sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Livraria Castro e Silva – Catalogo nº 129 / Rare Books Catalog





E continuando com a volta pelas “novidades”, que já foram, fica aqui a referência a mais um Catálogo desta prestigiada Livraria dirigida por Pedro Castro e Silva e localizada na Rua do Loreto, n.º 14 em Lisboa.

Destaco alguns dos itens do mesmo onde, e como já estamos habituados, o livro antigo tem sempre um lugar privilegiado.



9. BRASIL - LEMUS DE MESA, Manuel. ALEGATO PARA LA INSTANCIA DE MIL Y QUINIENTAS EN EL CONSEJO SUPREMO DEL REYNO de Portugal. HECHO POR EL DOCT. DON MANUEL DE LEMUS Messa, Procurador Fiscal de la sereníssima Casa de Aveyro, y Abogado de la Sala de Suplicacion. EN DEFENSA DEL EXCELENTISSIMO DUQUE DE AVEYRO, en el Juicio de reivindicacion, que sobre la Capitania de Puerto Seguro sigue CON LOS SEÑORES PROCURADORES REGIOS de dicho Reyno. S/L [Madrid?] S/d. [170?] In fólio de 28x20 cm. Com 47 pags. Brochado. Bela tarja tipográfica e gravura xilografica no frontispício. Espécimen raríssimo do maior interesse para a bibliografia brasílica desconhecido dos principais bibliógrafos. Não existe exemplar na B. N. P. Trata-se de uma alegação jurídica sobre o direito hereditário de uma capitania brasileira fundamentada em autores clássicos do direito português e espanhol “Porto Seguro. Nome dado por Pedro Alvares Cabral à enseada da Coroa Vermelha. A sua frota entrou neste porto a 24-IV-1500. Cidade do estado da Baia, no Brasil, na margem esquerda do rio Buranhém; foi sede de uma capitania durante a época colonial. Marqueses de Porto Seguro. Foi 1.º marquês deste titulo D. Afonso de Lencastre, filho segundo dos 3.º Duques de Aveiro. N. em Junho de 1597 e m. em 28-III-1654. Recebeu por doação de seus pais, a capitania de Porto Seguro, no Brasil. Em 1625 tomou parte como capitão de infantaria, na restauração da Baia, contra os Holandeses, e depois foi na expedição que socorreu Cádis contra os ingleses. Depois da Restauração permaneceu em Espanha, onde Filipe IV o cumulou de mercês. Visto não terem reconhecido D. João IV, ficando ao lado de D. Filipe IV. A representação caiu na casa dos duques de Abrantes e de Linhares.



24. ENCADERNAÇÃO ARTÍSTICA - CONCEIÇAM, Fr. Apollinario da. DEMONSTRAÇAM HISTORICA DA PRIMEIRA, E REAL PAROCHIA de Lisboa de que he singular Patrona, e Titular N.S. DOS MARTIRES. DEVEDIDA EM DOUS TOMOS, TOMO PRIMEIRO [e único publicado] EM QUE SE TRATA DA SUA ORIGEM, e antiguidade, e se mostra a sua Primasia, a respeito das mais paroquias da mesma Cidade. QUE ESCREVEO, … Religioso Capucho da Provincia do Rio de Janeiro. LISBOA: Na Officina de IGNACIO RODRIGUES. Anno de 1750. In 8º de 20,5x14,5 cm. Com [XXXVI] – 531 pags. Único tomo publicado.



Magnifica encadernação da época inteira de chagrin vermelho, fino carmim escuro, decoração a ouro de duas rodas com festões, quatro florões nos cantos das pastase rosácea ao centro. Lombada ricamente dourada. Corte das folhas brunido a ouro fino e cinzelado. Estimado e muito procurado. Exemplar que pertenceu a Oliveira Martins, com a sua pertença ao alto do frontispício. Curiosamente esta obra escapou ao conhecimento de Borba de Moraes, que descreve outras obras do autor. Samodães 820. “Estimada e pouco vulgar.” Inocêncio: I, 301. “FR. APOLLINARIO DA CONCEIÇÃO, Franciscano da provincia da Conceição do Rio de Janeiro, cujo habito vestiu a 3 de Septembro de 1711. Conservou se sempre no estado de leigo, sem querer receber a ordem sacerdotal: mas foi Procurador Geral, e Chronista da sua Provincia. N. em Lisboa a 23 de Julho de 1692, e parece que ainda vivia no Brasil em 1759. Demonstração historica da primeira e real Parochia de Lisboa de que é singular patrona N. Senhora dos Martyres. Tomo I, O tomo II não se publicou. Das numerosas obras d’este filho de S. Francisco é a Demonstração Historica a mais bem aceita e procurada. Eu tenho d’ella um exemplar comprado por 480 réis, mas sei, que alguns já foram vendidos a 600 e 720 réis; e tambem vi não ha muito tempo vender na feira do campo de S. Anna um por 120 réis, alias soffrivelmente conservado. O estylo e linguagem d’estas obras nem sempre são puros e correctos, como seria para desejar, e bem mostram que seu auctor escrevia de curiosidade, faltando lhe os estudos necessarios. Mas para resgatar este defeito offerecem muitas noticias locaes, e particularidades ás vezes interessantes. Pelo que não pode reputar se inutil a lição d’ellas, tanto para os portuguezes, como para os brasileiros com quem o auctor viveu por muitos annos.”



37. GRAVURA SEC. XVIII – BRASIL. FREZZA, Ieroniymus. Padre. José Anchieta, V. P. IOSEPH ANCHIETA SOC. IESV. Subs. Io. Ieroniymus Frezza inc. Sup. Licen. De 26x19 cm. de mancha gráfica. [IN Ernesto Soares, 165 –A] Jesuíta e notável missionário do Brasil. N. na Ilha de Tenerife em 1553 e F. em 1597. À esquerda, de pé, trajando roupeta de jesuíta e à sombra de uma árvore está o padre, que tem a seus pés quatro onças e um macaco. Do canto esquerdo raios de sol iluminam a paisagem. Sobre a água, voga um pequeno barco, transportando numerosas pessoas, sobre as quais adeja um grande bando de aves. Inferiormente lê-se: [Segundo o autor do Dicionário de Iconografia Portuguesa não se trata da gravura que saiu na obra de Simão de Vasconcelos Vida do P. Anchieta, Lisboa 1672. De 20,9x14,3 cm. de mancha gráfica]. Em 1942 foi adquirido um exemplar desta obra pelo Dr. Ivan Galvão, onde aparecia no princípio outra estampa gravada a delicado buril… Evidentemente que esta estampa não pode pertencer àquela edição, porquanto o gravador Frezza pertence ao século XVIII.” Raríssima gravura de que até agora, ainda não nos foi possível identificar se provém de um livro. Sendo a edição de 1672 muito rara e normalmente aparece sem o retrato, é possível que se tenha encomendado a presente gravura para inserir nos exemplares. Segundo José dos Santos, que apresenta um exemplar incompleto da obra de Simão de Vasconcelos no catálogo de Azevedo-Samodães: “os exemplares são muito raros”.



38. LAFITAU, Joseph François. HISTOIRE DES DÉCOUVERTES ET CONQUESTES DES PORTUGAIS Dans le Nouveau Monde, avec des Figures en taille-douce, Paris, Saugrain, MDCCXXXIII. [1733]. 2 vols. In-4º de 25x19 cm. com [vi], 616, [xlviii] e 693 [lxxxvi] pags. Encadernações da época inteiras de pele, com nervos, rótulos vermelhos e ferros a ouro nas lombadas. Corte das folhas carminada a vermelho.



Obra ilustrada com um frontispício gravado com uma magnífica vista de Lisboa, com a frota da Índia, fundeada no Tejo, assinado J. B. Scotin Sculp., vinhetas, capitulares, um mapa-mundo desdobrável e catorze gravuras alusivas aos descobrimentos e seus heróis, com plantas das cidades indianas. Primeira edição, a mais apreciada. Duarte de Sousa, 1, 456. “As grav. a talha doce são, na maior parte, plantas das seguintes terras: Ilha de Moçambique, Sofala, ilha e cidade de Goa, Mombaça, Quíloa, S. Jorge da Mina, Aden, ilha e cidade de Ormuz, Calecut, Diu, Malaca, Chaúl, Baçaim, Damão, Mangalor, Onor, Bracalor, etc. “

Aqui fica mais esta sugestão para leitura e consulta.



Na minha opinião, este Catálogo não destoa de modo algum das propostas já referidas e demonstra, pelo conjunto das suas obras, a importância da nossa bibliografia.

Saudações bibliófilas.


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