sábado, 17 de maio de 2014

Archivo Pittoresco Semanario Illustrado (1857-1868) – Um apontamento para a sua história



Candelabro – Livraria Alfarrabista

A propósito de dois exemplares de periódicos do séc. XIX referidos no Catálogo da Candelabro – Livraria Alfarrabista para a segunda quinzena de Maio o Archivo Pittoresco e o Archivo Viannense decidi investigar um pouco melhor sobre a história do primeiro.

Mas vejamos, em primeiro lugar, o último destes –  o Archivo Viannense:



2902. ARCHIVO VIANNENSE. Estudos e Notas por Luiz de Figueiredo da Guerra. Vianna. Tip. a vapor de André J. Pereira & Filho. 10 números em 1 vol. 1891 [a 1895]. Enc.
De "Ao Leitor" de Figueiredo da Guerra: "Desde muito tempo que nutrimos o desejo de tornar conhecidos os valiosos documentos e noticias, principalmente relativos ao nosso concelho, que, com todo o cuidado e minucia, temos recolhido dos principaes cartorios do nosso paiz, e não pequena parte adquirido com muito dispendio: receosos que nos falte o tempo para fazer obra de maior folêgo, que os labores quotidianos nos tolhem de completar, resolvemos lançar mão da publicação periodica como meio mais facil de archivar esses elementos sobre historia, archeologia e bellas artes.
"Buscaremos variar os assumptos para que a leitura d'este Archivo seja toleravel e interesse ao maior numero."
Impresso na tipografia vianense de André J. Pereira & Filho, situada na rua de D. Luiz, 40-42, o Archivo Viannense integra também quatro estampas, a página inteira, das "Armas de Vianna", do "General Calheiros", do "Conde da Carreira" e de "D. Frei Bartolomeu dos Mártires". Constituído por dez números, de periodicidade mensal e, embora datados de Janeiro a Outubro de 1891, o último só viria a editar-se em 1895, conforme se pode constatar na data inscrita na capa e que os reúne num único volume. Cada número possui dezasseis páginas, numeradas de forma sequencial (apresentando, no entanto, um erro na numeração entre as páginas 17 e 24, do número 2, que por lapso foram numeradas de 1 a 8), o que perfaz 160.
Colecção completa desta publicação periódica dedicada à história de Viana do Castelo.
Encadernação antiga com bonita lombada em pele; os dizeres estão gravados a ouro em rótulo de pele vermelha. Conserva a capa de brochura feita especialmente para o 1º volume [e único] (1891-1895). Com antiga assinatura de posse.
Conjunto raro e muito procurado.


Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº 1
©Hemeroteca de Lisboa 

Para um início deste esboço de estudo do Archivo Pittoresco parece-me bastante oportuno, pela análise de todo o seu historial, ler-se a comunicação apresentada no Ciclo de Conferências “Arquivo Pitoresco, 150 Anos Depois (1857-2007) ”: 1.ª Conferência proferida por Eurico Dias na Hemeroteca Municipal de Lisboa a 13 Setembro 2007 – O Archivo Pittoresco (1857-1868). Subsídios para sua História e de que passo a citar alguns dos aspectos que me pareceram mais elucidativos.

Estes e outros periódicos permitiram uma evolução cognitiva de uma vasta camada da população portuguesa, nomeadamente entre os anos de 1837 e 1868, pois veicularam novas ideias e problematizações na profusão do Romantismo em Portugal.

Será legítimo afirmar que os jornalistas são cronistas da História? Algo de extremamente notório no domínio da historiografia moderna será o facto dos trabalhos provenientes dos diferentes mass media serem uma fonte importantíssima na investigação histórica.

A partir das inovações introduzidas por O Panorama e, por conseguinte, pelo Archivo Pittoresco, as relações entre a historiografia e a imprensa portuguesa entraram numa fase simbiótica que marcou toda a conjuntura cultural em que se apoiou o movimento romântico.

Desde o início da década de 1830 que se sucederam as tentativas de publicação de periódicos ilustrados, […] Neste contexto, citamos, por exemplo, o Jornal de Bellas-Artes [1848-1857], a Illustração [1845-1852], a Illustração Luso-Brazileira [1856] ou o Archivo Familiar [1857]. Por meados de 1857, finalmente, apareceu o Archivo Pittoresco, periódico editado pela empresa Castro, Irmão & C.ª, e que perduraria até 1868.


Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº 1 
Ultima página  8
©Hemeroteca de Lisboa

O Archivo Pittoresco – Semanario Illustrado iniciou a sua publicação a 1 de Setembro de 1857 e persistiu até data algo incerta, encerrando por finais de 1868. Adoptando modelos funcionais já conhecidos do público nacional, este periódico vendia-se em folhetins semanais de 8 páginas saindo todos os domingos, […] a assinatura anual ficava pelos 2000 réis, a mensal pelos 200 réis e os números avulsos a 50 réis, enquanto que as assinaturas para as províncias nacionais, ultramarinas ou outros países ficavam pelos 2200 réis.

O Archivo Pittoresco foi considerado, para a altura, uma autêntica obra-prima das artes gráficas portuguesas e o expoente máximo da gravura de madeira. Esta publicação encerra, portanto, um repositório de valor incalculável para o conhecimento da arte da gravação sobre madeira, […]

O conteúdo informativo do Archivo Pittoresco foi basicamente constituído por monografias de autores, novelas e romances históricos variados, episódios da História de Portugal e de História Universal, artigos elucidativos da campanha contra a União Ibérica e, sobretudo, por “estudos da língua materna”, porventura, os noticiais mais constantes.

José de Torres, à data do início da publicação, o redactor principal do Archivo Pittoresco, e um dos principais autores que também contribuíram para a divulgação dos estudos históricos já desde os tempos da sua colaboração com O Panorama, […]

Note-se que, inclusivamente, a quase totalidade dos colaboradores e ideólogos de O Panorama tiveram um papel decisivo na feitura do Archivo Pittoresco. Existe a sensação concreta que, ao participarem em o Archivo Pittoresco, estariam a colmatar questões deixadas em suspenso na vigência/ausência de O Panorama.


As Needles rochedos à entrada de Southampton
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº1
©Hemeroteca de Lisboa

É facto curioso o Archivo Pittoresco ter sido publicado no mesmo ano que o Diccionario Bibliographico Portuguez viu sair o seu primeiro tomo [1857] e que ambas as publicações expressem uma execução prática bastante direccionada para Portugal e para o Brasil, como se poderá facilmente constatar.

O Archivo Pittoresco demonstrará assiduamente a sua preocupação em proporcionar a sua leitura em todos os lugares públicos, deslocando a sua influência, principalmente, para as escolas e para o ensino primário e popular, remetendo o conjunto da esfera política portuguesa para plano inferior de destaque e importância, como bem o demonstrará Augusto Feliciano de
Castilho, um dos autores mais assíduos neste periódico.

No início de 1860, António da Silva Túlio assume a chefia da direcção e da redacção principal do Archivo Pittoresco e, sob o seu nome, publicaram-se os tomos III a VIII deste semanário.


A Biblia dos Jeronimos
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano II Nº50
©Hemeroteca de Lisboa

Face aos custos onerosos da importação das gravuras de proveniência estrangeira, nomeadamente de origem francesa, o Archivo Pittoresco fundou uma escola de gravura em madeira nas suas dependências, fomentando esta arte em Portugal e favorecendo muitos jovens carenciados que aprenderam tal arte tipográfica. Pela sua singularidade e excelência, contribuíram em muitopara o sucesso das modernas estratégias editoriais da aliança da imagem e da palavra.

O grande destaque do Archivo Pittoresco irá ser conseguido pelo apoio monetário e logístico da Sociedade Madrépora, instituição literária e cultural fundada por magnatas portugueses e sedeada no Rio de Janeiro.

Embora o corpo gerente mude em 1866, passando Inácio de Vilhena Barbosa a figurar como principal redactor, coadjuvado por Pedro de Brito Aranha, assiste-se a uma rápida decadência a partir do IX volume em diante, não obstante a elevada competência dos redactores, figuras bem conhecidas do meio cultural português. Mas em 1868, ao volume XI publicado e completo, o Archivo Pittoresco terá que encerrar as suas portas e declarar falência técnica, por não ver saldadas as suas imensas dívidas aos fornecedores e à banca, devido, sobretudo, a um elevado débito que os novos dirigentes da Sociedade Madrépora deixaram pendente desde 1865 e que nunca pagariam.

Em finais de 1868, o Archivo Pittoresco encerrará todas as suas actividades e não mais voltará a figurar no meio jornalístico português.


Na página inicial do seu primeiro número apresenta uma xilogravura do porto do Rio de Janeiro demonstrando as suas características de semanário ilustrado.


Vista da entrada do porto do Rio de Janeiro
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº1
©Hemeroteca de Lisboa

Ainda neste primeiro número pode ler-se o início de um artigo sobre Alexandre Herculano .


Alexandre Herculano
Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano I Nº1
©Hemeroteca de Lisboa

Reunindo a arte da palavra e da gravura deseja abrir campo em que as vistas curiosas espaireçam sobre as criações da arte, da natureza ou da fantasia, como o seu próprio título nos remete para um imaginário romântico, invocando o exótico e a exaltação dos sentidos.

Não se esqueça que o século XIX é o último século das grandes viagens de exploração, sendo tal temática querida ao homem romântico, seja pelo diletantismo seja pelo contacto com outras civilizações e realidades.

 É precisamente neste espírito que devem ser enquadradas as viagens de exploração da África Oriental em 1869 e em 1887 -1879 da costa oeste de Angola por Serpa Pinto. É esta vastidão imperial que as páginas do Archivo nos oferecem, incluindo também o Brasil, segundo um programa cujo cuidado antropológico estará atento à história, aos costumes de cada geração e civilização de cada século. Portugal Continental também não será naturalmente esquecido, incluindo as suas ilhas.


Archivo pittoresco: Semanario Illustrado – Tomo I Ano II Nº50
Ilustração da página 397
©Hemeroteca de Lisboa

Quanto à história da publicação esta foi considerada exemplar quanto à ilustração em gravura de madeira, cumprindo um objectivo de educação popular. Ao longo da sua vida, divulgou monografias de autor, novelas e romances históricos, episódios da história de Portugal e universal e ainda artigos que se opunham À União Ibérica, e estudos da língua materna, tão caros ao amor pelas origens da mentalidade romântica. Este anti-iberismo seria uma das suas vertentes de intervenção politica.

O iberismo, na sua vertente cultural ou política em particular foi defendido por homens notáveis da época como Oliveira Martins (1845 - 1894), Henriques Nogueira (1823 - 1858) e Casal Ribeiro (1825 - 1896). 

Chegou a conhecer tiragens perto dos 5000 exemplares, inéditas para qualquer periódico português da época.

Vejamos então agora o exemplar proposto pela Candelabro – Livraria Alfarrabista:



3000. ARCHIVO PITTORESCO Semanario Illustrado. Volume I - 1857-1858 [a Volume XI - 1868].
Editores Proprietarios, Castro, Irmão & Cª. 1857 a 1868. 11 vols. In-4º gr. de 411-I págs. [todos os vols. têm 411-I págs.]. Enc.

Trata-se de uma das mais importantes publicações periódicas oitocentistas portuguesas, pelo número e qualidade dos seus colaboradores, ilustrações (para a época absolutamente inovadoras) e longevidade (foi publicada durante 11 anos).
Foi no seu tempo um exemplo de tecnologia ao ser a primeira publicação portuguesa a adoptar a técnica da ilustração por gravação em madeira, da qual chegou inclusivamente a criar uma escola.

Dos redactores e colaboradores podemos destacar, entre muitos outros, os seguintes: António Feliciano de Castilho, A. da Silva Tullio, Brito Aranha, Latino Coelho, Rebelo da Silva, Pinheiro Chagas, Inocêncio Francisco da Silva, Júlio de Castilho,Júlio César Machado, F. Gomes de Amorim, Vilhena Barbosa, Simões de Castro, Sousa Telles, etc. Dos desenhadores realçamos a colaboração de Nogueira da Silva, Coelho Junior, Cristino da Silva e de Manuel Bordalo, (pai de Rafael Bordalo Pinheiro).

Dos temas retratados por meio de gravuras em madeira, cerca de 2.000, apontemos a "Vista da entrada do porto do Rio de Janeiro", "Alexandre Herculano", "António Feliciano de Castilho", "Gruta de Camões, Macau", "Illuminação do Passeio Público, Lisboa", "Vendedeiras de fruta de Avintes", "Antiga cidade de Malaca", "A cidade de Agra", "Varinas, vendedeiras de peixe", "D. Pedro V"; "Comboios a vapor para navegação fluvial", "Santarém-Seminário patriarcal", "Mosteiro da Esperança em Ponta-Delgada", "Felix de Avellar Brotéro", "D. Fernando II", "Vista da rua do Ouro por ocasião do consorcio real", "Paláco Real da Ajuda", "Loanda", "Ilha de Malta", "Egreja da Conceição Velha em Lisboa", "Almeida Garrett", "Madrid", "Salamanca", "Granada", "Quinta das Águias, na Junqueira", "A Custódia dos Jerónimos", "Quinta dos Marqueses de Fronteira, em S. Domingos de Bemfica", "Meca", "Almada", "Ilha de Cuba", "Coimbra", "Bruxellas", "Torre de Belem", "Convento da Flor da Rosa, Crato", "Sé de Portalegre", "Fábrica de fiação em Xabregas", "Convento das Carmelitas em Guimarães", "Hospital de Portalegre", "Sé de Viseu", "Porta de Aviz em Évora", "Caldas de Vizella", "Vista da praça Luiz de Camões no acto de collocação da pedra fundamental do seu monumento", "Desembarque de S. M. a Rainha Maria de Saboya na Praça do Commercio de Lisboa [Bela gravura de página inteira]"; "Real Collegio das Ursulinas de Coimbra", "José Estevão", "Casa onde nasceu Almeida Garrett, Porto", "Convento e Serra do Pilar [duas curiosas e invulgares perspectivas]", "Castelo de São Jorge da Mina", "Mossamedes", "Egreja de Cedofeita", "Fac-simile do rosto da primeira edição dos Lusíadas - 1572", "Ermida de Nossa Senhora da Conceição em Braga", "Villa Nova de Famalicão", "Palácio da Bolsa, Porto [bonito desenho]", "Palácio do Visconda Trindade , e a praça de Carlos Alberto", "Convento de Jesus de Setubal", "Casa dos Bicos", "Ponte de Sacavem", "Ceifador mechanico", "Panorama da cidade de Setubal", "Castello de Palmella", "Convento de S. Gonçalo em Amarante", "Rua Nova de Sousa e Porta Nova, em Braga", "Cidade do Funchal", "Hospital Real de Santo António, Porto", "O Douro, e a sua margem direita desde Mossarellos até à Foz", "Ponte de Afife", "Palácio de Cristal na cidade do Porto", "Villa de Ponte da Barca", "Monte da Sé, no Porto", "Panorama do Porto e Villa Nova, ponte pensil sobre o Douro [bela gravura de pág. inteira", "Barcellinhos", "Fabrica do tabaco em Xabregas", "Vista de Vianna do Castello do lado do caes", "Sacavem", "Villa nova de Gaya", "Pico e ribeira de São João, no Funchal", "Largo de S. Roque", "Fortaleza da barra de Villa do Conde", "Fabrica da Abelheira", "Torre da Marca e Massarellos", "Cidade de Guimarães [bela gravura de pág. inteira]", "Macau [duas belas gravuras de pág. inteira]", "Villa de Ponte do Lima", "Estação de Ovar, no caminho de ferro do norte", "Castelo de Vinhaes", "Paços da Inquisição", "Ponte de Mirandella", "Palácio da Brejoeira", etc, etc.

COLECÇÃO COMPLETA. No vol. I faltam as págs. 181/182 e 263/264, falta esta facilmente ultrapassada com a facsimilização das 2 folhas. Todos os restantes 10 volumes foram cuidadosamente conferidos e estão completos.
No vol. XI, última página, os editores chamam a atenção para o término da publicação.
Exemplares encadernados com elegantes e sólidas lombadas em chagrin.
Conjunto em bom estado de conservação; alguma ocasional acidez e pequenas imperfeições em algumas das pastas dos volumes.

A propósito da ilustração em Portugal no séc. XIX, e em particular de Archivo Pittoresco, veja-se esta obra, disponível na in-libris



7419. EXPOSIÇÃO — LISBOA NA GRAVURA DE MADEIRA. Subsídios para a história da gravura em Portugal no século XIX. (Câmara Municipal de Lisboa). Palácio Galveias. Lisboa. 1949. 19x25 cm. 73-III págs. e XXIV estampas. B.

Catálogo desta interessante Exposição de gravuras, muitas delas publicadas no Archivo Pittoresco (1857-1868), no O Panorama (1837-1868), O Occidente (1878-1915). “ (...) De toda a colecção escolheram-se as que se encontram em melhor estado de conservação e dessas as que mais objectivamente se referem a Lisboa. São elementos preciosos, não só para o estudo da transformação sofrida pela cidade nos seus aspectos urbanístico e etnográfico, mas também documentos valiosos que permitem o estudo de uma modalidade artística que não tem merecido o devido interesse aos historiadores da arte portuguesa (...).”
Ilustrado no final com XXIV estampas.

Para aqueles que ficaram com interesse no seu conhecimento mais aprofundado aqui fica o convite para a leitura, em versão digital, dos números do Archivo pittoresco: semanario illustrado [1857-1868] na Hemeroteca de Lisboa.

Espero que tenha sido de alguma utilidade para vós este esboço dum tema pouco abordado em termos mais simples  fora do círculo erudito dos estudiosos.

Saudações bibliófilas.


Bibliografia passiva:

DIAS, Eurico – O Archivo Pittoresco (1857-1868). Subsídios para sua História.

RIBEIRO, António Manuel Andrade Marques Almeida – Património arquitectónico e artístico nas ilustrações e textos do Archivo Pittoresco : 1857-1868 [Monografia]. Coimbra [s.n.], 2009. 1 vol. (pag. múltipla): il. ; 30 cm.
(Dissertação de mestrado em História da Arte, na área de Teoria e História do Património, apresentada à Faculdade de Letras da Universiudade de Coimbra, sob a orientação do Prof. Doutor Francisco Pato de Macedo.)

Sem comentários:

Enviar um comentário