sábado, 7 de maio de 2016

Maio – um mês de leilões!



Aspecto da sala de leilões no Hotel Roma em Lisboa
(foto de Dora Nogueira)

Com efeito neste mês de Maio vamos ter dois leilões de livros de conceituados livreiros antiquárias.

Pela elevada quantidade, e sobretudo pela qualidade, das obras propostas para venda merecem uma análise um pouco aprofundada de cada um dos catálogos, pois a maioria das obras contidas em cada um deles, corresponde a diferentes propostas de temáticas.

Obviamente que há obras em comum mas, na minha opinião, os bibliófilos sentir-se-ão indecisos na escolha do leilão, pois que cada uma destas ofertas estará mais de acordo com as características da estrutura de cada uma das suas bibliotecas pessoais.


Uma ilustração

Como escrevi na minha última postagem, o desfazer de grandes bibliotecas traz a possibilidade de aparecerem no mercado obras que anteriormente eram muito pouco frequentes de se verem à venda.

É claro que com isto, não pretendo dizer de modo algum, que estas obras não sejam raras, muito antes pelo contrário!

O que se verifica, é que por razões díspares, muitos dos seus anteriores proprietários optaram por as colocar novamente no mercado.

Tome-se como exemplo as obras de Fernando Pessoa e em especial a Mensagem, e contem-se os exemplares que surgiram para venda – tanto em leilões como directamente pelos livreiros-antiquários – nos últimos 4/5 anos (bem sei que um mesmo exemplar irá aparecer, por vezes, em várias vendas … mas mesmo assim o número é bem diferente do que era habitual).

Outros dois bons exemplos são Dispersão de Mário de Sá-Carneiro e de António Nobre. (Claro que só falo aqui em 1ª edições!)

 Mas vamos lá a começar.



O José F. Vicente vai organizar mais um leilão nos próximos dias 9, 10 e 11 de Maio de 2016 às 21h no Palácio da Independência | Largo de São Domingos, 11 (ao Rossio) |1150320 Lisboa.

A Exposição dos lotes decorrerá nos dias 8, 9, 10 e 11 de Maio das 15h às 20h.

As três sessões do leilão decorrerão de acordo com a seguinte planificação:

1ª sessão – Lotes 1 a 480
2ª sessão – Lotes 481 a 960
3ª sessão – Lotes 961 a 1431





066. ARISTOTELES. – EVSTRATII // EPISCOPI NICAENI // COMENTARIA IN SECVNDVM // LIBRVM POSTERIORVM RESOLVTIVORVM // ARISTOLELIS. // IN NOMINATI ITEM AVTORIS // EXPOSITIONES COMPENDIARIAE IN EVENDEM. // Andrea Gratiolo Tuscano ex benaco interprete. // Venetys Apud Hieronymum Scotum. // 1542. InFólio de [1 em branco], 195 págs. págs. Enc. [€ 2.000 / 3.500]

 Raríssima obra que versa a filosofia aristotélica, muito respeitada em todo o mundo da Antiguidade
e responsável pela grande influência registada na filosofia portuguesa de quinhentos, particularmente de Pedro Hispano, Pedro da Fonseca e Manuel de Góis, este responsável pelo Curso Conimbricense da Universidade de Coimbra no séc. XVI. Por seu lado, estes nossos estudiosos acabaram por influenciar mais tarde grandes filósofos como Descartes ou Leibnitz.
Esta edição, como era corrente na época e até no século anterior, é uma obra comentada da filosofia de Aristóteles, levada a cabo por Eustrato, Bispo de Nice.
O aristotelismo, através do cultivo da escolástica e da neoescolástica, tem exercido influência decisiva na divulgação da obra deste grande filósofo.
Bela impressão veneziana, marca do impressor no rosto, cabeçalho decorativo gravado em todas as páginas, capitulares gravadas de belo efeito e ilustrado com esquemas geométricos no texto. Magnifico exemplar, muito limpo e de grandes margens.
Encadernação moderna inteira de chagrin negro, com guardas em pergaminho.



133. BERREDO, Bernardo Pereira de. – ANNAES // HISTORICOS // DO ESTADO // DO // MARANHAÕ, // EM QUE SE DA’ NOTICIA DO SEU DESCOBRIMENTO, // e tudo o mais que nelle tem succedido desde o anno em que foy // descuberto até o de 1718. // Lisboa. // Na Officina de Francisco Luiz Ameno. // M.DCC.XLIX. InFólio de [26], 710 págs. Enc. [€ 2.000 / 3.500]

1ª edição. Raríssima. O autor, natural de Serpa, foi Governador e Capitão General do Maranhão e de Mazagão. Inocêncio, Tomo I, pág. “Berredo gosou por mais de um seculo da posse não contestada de ser tido como escriptor consciencioso e instruido na verdade dos factos que relata e puro e correcto na sua linguagem notandoselhe apenas o estylo nimio affectado proprio do seculo em que escrevia...”.

 Exemplar com uma mancha de água á cabeça de todo o texto, pequeno carimbo a óleo no frontispício, duas folhas preliminares com pequenos defeitos nas margens e pequena falta de papel na margem das páginas 47/48. Encadernação da época inteira de carneira.

Inocêncio Tomo I, pág. 382; Rodrigues, 388; Borba de Moraes. Bibliografia Brasiliana. Tomo I, 103.

Contem uma interessante camoniana (lotes 239 a 264) assim como um bom conjunto de camiliana (lotes 302 a 329) desta cito por serem duas obras que tem aparecido menos nestes catálogos (embora não de elevada raridade… talvez apenas o 2º título)



310. CASTELO BRANCO, Camilo. – O LUBISHOMEM. Comedia original, e inédita, em 3 actos, por... Visconde de Correa Botelho. (1850). Com um prefácio de Alberto Pimentel. Lisboa. Livraria Editora Guimarães, Libanio & Cia. 1900. In 8º de [10], XXIV, [2], 91, [1] págs. Enc. Edição primitiva. Póstuma. Encadernação meia de pele. Com capas. [€ 60 / 120]


322. CASTELO BRANCO, Camilo. – THEATRO COMICO DE CAMILLO CASTELLO BRANCO. A MORGADINHA DE VAL D’AMO RES. Entre a flauta e a viola. Porto. Viuva Moré, Editora. 1871. In 8º de 190, [1] págs. Enc. Edição primitiva. MUITO RARA. Assinatura antiga no anterrosto. Encadernação meia de pele. Sem capas. [€ 180 / 300]

Refira-se ainda a presença de algumas Constituições Sinodais (lotes 393 a 396)



395. CONSTITUIÇOENS // SYNODAES // DO ARCEBISPADO DE BRAGA, // Ordenadas no anno de 1639. // PELLO ILLUSTRISSIMO SENHOR ARCEBISPO // D. SEBASTIÃO DE MATOS E NORONHA: // E mandadas imprimir a primeira vez // PELO SENHOR D. JOÃO DE SOUSA, // Arcebispo, & Senhor de Braga, Primaz das // Espanhas, do Conselho de Sua Magestade, // & seu Sumilher da Cortina, &c. // LISBOA, Na Officina de MIGVEL DESLANDES, Impressor de Sua Magestade. Anno de 1697. In Fólio de [34], 811, 15 págs. Enc.

2ª edição. A primeira publicou se em 1639. Ilus trado com um belo frontispício gravado. As últi mas 15 págs., são uma Pastoral de D. José Arce bispo e Senhor de Braga, Primaz das Hespanhas, datada de 1742. Exemplar com algumas manchas de água e anotações manuscritas nas margens de algumas folhas. A Pastoral com cortes de traça e defeitos marginais. Encadernação da época inteira de pele. Inocêncio Tomo II, 99 e Tomo VII, 219. [€ 200 / 400]

Na literatura merecem destaque Natália Correia (lotes 405 a 414) em que a peça mais rara é Comunicação; Tomás da Fonseca (lotes 549 a 567)



564. FONSECA, Tomás da. – SERMÕES DA MONTANHA. I A Religião e o Povo. Lisboa. Typ. de Antonio Maria Antunes. 1909. In 8º de 260, [1] págs. Enc. Primeira edição. Muito Rara. Ilustrada com o retrato do autor. Encadernação meia de pele. Conserva a capa de brochura da frente. [€ 35 / 70]

Herberto Helder (lotes 673 a 674), Alexandre Herculano (lotes 675 a 681), Soeiro Pereira Gomes (lotes 622 e 623), Guerra Junqueiro (lotes 718 a 722), Gomes Leal (lotes 744 a 758)


©Almanaque Republicano

753. LEAL, Gomes. – A ORGIA. Publicação mensal. Politica. Literatura. Costumes. Carta a El Rei de Espanha sobre a União Ibérica. Lisboa. Typographia Popular. 1882. In 8º de 98, [1] págs. Enc. Primeiro e único número publicado. De grande raridade. Pequenos defeitos nas margens de algumas folhas, assinatura no frontispício e manchas de humidade. Encadernação em pano. Conserva a capa de brochura da frente. [€ 20 / 40]

José Agostinho de Macedo (lotes 821 a 829) de que a obra mais conhecida é O Oriente (2ª edição), Joaquim Pedro de Oliveira Martins (lotes 877 a 882), Rocha Martins (lotes 884 a 889 e 1426 e 1427), D. Francisco Manuel de Mello (lotes 909 a 911), José de Almada Negreiros (lotes 966 a 969), Vitorino Nemésio (lotes 970 a 972), António Correia de Oliveira (lotes 988 a 993), Ramalho Ortigão (lotes 1012 a 1016), Alberto Pimentel (lotes 1068 a 1074), Eça de Queirós (lotes 1102 a 1119), que é completado com um conjunto de bibliografia passiva queirosiana (lotes 1120 a 1129), 



1113. QUEIROZ, Eça de. – O MANDARIM. Porto e Braga. 1880. In 8º de [4], 181, [1] págs. Enc. Edição original. Muito rara. Encadernação da época meia de pele. Sem capas. [€ 80 / 150]

Antero de Quental (lotes 1132 a 1137), Alves Redol (1148 e 1149), José Régio (lotes 1152 a 1154), Aquilino Ribeiro (lotes 1179 a 1197),

As gravuras e mapas (lotes 631 a 655) com alguns belos exemplares.



642. LINSCHOTEN. – A CIDADE DE ANGRA NA ILHA DE IESV XPÕ DA TERCEIRA QVE ESTÁ EM 39 GRAOS. 1595. Colorida á mão. Medida: 85x51cm. Gravura de Angra do Heroísmo, em magnifico estado de conservação, apenas reforçada nas margens. Pertence ao Atlas de Linschoten e rara mente acompanha a obra. [€ 800 / 1.500]

Os manuscritos (lotes 851 a 867) têm alguns espécimes muito interessantes e raros.



856. CARTA EXECUTÓRIA. Carta executória espanhola, passada pelo Rei Carlos III e Don Ramon Zalo Ortega, a favor de Don JuanManuel Monje, natural da Real Islla de Leon, Datada de Madrid 26 de Setiembre de Mil Setezientos setenta). (1770). In Fólio de [26] Fls. Ilumina das a ouro, prata e cores, representando vários brasões de armas, árvore genealógica, frontispício gravado, letras capitais iluminadas, etc. Esta famí lia pertence ás Casas de Monje, Casa de Rodri guez, Casa de Merchante e Casa de Gallardo. Texto a preto, vermelho e azul. 



Encadernação da época inteira de pele com artísticos ferros a ouro, tendo em ambas as pastas um Brasão de Armas Real. [€ 3.000 / 4.500]

Mas muitas outras obras ficaram por referir.

Podemos encontrar na temática do livro antigo  obras como estas, por exemplo:



1091. POMEY, Padre Francisco. – PANTHEUM // MYSTICUM, // SEU // FABULOSA // DEORUM // HISTORIA // Hoc Epotomis  eruditionis volumine bre // viter dliccidèque compehensa. // Editio nona,... // AMSTAELO DAMI, // Ex Officina Schouteniana // MDCCL VII. In 8º peq. de [14],298, [14] págs. Enc. Ilustrado com uma portada gravada e gravuras abertas a buril em chapa de cobre representando as diversas figuras míticas tratadas na obra, algu mas em folhas desdobráveis.Com um corte de traça que atinge letras do texto nas páginas 191 a 224 e manchas de água. Encadernação da época inteira de carneira. [€ 30 / 60]



1324. SOUSA, Fr. Luis de. – PRIMEIRA PARTE // DA HISTORIA // DE S. DOMINGOS // PARTICULAR DO REINO, E CONQUISTAS // de Portugal, // POR FR. LUIS CACEGAS // Da   mesma Ordem, e Provincia, e Chronista della. // Reformada em estilo, e ordem, e amplificada em succeesssos, // e particularidades. // POR FR. LUIS DE SOUSA // Filho do Convento de Bemfica. // Lisboa. // N a Officina de António Rodrigues Galhardo. 1767. 4 Vols. In Fólio. Enc. 2ª edição. A primeira publicouse em 1623. Obra de grande merecimento histórico e literário. Os dizeres dos frontispícios dentro de artística portada gravada. Todos os volumes com o carimbo de antigo proprietário na primeira folha da dedicatória. A última folha de Índice do IV Volume com falta de papel sem atingir letras do texto. Encadernações uniformes inteiras de carneira, algumas com pequenos defeitos. [€ 1.100 / 1.800]

Em minha opinião trata-se de um leilão a seguir atentamente.




O Pedro de Azevedo - Leiloeiro, Unipessoal, Lda. | Rua Custódio Vieira 2 A, 1250-086 Lisboa | Portugal vai realizar mais um leilão.

Trata-se do 62º Leilão de Livros: Guerra Peninsular, manuscritos, gravuras e outros livros importantes que terá lugar em Lisboa, no próximo dia 16 de Maio, pelas 19:30 h, no Hotel Fénix Lisboa, no Marquês de Pombal.



Marcadamente centrado para a Guerra Peninsular, constitui uma óptima oportunidade para os coleccionadores e estudiosos deste período sempre fascinante e curioso da nossa História poderem encontrar algum (ou alguns exemplares que possam enriquecer as suas bibliotecas.

No entanto iremos encontrar muitas outras obras de elevado interesse e raridade como sejam:



5. ANDRADE, Antonio Galvão de – ARTE | DA | CAVALLARIA | DE GINETA, E ESTARDIOTA, BOM | primor de ferrar, & Alueitaria. | DIVIDIDA | Em tres Tratados, que contem varios discursos, & | experiencias novas desta arte. Lisboa: Na Officina de Joam da Costa, 1678.- [16], 605 (aliás 607) p.: il.; 29 cm.- Enc. [ € 1.000 - 1.500]

Primeiro tratado de cavalaria (ou equitação) publicado em Portugal, cujo autor (c. 1613-1689), natural de Vila Viçosa, foi comendador da Ordem de Cristo e estribeiro da Casa Real. A obra inclui, além de um retrato gravado do autor (oval envolta em motivos heráldicos e alegóricos), 20 gravuras a talhe-doce, das quais 15 de folha dupla ou desdobráveis, representando vários exercícios de gineta, diversos arreios e outros acessórios. As gravuras apresentam a subscrição C. B. F. (Clemente Bilingue Fecit) e F. D. I. ou C. R. f. (Ernesto Soares [História], 318).O exemplar, um pouco aparado, apresenta a falta de três gravuras: hum ferro de hum garrocham (p. 255), hum homem à estardiota (p. 453) e um de dous peitoraes (p. 594); algumas gravuras mal encadernadas, não correspondendo à localização indicada no índice na oitava folha preliminar (**8). Apresenta ainda as seguintes intervenções: folhas preliminares (e fólio T4) com restauros na margem externa (mais grave na folha de rosto); algumas gravuras espelhadas, outras com restauros nas dobras. Encadernação do século XIX, inteira de carneira.
Samodães, 1342. Inocêncio, I, p. 147. Torrecilla, 255. BN (Séc. XVII), 177. Arouca, A 341.



28. BOWDICH, Thomas Edward – Excursions in Madeira and Porto Santo, during the autumn of 1823, while on his third voyage to Africa; to which is added, by Mrs. Bowdich, I. A narrative of the continuance of the voyage to its completion, together with the subsequent occurrences from Mr. Bowdich’s arrival in Africa to the period of his death. II. A description of the English settlements on the river Gambia. III. Appendix: containing zoological and botanical descriptions, and translations from the Arabic.- London: George B. Whittaker, 1825.- XII, 278 p.: il.; 27 cm.- Enc. [€ 800 - 1.200]

Thomas Edward Bowdich (1791-1824), viajante inglês, natural de Bristol, casou em 1813 com Sarah Wallis (1791-1856), com quem viria a partilhar a sua carreira de naturalista. Tendo convivido com Cuvier e Humboldt, o casal efectuou várias viagens de estudo, nomeadamente a Lisboa, em 1822, Cabo Verde, Madeira e Porto Santo. No decurso da sua terceira viagem a África, Thomas Edward viria a falecer de malária, quando se encontrava na Gâmbia. A obra é ilustrada com 22 litografias, sendo duas desdobráveis e quatro coloridas à mão. A última estampa, com inscrições árabes, não vem referida no índice. Exemplar com algumas manchas de acidez e ligeiro manuseamento, revestido de meia-encadernação de pele, da época. Estampas antigas da Madeira (1935), p. 75. Duarte de Sousa, 97. Silva’s/Pedro de Azevedo, Março de 2000, nº 103.  



137. [JOINVILLE, François Ferdinand Philippe d’Orléans, Prince de] – Études sur la Marine.- Paris: Michel Lévy frères, 1859.- [8], 385, [2, 1 br.] p.; 22 cm.- Enc. [€ 40 – 80]

O volume inclui os seguintes três estudos publicados sem o nome do autor : L’escadre de la Méditerranée, La question chinoise e La Marine à vapeur dans les guerres continentales, previamente publicados na Revue des Deux Mondes. O príncipe de Joinville (1818-1900), filho de Luís Filipe I de França (1773-1850) e de Maria Amélia de Bourbon, almirante da Marinha Francesa, casou em 1843 com a infanta D. Francisca de Bragança (1824-1898), filha do imperador do Brasil D. Pedro I e de D. Maria Leopoldina de Áustria. Exemplar com algumas manchas de acidez, revestido de excelente encadernação inteira de marroquim, com cercaduras nos planos, casas fechadas a ouro na lombada, roda nas seixas e o corte das folhas impecavelmente dourado. Ex-libris da Biblioteca do Dr. Ricardo Espírito Santo.



218. MOREIRA, Manuel de Sousa – THEATRO | HISTORICO, | GENEALOGICO, | PANEGYRICO: | ERIGIDO | a la Immortalidad da la Excelentissima Casa | DE SOUSA.- Paris: en la Emprenta Real, por Juan Anisson, 1694.48 [aliás 44], 986, [13, 1 br.] p.: il.; 38 cm.- Enc. [€ 600 – 900]


 Obra monumental, ilustrada com 32 gravuras, das quais 30 são retratos, e outras tantas vinhetas gravadas em folha de cobre, para além de um frontispício alegórico, junto ao rosto. Inocêncio (VI, p. 114) considera-a um monumento estimável da arte tipográfica, para além da importância das notícias que contem. Todos os retratos foram espelhados (recortados pelo vinco da matriz e colados em folhas papel [da época?], com as mesmas dimensões dos cadernos originais). Apenas as duas restantes gravuras se encontram no seu estado original. Mancha restaurada na margem superior, junto ao festo, afectando cerca de 20 folhas finais e a margem de dois retratos. Pertence manuscrito da época, na página de rosto (Isidoro Juzte. de Souza Tavares). O exemplar apresenta-se contudo, limpo, sólido e completo. Encadernação recente, inteira de carneira, da época, ao gosto da época. Salvá, 3603. Samodães, 3269.

Aqui também vamos encontrar algumas obras raras da literatura portuguesa, ora veja-se:



221. NEGREIROS, José de Almada –  A invenção do dia claro. - Lisbôa: “Olisipo” Apartado 145, 1921.- 45 [3] p.: 1 retrato; 25 cm.- Broc. [€ 300 – 450]


Edição original de um dos mais raros títulos do autor, ilustrado com o seu auto-retrato. Transcreve uma das conferências que mais impressionou Fernando Pessoa, que nesse mesmo ano viria a escolher este texto para inaugurar a sua editora Olisipo. Exemplar assinado no rosto (data de 1921), com algum manuseamento, conservando as capas de brochura verdes (com badanas). De salientar que estas envolvem a primeira e última folhas do primeiro e terceiro caderno. O exemplar inclui, soltas, duas raras pagelas: bilhete de entrada (1 escudo) no Teatro de S. Carlos para o lançamento do folheto (10x10 cm.); convite para uma sessão de apresentação do autor e da sua obra, na Liga Naval, por António Ferro (22x16 cm.).  



236. PEDRO, António – Manifesto do I Salão de Independentes - [Lisboa: edição do autor, 1930]. - 1 f.; 39 cm.- Broc. [€ 200 – 300]

Manifesto publicado por ocasião da exposição ou I Salão de Independentes, realizado em 1930 em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes, no qual participaram 20 pintores, 10 escultores, 10 arquitectos, 21 desenhadores, 2 decoradores, 2 cartazistas e 2 fotógrafos, com um total de 312 obras expostas. Folha volante, impressa de um só lado.



238. PESSOA, Fernando – Mensagem - Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934.- 100, [2] p.; 18 cm.- Broc. [€ 1.600 - 2.400]

Edição original de uma obra emblemática da literatura portuguesa do século XX. Único livro publicado pelo autor (1888-1935), um ano antes da sua morte. Exemplar limpo, conservando as capas de brochura com badanas com pequenas imperfeições. 



239. PESSOA, Fernando – Sobre um manifesto de estudantes - [Lisboa: edição do autor, 1923]. - 1 f.; 38 cm.- Broc. [€ 800 - 1.200]

Segundo manifesto de intervenção, publicado por Fernando Pessoa, na polémica que, entre Fevereiro e Maio de 1923, envolveu, por um lado, o escritor e poeta Raúl Leal e próprio Pessoa, e, por outro, a Liga de Acção dos Estudantes de Lisboa, liderada por Pedro Theotónio Pereira, com o apoio do jornal A Época, da Igreja Católica.  O objecto dos estudantes era o combate contra a literatura imoral, da qual eram exemplos acabados as obras Sodoma divinizada, de Raúl Leal e Canções de António Botto, ambas publicadas pela editora Olisipo, de Fernando Pessoa. Folha volante, composta a três colunas, impressa de um só lado, provavelmente em Abril/Maio de 1923. 



248. POUSÃO, Frei Manuel, O.S.A. –  LIBER | PASSIONUM, | ET EORUM | QUÆ A DOMINICA PALMARUM, | usque ad Sabbatum Sanctum cantari solent. | AVCTORE | P. FR. EMMANUELE POUZAM, | ORDINIS EREMITARUM S. AUGUSTINI, | Provinciæ Lusitaniæ. | PRIMA EDITIO.- Lugduni: Ex Typographia Petri Guillimin, Sumptibus Joannis à Costa, & Didaci Suarez, 1675.162 p.: notação musical; 36 cm.- Enc. [€ 800 - 1.200]

Segundo Barbosa Machado, Fr. Manuel Pousão (c. 1593-1683), era natural de Alandroal e professou no Convento da Graça, de Lisboa, da Ordem de Santo Agostinho, onde foi Mestre de Capela. A edição, impressa em Lyon por motivos desconhecidos, é constituída por 20 cadernos (A-T4, V5 [ao exemplar falta a última folha em branco]) com um rosto (verso em branco), seguido de 80 folhas com notação musical quadrada tradicional a negro sobre pautas de cinco linhas a vermelho. Versão actualizada de livros de cantochão congéneres anteriores, como, por exemplo o Passionário de Fr. Estêvão, impresso em Lisboa, em 1595 (v. Pedro de Azevedo, leilão nº 61, Outubro de 2014, lote, nº 126), introduz, contudo, novas formas melódicas, reduzindo os vocalizos de grande extensão, de expressão bizantina. A este respeito deverá ler-se O Canto da Paixão nos séculos XVI e XVII: a singularidade portuguesa, de José Maria Pedrosa Cardoso, Coimbra, 2006 (5.1.4., p. 149 e seg.), de onde foram recolhidos parte dos elementos para a presente descrição. Fólios do caderno D, encadernados fora de ordem: D2, D1, D4 e D3. Exemplar aparado, um pouco manuseado e com alguma acidez; ocasionais restauros menores. Encadernação recente, com a lombada em pele, com falta das guardas volantes. Vieira, II, p. 230. Alegria, p. 133.


José Maria Eça de Queirós

253. [QUEIRÓS, José Maria Eça de] – [O crime do Padre Amaro] - Revista Occidental: publicação quinzenal.- 1º cuaderno, 1º anno, tomo primero a 5º fascículo, 1º anno, tomo segundo (15 de Febrero a 15 de Julho de 1875).- Lisboa: Escriptorio da Revista Occidental, 1875.-11 fascículos em 2 vols.; 25 cm.- Enc. [€ 400 – 600]

Trata-se da primeiríssima edição da obra, publicada nesta revista dirigida por Eça de Queirós, desde o primeiro fascículo do primeiro tomo, ao primeiro fascículo do segundo, que viria a ser editada no ano seguinte em forma de livro, com inúmeras alterações. A revista teve ainda a colaboração de Antero de Quental, Gonçalves Crespo, Oliveira Martins e muitos outros. O conjunto apresenta a particularidade de o primeiro tomo pertencer à edição em castelhano, publicada simultaneamente em Espanha através do seu representante A. Duran. Os 11 fascículos encadernados em dois volumes, conservando todas as capas de brochura, por vezes com algumas manchas. Tudo quanto foi publicado. Exemplar com ocasional acidez, revestido de meias-encadernações de chagrin. Ex-libris de Francisco J. Martins. BN (Jornais e Revistas), 4645 (descrição incompleta). Guerra Da Cal, 66 e 29.


Nas gravuras temos alguns bons espécimes como este:



91, GUERRA PENINSULAR – The Holy Alliance unmasked.- London: Pub. by J. Dickinson, 1823.- 1 litografia colorida; 280x320 mm. [€ 40 – 80]

Litografia de sátira política, colorida à mão, segundo original de Edward Purcell, representando os representantes da Grã-Bretanha (Wellington), Espanha, Russia e Áustria à volta de uma mesa, conspirando para repor Fernando VII no trono de Espanha. Levemente aparada na margem superior.

 E nos manuscritos vamos encontrar esta carta de Beresford:



160. BERESFORD, Lieutenant General Willam Carr (1768-1854) – 1 documento (carta autógrafa) - Século XIX (1809). 2 f.; 23 cm. Carta autógrafa dirigida ao capitão Henry Goldfinch (c.1781-1854), dos Royal Engineers, com instruções para este se deslocar para o Porto e organizar a sua defesa. Uma página e meia autógrafa (bifólio). Documento datado e assinado: Lisbon, 20th March - W.C. Beresford. [€ 300 – 450]

Bem a conversa já vai longa embora esteja seguro de que muito mais havia para dizer e mostrar.

Claro que esta é uma das leituras possíveis destes dois bons catálogos, mas  deixo, um pouco deliberadamente,  ao vosso critério/gosto uma outra leitura e análise que espero  serem seguramente diferentes.

Um resto de bom fim-de-semana (…mesmo com a chuva)


Saudações bibliófilas.

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