sábado, 3 de março de 2012

Livraria Castro e Silva – Catalogo nº 133 / Rare Books Catalog





A Livrararia Castro e Silva localizada na Rua do Norte, 44 - 1º andar em Lisboa editou o seu Catalogo nº 133 / Rare Books Catalog.

Catalogo onde o livro antigo tem sempre um lugar privilegiado, mas onde vamos encontrar obras mais recentes e a preços convidativos, apesar do seu inegável interesse.

Pela sua importância bibliófila permito-me destacar este exemplar:



31. LUCENA, João de. HISTORIA DA VIDA DO PADRE FRANCISCO XAVIER, E do que fizerão na India os mas Religiosos da Companhia de Iesu, Composta pelo Padre Ioam de Lucena da mesma Companhia Portugues natural da Villa de Trancoso. Impresso per Pedro crasbeeck Em Lisboa. Anno do Senhor 1600. In fólio de 26x16 cm. Com [iv], 908, [xxxviii] pags. Encadernação recente ao gosto da época inteira de pele com ferros a seco nas pasta. Ilustrado com frontispício gravado; uma gravura com o túmulo de S. Francisco Xavier; e dois retratos do mesmo apóstolo. Impressão a duas colunas. Exemplar com leves restauros marginais e falta da folha com a licença régia (que foi retirada da maioria dos exemplares na época) adicionada em fac-simile. Primeira edição. Obra muito rara e importante para a história da expansão portuguesa na Ásia. [PT] Azevedo e Samodães, 1856. «Obra de muito merecimento para a história das missões e do nosso domínio nas Índias Orientais durante a segunda metade do século xvi. Seu autor é considerado como um dos melhores clássicos da nossa língua, e isso muitíssimo contribui para a grande e justificada fama bem justificada estima que o livro desfruta, não só nos escritores e bibliófilos nacionais, mas também estrangeiros. Os exemplares desta edição primitiva, bela e primorosamente impressa, são raríssimos.» Inocêncio III, 399. “P. JOÃO DE LUCENA, Jesuita, natural da villa de Trancoso, n. em 1550, e m. em Lisboa na casa professa de S. Roque em 1600, contando por conseguinte 50 annos d'edade. Historia da vida do Padre Francisco de Xavier, Pedro Craesbeeck. Em Lisboa. Anno do Senhor 1600. fol. Tem, afóra o frontispicio, mais dous retratos gravados em chapas de metal, os quaes todavia faltam em varios exemplares que tenho visto. Foi traduzida em italiano, e sahiu impressa em Roma, por Zannetti 1613. 4.º, e em castelhano, Sevilha, por Francisco de Lyra 1619. 4.º Ibi, 1699; e dizem que o fôra tambem em latim. A edição portugueza de 1600 é pouco vulgar, e assás estimada. D'ella fez Bento José de Sousa Farinha uma segunda edição, que elle dá por mui fiel, e sahiu: Lisboa, na Offic. de Antonio Gomes 1788. 8.º 4 tomos. Com esta historia o P. Lucena abriu-se praça entre os mestres mais insignes da pureza da nossa lingua. Suave no estylo, loução e polido no dizer, grave nas sentenças, e escrupuloso na escolha das palavras, tem sido universalmente respeitado pelos nossos criticos e philologos, todos concordes em reconhecerem e apreciarem o seu grande merecimento. Para confirmar este juizo, transcreverei aqui dous testemunhos, cuja competencia não deve ser contestada. Seja o primeiro o do P. Francisco José Freire, nas Reflexões sobre a Ling. Portug., parte 1.ª Diz elle: «O P. João de Lucena merece occupar logar na classe dos mestres da primeira nota: porque a sua vida de S. Francisco Xavier é escripta com tal propriedade, energia, e pureza de lingua, que os muitos elogios com que os sabios honram a sua memoria não são os que bastam para quem tanto honrou com a sua pura locução aquella linguagem portugueza, que a critica só reconhece por genuina. Foi injustamente arguido de usar de diversos termos destituidos de classica auctoridade, mas o certo é que de todos os que lhe arguem ha exemplos seguros, como facilmente mostrariamos, se fosse nosso assumpto fazer aqui a apologia do P. Lucena.» Seja o segundo o do P. José Agostinho de Macedo, no seu opusculo Os Frades, ou reflexões philosophicas, etc., a pag. 67, onde fallando de Lucena se exprime nos termos seguintes: «É um dos nossos melhores classicos, e muito seguro texto; e sendo por este lado tão digno do nosso respeito e reconhecimento, ainda o considero mais por outro lado, e vem a ser: pelas noções que nos dá, e pelas notícias que só elle, entre todos os viajantes, nos dá dos costumes, das leis, da religião de muitos povos do ultimo oriente, isto é, dos habitantes das ilhas que formam o imperio do Japão, e de muitas outras do Oceano Pacifico, por onde S. Francisco Xavier levado pelos portuguezes, estendeu a sua vastissima e apostolica missão. São dignos do verdadeiro philosopho os maravilhosos quadros daquellas disputas e altercações, em que o sancto com os sagacissimos bonzos de continuo entrava, onde estão expostos os principios da theologia natural, por onde sempre começava a convencel-os da necessidade da divina revelação. E estão estas grandes cousas como escondidas e ignoradas no mundo, no canto incognito de um livro portuguez, e o peior é, que de todo ignoradas, ou não attendidas pelos mesmos portuguezes... Se os francezes tivessem feito aquelle livro, teria mais edições do que tem uma folhinha, ou de porta ou de algibeira; e ha quasi trezentos annos tem tido duas em Portugal!»”



History of the life of Father Francisco Xavier and the religious fathers of the Society of Jesus. Lisbon. 1600. In folio (26x16 cm) with [iv], 908 [xxxviii] pags. Binding: a beautiful full calf replica tooled bind at covers and gilt at spine. Illustrated with one engraved frontispiece; one engraved plate from the tomb of St. Francis Xavier; and two portraits of the same apostle. Printed in two columns. Copy with minor renovations, and lacking page with the royal license (which was withdrawn from most of the copies at the time) which is added on a facsimile. First edition of a very rare and important history of Portuguese expansion in Asia. Azevedo e Samodães, 1856: 'Work of much merit for the history of our field missions and the East Indies during the second half of the sixteenth century. Its author is considered one of the best classics of our language, and this greatly contributes to the large and well-justified reputation justified estimates that enjoys the book, not only in national writers and bibliophiles, but also foreigners. The original copies of this edition, beautiful and exquisitely printed, are very rare'. Inocêncio III, 399. 'Padre João DE LUCENA, was born in 1550, and died in Lisbon in 1600. This work was translated into Italian, and printed by Zannetti in 1613; in Spanish, Seville, by Francisco de Lyra, in 1619 and 1699, and also in Latin. The Portuguese edition of 1600 is unusual and fairly estimated. Smooth style, and polished in the telling, in severe sentences, and careful choice of words, has been universally respected by our critics and philologists, all agreed to recognize and appreciate their great merit. P. Francisco José Freire says: 'Fr João de Lucena deserves to occupy a place among the masters because his life of S. Francis Xavier is written with such property, energy, and purity of Portuguese language. He was unjustly accused of using various terms devoid of classical authority. Worthy of our respect and appreciation for the notions that gives us, and the news that he alone among all travelers, gives us the customs, laws, and religion of many peoples of the Far East, and the inhabitants of the islands that form the Empire of Japan, and many others from the Pacific Ocean. They are worthy of the true philosopher the beautiful paintings of those disputes and altercations with the holy gurus and bonzes, exposing the principles of natural theology, which began convincing them of the necessity of the divine revelation. And these are big things hidden and ignored in the World, contained in a unknown corner of a Portuguese book - at all ignored or missed by the Portuguese themselves. If the French had done that book, would have more issues than a pocket leaflet; and nearly three hundred years after it had just two editions in Portugal. “

Como referi vamos encontrar obras mais recentes das quais esta é um excelente exemplo do que se disse:



12. CORTESÃO, Armando. e TEIXEIRA DA MOTA. (Avelino) PORTVGALIAE MONVMENTA CARTOGRAPHICA. (Comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique) Lisboa 1960. Imprensa da Universidade de Coimbra [texto], [ilustração] Neogravura e Litografia Portugal, o papel fabricado especialmente para a obra pela fabrica Porto de Cavaleiros em Tomar. 5 volumes in fólio de 62x47 cm. com 144, 105, 113 e 118 pags. + volume (vi) de índice de 32x24 com xxix-109 pags. + 625 estampas extra-texto a cores e preto e branco distribuidas ao longo da obra. Encadernações do editor executadas pelo mestre Frederico de Almeida. Edição bilingue português-inglês. Excelente exemplar. Obra monumental profusamente ilustrada sobre os descobrimentos portugueses com compilação dos mapas portulanos conhecidos. Trata-se da grande obra gráfica produzida pelo Estado Novo e de que provavelmente apenas se imprimiram 300 exemplares destinados a 'ofertas de Estado' e a cedências autorizadas pela Presidência da República Portuguesa. Exemplar acompanhado de móvel em madeira com design dos autores e executado com o propósito de facilitar a consulta e conservação da obra.

PORTUGAL’S CARTOGRAPHICAL MONUMENTA. 5 volumes in folio of 62x47 cm. with 144, 105, 113 and 118 pags. + Volume (vi) index with 32x24 xxix-109 pags. 625 + prints in color and black/ white distributed throughout the work. Bindings by the master binder Frederico de Almeida. Excellent copy. Portuguese-English bilingual edition Commemorating the 5th Centenary of the death of Prince Henry. Printed at the University Press, in Coimbra, in a special paper manufacture on purpose. Illustrations finished at Neogravura. Fac-simile collection of maps and cartographical charts of the Portuguese discoveries collected in a monumental work in 5 volumes + index. It is the greatest typographical work produced by the Portuguese State in the period known as “Estado Novo”. Probably only 300 copies printed for the 'offerings of state' and concessions authorized by the Presidency of the Portuguese Republic. Copy includes the wooden furniture designed by the authors with the purpose of facilitating its reading and conservation.



Será sempre indispensável a vossa consulta e leitura atenta do catálogo para ajuizarem do seu conteúdo e tentarem descobrir uma obra que possa preencher alguma lacuna nas vossas bibliotecas.

Saudações bibliofilas.

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