Coimbra no ano de 1672.

Encadernação modesta, de recente manufactura.



30 — ATLAS PECUARIO DE PORTUGAL. Mappas representativos do valor absoluto e relativo dos gados, por Districtos e Concelhos segundo o recenseamento a que se procedeu na conformidade do Decreto de 22 de Junho de 1870. Lith. Maigne. Lisboa. [S.d. - 1870?]. In-fólio de frontispício e 18 estampas ou mapas. E.

Cada um dos mapas, assinalados a cores e com as espécies animais representadas por imagem, aparece ass. Coordenada Bettencourt / Lith. C. Maigne, Lisboa.

Encadernação não contemporânea em tecido, também conhecido por pele do diabo.


LEILÃO DA COLECÇÃO DE MAPAS E GRAVURAS DE MARGIT DREYER




ALGUNS DESTAQUES

- VIVIAN (G.) -SCENERY OF PORTUGAL & SPAIN. - Litografias de Lisboa, vila de Sintra, Coimbra, Porto, Setúbal, Arrábida, Leiria, Rio Douro, Torres Vedras, Vila do Conde, Guimarães, Braga, Ponte do Lima, Rio Minho [Tui/Valença], Vigo, Redondela [Galiza], Málaga, Granada, S. Sebastian e Valencia.
- Gravuras e vistas das cidades de Lisboa (o porto de Lisboa, a Torre de Belém, o projecto não concretizado de François Marca para o Terreiro do Paço, vista antes do grande terramoto de 1755), Coimbra, vila de Albuquerque, Goa, Argel, Israel, etc.
- Mapas (sécs. XVI a XVIII) de Portugal, Espanha, Península Ibérica, França, Bélgica, Luxemburgo, Rússia, Índia, Bulgária, Roménia, Jerusalém, etc;

Deste leilão vou também ser bastante detalhado na referência aos exemplares, pois que é tema que não tem sido muito divulgado nas minhas postagens anteriores.

Sendo assim veja-se:



1 — VIVIAN (G.).- SCENERY OF PORTUGAL & SPAIN (...) on stone by L. Haghe. London, 1859. P & D. Colnaghi & C.º Pall Mall, East. Ackermann & C.º Strand. — Rittner & Goupil, Paris. A. Asher, Berlin. In-fólio de I-XXXII-I ff. E.

Livro de grande porte e extraordinária beleza, sem dúvida o mais procurado e esplendoroso livro estrangeiro sobre Portugal e Espanha. No seu conjunto, ornado de 35 admiráveis litografias manualmente coloridas, quase todas impressas em plena página, das quais 6 são de menores dimensões e impressas duas por folha.

A folha de frontispício, também de grande beleza, litografada e manualmente colorida, apresenta os respectivos dizeres encimando a Torre de Belém, emoldurada num belo pórtico manuelino. Iniciando e fechando as duas ff. com a “List of Drawings” vêm ainda duas belas ilustrações representando o Aqueduto das Águas Livres e o Cruzeiro da Colegiada de Guimarães.

Entre as litografias que constituem a edição, para além das que já referimos contam ainda 2 que ilustram a cidade de Lisboa, 5 da vila de Sintra, 4 de Coimbra, 2 do Porto sendo as restantes referentes a Setúbal, Arrábida, Leiria, Rio Douro, Torres Vedras, Vila do Conde, Guimarães, Braga, Ponte do Lima, Rio Minho [Tui/Valença], Vigo, Redondela [Galiza], 2 de Málaga, 3 de Granada, S. Sebastan e Valencia.

Exemplar completo e muito apreciado. Com algumas das litografadas aureoladas por uma mancha causada pela coloração e picos de acidez comuns a muitos dos exemplares que temos visto.



3 — [BRAUNIO (George)]. - Illustris ciuitatis CONIMBRIAE in Lusitania // ad flumen Illundam effigies. [Dim. 28,5 x 46 cm.]

Bela e muito célebre gravura de Coimbra impressa no século XVI (1598), pertencente à obra Civitatis Orbis Terrarum de Braunio, impressa em Colónia.

Cremos que se trata da primeira tiragem desta notabilíssima gravura exaustivamente estudada por Armando Carneiro da Silva no seu excelente trabalho «Estampas Coimbrãs».

Embora não represente com rigor a cidade de Coimbra de finais do século XVI, nela são reconhecíveis os seus aspectos fundamentais, a cidade alta e as suas muralhas, o Mosteiro de Santa Cruz, o antigo Palácio Real (entregue á Universidade por D. João III), os colégios universitários, o Colégio das Artes, o Colégio dos Jesuítas, a cidade ribeirinha, a ponte de D. Manuel a montante do Mosteiro de S. Francisco e o aqueduto de D. Sebastião.

No canto inferior esquerdo tem um quadro ou cartouche identificando os lugares mais notáveis, aparecendo ao seu lado direito duas “figuras de escolares que tanto interesse têm para o estudo do trajo dos estudantes das ordens religiosas estabelecidas em Coimbra e que tanto valorizam o primeiro plano da estampa, dando profundidade ao conjunto”, conforme escreveu Carneiro da Silva, na obra acima referida. O verso da gravura apresenta, em caracteres góticos e em língua alemã um texto sobre Coimbra, ornamentado com uma letra capital de fantasia.

Carneiro da Silva, ao falar das “figuras que promoveram a edição deste monumento gráfico”, diz que a principal figura central foi “George Braum — a quem indevidamente se atribui a autoria da estampa de Coimbra, já que ele afinal nenhuma interferência directa teve na sua feitura ou criação”; A Hogenberg “coube passar à chapa de cobre os belos desenhos que outrem fez das cidades de Lisboa e Coimbra, podemos afirmá-lo, pois não obstante não conterem a sua assinatura ou inicial, com que autenticou muitas das gravuras da Civitatis Orbis Terrarum, por observação comparativa não se hesita em se lhe atribuir memória”.
Com passe-partout. (ver gravura)



4 — COUSE (J.).- The CITY of LISBON as before the dreadful Earthquake of November 1st 1755 / La VILLE de LISBON dans son Etat avant Le terrible Tremblement de Novembre 1. 1755. [Dim. 25,5 x 41 cm.]

Vista de Lisboa colorida à mão, primorosamente aberta a buril em chapa de cobre, mostrando com grande soma de pormenor os monumentos e casario da Lisboa anterior ao terramoto, onde se destaca a Praça Real, o Palácio dos Duques de Aveiro e a Alfândega. Em primeiro plano as águas do Tejo mansamente encapeladas, onde estão fundeadas numerosas embarcações e outras navegando com as suas velas enfunadas, sendo de muito belo desenho e recorte as duas que aparecem em primeiro plano.

Depois do título vem a legenda dos principais edifícios da cidade, também em inglês e francês, além do seguinte registo: Printed for T. Bowles in St. Pauls Church Yard, and John Bowles and Son, in Cornhil.
Com passe-partout. (ver gravura)



10 — LISBONE. [Dim. 38 x 51 cm.]

Admirável planta de Lisboa seiscentista, colorida à mão e de grande efeito decorativo. Ao alto, os brasões de Portugal e da cidade ladeam uma tarja com o título LISBONE. Em baixo com um texto na margem esquerda em latim e em francês, à direita que transcrevemos: “LISBONNE ville Capitale du Roiaume de Portugal, seiour ordinaire du Roy; appelleé par les Romains Iulie lheu: // reuse; est une des plus peupléé, des plus riches, et des plus considerables de l’Europe. elle est situéé dans vn lieu fort // agreable, lair y est doux, et tenperé, son port est tres comode pour les nauires, qui y ariuent de toutes parts. l’Eglise Cathe // drale de l’Archeueschée est fort recomendable po.r le corps de S. Vincent. quelle possede: ainsi que celle de S. Anthoine de // Pade, bastie en la place de la maison, ou ce. S. nasquit. on y admire lhostel de Ville; celui de S. Pierre ou demeurent // les Ambassadeurs des Rois, et Princes estrangers, a cause de leur belle structure, et agreable situation. son // Arcenal est un des plus grands de l’Europe, ce qui par oist ence que cest de ce lieu seul, que le Roy entretiens // ses Armez naualles de plus de 200 Vaisseaux. cette ville contient plus de 25000. maisons. elle á 38 portes, et est // enceinte de 77 tours. l’on y conte 27 Eglises Parochialles et 2 hospitaux fort considerables.”

Vista da cidade antes do terramoto de 1755, com o casario e as principais construções da época medieval, tendo em primeiro plano belas embarcações de distinto calado, fundeadas ou a navegar no rio Tejo; a zona ribeirinha e o Palácio Real, a Casa das Índias, a Ribeira das Naus e a muralha da cidade. (ver gravura)



18 — Prospectus Turris Bethlemi prope Ulyssipponem. Vue de la Tour de Bellem. [Dim. 31,7 x 42,5 cm.]

Original representação da Torre de Belém, sem qualquer dos elementos manuelinos que a caracterizam, circunscrita a linhas horizontais e verticais e quase sem ornamentos. Em primeiro plano estão várias embarcações à vela, duas das quais com figuras humanas.

Gravura calcográfica do século XVIII (c. 1790), aguarelada à mão, não assinada.
Com passe-partout. (ver gravura)



24 — SEUTTER (Matthæus). - ALGERCUM // munita Metropolis // REGNI ALGERIAN // in littore Africano Barbariæ in monte // declivi Amphitheatri instar duadrata // forma extructa, cum portu Comodissimo // SEDES EST BASSÆ TURCICI // et ob piraticam per orbem famosissima; // cura et sumptibus // MATTH. SEUTTERI... [Dim. 50 x 58 cm.]

Belíssima e minuciosa planta da cidade fortificada de Argel, dividida em duas faixas respectivamente com 34 e 16 cm. de altura, representando-se na de cima, manualmente aguarelada, uma vista aéraea da cidade, com seus edifícios, ruas e muralhas, aparecendo em primeiro plano o seu porto de mar e dois grandes galeões com as velas desfraldadas, um dos quais fazendo fogo de canhões; na parte inferior, a negro, está representada uma vista panorâmica de Argel, com as casas, mesquitas e árvores desenhadas com bastante pormenor. Ao alto, na margem esquerda, com um belo cartouche com os dizeres acima transcritos, à direita, também numa cartela decorada, com a respectiva legenda dos lugares mais assinaláveis da cidade.

Trabalho executado pelo célebre cartógrafo e editor Matthæus Seutter na primeira metade do século XVIII.
Com pequenos restauros marginais. (ver gravura)



34 — A View of the Palace of the King of Portugal at | Vüe de Palais Roi de Portugale à LISBON. [Dim. 25 x 39,5 cm.]

Gravura não assinada, aberta em chapa de cobre e colorida à mão, representando (da esquerda para a direita) o Pálácio Real, a Ribeira das Naus e o Palácio dos Duques de Aveiro, tendo em primeiro plano e ao fundo incontáveis embarcações. É visível o casario de Lisboa por trás dos monumentos referidos.
Remarginado. Com passe-partout. (ver gravura)



36 — Vue de l’Embouchure du Tage et du Port de Lisbonne. [Dim. 20 x 41,5 cm.]

Bela e movimentada gravura do século XVIII, aberta em chapa de cobre e colorida. Cremos que bastante fantasiosa, apresenta no lado esquerdo um conjunto de construções portuárias e do lado direito o pórtico de um edifício de que se salientam duas colunas; junto a este edifício está fundeada uma embarcação de grande porte, vendo-se ao largo numerosas embarcações de diferentes portes. Em primeiro plano vê-se o porto com a sua natural azáfama; o transporte de mercadorias várias para pequenas embarcações a remos, de que faz parte um canhão ainda em terra a ser transportado para uma delas.

Vista ótica não assinada ou datada, com o título VUE DE PORT DE LISBONNE, invertido.
Exemplar reforçado pelo verso e remarginado. (ver gravura)



37 — ‘Vue perspective de la Grande Place de Lisboñe, nouvellement batie sur les Desseins de François Marca. // A Paris chez Basset rue S.t Jacques a S.e Genevieve. [Dim. 29,5 x 42 cm.]

Gravura aberta em chapa de cobre, aguarelada, representando o projecto não concretizado de François Marca para o Terreiro do Paço, dele fazendo parte seis grandes edifícios quadrangulares e um varandim com escadaria dando acesso ao rio Tejo, onde, à direita, figuram duas embarcações em construção. A praça está povoada de figuras várias da nobreza e do clero, entre as quais um grupo de quatro examinando um projecto. Vista ótica colorida à mão, não assinada ou datada (c. 1770)

Vista ótica não datada, com o título VUE DE LA NOUVELLE PLACE DE LISBONE, invertido. Com passe-partout. (ver gravura)



38 — WINCKLER (George Gottfried) & PROBST (Georg Balthasar).- Vista y Prospettiva del Palacio del Rey de Portugal, en Lisboa. // Vüe du Palais du Roy du Portugal, à Lisbonne. (...). [Dim. 31,6 x 42,7 cm.]

Gravura aberta em chapa de cobre, setecentista, colorida à mão e de notável composição e beleza.

Na grande Praça de Ribeira em frente ao Palácio Real e em sua direcção desfila um luzido cortejo de cinco carruagens entre alas de numerosas figuras da nobreza vestida de gala; várias peças de artilharia fazem fogo de salva vendo-se numerosas e grandes embarcações fundeadas. Cremos que ilustrativa da passagem de Carlos III por Lisboa, minuciosamente descrita por Pinho Leal no «Portugal Antigo e Moderno». [Vol IV, págs. 369].
Vista ótica colorida à mão, não assinada ou datada (c. 1770)

Segue aos dizeres acima transcritos os mesmos em latim e alemão.

Vista ótica não datada, com o título VUE DU PALAIS DU ROY DE PORTUGAL, A LISBONNE, invertido.
Com passe-partout. (ver gravura)



39 — WITT (Frederick de).- Novissima et Accuratissima // REGNORUM // HISPANIÆ // et // PORTUGALLIÆ // Tabula Auctore F. de WITT // Amstelodami //Cum Privil. Potent D. D. Ordinum // Hollandiæ Westfrisetqz // ex Officina // P. Mortier. [Dim. 50 x 58,5 cm.]

Mapa de Portugal publicado em Amsterdam, provavelmente ainda no século XVII [c. 1705].

Os dizeres acabados de reproduzir acham-se dentro de um decorativo panejamento que se vê sustentado por dois anjos; rodeando este conjunto, como o próprio mapa colorido à mão, estão dispostas várias figuras alegóricas, vendo-se na sua base um medalhão com o retrato do rei de Espanha.
Com passe-partout.



40 — WITT (Frederick de).- Novissima // REGNORUM // PORTUGALIÆ // et // ALGARBIÆ // DESCRIPTIO // emendata a F. de Wit. // Amstelodami. [Dim. 59 x 49 cm.]

Mapa de Portugal publicado em Amsterdam, provavelmente ainda no século XVII [c. 1680].

Cuidadosamente decorado com duas ricas composições, à esquerda, em cima e em baixo, sendo a primeira composta pelos dizeres acima transcritos dentro de um panejamento suspenso por oito figuras de anjos sustentando espadas, palmas e o brasão d’armas de Portugal; a segunda, mostrando 3 escalas e de belíssimo efeito decorativo, integra os brasões d’armas de Portugal e do Algarve colocados lado a lado, ambos encimados pela corôa real, rodeados por quatro figuras de anjos acompanhadas de cães, colocando um deles uma corôa de louros sobre o brasão d’armas de Portugal.
Exemplar aguarelado com passe-partout.


Leiloeiro

Com votos de uma boa leitura destes excelentes catálogos onde irão encontrar exemplares que são de qualidade e de inegável importância para o estudo das temáticas referidas.

E quem sabe se não irão encontrar o tal exemplar que preencha alguma falha nas vossas bibliotecas.

Saudações bibliófilas.

Nota final: Como não recebi nenhum dos catálogos em suporte de papel, apenas pude consultar os pdf dos catálogos e as fotografias da página no Facebook da Livraria Manuel Ferreira, o trabalho de consulta foi mais moroso e sujeito a erros, pelo que deixo aqui as minhas desculpas por algum lapso cometido.


(Todas os descritivos e imagens são copyrigth e da responsabilidade da Livraria Manuel Ferreira)

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