terça-feira, 27 de novembro de 2012

XV Salón del Libro Antiguo de Madrid



Cartaz do Salón del Libro Antiguo

De 29 de Novembro a 2 de Dezembro o Gremio Madrileño de Libreros realiza mais um Salón del Libro Antiguo, que este ano comemora sua décima quinta edição, tornando-se num local privilegiado de encontro entre bibliófilos e livreiros.

Este XV Salón del Libro Antiguo de Madrid decorrerá de 29 de Novembre a 2 de Dezembro no Hotel Occidental Miguel Ángel de Madrid com o seguinte horário: quinta-feira das 18 às 21 horas; sexta-feira e sábado das 11 às 21 horas e domingo das 11 às 15 horas.


Hotel Occidental Miguel Ángel de Madrid

A inauguração do Salón estará a cargo do ex-futebolista e actual director desportivo do Real Madrid, Miguel Pardeza, que também é escritor e um amante do livro antigo.

Fernando Conteras, Presidente do Gremio Madrileño de Libreros de Viejo, explica que “es una ocasión única para poder admirar y comprar los mejores libros que los libreros anticuarios han seleccionado de sus librerías para esta ocasión”.

Contreras está seguro de que “el público que nos visite sabrá apreciar la importancia de este Salón dentro de la vida cultural de Madrid y del mundo del libro, ya que se trata de la mejor muestra de libros antiguos que se realiza en España, a la altura de las mejores ferias de libro antiguo que se celebran en el mundo”.

Mais adiante afirma que "si antes era impensable que una casa no tuviera una pequeña biblioteca, ahora es impensable que la haya”. Por este motivo incentiva a juventude a “que se incorpore a la bibliofilia porque en estas ferias se está notando la falta de un relevo generacional".


O Livro-Antigo
©Informativo AbeBooks

Incunábulos, impressões góticas, edições bibliófilas, manuscritos, documentos, primeiras edições, etc., alguns deles inéditos, constituem os tipos de obras que se poderão encontrar ao longo dos expositores das 32 livrarias espanholas e estrangeiras representadas neste certame.

A novidade principal desta edição será a instalação duma oficina de encadernação e restauro de livros e documentos onde o público poderá apreciar directamente como trabalham os encadernadores.
Aqueles que tenham a possibilidade de aqui se deslocarem terão a oportunidade de avaliar da importância deste evento dentro da cultura da vida de Madrid e do mundo do livro, pois trata-se da melhor exposição de livros antigos que se realiza em Espanha, colocando-se à altura das melhores feiras do livro antigo realizadas noutras grandes cidades do mundo.



Como já nos vem habituando a Livraria Castro e Silva de Lisboa estará presente neste evento, para o qual preparou um catálogo especial.



Do bom conjunto de obras deste catálogo destaco, por não ser um tipo de documento que se encontre com facilidade, este lote:



LEÃO X, Papa. Bulla absolutionis Concilii Lateranen[sis] cum decreto expeditionis in Turchos generalis: ac imposition[is] Decimar[um] per trienniu[m]: lecta in duodecima et ultima sessione p[er] R. P. Patriarcham Aquilegien[sem]. S/l. S./I. [Roma, M. Silver, depois de 17 de Abril de 1516. Secretários] Bembus e F. de Vega.



In 8º de 20x13,5 cm. com [iv], fólios.
Ilustrado com o brasão do papa Leão X, um Médicis.
Exemplar com alguns defeitos e restauros marginais afetando um pouco a mancha tipográfica na última folha.



Illustrated with woodcut papal arms on title. Some spotting, some marginal defects, restorations to inner margin and last leaf, last leaf with slight loss of text.

Será uma oportunidade única para muitos dos visitantes deste Salón poderem apreciarem algumas das nossas preciosidades da nossa bibliofilia.

Claro que o Pedro Castro e Silva nunca se esquece dos interesses dos bibliófilos de outros países, pelo que aqui também encontrarão algumas obras de interesse para eles.

Aqui fica o convite para uma visita a esta livraria no Salon.

Saudações bibliófilas.


sábado, 24 de novembro de 2012

Palácio do Correio Velho – Leilão 291 “ Ilha da Madeira”



O Palácio do Correio Velho vai realizar mais um dos seus Leilão de Livros, Manuscritos e Gravuras, subordinado ao tema "Ilha da Madeira" nos próximos dias 28, 29 e 30 de Novembro na sua sede situada na Calçada do Combro, 38 A - 1º em Lisboa.

Os lotes estarão em exposição nos dias 26 e 27 de Novembro das 10:00h/13:30h e das 14:30h/19:00h

As três sessões do leilão decorrerão nos três dias referidos a partir das 15:00h.



Leia-se a sua Introdução para se fazer uma ideia da riqueza deste acervo levado à praça.

 
INTRODUÇÃO

O Palácio do Correio Velho tem a honra de apresentar aos seus clientes mais um leilão de livros antigos ou raros, e que sendo de várias proveniências proporcionará certamente satisfação a um leque mais abrangente de bibliófilos, estudiosos ou leitores, pois, no fundo, cada biblioteca ou núcleo de livros que nos chega traz toda uma história e contextualização por vezes tão rica que só quem esmiuçasse obra a obra os seus segredos é que poderia deleitar-se com a plenitude dos conhecimentos que tais livros contém.

Com efeito, para além da mensagem impressa e visível, cada livro traz as pertenças que sofreu ou gozou e é sempre com interesse ou amor que nos debruçamos sobre uma dedicatória, uma assinatura de posse, ou anotações certeiras que vieram enriquecer o livro e a sua irradiação subtil. Não poderemos esquecer então as assinaturas de Andrade Corvo, de Sophia de Melo Breyner para Miguel Torga, ou as cartas autógrafas de Sebastião da Gama para o seu querido amigo Hipácio Dias Alves.

No caso presente deste leilão destacam-se entre os vários núcleos ou rios que fecundam o catálogo, uma vasta colecção de livros respeitantes à Ilha da Madeira, com muitas edições raras e invulgares, numerosas com dedicatórias a Henrique Tristão Bettencourt da Câmara que foi o seu possuidor e que de facto juntou preciosidades madeirenses desde as mais antigas até às dos surrealistas e modernistas e admiramos então as primícias de Herberto Hélder e António Aragão Correia, em obras muito raras como o «Arquipélago» ou o «Areópago». De salientar também um exemplar da raríssima obra de Manoel de Sampaio e Mello: «Novo Methodo de fazer o Açúcar…», Bahia, 1816; do Pe. José Teixeira, a «Historia De Bello Africano», Noribergae, 1580, e de Fernão Mendes Pinto, «Der Wonderlyken Reizen», Amsterdam, 1652, a rara primeira edição holandesa da «Peregrinação». Outro núcleo do qual podemos também nomear o seu possuidor é aquele de obras de humanismo e ensaísmo, de bibliografia e bibliófilia, e que foi pertença de José Vitorino de Pina Martins e de sua mulher D. Prímula Vengiano, pois tendo ambos partido já para o mundo espiritual e a sua valiosa biblioteca de livros antigos sido entregue a uma instituição bancária, a sua filha quis partilhar alguns dos livros que lhes ofereceram, dando uns a pessoas amigas e pondo outros em leilão, de modo a que novas pessoas possam ser fecundadas ou estimuladas pelos veios do Humanismo, da Cultura, hoje em dia tão afectados pelas crises mundiais.


AMORVM (lote 023)

O terceiro núcleo forte deste leilão é uma excepcional colecção de mapas, a maior parte deles de Portugal, da autoria de notáveis cartógrafos dos sécs. XVI ao XIX, todos em excelente estado e bem emoldurados e que se deslocaram de Cascais para a Calçada do Combro donde partirão para enobrecer novos ambientes e paredes onde não deixarão de lembrar a tão vasta dimensão de Portugal.

Muitos outros núcleos poderão ser discernidos dos quais os da Arte, da História, da Literatura, de Cartazes, mas é de um invulgar núcleo, o de Leques, que emerge a peça talvez mais extraordinária e única deste leilão que é um leque enriquecido por poemas de António Nobre e de Alberto d’Oliveira, e desenhado por Jorge Colaço, feito na mítica Cidade - Luz, essa Paris onde o Anto procurava a luz salvífica para a sua atormentadora doença. Peça irisada de cor e de emoção, de graciosidade ou mesmo da sacralidade dos sonhos de amor e de esperança por António Nobre expressados! Mas certamente não poderemos deixar de referir as 50 fotografias do grande fotógrafo J.A.Pereira de Carvalho, acompanhadas de uma aguarela original de Rafael Bordalo Pinheiro que serviu para a capa do Álbum, «Collecção dos Costumes Portugueses», raríssima e neste caso única. Não vamos ocupar mais o tempo dos nossos leitores, pois não há nada como consultar o catálogo e ir manusear, sentir os livros na Exposição, com a intenção de vermos e apreciarmos melhor os que deverão entrar nas nossas bibliotecas e também nas nossas almas. A todos desejamos boas inspirações bibliófilas!

Lisboa, 14 de Novembro de 2012
Isabel Maiorca
Pedro Teixeira da Mota

Deste valioso conjunto apresento apenas alguns exemplos que ilustram bem da sua alta qualidade.



Lote 100
CAMÕES, Luís de – LUSIADAS // DE // LUIS DE CAMOENS, // Principe de los Poetas de España. // Al Rey N. Senõr. // FELIPE QUARTO // EL GRANDE. // Comentadas por Manuel de Faria // i Sousa, Cavallero de la Orden de Christo, i de la Casa Real, // .. // Primero i Segundo Tomo // (gravura reproduzindo o escudo das armas reais) // En Madrid, Por Iuan Sanchez. //... // A costa de Pedro Coello, Mercader de libros//. In-fólio. 2 vols, de 4 tomos de XII fls. prels. e 552 colunas (duas por pág.), o 1º tomo; 652 colunas (duas por pág.) , o 2º tomo que termina com o seguinte registo: En Madrid // por Antonio Duplastre Año MDCXXXIX (1639) .; frontispício e 528 colunas, o 3º, e 670 colunas e 34 págs. inums., com três colunas de impressão, cada, contendo a «Tabla General », além de uma final com a «Adicion // de Lugares notables» (a duas colunas), o 4º tomo. As colunas 1 a 14 do tomo I inserem o «Prologo»; as 15 a 58 a «Vida del Poeta» e as 59 a 99, o «Juizio del poema». Os tomos I & IV têm frontispícios próprios, que abrem cada um dos tomos. Encadernações em carneira mosqueada do séc. XVIII, cansadas nas dobras das lombadas e uma delas com sinais de insectos na pasta. Como de costume há uma acidez generalizada nas folhas, mas de resto bom exemplar. Ex – libris da famosa Hispanic Society of America, que tantos livros catou na Pensínsula, mas também da Livraria Palha, e de outro possuidor.
Os comentários de Faria e Sousa constituem uma obra de grande sabedoria, que ainda não recebeu a devida investigação, valorização e divulgação. Obra muito rara, estimada e procurada.
AZEVEDO - SAMODÃES: nº 534.



Lote 235
FARIA, Manuel Severim de – NOTICIAS // DE PORTUGAL // offerecidas a ElRey N. S.// Dom Ioão o IV// por...Lisboa, Na Officina Craesbeekiana, Anno 1655. In - 8º de VIII - 296 págs. Encadernação inteira de pergaminho mole da época, finamente dourada na lombada e com rótulo vermelho, folhas de guarda, refeitas e já modernas. Frontispício remarginado e algumas poucas folhas com pequenos restauros, de resto bom exemplar. Obra muito importante do humanismo pragmático seiscentista lusitano. No prefácio, escrito em Évora, este chantre e cónego explica a razão da publicação dos onze ensaios seus e dois alheios (um dos quais de João de Barros), destacando-se os escritos sobre a nobreza, a mílicia guerreira, a peregrinação, a população do reino, os cardeais, as naus para a Índia, as moedas (com reproduções), o começo dos estudos e universidades na Península, manifestando assim a sua veia tanto de historiador como de filósofo e economista. Obra muito rara, e em estado belo. INOCÊNCIO: VI, pág. 107.



Lote 354
ILUMINURAFolha de pergaminho, de um Livro de Horas, séc. XV - XVI, im presso, em que a xilogravura foi muito belamente iluminada, como era hábito da época. Com uma cena do Antigo Testamento, provavelmente o Rei Salomão. Emoldurada. Dim.: 13 x 9 cm.



Lote 738
NOBRE, António, & OLIVEIRA, Alberto d’ & COLAÇO, Jorge – LEQUE de dezoito (18) varetas (de 30 cm cada), em madeira, recortadas e pintadas em cor creme, com desenhos recortados e coloridos de borboletas e libélulas, com algumas incrustações. Papel forte, com bordadura exterior filetada a ouro,e aguada a amarelo-ocre que serve de tela para sete (7) desenhos aguarelados de Jorge Colaço, que delineou e assina a obra, em Paris.

Destaque para as figuras de António Nobre, à esquerda e Alberto d’ Oliveira, à direita, o qual diz adeus ao seu grande amigo e companheiro, na partida de Nobre para Paris, e dois (2) poemas, um de António Nobre, e o outro de Alberto d’Oliveira. A «Canção da Felicidade», é de António Nobre, que a assina, datando-a de Paris, 1892, enquanto Alberto d’Oliveira escreve a poesia «Em Coimbra», sem data, mas assinada. Se desconhecemos e é de somenos importância se é original ou não o poema de Alberto d’Oliveira, já o exame do poema de António Nobre revela que ele foi publicado no seu famoso livro, «Só», mas com algumas alterações ou diferenças, abrindo um campo muito valioso para os investigadores da sua vida e obra.De destacar que enquanto o desenho que acompanha o poema impresso na 2ª edição, Paris,1898, mostra a casa que António Nobre idealizou, já Jorge Colaço deu mais enfâse aos aspectos marítimos da «Canção». De destacar que a datação desta peça foi efectuada por António Nobre, em 1892, tornando-se desnecessário os outros fazerem-no. A análise das diferenças entre o poema manuscrito e a versão impressa aponta para o leque ser na verdade a fonte original. Peça única, museológica, de grande beleza, insigne poesia e grande valor histórico e literário, julgamos que desconhecida até hoje.



Lote 773
PINTO, Fernão Mendes – De WONDERLYKE REIZEN van Fernando Mendez Pinto; die hy in de tijt van eenëntwintig jaren in Europa, Asia en Afrika, in de koninkrijken en landen van Abissyna, China, Japon, Tartarien, Siam, Calaminham. Pegu, Martabane, Bengale, Brama, Ormus, Batas, Queda, Aru, Pan, Ainan, Calempluy, Chochinchina, en byna ontellijke andere landen en plaatsen gedaan heeft. t’Amsterdam, Jan Rieuwertsz en Jan Hendriksz, Gedrukt by Pieter La Burgh,1652. Segue-se enc. No mesmo volume: ROE, Thomas. JOURNAEL VAN DE REYSEN ghedaen door den Ed. Heer en Ridder Sr. Thomas Roe, ambassadeur van sijn Conincklijcke Maejesteyt van Groot-Brittanje, afgevaerdicht naer Oostindien aen den Grooten Mogol, ende andere ghewesten in Indien... met copere Figuren (3 e o frontispício)... Amesterdam, Iacob Benjamin, 1656.; Segue-se enc. no mesmo volume: HERBERTS, Th: ZEE- EN LANT-REYSE Na Verscheyde Deelen Van Asia En Africa: Beschryvende Voornamelijck de twee beroemde Rijcken van den Persiaen, en den Grooten Mogul... Overgeset Door L. V. Bosch. Tot Dordrecht, Abraham Andriessz, 1658.



In-4º de (6) - 280,126 e 192págs. Encadernação em pergaminho da época, em estado muito razoável. Folhas de guarda, gravura da portada e frontispício manchados e com restauros. Página final manchada e reforçada de papel no interior. É a primeira edição holandesa da «Peregrinação», com falta das 7 gravuras mas contendo o rarissímo frontispício com a deusa da Fortuna nua derramando os seus bens, e secundada por uma Deusa da abundância e um homem trabalhador ou aventureiro. A 2º obra, as viagens de Roe na Pérsia e na Índia dos Grão-Mogóis, também muito rara, completa com as gravuras e com a portada emblemática. A 3ª obra, das viagens de Thomas Herbert, traduzida também do inglês para o neerlandês, contém as 10 gravuras e a bela portada simbólica. Conjunto de três obras fundadoras do conhecimento do Oriente na Europa, todas elas com profusas referências aos portugueses e a palavras portuguesas. Obras muito raras em 1ªas edições, de impressores diferentes e bem encadernadas num mesmo volume. Ex-libris de Jozé Mello Baêta. Da procurada temática das Viagens ao Oriente.



Lote 888
[TEIXEIRA, Pe.José] – HISTORIA // DE BELLO AFRICANO: // In quo // Sebastia- // nvs, Serenissi - //mvs Portvgalliae // Rex, periit ad diem 4 Aug. // Anno 1578. // Vnà cum // Ortv Et Fami - //lia Regvm, Qvi Nostro // tempore in illis Africae regioni - // bus imperium tenue // runt. Ex Lusitano sermone primò in // Gallicum: inde in Latinum // translata // Per Ioannem Thomam // Freigivm D. // Noribergae. // 1580. //. E na frente da última folha encontra-se o seguinte registo : // Imprimebatur Noribergae in Officina Ca -// tharinae Gerlachin, & Haeredum Io - // Hannis Montani. //.

In - 8º [36 ] fls.inums. Encadernação cartonada, dura e modesta, o exemplar dentro de uma estojo em forma de livro revestido de tela azul, recente. Raríssima edição, ilustrada com um mapa desdobrável do Norte de África e Peninsula Ibérica e outra gravura que mostra a disposição dos exércitos na Batalha de Alcácer - Quibir. O autor da obra, Pe. José Teixeira foi dominicano e partidário de D. António Prior do Crato, mas pouco se sabe da sua vida. No entanto, foi obrigado a exilar -se em França, recebendo, durante o seu exílio, honras e favores de Henrique III de França e da Rainha Catarina de Médicis. O volume ostenta o ex - libris heráldico de James Whatman. O tradutor da obra foi João Tomaz Freigius, filósofo, jurisconsulto e literato suiço,que nasceu em Friburgo em 1545 e morreu de peste em Altorf em 1585. Foi professor de Direito e publicou várias obras e a tradução que acima descrevemos. Freigius é um autor inteiramente desconhecido de Inocêncio. Dos inúmeros catálogos portugueses consultados apenas o de Afonso Lucas (nº452) regista um exemplar da mesma obra e diferenteedição e o da Livraria do Conde do Ameal (nº 979) regista uma obra em seu nome, diversa da que aqui apresentamos. Rarissima obra publicada apenas três anos após a infeliz jornada de Alcácer- Quibir, cujo acontecimento é o seu principal tema. Muito valiosa.



Lote 899
THOMAS, Manuel – INSVLANA // DE // MANOEL // THOMAS. A Ioam Gonçalves da Camara, Conde de Villa Nova da Calheta. Em Amberes, Em Casa de Ioam Mevrsio Impressor, Anno de 1635.

In - 4º de XX - 493 - (3) págs., a última das quais contendo a Errata. Obra raríssima. É um poema heroico em dez cantos de oitavas ritmadas ácerca do descobrimento da Ilha da Madeira, ao estilo dos «Lusíadas», escrito com grande erudição clássica e histórica, além de engenho poético. Bela encadernação original em pergaminho mole. Muito valioso e raro. Bom exemplar, com assinatura coeva, de «A.Rongel».
INOCÊNCIO: VI, Págs.119.

Assim, e quase em simultâneo, temos dois leilões para acompanhar: este leilão do Palácio do Correio Velho e o leilão da Livraria Luis Burnay – Leilão de Livros, Manuscritos, Autógrafos, Fotografias, Desenhos e Efémera .

Quanto a este excelente catálogo deixo-vos o convite para a sua leitura e consulta atentas pois irão descobrir seguramente alguns apontamentos de elevado interesse bibliófilo.

Saudações bibliófilas.



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Livraria Luis Burnay – Leilão de Livros, Manuscritos, Autógrafos, Fotografias, Desenhos e Efémera



A Livraria Luis Burnay vai realizar mais um dos seus leilões: Leilão de Livros, Manuscritos, Autógrafos, Fotografias, Desenhos e Efémera, que se realizará na nova loja (agora com sala de pregão) nos próximos dias 28 e 29 de Novembro pelas 18 horas, situada na Rua das Chagas, 31-33, junto ao Largo do Calhariz, em Lisboa.


Luis P.Burnay

Aproveito para apresentar ao estimado Luis Burnay os votos de continuação dos seus êxitos como livreiro-antiquário, com quem é sempre um prazer falar, pois que para além da sua inegável afabilidade de bom conversador está sempre pronto a disponibilizar os seus conhecimentos com a máxima das cordialidades.






Para aqueles, como eu, que sejam um pouco mais distraídos aqui fica a localização do novo espaço (próximo da anterior livraria).


Livraria Luis Burnay - localização

Os livros encontram-se em exposição na livraria nos dias 24, 26 e 27 de Novembro, no horário normal de funcionamento (10h – 13h / 15h – 19h) e nas manhãs dos próprios dias do leilão.

Vejamos então alguns dos seus lotes.



36. ART (L') de se faire aimer des femmes et de se conduire dans le monde ou Conseils aux Hommes sur les moyens de connaitre et de soigner les beautés et les défauts de toutes les parties du corps; de s'habiller avec gout; se tenir, marcher et parles d'une maniére distinguée; d'observer toutes les convenances sociales…./ par l'Ami…- A Paris: Chez l'Éditeur Rue des Filles S. Thomas nº 5, s.d. - 291p.: 1 est; 14cm.-E

Bonita edição desta obra publicada anónima, sobre a maneira dos homens se comportarem em sociedade, e agradarem ás mulheres. Este muito curioso manual de etiqueta, gozou de merecida aceitação na época e foi escrito por Jean Marie Mossé. Esta edição é a mais apreciada pois vem ilustrada com uma bonita gravura alegórica inicial e uma pagina de rosto também integralmente gravada. Exemplar muito estimado revestido por uma bonita encadernação da época inteira de chagrin com ferros a ouro nas pastas. Corte das folhas dourado.



119. COLLECÇAM dos documentos, e memorias da Academia Real da Historia Portugueza / ordenada pelo Conde de Villamayor, secretario da mesma Academia.- Lisboa Occidental: Na Officina de Joseph Antonio da Sylva, 1721-1736.- 16 volumes; 34cm.-E

Colecção importante e muito significativa (apenas com falta do ano de 1734) desta notável e monumental empresa tipográfica e precioso repositório da investigação historiográfica portuguesa, desenvolvida pela famosa Academia Real da História fundada em 1721 por D. João V. Esta publicação paradigmática do iluminismo português, que teve colaboração dos mais famosos académicos do seu tempo de que se destacam o Conde da Ericeira, D. Manuel Caetano de Sousa, José da Cunha Brochado, Marquês de Abrantes, Marquês de Alegrete, Marquês de Fronteira, Conde de Tarouca, Pe. Pedro Monteiro, Marquês de Valença e Diogo Barbosa Machado entre outros nomes cimeiros da nossa historiografia, destinava-se a escrever a história de Portugal e seus domínios ultramarinos. Nela se encontram notícias do que se passou nas conferências da Academia, contas dos estudos dos académicos, dissertações, catálogos históricos,extractos criticos de livros raros e manuscritos, transcrições de documentos importantes extraidos dos arquivos, ou noticias deles, e explicações de medalhas, inscrições epigráficas e epitáfios. Ainda se incluem algumas obras de maior vulto também impressas em separado como o "Portugal Renascido" de Fr. Manuel da Rocha, e as "Notícias Chronologicas da Universidade de Coimbra" por Francisco Leitão Ferreira. Como lhe compete este exemplar inclui a "Historia da Academia" composta pelo Marquês de Alegrete Manuel Telles da Silva em 1727 que vem adornado com um bonito frontispicio alegórico gravado por Rochefort. As paginas de rosto vêm impressas a negro e vermelho e adornadas com uma vinheta da Academia da História. Volumes revestidos por meiasencadernações de pele, com rótulos nas lombadas, provavelmente de meados do século XIX, com defeitos nas coifas e charneiras ressequidas por vezes abertas, mas ainda muito sólidas. Os três volumes de tamanho menor têm as seixas grandes para condizerem com os restantes. Colecção estimada (um vol. com acidez)desta obra rara e valiosa da qual as colecções completas são raríssimas e nenhuma apareceu no mercado nos ultimos anos.



252. KLAUBER, Joseph & Johan Baptist.- Historiae Biblicae veteris et novi testamenti, junioribus ad faciliorem eruditionem ad vivaciorem memoriam divini verbi praeconibus ad celeriorem reminiscentiam omnibus ad utilem … in centum frugiferis folis exhibitae.- Vindelicorum: Josepho & Joanne Klauber fratribus, (1748).- (1)f. 100 est.; 22 x 32cm.-E

Pensamos tratar-se da primeira edição desta notável obra artística, composta por 100 gravuras finamente abertas por buril em cobre atribuídas a Johann Adam Stockmann que apresentam outros tantos quadros com cenas biblícas em composições muito elaboradas e que sequencialmente constituem uma narrativa seguida. Todas apresentam nas margens superior e inferior um curto texto explicativo. A pagina de rosto que vem impressa a negro e vermelho apresenta o texto em alemão e latim lado a lado. Magnífico exemplo da gravura artística barroca alemã. Encadernação recente ao gosto antigo. Folha de rosto e poucas estampas com pequenos defeitos marginais restaurados. Corte das folhas imperfeito. Obra rara.



265. LIVRO DE ESTER ( MEGILAH).- Manuscrito, Marfim e Pergaminho.- Sec. XVII/XVIII.- (35cm.)

Notável rolo judaico do livro de Ester, com o punho em marfim, bonito trabalho (italiano ?) provavelmente dos secs. XVII / XVIII. O texto é constituído por 24 (+ uma em branco) folhas de 12,5 x 9cm. coladas sequencialmente e enroladas da direita para a esquerda no punho de marfim , cada uma com 15 linhas de texto hebraico manuscrito.As primeiras folhas vêm protegidas por um pedaço de setim da época já solto das margens do pergaminho onde estava cosido.Trata-se de um dos livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia, hoje considerado de ritual judaico (é lido nas Sinagogas), mas que ao contrário da Torah pode ser possuído por qualquer pessoa. O autor do texto hebraico é desconhecido, mas parece certo que as fontes históricas são verídicas e daí a sua importância e significado históricoreligioso.



Passa-se na Pérsia na corte do Rei Assuero (geralmente identificado como Xerxes) e conta como Ester uma jovem judia entre os deportados se tornou rainha da Persia e como o seu primo e tutor Mordoqueu descobriu uma conspiração contra a vida do Rei, instigada pelo Grão-Vizir Amã, que pretendia aniquilar os judeus. Ester intervindo com o risco da sua própria vida conseguiu contrariar esses planos e o rei condenou Amã á morte e autorizou os judeus a defenderem-se dos seus inimigos. Esse decisivo papel de Ester é ainda hoje celebrado pelos judeus na festa dos Purim. Rolos antigos como este são hoje muito raros e este em particular por ter o punho em marfim. Peça de colecção. (Reproduçao na contracapa)



311. MORANDI, Giovanni Battista.- Historia Botanica Practica seu Plantarum, quae ad usum medicinae pertinent, Nomenclatura, Descriptio, et Virtutes, cum ab antiquis, tum a recentibus celebrium auctorum scriptis desumptae, ac aeneis tabulis delineatae, atquae ad vivum ex prototypo expressae, nec non in classes XXXV, distributae, ut facilius cujusque simplicis genus, ac species dignoscantur.- Mediolani: Ex Typographia Petri Francisci Malatestae, 1744.-(12),32,164p.: 1 front. 68 gravuras (coloridas); 41cm.-E

Magnífico exemplar da rara e procurada primeira edição deste notável erbolário milanês do século XVIII, que descreve as principais espécies botânicas, utilizadas em farmácia, descrevendo não só as respectivas características botânicas mas também os principais usos medicinais de cada uma. Sob o ponto de vista gráfico é espectacular, pois além das 68 gravuras de plantas finamente abertas pelo autor em chapa de cobre que lhe competem, vem adornada com um lindíssimo anterrosto alegórico com uma composição barroca ao gosto da época, com "putti" e paisagem marítima ao fundo. Também a página de rosto que vem impressa a negro e vermelho, está adornada com uma bonita vinheta gravada em chapa e ainda a pagina de dedicatória com as armas do então Cardeal de Milão. Este exemplar é dos raros que apresenta todas as gravuras finamente aguareladas á mão o que lhe confere um significativo valor adicional, muito estimado, revestido por excelente meia-encadernação de chagrin, de meados do século XIX. Exibe na folha de guarda uma inscrição de oferta ao Dr. Arthur Hintze Ribeiro datada de Ponta Delgada, 1887.(Reprodução a cores)


Bom aqui ficam estes exemplos ilustrativos da diversidade de oferta que este catálogo nos apresenta bem como o convite para a sua leitura atenta e sempre enriquecedora dos nossos conhecimentos bibliófilos.

Saudações bibliófilas.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Liber chronicarum (Crónica de Nuremberg) na Bauman Rare Books: Catalogue november holiday 2012





Bauman Rare Books
Catalogue november holiday 2012

Acabou de ser editado mais um dos muito apreciados catálogos da Bauman Rare Books: Catalogue november holiday 2012.

Este apresenta-nos um dos livros míticos da história do livro e da bibliofilia: o Liber chronicarum (Crónica de Nuremberg). Só pela inclusão desta obra o catálogo mereceria a nossa atenção.

No entanto, muitas outras obras de inegável interesse estão nele incluídas. Cito apenas, pelo seu bom estado de conservação em brochura, Madame Bovary de Gustave Flaubert.


Gustave Flaubert

Para todos aqueles que apreciam esta obra deste notável escritor francês proponho a consulta do seu manuscrito.


Manuscrito de Madame Bovary

Aparecem com alguma frequência exemplares em encadernações de diversos tipos – umas mais luxosas outras mais modestas, algumas assinadas por grandes mestres da encadernação enquanto outras foram executadas por artistas mais modestos, mas em estado de brochura como este exemplar são efectivamente muito raros.

Como exemplo de uma encadernação excepcional, ainda que não se trate duma 1ª edição, repare-se neste exemplar posto à venda por Daniel Bayard – Livre luxe book.

 

FLAUBERT, Gustave – Madame Bovary. Plein maroquin de Engel Eau fortes Fourié.
Madame Bovary, reliure plein maroquin doublé et entièrement doré de motifs aux petits fers. Collection les chefs d'oeuvres du roman contemporain paru chez Quentin. Exemplaire à la reliure exceptionnelle.

Mas deixemos mais esta divagação e veja-se então o livro da Bauman Rare Books.



37. FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. Moeurs de Province. Paris, 1857. Two volumes. Thick 12mo, original printed pale green paper wrappers, glassine, custom half morocco chemises and morocco-edged slipcases.

Rare first edition, first issue in book form, of Flaubert’s literary masterpiece, “the definitive model of the novel” (Émile Zola) and the work that “ushered the age of realism into modern European literature,” in exceptionally rare original wrappers. A beautiful copy.

Upon publication of Madame Bovary, both Flaubert and his publisher were brought to trial on charges of immorality and narrowly escaped conviction (the same tribunal found Charles Baudelaire guilty on the same charge six months later). Although purportedly based in part on the circumstances of Flaubert’s friend Louise Pradier, the author’s claim that “Madame Bovary is myself,” with his unrelenting objectivity and deep compassion for his characters, earned him a reputation as the great master of the Realist school of French literature. Flaubert’s attention to minute particulars of description and his belief in “le mot juste” significantly influenced later writers and thinkers, making Madame Bovary integral to the evolution of modern literature. First serialized in

La Revue de Paris in October and December of 1856, this is the first issue in book form, with misspelling of “Senard” as “Senart” on dedication page. With both half titles; bound without publisher’s advertisements. Text in French. Armorial bookplate of William M. Fitzhugh, the renowned book collector, laid in. Small closed tear to rear wrapper and glassine of Volume I and mild toning to spines. A superb copy in about-fine condition, exceedingly rare in fragile original wrappers.

Mas voltando ao tema da nossa conversa – o Liber chronicarum e vejamos um pouco da sua história.

O Liber chronicarum, uma história universal compilada de fontes mais antigas e contemporâneas, pelo médico de Nuremberg, humanista e bibliófilo Hartmann Schedel (1440-1514), é um dos mais densamente ilustrados e tecnicamente avançados trabalhos dos primórdios da impressão. Ele contém 1.809 gravuras produzidas por meio de 645 blocos. O empresário de Nuremberg, Sebald Schreyer, e seu cunhado, Sebastião Kammermeister, financiaram a produção do livro. Michael Wolgemut e seu genro, Wilhelm Pleydenwurff, executaram as ilustrações por volta de 1490, época em que a sua oficina tipográfica atingia o seu apogeu artístico, e o jovem Albrecht Dürer acabara de completar, ali, a sua aprendizagem. As vistas das cidades, algumas autênticas, outras inventadas ou copiadas de modelos mais antigos, são de interesse tanto artístico como topográfico.


Xilogravura, colorida à mão, da Crônica de Nuremberg, representação de Deus criando o mundo.


Erfurt, capital do estado livre da Turíngia, Alemanha.


Cidade de Mainz, Alemanha.


A imagem impressa mais antiga de Jerusalém.


Simon von Trient (ou Simeão de Trento) - acusações falsas antisemitas

Esta outra cópia da Biblioteca Mundial Digital brilhantemente colorida, da qual Schedel era proprietário, contém materiais adicionais de grande valia, tais como o mapa de Erhard Etzlaub da estrada para Roma.

Junto com a parte restante da biblioteca de Schedel, o livro tornou-se parte integrante da biblioteca de Johann Jacob Fugger, a qual passaria para a posse do Duque Albrecht V, da Baviera, em 1571.

Refira-se ainda a propósito do seu interesse bibliófilo esta notícia incluída na Folha de S. Paulo de 4 de Maio de 2011.


Folha de S. Paulo

Primeira edição da Crônica de Nuremberg será leiloada em Londres

Londres, 4 mai (EFE).- A primeira edição de um dos incunábulos, primeiros textos impressos da história, a Crônica de Nuremberg, impressa em julho de 1493, será leiloada em Bonhams em Londres, no dia 7 de junho.

A obra, conhecida em latim como "Liber chronicarum", é o maior livro ilustrado da época e conta a história do mundo, dividindo-a em sete momentos, com mais de 1800 gravuras em madeira, que incluem mapas e panoramas das cidades europeias.

Escrito em latim por Hartmann Schedel e com ilustrações do artista e gravador Michael Wolgemut, foi impresso em Nuremberg por Anton Koberger, um empresário com casas de impressão em toda Europa.

Seu afilhado, o famoso Albrecht Durer, trabalhou como aprendiz com Wolgemut entre 1486 e 1489, quando se encarregou da obra.

Dos cerca de 1,5 mil exemplares impressos da edição latina da Crônica de Nuremberg acredita-se que 400 delas sobreviveram.

A versão em alemão foi impressa em dezembro de 1493, da qual existem 300 exemplares.

O preço estimado do incunábulo é avaliado pela casa de leilões entre 28 mil euros e 34 mil euros.

Este exemplar foi colocado em leilão em 8 de Junho de 2011 pela Sotheby’s  e vendido como se pode verificar abaixo:



No entanto, em 11 de Fevereiro de 2010 outra conceituada empresa leiloeira Heritage Auctions - HA.com  colocou um outro bom exemplar em praça:



A Very Tall Copy in a Near Contemporary German Binding of the First Edition of the Nuremberg ChronicleHartmann Schedel. Liber chronicarum. Nuremberg: Anton Koberger for Sebald Schreyer and Sebastian Kammermeister, 12 July 1493.

First edition of the Nuremberg Chronicle, preceding the German language edition (23 December 1493) by just over five months. Large folio (18.5625 x 13 inches; 472 x 331 mm). 327 (of 328) leaves ([20], CCXCIX, [1], [2, blank], [5] leaves). Complete with final blank leaves but without the blank leaf following the De Sarmacia. This copy contains the three numbered leaves CCLVIIII, CCLX, and CCLXI, blank except for headlines, and the five additional unnumbered leaves (bound at the end) containing the description of Poland, De Sarmacia regione, and the laudatory verse on Maximilian. Gothic type, sixty-four lines plus headline. Table and parts of the text in double columns. Woodcut title and 1,809 woodcut illustrations, of which 1,164 are repeats, from 645 blocks (Sydney Cockerell's count in Some German Woodcuts of the Fifteenth Century (Hammersmith: Kelmscott Press, 1897), pp. 35-36) by Michael Wolgemut, Wilhelm Pleydenwurff, and their workshop, including (supposedly) the young Albrecht Dürer, including double-page maps of the world and of Europe. The portrait of Pope Joan ("Johannes Septimus," verso of leaf CLXIX), usually missing, is present and unmutilated. The verso of leaf CCLVII and the recto of leaf CCLVIII are in an early state, with most uppercase A's omitted (Koberger evidently ran out of this sort and printed about a quarter of this form before resupplying it). Two- and three-line pearled Lombard initials, seven- to fourteen-line capital spaces. Four- to eight-line pearled Lombard initials supplied in red in the Table, that on fol. [14] with black tracery. Rubricated through fol. XXXVI and on fols. XLIII and XLIV, in a additional few places. With early hand-coloring to some of the woodcuts.

Early sixteenth-century German blindstamped pigskin over wooden boards, expertly rebacked with the original spine laid down. One of two clasps. Early leather label on front cover lettered in manuscript in red and black mentioning the names of Ferdinand and Maximilian (Kaiser Ferdinand III and his son Kaiser Maximilian I?) and dated 1534. Title professionally strengthened and with a few repairs at outer margin, lower corner of fol. CCXXV renewed, just touching corner of woodcut on verso, several leaves with marginal tears or repairs, a few corners torn away, fols. XCVIII and XCIX remargined and probably supplied. Occasional staining and browning, marginal dampstaining to a few leaves at the beginning, occasional minor worming in the gutter and additional minor marginal worming at the end. Ink stamp of Ch. Favet and early ink ownership inscription at foot of preliminary leaf [2] and in a few other places in the text, a few early ink marginalia. Overall, a very tall copy in a wonderful near contemporary binding.

The most extensively illustrated book of the fifteenth century. The artists, Michael Wolgemut, the well-known teacher of Albrecht Dürer, and his stepson, Wilhelm Pleydenwurff, are mentioned in the colophon. The woodcuts comprise religious subjects from the Old and New Testament, classical and medieval history, and a large series of city views (including Augsburg, Bamberg, Basel, Cologne, Nuremberg, Rome, Ulm, Vienna), as well as a double-page map of Europe (fols. CCXCIX-[CCC]) and a large Ptolemaic world map (fols. XII-XIII). The text is a year-by-year account of notable events in world history from the creation down to the year of publication, including the invention of printing at Mainz, the exploration of the Atlantic and of Africa, as well as references to the game of chess, and to medical curiosities, including what is believed to be the first depiction of Siamese twins. The passage relating to the alleged discovery of America in 1483 written by Martin Behaim and Jacobus Canus appears on the verso of leaf CCXC.

BMC II, p. 437. Fairfax Murray, German, 394. Goff S-307. Hain *14508. Harrisse 13. Polain 3469. Proctor 2084*. Sabin 77523. Schreiber 5203. Updike, Printing Types, I, p. 65.

No entanto, este acabaria por não ser vendido como se poderá ver aqui.

Na posse destas notas apreciemos então o exemplar que nos é oferecido pela Bauman Rare Books.




Nuremberg chronicle, 1493

A Superb And Most Rare Hand-Colored Copy: A Landmark In The History Of Printing, And One Of The Greatest Illustrated Books Ever Published, 1493 First Edition Of The Monumental “Nuremberg Chronicle,” In Splendid Contemporary Tooled Binding, Each Illustration With Vivid Original Hand-Coloring.

Espero que desfrutem ao máximo deste belo catálogo e que o vosso entusiasmo pelo estudo da história do livro bem como pela sua beleza como objecto cultural e de arte nunca desmoreça.

Saudações bibliófilas.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Livraria Castro e Silva: Catalogo 138 / Rare Books Catalog e Francisco de Quevedo Villegas – alguns apontamentos a propósito duma obra deste catálogo.



A Livraria Castro e Silva editou mais um dos seus apreciados catálogos – o Catalogo 138 / Rare Books Catalog.



Como deixei transparecer no post As Palavras do Silêncio  com o soneto de Camões:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
….

A apresentação de catálogos e outros eventos bibliófilos, sempre que para isso “tenha arte”, passará a ser feita duma forma diferente daquela a que estão habituados.
(vamos a ver se isso vos fará interessar ainda mais pelo livro enquanto objecto de arte e cultura)

Com efeito, vou tentar mostrar como ao se ver um livro, por mais inacessível que ele seja para as nossas bolsas, ele nos poderá despertar outro tipo de interesses que nos conduzam ao estudo do seu autor, acontecimentos da época, importância do tipógrafo/editor, tipo de encadernação, por exemplo, ou muitos outros temas que vos possam vir à ideia.
(já reparam que o novo subtítulo do blog é “Conversas em torno dos livros”?

A bibliofilia não é só comprar livros (isso é mais bibliomania), mas é sobretudo, estudar o mais profundamente possível que se possa a história do livro, como muito bem demonstraram Rubens Borba de Moraes ou o nosso Inocêncio Francisco da Silva entre tantos outros que aqui mereceriam uma referência.

Mas voltando ao catálogo desta livraria nele encontrei, entre muitas outras obras que poderiam interessar a muitos de nós, o lote 84:



84. QUEVEDO DE VILLEGAS, Francisco de. OBRAS DE DON FRANCISCO DE QUEVEDO Villegas, Cavallero de la Orden de Santiago, Señor de la Villa de la Torre de Juan-Abad. DIVIDIDAS EN TRES TOMOS. Nueva Impression corregida y ilustrada com munchas Estampas muy donosas y apropriadas à la matéria. EN AMBERES. Por la VIUDA de HENRICO VERDUSSEN Año M. DCC. XXVI. [1726] Junto com: TOMO QUARTO EN EL QUAL CONTIENE Su vida y Obras posthumas, de la Providencia de Dios tratados tres, com el tratado de la Introducion à la vida Devota. Aqui antes nunca impresso ni en la impression de Bruselas, ni en la de Amberes. EN AMBERES. En Casa de BAUTISTA VERDUNSSEN, 1726. In 4. º de 22,5x17,5 cm. 4 volumes com: I - [viii], 542, [ii] pags. [xiv grav.]. II - [iv], 472, [iv grav.]. III - [iv], 592, [xiv, ii b.], pags. [9 grav.]. IV - [viii], 405, [iii] pags. [ii grav.] Encadernações da época inteiras de pele [um pouco cansadas) com rótulos vermelhos, nervos e ferros a ouro lavrados nas lombadas, cortes das folhas marmoreados. Obra com folhas de rosto impressas a duas cores e ilustrada com 29 gravuras de página inteira, incluindo 2 retratos do autor e um fólio desdobrável com um epitáfio. Edição que apresenta pela primeira vez o quarto volume da obra, este aparece por vezes junto da edição anterior que é tipograficamente quase igual, mas publicada em Bruxelas pelo impressor Folpens em 1660-61. Palau 1990, VI 188. “Bella e acreditada edicion.”

Quanto a esta edição de Foppens aquí fica o seu belo frontispicio:


Frontispício de Obras de Don Francisco de Quevedo...,
En Brusselas, Francisco Foppens Impressor y Mercader de Libros, M.DC. LX

Podemos encontrar um outro exemplar à venda na Libreria Anticuária António Mateos na Calle Esparteros, 11 em Málaga.


Libreria Anticuária António Mateos

QUEVEDO, Francisco de – Obras de Don Francisco de Quevedo Villegas, Cavallero de la Orden de Santiago, Señor de la Villa de la Torre de Juan Abad. Divididas en tres tomos, Nueva impression corregida y ilustrada con muchas estampas muy donosas y apropiadas a la materia.



Amberes, Viuda de Henrico Verdussen (y Tomos II y III: Henrico y Cornelio Verdussen), 1699-1726, 3 tomos, 24 x 18 cm., pergamino época uniforme, títulos rotulados en los lomos, frontis grabado + 4 h. incluso portada a dos tintas + retrato + 542 págs. + 1 h. + 11 láminas grabadas en cobre = 2 h. + 472 págs. + 4 láminas grabadas en cobre = 2 h. + 592 págs. + 7 h. + 8 láminas grabadas en cobre. (Mancha de agua en margen interior de 3 hojas en el Tomo I. Ejemplar mixto formado por el Vol. I de 1726 y Vols. II & III de 1699; contiene bellas laminas por Harrewijn, Clouet, Bouttats, Bernaerts, y Lambert Cause. "En 10 octubre 1698 Foppens traspasa a Verdussen el privilegio para la reproduccion de las obras de Quevedo. De ahi se origina esta nueva serie de ediciones, por ventura las mejores y mas ricas de las realizadas hasta entonces". Palau. Al fin del tomo I contiene una Carta del autor, en que da cuenta de lo que le sucedió caminado a Andalucía con el Rey, pag. 540 a 542).

Mas afinal quem foi Francisco Quevedo de Villegas?


Retrato de Francisco de Quevedo

Francisco de Quevedo y Villegas foi indiscutivelmente o maior e mais prolífico escritor que a Espanha produziu, nasceu em Madrid em 1580, de uma família nobre. Estudou em Alcalá e tornou-se num dos espanhóis mais eruditos de sua época. Prestou serviço com o Duque de Osuna na Sicília e Nápoles, mas quando Osuna caiu em 1620, Quevedo foi banido da Corte. Só regressaria à corte após a subida ao trono de Filipe IV, em 1621, mas, ao que se julga, por ter incorrido na inimizade do Conde Duque de Olivares, foi preso em 1639.

Seria libertado em 1643, quando a sua saúde já se encontrava bastante debilitada pelo que acabaria por falecer em 1645.

As suas obras podem ser classificadas como filosófica, ascética, política, crítica, satírica e poética, enquanto ele também contribuiu com um romance picaresco, Historia de la Vida del Buscón, e com vários trabalhos satíricos para a literatura da Espanha.

Desde cedo a sua obra começou a ser divulagada noutros países.

Refira-se o caso de Los Sueños, publicados pela primeira vez en 1627 e que tiveram quatro edições nesse ano.

Esta obra durante o séc. XVII e XVIII contará com numerosas edições em inglés, francês, holandês e italiano.

Aqui ficam dois exemplos:



QUEVEDO, Francisco de – Les visions augmentées de l'Enfer reformé; ou, Sedition infernalle traduites de l'Espagnol par le Sieur de la Geneste. Paris, Pierre Billaine, 1636. [xvi], 382 p. (provavelmente a 1ª edição desta obra em francês)



QUEVEDO, Francisco de – The visions of Dom Francisco de Quevedo Villegas. London : printed by W.B. for Richard Sare …, 1715. (Esta uma tradução mais tardia)

Vejamos, num apontamento um pouco mais detalhado, um esboço biográfico bem como alguns dos acontecimentos políticos da sua época que lhe marcariam o seu percurso pessoal e influenciariam a sua vasta produção literária.


Francisco de Quevedo y Villegas

Nascido em Madrid a 14 de Setembro de 1580 numa família fidalga, a infância de Quevedo passou-se na Corte, onde os pais desempenhavam altos cargos.

O pai, Francisco Gómez de Quevedo, era secretário da princesa Maria, esposa de Maximiliano da Alemanha, e sua mãe, María de Santibáñez, era camareira da rainha.

Era rapaz ainda, embora sobredotado intelectualmente, mas de pés disformes, coxo de uma perna, gordo e curto de vista, quando ficou órfão aos seis anos de idade, refugiando-se nos livros que consultava no Colégio Imperial dos Jesuítas de Madrid.


Colégio Imperial dos Jesuítas de Madrid

Em 1596 frequentou a Universidade de Alcalá de Henares. Aproveitou para aprofundar os seus conhecimentos em vários ramos, como em filosofia, línguas clássicas, árabe, hebreu, francês e italiano.


Universidade de Alcalá de Henares – Fachada cerca de 1870

Em Valladolid, onde acompanhou a corte quando esta para aí foi mudada por ordem de Francisco de Sandoval y Rojas, I duque de Lerma , estudou também teologia.

Fruto desses estudos produziria mais tarde algumas obras teológicas, como o tratado contra o ateísmo Providencia de Dios. Já nessa altura destava-se como poeta, figurando na antologia de Pedro Espinosa Flores de poetas ilustres (1605), ainda que o conjunto da sua obra tenha sido editado postumamente e classificada dentro do Conceptismo Barroco.


Duque de Lerma, por Peter Paul Rubens, 1603
(Museo del Prado)

Também já tinha escrito, então, como divertimento cortesão, a primeira versão de um romance picaresco intitulado Vida del Buscón, que se tornou célebre entre os estudantes da altura. Encetaria também alguns contactos epistolares com humanistas como Justo Lipsio, onde deplorava as guerras que minavam a Europa, como se pode verificar no epistolário reunido por Luis Astrana Marín.


Justo Lipsio

A Corte voltou para Madrid, para onde Quevedo regressa em 1606 e reside aí até 1611, e aqui desenvolverá intensa actividade literária, ganha a amizade de Félix Lope de Vega (que o elogia por diversas vezes nos seus livros de Rimas; assim como Quevedo faz críticas igualmente elogiosas às suas Rimas humanas y divinas de Tomé Burguillos, seu heterónimo) e de Miguel de Cervantes (que o louva em Viaje del Parnaso; correspondendo-lhe Quevedo com os elogiosos comentários de La Perinola), que o acompanhava na Confraria dos escravos do Santíssimo Sacramento; por outro lado, atacou sem piedade os dramaturgos Juan Ruiz de Alarcón, que ridicularizava fazendo menção aos seus defeitos físicos (ruivo e corcunda), em cruéis comentários que o levam até à disformidade, e de Juan Pérez de Montalbán, filho de um livreiro com quem Quevedo tinha tido algumas disputas, e contra quem escreveu La Perinola, sátira cruel ao seu livro de miscelâneas Para todos. Mas o mais atacado foi, sem dúvida, Luis de Góngora, a quem dirigiu uma série de sátiras terríveis, acusando-o de ser um sacerdote indigno, homossexual, e escritor obscuro, baralhado e indecente.Em sua defesa pode-se dizer que também Góngora o atacou de forma quase igualmente virulenta.


Pedro Téllez-Girón y Velasco,
Duque de Osuna 
por Bartolomé González y Serrano

É deste período estabelecimento da sua grande amizade com Pedro Téllez-Girón y Velasco Guzmán y Tovar, Duque de Osuna, que acompanhará na função de secretário a Itália em 1613, visitando Niza e Veneza. Voltará ainda a Madrid, ao serviço deste senhor para subornar ("untar as mãos", como ele mesmo escreverá) todos aqueles que têm influência junto do Duque de Lerma,de forma a conseguir a nomeação de Osuna para vice-rei de Nápoles – objectivo que alcançará em 1616. Voltou depois a Itália onde o Duque o encarregou de dirigir e organizar a fazenda do vice-rei, além de desempenhar outras missões – algumas delas relacionadas com espionagem na República de Veneza, conseguindo, por estes serviços, obter o hábito de Santiago em 1618.

Francisco de Quevedo glorificaría os seus triunfos neste soneto:

Diez galeras tomó, treinta bajeles,
ochenta bergantines, dos mahonas;
aprisionóle al turco dos coronas
y a los corsarios suyos más cueles.

Sacó del remo más de dos mil fieles,
y turcos puso al remo mil personas;
y tú, bella Parténope, aprisionas
la frente que agotaba los laureles.

Sus llamas vio en su puerto la Goleta;
Chicheri y la Calivia saqueados,
lloraron su bastón y su jineta.

Pálido vio el Danubio sus soldados,
y a la Mosa y al Rhin dio su trompeta
Ley, y murió temido de hados.


Castillo de Montizón de Torre de Juan Abad (Ciudad Real)

Com a queda política do Duque de Osuna, Quevedo é igualmente afastado para longe da corte, como um dos seus homens de confiança. Foi, então, desterrado em 1620 para a Torre de Juan Abad (Ciudad Real), cujos domínios tinham sido comprados para ele, por sua mãe, antes de morrer. Os seus vizinhos não reconheceram esta compra pelo que Quevedo se manterá em pleitos judiciais contra o conselho da localidade – a sentença a favor do escritor só será pronunciada depois da sua morte, na pessoa do sue sobrinho e herdeiro.

Afastado das tormentosas intrigas da corte, a sós com a sua própria consciência, escreverá algumas das suas mais celebradas poesias, como o soneto Retirado a la paz de estos desiertos... ou Son las torres de Joray... aqui encontraria o consolo espiritual das suas ambições cortesãs na doutrina estóica de Séneca, cuja obra estudará e comentará, convertendo-se num dos principais expoentes do Neo-estoicismo espanhol.


Felipe IV a cavalo,
quadro de Diego Velázquez
(Museo del Prado)

A subida ao trono de Filipe IV levaria à suspensão do seu desterro e ao renascer das suas ambições políticas, agora sob a influência do Conde-Duque de Olivares.


Conde-Duque de Olivares a cavalo (c. 1634),
quadro de Diego Velázquez
(Museo del Prado)

Quevedo acompanhará o jovem rei em viagens à Andaluzia e a Aragão, e descreverá algumas das suas divertidas incidências nalgumas das suas cartas.

Como vários livreiros tinham imprimido e posto a circular muitas das suas peças satíricas, ganhando dinheiro às suas custas, decidiu denunciar as suas próprias obras à Inquisição.


Carta autógrafa de Francisco de Quevedo y Villegas datada de 1619,
(leiloada numa prestigiosa Casa de Leilões em Madrid).
©EFE/Archivo

A intenção de Quevedo era, não só assustá-los, mas também abrir caminho a uma edição completa das suas obras que não se chegou a concretizar. Levava, então, uma vida desordenada de solteirão: fuma muito, bebe (Góngora chama-o de bêbedo consumado) e frequenta os prostíbulos, ainda que viva amacebado com uma tal de Ledesma. Contudo, será secretário do monarca em 1632, que levava vida tão estouvada quanto a sua. As pressões cortesãs sobre o seu amigo, Antonio Juan de la Cerda y Toledo 7º Duque de Medinaceli, obrigam-no a casar contra a sua vontade com Dona Esperanza de Aragón, senhora de Cetina, viúva e com filhos. O matrimónio durará apenas três meses, terminando com um divórcio muito comentado em 1636. São anos de actividade criativa febril. Em 1634 publica La cuna y la sepultura e a tradução de La introducción a la vida devota de Francisco de Sales; de 1633 a 1635 escreve obras como De los remedios de cualquier fortuna, o Epicteto, Virtud militante, Las cuatro fantasmas, a segunda parte de Política de Dios, a Visita y anatomía de la cabeza del cardenal Richelieu ou a Carta a Luis XIII. Em 1635 aparece em Valência o mais importante dos libelos destinados a difamá-lo: El tribunal de la justa venganza, erigido contra los escritos de Francisco de Quevedo, maestro de errores, doctor en desvergüenzas, licenciado en bufonerías, bachiller en suciedades, catedrático de vicios y protodiablo entre los hombres.


Detalhe da fachada principal do convento de San Marcos de León

Em 1639, depois de um memorial que apareceu debaixo do guardanapo do rei, Sacra, católica, cesárea, real Majestad..., onde era denunciada a política do Conde Duque de Olivares, foi detido, confiscaram-lhe os livros e é levado para o convento de San Marcos de León. Depois de libertado desta prisão vergonhosa, retira-se para a Torre de Juan Abad. Será na sua vizinhança, no convento dos padres Dominicanos de Villanueva de los Infantes, que morrerá, a 8 de Setembro de 1645.


Villanueva de los Infantes

As suas obras foram muito mal reconhidas e editadas por José González de Salas, que não se preocupa em retocar os textos, em 1648: El Parnaso español, monte en dos cumbres dividido, con las nueve Musas; também muito mal feita é a edição do seu sobrinho e herdeiro: Pedro Alderete, em 1670: Las tres Musas últimas castellanas.

A sua produção literária pode ser dividida nos seguintes géneros:

Obras políticas:

Política de Dios, gobierno de Cristo y tiranía de Satanás, escrita em 1617 e impressa em 1635, onde tenta inferir uma doutrina política a partir dos Evangelhos.


QUEVEDO, Francisco de – Política de Dios y gobierno de Cristo Nuestro Señor.

Vida de Marco Bruto, 1644, onde desenvolve a biografia do famoso assassino de César, escrita por Plutarco, com um rigor quase matemático e onde o estilo conceptista atinge um nível praticamente inimitável.


QUEVEDO, Francisco de - Historia y vida de Marco Bruto


QUEVEDO, Francisco de - Historia y vida de Marco Bruto. Reproducción digital a partir de Obras de Don Francisco de Quevedo Villegas...: [tomo primero], En Amberes, por Henrico y Cornelio Verdussen, 1699, pp. 1-87.
Grab. calc. entre p. 48-49 : "Jaco: Harriewijn inve: et fecit 1699".
Localización: Biblioteca Pública de Orihuela.
©Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes – Portal Biblioteca de autor Francisco de Quevedo

Mundo caduco y desvaríos de la edad (escrita em 1621, editada em 1852)

Grandes anales de quince días (1621, ed. en 1788), análise da transição dos reinados de Filipe III e Filipe IV.

Lince de Italia y zahorí español (1628, ed. em 1852).

El chitón de Tarabillas (1630),onde critica as disposições económicas do Conde-Duque de Olivares, insinuando a sua ascendência judaica.

Execración contra los judíos (1633), texto de cariz antissemita onde faz acusações, de forma velada, contra Dom Gaspar de Guzmán, Conde-Duque de Olivares, valido de Filipe IV.

Obras ascéticas:

Providencia de Dios, 1641, tratado contra os ateus, onde tenta unificar o estoicismo com o cristianismo.

Vida de san Pablo, 1644.


QUEVEDO, Franciso de – Vida de San Pablo Apóstol
Grabado extraido de la reproducción digital a partir de la Nueva impression corregida y ilustrada con muchas estampas... de Obras de Don Francisco de Quevedo Villegas... : tomo segundo, En Amberes, por Henrico y Cornelio Verdussen, 1699.
Localización: Biblioteca Pública de Orihuela.
©Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes – Portal Biblioteca de autor Francisco de Quevedo

Vida de Santo Tomás de Villanueva, 1620.

Obras filosóficas:

La cuna y la sepultura (1635).


QUEVEDO, Francisco de – La cuna y la sepultura.

Las cuatro pestes del mundo y las cuatro fantasmas de la vida (1651).

Crítica literária:

La aguja de navegar cultos con con la receta para hacer Soledades en un día (1631), investida satírica contra os poetas que utilizam o estilo gongórico ou culterano.

La culta latiniparla (1624), manual burlesco onde se ridiculariza o estilo gongórico.


QUEVEDO, Francisco de – La culta latiniparla.


QUEVEDO, Francisco de – La culta latiniparla.
Grabado extraido de la reproducción digital a partir de Obras de Francisco de Quevedo Villegas... [tomo primero], En Amberes, por Henrico y Cornelio Verdussen, 1699, pp. 229-292.
Localización: Biblioteca Pública de Orihuela
©Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes – Portal Biblioteca de autor Francisco de Quevedo

Cuento de cuentos (1626), onde demonstra o absurdo de alguns coloquialismos que carecem totalmente de significado.

Obras satírico-morais:

Los Sueños, compostos entre 1606 e 1623, circularam manuscritos mas só foram impressos em 1627.




QUEVEDO, Francisco de – El sueño de las calaveras

La hora de todos y la Fortuna con seso (1636),

Historia de la vida del Buscón, llamado Don Pablos, ejemplo de vagamundos y espejo de tacaños, impresso em Zaragoza em 1626.


QUEVEDO, Franciso de – Historia de la vida del Buscón, llamado Don Pablos, ejemplo de vagamundos y espejo de tacaños. Zaragoza, Pedro Verges, 1626

Segundo opinião de Jaime Moll, em De la imprenta al lector: estudios sobre el libro español de los siglos XVI al XVIII, Madrid, Arco/libros, 1994, pp. 16; afirma, seguindo a tese de Miguel Herrero (1945), “que esta edición zaragozana de 1626 es una edición contrahecha y hace la identificación del ejemplar atribuyéndola a la imprenta sevillana de Francisco de Lyra basándose en estudios tipográficos. Existe otra edición contrahecha del "Buscón", con el pie de imprenta zaragozano de la primera, pero con fecha de 1628, ésta sería impresa en Gerona por Gaspar Garrich.”

Poesias:

El Parnaso Español (1648)


QUEVEDO, Francisco de – El Parnasso Español : monte en dos cumbres dividido, con las nueve musas castellanas, donde se contienen poesias / de Francisco de Quevedo Villegas … ; que con adorno, i censura, ilustradas, i corregidas, salen ahora de la librería de don Ioseph Antonio González de Salas … – En Madrid : lo imprimió en su officina del libro abierto Diego Diaz de la Carrera : a costa de Pedro Coello, mercader de libros, 1648. – [14], 666, [18] p. : il. ; in 4.º

“José Antonio González de Salas, amigo de Francisco de Quevedo, preocupado por recopilar sus poesías, llevaba a la imprenta los poemas del poeta en una edición de 1648 comentada por él. La tituló El Parnaso español: monte en dos cumbres dividido con las nueve musas. Fue González de Salas quien ideó y justificó las imágenes, seis musas más el frontispicio grabado al aguafuerte y al buril, que ilustrarán esta primera edición: Clío, Polimnia, Melpómene, Erato, Terpsícore y Talía.


Clío, representación de la poesía encomiástica. (1)


Polimnia, representación de la poesía moral.


Melpómene, representación de la poesía fúnebre.


Erato, representación de la poesía amorosa.


Terpsícore, representación de la poesía satírica.


Talía, representación de la poesía burlesca.

Sin embargo, González de Salas murió en 1651 y no pudo completar las tres musas restantes: Calíope, Euterpe y Urania. Las musas, dibujadas por Alonso Cano, fueron grabadas por Juan de Noort y Herman Panneels, holandés y flamenco afincados en Madrid, y una por el propio Alonso Cano. Habría que esperar hasta 1670 para poder leer todas las poesías publicadas en Las tres musas últimas castellanas. Segunda parte del Parnaso español, edición ésta que incluía poemas no escritos por Quevedo.


Calíope, representación de la poesía heroica.



Euterpe, representación de la poesía bucólica.


Urania, representación de la poesía sacra.

El libro se estructura en diferentes portadillas, una por cada musa, con información de cada una de ellas, en la que se hace una breve descripción del grupo al que pertenecen las poesías.

En el frontispicio, grabado por Juan de Noort con buril y aguafuerte, se desarrolla una escena alusiva al Parnaso: las nueve musas, hijas de Júpiter y Mnemosina, que inspiran la poesía y todas las actividades intelectuales, están sentadas, mientras Apolo corona de laurel a Quevedo. Les sobrevuela Pegaso. Por debajo de esta composición, bajo la tierra, una ninfa sostiene un medallón con el título “Las nueve musas castellanas”; a la derecha, un sátiro sujeta otro medallón con otro retrato de Quevedo, pero esta vez sólo la cabeza; no es muy usual que el autor sea retratado por partida doble en la portada calcográfica.” [ASA]

Com esta leitura, bem diferente dum catálogo, lanço o desafio para que outros descubram um livro, que lhes interesse seja porque aspecto fôr, e partam à descoberta de tudo aquilo que com ele se possa relacionar.

Verão que há muitas pistas que se podem seguir, que muitas vezes desembocam noutras imprevistas, no entanto, quanto mais avançamos mais interessantes serão as descobertas.
(como é sempre muito curto o nosso conhecimento!)

A minha “viagem” foi empolgante: descobri muito que desconhecia e que aqui partilho convosco.

Saudações bibliófilas.


Notas:

(1) Las 9 musas: La selección de estos grabados se ha extraído de la reproducción del original de Obras de Francisco de Quevedo Villegas... : divididas en tres tomos, tomo III, en Amberes, por Henrico y Cornelio Verdussen, 1699, procedente de la Biblioteca Pública de Orihuela Fernando de Loazes (©Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes – Portal Biblioteca de autor Francisco de Quevedo)

Parece-me de consulta quase obrigatória esta página web da Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes – Portal Biblioteca de autor Francisco de Quevedo.