«L'ensemble de mon œuvre fera un jour un tout indivisible. [...]
Un livre multiple résumant un siècle, voilà ce que je laisserai derrière moi [...]»
Victor Hugo — Lettre du 9 décembre 1859
Retrato de Victor Hugo
por Léon Bonnat (1879)
Victor Marie Hugo nasceu em Besançon, no Doubs, a 26 de Fevereiro de 1802. Foi o terceiro filho de Joseph Léopold Sigisbert Hugo (1773‑1828), major que, mais tarde, se tornaria um general do exército napoleónico, e de Sophie Trébuchet (1772‑1821). Era o filho mais novo do casal, pois este já tinha outros dois filhos Abel Joseph Hugo (1798‑1855) e Eugène Hugo (1800‑1837).
Poeta, romancista e dramaturgo, é considerado o escritor romântico mais importante de França. As suas obras mais conhecidas são Notre-Dame de Paris (1831) e Les Misérables (1862).
O seu pai – Joseph Hugo – era um ateu republicano que considerava Napoleão um herói, enquanto sua mãe – Sophie Trébuchet – era uma radical católica defensora da Casa Real, que incita os seus irmãos mais velhos no ódio ao Imperador Napoleão Bonaparte. Admite-se que tenha sido amante do general Victor Fanneau de la Horie, que foi executado em 1812 por conspirar contra Napoleão.
A casa natal de Victor Hugo em Besançon
A infância de Victor Hugo ficou marcada pelas constantes viagens do pai, que era general de Napoleão no exército imperial. Foram tempos difíceis para Hugo, porque se sentia desenraizado, passava os seus dias entre Paris, Elba, Nápoles e Madrid, pelo que acabou por regressar a Paris com a mãe.
Cansada das constantes mudanças exigidas pela vida militar, e em litígio com o marido infiel, Sophie separou-se temporariamente de Joseph Léopold em 1803 e mudou-se para Paris.
A partir de então, dominou a educação e formação de Victor Hugo. Foram viver no convento abandonado das Feuillantines, que aparece com relevo na sua obra Les Misérables. Como resultado, os primeiros trabalhos de Hugo na poesia e ficção reflectem uma devoção apaixonada tanto pelo rei como pela fé. Só mais tarde, durante os eventos que levaram à Revolução de 1848, é que ele iria começar a rebelar-se contra esta educação católica e monárquica e começou a defender o republicanismo e o livre pensamento.
HUGO, Victor – Religions et Religion
Paris, Calmann Lévy, Ancienne Maison Michel Lévy frères, 1880. [Quantin imprimeur, Paris].
Edition originale.
1 volume in-8 (24 x 15,5 cm) de (6)-141-(1) pages.
Broché sous couverture saumon imprimée, marges ébarbées.
©L'amour qui bouquine ~ Librairie ancienne
Matriculou-se na Faculdade de Direito de Paris, onde consta que era um estudante pobre, e os estudos eram irregulares. Os seus interesses estavam muito para além do Direito. Começou a escrever versos e a fazer traduções.
Desde cedo, mostrou uma paixão pela escrita, especialmente a poesia e o drama. A partir de 1817 e nos anos seguintes, participou em concursos de poesia organizados pela Academia Francesa.
HUGO, Victor – Recueil de l'Académie des jeux floraux
Toulouse, M.-J. Dalles, 1818 et 1819. Deux tomes en 1 vol. in-8 de xvi et 77 pp. & lxxii et 93 pp. + table des deux années.
Editions originales très rares.
L'Académie de Toulouse était l'une des plus anciennes d'Europe et organisait dès 1324 un festival de poésie, dans le but de perpétuer les traditions du lyrisme courtois. En 1356 furent promulguées les “ Lys d'amour “, qui récompense chaque 3 mai les lauréats. Elle est considérée come la plus ancienne société littéraire du monde ocidental. Une nouvelle constitution transforme ce festival en véritable concours à partir de 1694, en instaurant un collège de quarante “ mainteneurs “, personnalités toulousaines qui, depuis, choisissent chaque 3 mai leurs lauréats. Avec de prestigieux aînés comme Ronsard, Baïf, Marmontel ou Voltaire (plus tard Vigny, Chateaubriand ou Mistral) le jeune Victor Hugo, âgé de 16 ans, qui rêve de devenir “ Chateaubriand ou rien “, soumet quatre poèmes et 1818 puis trois en 1819. Trois autres suivront en 1820, un en 1821 et 1822. Après une amarante d'or pour son ode "Les Vierges de Verdun" pour sa première participation, Victor Hugo, en course, sans la savoir, avec Lamartine, obtient un lys d'or, la plus haute distinction, pour Le Rétablissement de la statue de Henri IV. Détail amusant, Hugo sera enthousiasmé l'année suivante par les Méditations poétiques de Lamartine et leur consacrera un article du Conservateur littéraire, dans lequel, gardant l'anonymat, il exhorte son aîné de douze ans par un «Courage, jeune homme»! La suprême récompense du Lys d'or n'avait été décernée qu'une seule fois avant lui, en 1776. Depuis, elle n'a jamais été à nouveau distribuée. Superbe exemplaire, non rogné, quelques feuillets non coupés, relié sur sa brochure d'origine. Carteret, I, 384 : Escoffier, 278, “recueil très rare“.
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Em 1819 funda, com os seus irmãos, uma revista, o "Conservateur Littéraire" e no mesmo ano ganha o concurso da Académie des Jeux Floraux, instituição literária francesa fundada no século XIV.
Será também em 1819 que fica noivo de Adèle Foucher, uma amiga de infância, apesar dos ciúmes do seu irmão Eugène e contra os conselhos da sua mãe.
Em 1821, Hugo publicou o seu primeiro livro de poesias, Odes et poésies diverses, com o qual ganhou uma pensão de dois mil francos do rei Luís XVIII pela sua Ode sur la Mort du Duc de Berry. Um ano mais tarde publicaria seu primeiro romance, Han d'Islande (1822), que tem uma fraca aceitação.
Uma crítica de Charles Nodier, bem argumentada, conduz ao encontro dos dois escritores e gera uma amizade.
O Imperador Napoleão nos seus estudos nas Tulherias
Quadro a óleo de Jacques-Louis David.
Sophie Hugo, a mãe do romancista, morreu a 27 de Junho de 1821 – ano da morte de Napoleão Bonaparte. Estes dois acontecimentos marcarão o percurso de Victor Hugo, pois uma das suas referências – o mito napoleónico – desaparecera.
A 20 de Julho o seu pai volta a casar-se cm Catherine Thomas.
Em 12 de Outubro de 1822, casou-se com a sua amiga de infância, Adèle Foucher. Este casamento gerou o desgosto de seu irmão, Eugène, apaixonado por Adèle, que acabaria por se tornar num doente psiquiátrico, padecendo de esquizofrenia, e foi internado num hospício.
Do seu casamento com Adèle Foucher, nascida em 1803, tem cinco filhos:
Léopold (16 de Julho de1823 - 10 de Outubro de 1823);
Léopoldine (28 de Agosto de1824 - 4 de Setembro de 1843);
Charles (4 de Novembro de 1826 - 13 de Março de 1871);
François–Victor (28 de Outubro de 1828 - 26 de Dezembro de 1873);
Adèle (28 de Julho de 1830 - 21 de Abril de 1915), a única que sobreviverá ao seu ilustre pai, mas cujo estado mental lhe determinará longas estadias em casas de saúde.
Nesta época é visto como um autor bem-pensante, longe da boémia romântica, como o demonstrava o seu casamento aos 20 anos.
Os seus versos manifestam um ardente monarquismo, religiosidade e paixão política, manifestando já o seu culto por Napoleão.
No ano seguinte, com a morte do primeiro filho e o fracasso literário do livro Han d'Islande, que não agradou à crítica, interrompeu o período de estabilidade vivido até então.
HUGO, Victor - Bug-Jargal
Urbain-Canel, Pari, 1826, 10 x 15 cm.
Edition Originale parue anonymement.
Frontispice de Deveria gravé sur Chine.
Em 1824 escreveu uma nova colecção de versos, Nouvelles Odes, como uma espécie de manifesto literário do Romantismo, seguido do exótico romance Bug-Jargal (1826)
Em 1825 é nomeado Cavaleiro da Legião de Honra ao mesmo tempo que se torna líder de um grupo de jovens escritores criando o Cenáculo. Charles Nodier participará nas reuniões do Cenáculo na Bibliothèque de l'Arsenal, berço do romantismo, e que terão grande influência no seu desenvolvimento. Esta situação mantém-se entre 1827-1830, data em que Charles Nodier se torna crítico em relação à obra de Victor Hugo. Durante este período, estabelece uma melhor relação com o seu pai, que lhe inspirará os poemas: Odes à mon père e Après la bataille. Em 1828 este faleceu.
A publicação da terceira colectânea de poemas de Victor Hugo, intitulada Odes et Ballads, em 1826, marcou o início de um período de intensa criatividade.
HUGO, Victor – Cromwell. Drame
Paris, Ambroise Dupont, 1828. 14 X 22,5 cm.
(Colecção privada)
Embora não tenha sido um êxito teatral, o drama Cromwell (1827) teve um papel relevante como marco teórico, graças ao célebre prefácio, que continha observações sobre a dramaturgia. O prefácio é considerado o manifesto do movimento romântico na literatura francesa, nele o escritor fala da necessidade de romper com as amarras e restrições do formalismo clássico para poder então reflectir a extensão plena da natureza humana. Ainda neste prefácio, Hugo defende o drama moderno, com a coexistência do sublime e do grotesco. O sucesso do prefácio de Cromwell consolida a imagem de Hugo como a principal liderança do romantismo na França. Aos 26 anos de idade, o escritor desfrutava de uma situação material confortável e prestígio não apenas entre a juventude rebelde francesa, mas também entre a corte de Carlos X.
Victor Hugo (1828)
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O casal recebe muitas visitas e liga-se Sainte-Beuve, Lamartine, Mérimée, Musset, Delacroix. Adèle Hugo estabeleceu uma relação amorosa com Sainte-Beuve, que se desenvolve durante o ano de 1831.
De 1826 a 1837, a família permanece alguns períodos no Château des Roches em Bièvres, propriedade de Bertin l'Aîné, director do "Journal des débats". No decurso destas estadias, Hugo encontra Berlioz, Chateaubriand, Liszt, Giacomo Meyerbeer e escreve poesias coligidas em Feuilles d'automne (1831).
Neste período integrou-se no romantismo e transformou-se no verdadeiro porta-voz deste movimento. A residência de Hugo tornou-se no ponto de encontro de escritores românticos entre os quais Alfred de Vigny e o crítico literário Charles Augustin Sainte-Beuve
HUGO, Victor – Les Orientales.
Paris, Charles Gosselin, libraire, Hector Bossange, libraire, 1829.
(Imprimerie de Paul Renouard).
Seconde édition et première édition in-16 avec une préface inédite.
Septième édition (mention fictive).
1 volume in-16 (15,5 x 10 cm) de 1 feuillet de faux-titre avec la liste des ouvrages de M. Victor Hugo au verso, 1 frontispice "Clair de lune" tiré sur Chine (C. Cousin sc. d'après Louis Boulanger), 1 feuillet de titre avec une vignette gravée sur bois, iv pages de préface de février 1829, xvii pages de la préface de janvier 1829, 368 pages chiffrées.
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O vigor dos seus poemas está patente nos poemas da obra Les Orientales (1829), colecção de poesias que contém algumas das mais impressivas proezas de arte métrica da literatura mundial e onde Hugo demonstra também o gosto pelo pitoresco e pelo Oriente. A poesia traduz a simpatia pela Idade Média, uma das características do Romantismo. A partir de uma concepção histórica da poesia estabelece uma teoria segundo a qual o drama marca a vida.
A primeira obra madura de ficção do autor francês apareceu em 1829, e reflectia a aguda consciência social que permearia sua obra posterior. Le Dernier jour d'un condamné, que teria profunda influência sobre autores posteriores como Albert Camus, Charles Dickens e Fiódor Dostoiévski.
Claude Gueux (1834), uma história documental sobre a execução de um assassino francês, foi considerada mais tarde pelo próprio autor como precursora de sua obra principal sobre a injustiça social Les Misérables.
Estes dois pequenos romances manifestam a sua preocupação contra a pena de morte.
HUGO, Victor - Marion De Lorme (Drame en 5 actes et en vers)
Renduel, Paris 1831, 14 X 22 cm.
Edition originale.
Fiel a esta teoria, Victor Hugo escreveu Marion Delorme (1829) e Hernani (1830), desencadeando assim uma batalha contra os últimos redutos do Classicismo.
A censura recai sobre sua obra, Marion Delorme, peça teatral com base na vida de uma cortesã francesa do século XVII, por esta obra ter sido considerada muito liberal, e também devido ao facto dos censores terem interpretado a peça como uma crítica à Carlos X, o que fez com que a produção daquela que seria sua primeira peça a ser interpretada fosse cancelada.
HUGO, Victor – Hernani ou L’Honneur Castillan
Paris, Mame et Delauney-Vallée, 1830.
Edition originale.
1 vol. (210 x 137 mm) de 2 ff., viii, 154 pp., 12 pp. de prospectus, broché.
Edition originale, premier tirage avec toutes les caractéristiques et les fautes. Quand la presse prophétise juste... Deux jours avant la première d'Hernani, on pouvait lire dans le Journal des débats que la pièce serait sans doute choisie comme "champ de bataille" : d'un côté, les classiques, outré du ton libéral de l'oeuvre, de l'autre, la jeunesse houleuse qui défendait, autour de Victor Hugo, la liberté de l'Art. On vint de Rouen, Angers, Dijon ou Lille pour supporter Hugo qui, dan son appartement, distribuait des laisser-passer à ces troupes de renfort. Le 25 février 1830, jour de la première, fut à la hauteur des prédictions : les acteurs jouèrent au milieu du désordre, des bagarres et des sifflets. Mais le succès égala le tumulte. Avant même la fin de la représentation, l'auteur vendit son manuscrit à l'éditeur Mame et l'on porta la pièce en ovation jusqu'à son domicile : la bataille d'Hernani était gagnée. La pièce fut jouée ensuite - toujours sous les huées - à quarante-cinq reprises au Théâtre français et fit carrière - les tournées pour des pièces contemporaines sont rarissimes à l'épouqe - en Italie et en Espagne. Bel exemplaire. Exemplaire complet de 12 pp. de prospectus. Carteret I, 399 ; Vicaire, IV, 251 ; En français dans le texte, n° 244 ; Clouzot 144: "peu commun et tres recherché".
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Em 1830 estreia Hernani ou L’Honneur Castillan. A sua primeira obra teatral, que representa o fim do classicismo e expressa as novas aspirações da juventude. Esta peça, que exalta o herói romântico em luta contra a sociedade, divide opiniões, agradando os jovens e desagradando aos mais velhos, o que desencadeia uma disputa de público que contribui para a consagração de Hugo como líder romântico. A peça obteve grande sucesso. A disputa entre opiniões gerada por Hernani obteve proporções além do teatro, apoiantes e opositores travam brigas e discussões por toda a França.
Esta disputa literária entre antigos e modernos (clássicos e românticos), e dentre estes últimos destaque-se Théophile Gautier, entusiamam-se com esta obra. Combate que permanecerá na história literária sob o nome de «bataille d'Hernani».
Após o nascimento de mais uma filha, também no ano de 1830, que recebeu o nome da mãe, a sua esposa recusa-se a ter mais filhos e concedeu ao marido liberdade para fazer a sua própria vida em Paris, desde que não a aborrecesse. Tal facto, fez com que Hugo se entregasse à libertinagem, ligando-se indistintamente a actrizes, aristocratas e humildes costureiras, mas contudo, ele nunca se separou de Adèle.
HUGO, Victor – Notre-Dame de Paris.
Apontamentos sobre a edição original de Notre Dame de Paris:
Editions originales :
La première édition – mise en vente le 16 mars 1831 – se transformera en 2°, 3° et 4° "éditions" fictives
Notre-Dame de Paris – Paris : Charles Gosselin (imprimerie de Cosson), 1831, 2 vol. in-8° de 2ff.-404 et 2 ff. 536 pp.
La "cinquième édition" – en fait, la seconde - déclarée le 9 avril 1831 – et 6° fictive: Notre-Dame de Paris. 5° édition – Paris : Charles Gosselin (impr. de Cosson), 1831, 4 vol. in-12 de VI-322, II-226-II-288 pp.
La huitième édition (en fait la troisième et l'originale complète), mise en vente le 17 décembre 1832, est complétée de trois chapitres :
Notre-Dame de Paris. 8° édition – Paris : Eugène Renduel (Impr. de Plassan), "Œuvres, de Victor Hugo. Roman. 3/4/5", 1832, 3 vol. In-8° de 378, 442 et 358 pp.
Em 1831 publica Notre-Dame de Paris, onde aproveita, não apenas como pano de fundo mas também como personagem viva, a cidade de Paris. Considerado o maior romance histórico de Victor Hugo, o livro definiu a forma de exploração ficcional do passado que marcou o romantismo francês. O livro narra a história do amor altruísta do deformado sineiro da Catedral de Notre Dame, Quasímodo, pela bailarina cigana Esmeralda. Com um estilo realista, especialmente nas descrições de Paris medieval e do seu submundo, o enredo é melodramático, com muitas reviravoltas irónicas. Foi um sucesso imediato e fez de Hugo o mais famoso escritor que vivia na Europa.
HUGO, Victor – Les Chants du Crépuscule. Œuvres Complètes de Victor Hugo. Poésie V.
Paris, Eugène Renduel, 1835. [Imprimerie et fonderie d'Everat].
Édition originale.
1 volume in-8 (23,5 x 15 cm) de XVIII-(1)-334-(1) pages.
La dernière page chiffrée est mal chiffrée 354 au lieu de 334.
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HUGO, Victor – Œuvres de Victor Hugo – Poésie. VI. Les Voix Intérieures
Paris, Eugène Renduel, 1837. De l'imprimerie de Terzuelo.
Edition originale.
1 volume in-8 (22,5 x 14 cm) de XIV-(2)-320-(8) pages.
Broché, couvertures jaunes imprimées, non rogné.
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De 1830 à 1843, Victor Hugo dedica-se quase exclusivamente ao teatro, mas publicou várias colectâneas de poesia : Les Feuilles d'automne (1831), Les Chants du crépuscule (1835), Les Voix intérieures (1837) e Les Rayons et les Ombres (1840), que revelam uma evolução para uma sinceridade mais recolhida e uma poesia motivada pelo desgosto causado pela infidelidade da esposa.
No ano de 1832 Hugo mudou-se para um apartamento instalado na Praça de Vosges, no bairro Le Marais, onde morou até 1848, aqui foi visitado por escritores como Honoré de Balzac, Alfred de Musset, Alexandre Dumas e o compositor Franz Liszt.
Para o teatro escreveu Le Roi s'amuse (1832), peça baseada na vida amorosa do rei Francisco I da França. Le Roi S'Amuse também foi objecto da censura, acusado de expor a figura régia ao ridículo
Esta peça. Inicialmente interdita, mereceu de Victor Hugo o prefácio seguinte, na sua edição original de 1832 (Paris, Librairie d'Eugène Renduel) que começa deste modo: «L'apparition de ce drame au théâtre a donné lieu à un acte ministériel inouï. Le lendemain de la première représentation, l'auteur reçut de M. Jouslin de la Salle, directeur de la Scène au Théâtre-Français, le billet suivant, dont il conserve précieusement l'original : « Il est dix heures et demie et je reçois à l'instant l'ordre de suspendre les représentations du Roi s'amuse. C'est M. Taylor qui me communique cet ordre de la part du ministre. Ce 23 novembre ». Trois jours plus tard (26 novembre), Victor Hugo adressera la lettre suivante au rédacteur en chef du journal Le National : « Monsieur, Je suis averti qu'une partie de la généreuse jeunesse des écoles et des ateliers a le projet de se rendre ce soir ou demain au Théâtre français pour y réclamer le Roi s'amuse et pour protester hautement contre l'acte d'arbitraire inouï dont cet ouvrage est frappé. Je crois, Monsieur, qu'il est d'autres moyens d'arriver au châtiment de cette mesure illégale, je les emploierai. Permettez-moi donc d'emprunter dans cette occasion l'organe de votre journal pour supplier les amis de la liberté de l'art et de la pensée de s'abstenir d'une démonstration violente qui aboutirait peut-être à l'émeute que le gouvernement cherche à se procurer depuis si longtemps. Agréez, Monsieur, l'assurance de ma considération distinguée. Victor Hugo 26 novembre 1832»
Victor Hugo passara de uma postura inicialmente conservadora para um liberalismo reformista que se reflectia nas suas posições públicas e na sua obra.
Retrato de Juliette Doruet
Pintura de Charles-Émile-Callande de Champmartin.
Em 1833, Hugo passou a ter um relacionamento amoroso com a actriz Juliette Drouet, que actuou nas suas duas peças que estrearam naquele ano, Lucrécia Borgia e Marie Tudor.
Conheceram-se na fase em que Hugo estava abalado, pois descobrira que sua esposa o havia traído. Juliette interpretava o papel da Princesa Negroni em Lucrécia Borgia, exactamente quinze dias após a estreia da peça, em 16 de Fevereiro de 1833, Juliette tornou-se sua amante. Hugo instalou Juliette numa casa isolada no Les Metz, um lugarejo próximo da casa onde ele morava com sua família. Quase todos os dias eles se encontravam, o ponto de encontro era uma árvore oca num bosque, no tronco desta árvore Juliette usava para deixar as suas mensagens para Hugo e este deixava as suas cartas e poemas lá. O romance teve momentos turbulentos devido a problemas financeiros, pois Juliette contraiu muitas dívidas com credores, mas apesar de tudo, o amor conseguiu resistir às discussões e brigas.
Escreverá ainda Angelo, tyran de Padoue (1835).
HUGO, Victor – Angelo, tyran de Padoue, drame, par Victor Hugo.
Représenté pour la première fois, à Paris, sur le Théâtre Français, le 15 avril 1835.
Bruxelles, Jouhaud, 1835.
[Bruxelles, Au Magasin Théatral, Aug. Jouhaud, Éditeur-Imprimeur, Passage de la Comédie, N° 9 ;
Et Rue de Pachéco, Son. 6, N° 33. 1835.]
In-12 (83 ´ 124 mm.) broché, 106 p.
Édition publiée la même année que l’originale.
L’éditeur bruxellois Auguste Jouhaud édita cette pièce dans sa collection Le Répertoire populaire de la scène française qui, de 1831 à 1837, proposa des volumes à 10, 30 ou 50 centimes.
Em Fevereiro de 1837 morreu o seu irmão Eugène, em consequência da doença psicológica que o afectou desde o casamento de Hugo, Eugène nunca mais voltou à razão, a doença enfraqueceu-o e por fim o levou à morte.
Este também foi ano em que o rei Luís Filipe I lhe conferiu o grau de oficial da Legião de Honra, e os duques de Orléans enviaram-lhe um quadro de Inês de Castro, pintado por Saint-Évre, na extremidade superior da moldura havia a seguinte inscrição: "O duque e a duquesa de Orleans ao Sr. Victor Hugo, 27 de Junho 1837".
HUGO, Victor – Les Rayons et Les Ombres. Œuvres Complètes de Victor Hugo. Poésies VII. Paris, Delloye, Libraire, 1840. [Paris, imprimé par Béthune et Plon].
Edition originale.
1 volume in-8 (233 x 150 mm) de (4)-XIII-(2)-389 pages.
©L'amour qui bouquine ~ Librairie ancienne
Retoma os grandes temas do lirismo como a infância, o amor ou a natureza em Les Rayons et les Ombres (1840).
Falta uma sala para a representação dos dramas novos, Victor Hugo, decide então com Alexandre Dumas, criar uma sala dedicada ao drama romântico. Aténor Joly recebe por despacho ministerial, o privilégio autoriando a criação do Théâtre de la Renaissance em 1836,onde será encenado, em 1838, Ruy Blas.
Com Les Burgraves (1843) termina a sua produção dramática.
Ainda que bem aceites pelos seus admiradores, as suas peças são frequent6emente assobiadas por um público pouco sensibilizado para o drama romântico.
HUGO, Victor – Les Burgraves, Trilogie
Paris, E. Michaud Editeur 1843. In 8º. XXXII -191 pages.
Edition originale.
Victor Hugo entrou para a Académie Française em 1841, depois de três tentativas infrutíferas, devidas essencialmente à oposição de um grupo de académicos liderados por Étienne de Jouy, que se opunham ao Romantismo e o combatiam ferozmente.
Educado por sua mãe no espírito da monarquia, acaba por se convencer, pouco a pouco, do interesse da democracia ("Cresci", escreve num poema onde se justifica). A sua ideia é que "onde o conhecimento está apenas num homem, a monarquia se impõe." "Onde está num grupo de homens, deve fazer lugar à aristocracia. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então vem o tempo da democracia".
A 4 de Setembro de 1843, Léopoldine morre tragicamente, em Villequier, num naufrágio do barco em que ia com o seu marido Charles Vacquerie. Hugo encontrava-se nos Pirenéus com a sua amante Juliette Drouet onde tomou conhecimento da morte da filha pelas notícias nos jornais. Ficou terrivelmente afectado por esta morte. O pai enlutado confia ao diário o seu destino, em versos reunidos mais tarde em Les Contemplations (1856), dos quais se destaca «Demain, dès l'aube…».
HUGO, Victor – Les Contemplations
Bruxelles, Alphonse Lebègue et Cie, 1856 (imprimerie Lelong à Bruxelles).
2 vol. (155 x 112 mm) de 2 ff., III-359 pp.; 2 ff., et 408 pp.
Edition originale.
©Sotheby’s
Edition originale, parue simultanément à l'édition parisienne. L'existence humaine "sortant de l'énigme du berceau et aboutissant à l'énigme du cercueil", tel est le sujet de ce chef-d'oeuvre de la maturité dans lequel, en accord avec l'auteur " On ne s'étonnera donc pas de voir, nuance à nuance, ces deux volumes s'assombrir pour arriver cependant à l'azur d'une vie meilleure. La joie, cette fleur rapide de la jeunesse, s'effeuille page à page dans le tome premier, qui est l'espérance, et disparaît dans le tome second, qui est le deuil. Quel deuil? Le vrai, l'unique : la mort ; la perte des êtres chers. Nous venons de le dire, c'est une âme qui se raconte dans ces deux volumes. Autrefois, Aujourd'hui. Un abîme les sépare, le tombeau". Très joli exemplaire, finement relié et parfaitement établi. De la bibliothèque Henry Bradley Martin, avec ex-libris. Carteret, I, 415.
©Librairie Walden
A partir desta data e até ao seu exílio, Victor Hugo não produzirá nada, nem romance nem poema. Muitos viam na morte de Léopoldine e no fracasso de Burgraves uma razão para o desinteresse de Victor para a criação literária, enquanto outros justificavam na sua atracção pela política, que lhe oferecia uma outra tribuna, a razão desta atitude.
Torna-se confidente do rei Louis-Philippe em 1844. Em 1845 foi nomeado para a Câmara dos Pares.
No seu primeiro discurso, defende a Polónia espartilhada entre vários países e, em 1847, defende o direito ao regresso de vários exilados, dentre os quais Jérôme Napoleon Bonaparte.
Tornou-se favorável a uma democracia liberal e humanitária. No início da Revolução de 1848, é nomeado “maire du 8ème arrondissement” de Paris, é eleito deputado da Segunda República em 1848, com assento entre os conservadores.
Enquanto liberal e humanitarista tende progressivamente para a República e para o anticlericalismo. Sentia-se atraído inicialmente por Louis-Napoléon, de quem chega a apoiar a candidatura a presidência, e que será eleito em Dezembro desse ano, mas desilude-se com o governo e passa para a oposição.
Caricatura de Victor Hugo no ponto máximo de sua carreira política
por Honoré Daumier (1849)
É eleito, em 1849, para a Assembleia Legislativa, e pronuncia o seu Discours sur la misère. Rompe com Louis-Napoléon Bonaparte, quando este defende o regresso do Papa a Roma e bate-se progressivamente com os seus antigos amigos políticos dos quais reprova a política reaccionária.
A partir de 1849, Victor Hugo dedica um quarto da sua obra à política, um quarto à religião e outro à Filosofia humana e social. Se o pensamento de Victor Hugo pode parecer complexo e às vezes contraditório, não se pode dizer que seja monoteísta.
Sempre um reformista, envolve-se na política durante toda a sua vida. Mas se critica as misérias sociais, não adopta o discurso socialista da luta de classes. Pelo contrário, ele próprio viveu uma vida financeiramente confortável, construída com seus próprios esforços, tornando-se um dos escritores mais bem remunerados de sua época. Acreditava no direito do homem usufruir dos frutos do seu trabalho, embora reforçasse a responsabilidade que acompanha o enriquecimento pessoal. Desse modo, sempre buscou prosperar enquanto doava uma parte significativa de sua renda para diferentes obras de caridades.
Imperador Napoleão III
Óleo sobre tela de Franz Xaver Winterhalter
Na noite do golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851, com cerca de sessenta representantes, redige um apelo à resistência armada.
Ele também se opôs à violência quando ela se aplicava contra um poder democrático, mas a justificava (conforme à Declaração dos direitos do homem e do cidadão), contra um poder ilegítimo. É assim que, em 1851, lançou um apelo à luta - "carregar seu fuzil e ficar preparado" - que não é seguido.
Perseguido, consegue passar para a Bélgica a 14 de Dezembro. E o início dum longo exílio.
Manterá esta posição até 1870, quando começou a Guerra Franco-Prussiana; que condenou por ser uma "guerra de capricho" e não de liberdade.
HUGO, Victor – Actes et Paroles – Avant l’Exil 1841-1851.
Paris, Michel Levy frères, 1875. [J. Claye imprimeur, Paris].
Edition originale.
1 volume in-8 (25,5 x 19,5 cm) de (6)-XLVIII-516 pages.
Broché sous couvertures saumon imprimées de l'éditeur, tel que paru, à toutes marges non rognées.
©L'amour qui bouquine ~ Librairie ancienne
Exila-se após o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851, que condena vigorosamente por razões morais em Napoléon le petit, panfleto publicado em 1852, Histoire d'un crime, no dia seguinte ao golpe de Estado, mas que só será publicado 25 anos mais tarde: a 1ª parte (1877) e a 2ª parte (1878) e em Les Châtiments.
Durante o Segundo Império, em oposição a Napoleão III, vive em exílio, primeiro em Bruxelas, depois em Jersey e finalmente em Guernesey, no ano de 1855, de onde só regressará em 1870.
A recordação dolorosa da sua filha Léopoldine – bem como a sua curiosidade – leva-o a tentar experiências de espiritismo que registará em Les Tables tournantes de Jersey.
É um dos únicos proscritos a recusar a amnistia decidida algum tempo depois: «Et s'il n'en reste qu'un, je serai celui-là».
Victor Hugo lisant devant un mur de pierre, par Auguste Vacquerie 1853 (?)
© Musée d'Orsay, Paris
Estes anos difíceis são muito produtivos. Publicará Les Châtiments (1853), obra em verso que tem por tema o Segundo Impèrio; Les Contemplations, poesias (1856); La Légende des siècles (1859), e ainda Les Misérables, romance (1862). Presta homenagem ao povo de Guernesey no seu romance Les Travailleurs de la mer (1866).
HUGO, Victor - La légende des siècles
Paris, Michel Lévy frères, Hetzel et Cie, 1859.
15 x 23 cm, 2 tomes reliés, COMPLET.
Edition Originale.
Vai transportar uma visão dramática e humanista para o romance Les Misérables (1862), obra que muito impressionou a imaginação popular, pelo tom de aventura e lirismo de certas personagens.
HUGO, Victor – Les Misérables
Paris, Pagnerre, 1862. Dix tomes en 5 vol. (230 x 150 mm).
Édition originale.
Carteret, Vicaire (et plus prudemment Clouzot, qui indique que «l'édition belge a paru quelques jours peut-être avant la française») donnent comme édition originale l'édition parisienne, mais il faut probablement accorder à la composition de l'édition belge quatre ou cinq jours d'avance - sans que cela ne prouve en vérité qu'elle fut publiée, c'est-à-dire mise en vente, avant l'édition parisienne, qui semble avoir eu lieu le même jour : le 3 avril 1862, où les deux premiers tomes, "Fantine", sont mis en vente. Les files d'attente encombrent la rue de Seine, où se trouve l'éditeur Pagnerre, et plusieurs milliers d'exemplaires trouvent lecteur ce jour là. L'édition est épuisée dès le 10 avril. "Cosette" et "Marius" paraissent en même temps à Bruxelles et à Paris encore, le 15 mai ; "l'Idylle..." , "l'Epopée" et "Jean Valjean", le 30 juin. Le roman connaît un succès inouï, qui inquiète jusqu'au ministère de l'Intérieur où la forme des "Misérables" y est reconnue « sublime et triviale » et le fonds «emprunté aux doctrines les plus anti-sociales». Bel ensemble en reliure uniforme, aux bonnes dates et sans aucune mention d'édition, comme il se doit (le tirage fut fractionné en plusieurs tranches, avec mention successives d'édition ; "seule la première, ne portant pas de mention, est recherchée" (Clouzot)
©Librairie Walden
Les Misérables trás claramente a filosofia política de Victor Hugo. É um mundo onde há cooperação - e não luta - entre as classes; onde o empreendedor desempenha uma função essencialmente benéfica para todos; onde o trabalho é a via principal de aprimoramento pessoal e social; onde a intervenção estatal por motivos moralistas - seja do policial ou do revolucionário obcecado pela justiça terrena - é um dos principais riscos para o bem de todos que será gerado espontaneamente pelos indivíduos privados.
É nesta fase que publica Les travailleurs de la mer (1866), L'Homme qui rit (1869) e Quatre-Vingt-Treize (1874).
Victor Hugo afastou-se dos temas políticos e sociais no seu romance, Les Travailleurs de la Mer, publicado em 1866. Mas ainda assim, o livro foi bem recebido, talvez devido ao sucesso prévio de Les Misérables.
Dedicado à ilha de Guernsey, localizada no Canal da Mancha e na qual o escritor passou 15 anos de exílio. A descrição de Hugo da batalha do homem contra o mar e as criaturas que nele habitam tornou conhecido um prato incomum em Paris: Lulas. A palavra utilizada em Guernsey para se referir ao animal (pieuvre) foi incorporada ao léxico francês.
HUGO, Victor - Les Travailleurs de la mer
Paris, Bruxelles, Leipzig & Livourne, Librairie Internationale A. Lacroix & Cie, 1866.
14,5 x 23 cm, 3 tomes reliés, complet.
Edition Originale.
Na sua obra seguinte, Hugo retornou aos temas políticos sociais. L'Homme Qui Rit (1869) traçou um retrato crítico da aristocracia. Contudo, o livro não foi bem recebida como os seus trabalhos anteriores, e o próprio escritor passou a comentar sobre a crescente distância entre sua obra e a de seus contemporâneos, como Gustave Flaubert e Émile Zola, cujas novelas realistas e naturalistas ganhavam popularidade.
HUGO, Victor - Quatre-vingt-treize
Lévy, Paris 1874, 15 X 23,5 cm, brochés, 3 tomes, COMPLET.
Couvertures bleues.
Edition originale.
Mention d'éditions fictives (neuvième), comme sur tous les exemplaires.
O seu último romance, Quatre-vingt-treize , publicado em 1874, abordava um tema até então evitado por Victor Hugo: o reinado do terror, durante a Revolução Francesa. Embora a popularidade do escritor francês estivesse em declínio quando da sua publicação, muitos consideram hoje Quatre-vingt-treize uma obra à altura das mais famosas de Victor Hugo.
HUGO, Victor – L’Année Terrible.
Paris, Michel Lévy, 1872.
[Paris. - J. Claye, imprimeur, 7, rue St-Benoit.]
Edition originale.
1 volume in-8 (24,5 x 16 cm) de (8)-427 pages.
Broché, sous couverture beige imprimée de l'éditeur.
©L'amour qui bouquine ~ Librairie ancienne
O Império acaba por ser deposto, mas a guerra continua, desta vez contra a República. O argumento de Hugo em favor da fraternização resta, ainda, sem resposta. É assim que, em 17 de Setembro, publica uma chamada ao levantamento das massas e à resistência. Os republicanos moderados ficam horrorizados: preferem Bismarck aos "socialistas"! A população de Paris, no entanto, mobiliza-se e lê avidamente Les Châtiments.
HUGO, Victor – Les Châtiments. Nouvelle édition illustrée.
Paris, Eugène Hugues, Editeur, rue Thérèse, 8, s.d. (1884).
Paris, Typographie A. Quantin, rue St-Benoit, 7.
1 volume grand in-8 (28,7 x 20 cm) de (10)-335 pages.
Broché, couverture saumon illustrée (vignette sur le premier plat).
Réclame pour l’édition Hugues des Œuvres de Victor Hugo (détails). Non rogné.
Exemplaire sur papier de chine.
L’édition définitive de ce texte a paru en 1880.
L’édition Hugues de 1884 a paru en 43 livraisons. Il a été tiré 60 ex. sur papier teinté, 50 ex. sur papier de Chine (publié à 50 francs) et 5 exemplaires sur papier du Japon.
(Colecção privada)
Regressa a Paris com a República e é eleito deputado da Assembleia Nacional em 1871, mas, traído nas suas antigas ideias e desgostoso, demite-se, abandonando a vida pública.
HUGO, Victor – Actes et Paroles – Pendant l’Exil 1852-1870.
Paris, Michel Levy frères, 1875.
[J. Claye imprimeur, Paris].
Edition originale.
1 volume in-8 (25,5 x 19,5 cm) de (6)-XLVIII-472 pages.
Broché sous couvertures saumon imprimées de l'éditeur,
tel que paru, à toutes marges non rognées.
©L'amour qui bouquine ~ Librairie ancienne
Como já se disse, opôs-se à violência quando ela se aplicava contra um poder democrático, mas a justificava (conforme à Declaração dos direitos do homem e do cidadão), contra um poder ilegítimo. É assim que, em 1851, lançou mesmo um apelo à luta que não foi seguido. Manterá esta posição até 1870, quando começou a Guerra Franco-Prussiana.
Coerente, Hugo não podia ser comunista: "O significado da Comuna é imenso, ela poderia fazer grandes coisas, mas na verdade faz somente pequenas coisas. E pequenas coisas que são odiosas, é lamentável. Compreendam-me: sou um homem de revolução. Aceito, assim, as grandes necessidades, mas somente sob uma condição: que sejam a confirmação dos princípios e não o seu desrespeito. Todo o meu pensamento oscila entre dois pólos: civilização / revolução ". " A construção de uma sociedade igualitária só será possível se for consequência de uma recomposição da sociedade liberal."
No entanto, diante da repressão que se abateu sobre os comunistas, o poeta declarou o seu desgosto: "Alguns bandidos mataram 64 reféns. Replica-se matando 6000 prisioneiros!".
Denunciando até o fim a segregação social, Hugo declarou durante a última reunião pública que presidiu: "A questão social perdura. Ela é terrível, mas é simples: é a questão dos que têm e dos que não têm!". Tratava-se precisamente de recolher fundos para permitir a 126 delegados operários a viagem ao primeiro Congresso socialista da França, em Marselha.
HUGO, Victor - Choses Vues
Chez Hetzel et Quantin, Paris 1887, 14 cm x 23,5 cm, relié.
Edition originale.
Mention de deuxième édition.
Victor Hugo, no entanto, nunca aceitou o discurso socialista. Ele acreditava que uma sociedade aberta encontraria soluções para seus problemas. Mais que isso, ele era contra políticas de redistribuição de riquezas, pois o efeito dessas seria desincentivar a produção, fazendo com que toda a sociedade caminhasse para trás. Caso fosse permitida a liberdade de comércio, por outro lado, e caso se tolerasse algum grau de desigualdade social, o resultado seria o progresso geral de todos, beneficiando inclusive os membros mais pobres da sociedade.
"O comunismo e o agrarianismo acreditam que resolveram este segundo problema [da distribuição de renda], mas estão enganados: a distribuição destrói a produtividade. A repartição em partes iguais mata a ambição e, por consequência, o trabalho. É uma distribuição de açougueiros, que mata aquilo que reparte. Portanto, é impossível tomar essas pretensas soluções como princípio. Destruir riqueza não é distribuí-la".
Morreu em 22 de Maio de 1885.
De acordo com seu último desejo, o seu corpo foi depositado num caixão humilde que é enterrado no Panthéon.
Cerimónias fúnebres de Victor Hugo
A obra de Victor Hugo, discutida, exaltada ou censurada, marcou profundamente toda a literatura do século XIX.
Objecto de acesas polémicas no seu tempo, a obra de Victor Hugo acabou por influenciar a literatura de muitos países, entre os quais Portugal, onde marcou escritores como Mendes Leal, Lopes de Mendonça, Guerra Junqueiro, Eça de Queirós, entre muitos outros.
La Liseuse
por Charles Louis Gratia (1815-1911)
A obra de Victor Hugo pode ser dividida em três fases.
Na primeira fase escreve os romances: Han d'Islandie, Bug-Jargal, Le Dernier Jour d'un condamné, Notre-Dame de Paris e Claude Gueux.
A segunda fase escreveu: Les Misérables e Les Travailleurs de la mer.
A terceira fase pertencem: L'Homme qui rit e Quatre-vingt-Treize.
Os textos de história, política e viagens são essencialmente: Le Rhin, Choses vues e Paris, Actes et Paroles e Histoire d'un crime.
A poética da obra em prosa inscreve-se num espaço a quatro dimensões: romanesca, de viagem, política e de reflexão sobre a sua inspiração pessoal.
Como complemento destes apontamentos, proponho a leitura do capítulo referente a Victor Hugo, páginas 41-45, em La Littérature Française du Siècle Romantique de Verdun L. Saulnier. (formato Digibook – 2008 /Livre électronique en mode image)
La Littérature Française du Siècle Romantique de Verdun L. Saulnier
SAULNIER, Verdun L. – La Littérature Française du Siècle Romantique. Paris, Presses Universitaires de France, 1955. 4ª edição. Colecção « que sais-je ? » (direcção de Paul Angoulvent) n.º 156. 135 [2] pág. Brochado. Capa mole. (1)
Esta colecção – ”que sais-je?” – teve um grande impacto cultural, no nosso país, nos anos 60-70 e, como tal faz parte do meu “universo cultural”.
Este livro fez-me descobrir alguns dos escritores franceses da minha preferência.
Apesar de um pouco extenso, este artigo homenageia um dos grandes escritores franceses que se tornou património de todos nós. Pecará por conter muitas lacunas, mas julgo ter delineado o essencial sobre um personagem tão fascinante e multifacetado, que teve vários percursos e incursões por outras posturas ao longo da sua vida.
Saudações bibliófilas.
Bibliografia:
Inez de Castro (1819/1820 ?)
Odes et Poésies Diverses (1822)
Han d'Islande (1823)
Nouvelles Odes (1824)
Bug-Jargal (1826)
Bug-Jargal (1826)
Odes et Ballades (1826)
Cromwell (1827)
Les Orientales (1829)
Le Dernier jour d'un condamné (1829)
Hernani (1830)
Notre-Dame de Paris (1831)
Marion Delorme (1831)
Les Feuilles d'automne (1831)
Le Roi s'amuse (1832)
Lucrèce Borgia (1833)
Marie Tudor (1833)
Étude sur Mirabeau (1834)
Littérature et philosophie mêlées (1834)
Claude Gueux (1834)
Angelo (1835)
Les Chants du crépuscule (1835)
Les Voix intérieures (1837)
Ruy Blas (1838)
Les Rayons et les ombres (1840)
Le Rhin (1842)
Les Burgraves (1843)
Napoléon le Petit (1852)
Les Châtiments (1853)
Lettres à Louis Bonaparte (1855)
Les Contemplations (1856)
La Légende des siècles (1859)
Les Misérables (1862)
William Shakespeare (1864)
Les Chansons des rues et des bois (1865)
Les Travailleurs de la Mer (1866)
Paris-Guide (1867)
L'Homme qui rit (1869)
L'Année terrible (1872)
Quatrevingt-treize (1874)
Mes Fils (1874)
Actes et paroles - Avant l'exil (1875)
Actes et paroles - Pendant l'exil (1875)
Actes et paroles - Depuis l'exil (1876)
La Légende des Siècles 2e série (1877)
L'Art d'être grand-père (1877)
Histoire d'un crime - 1re partie (1877)
Histoire d'un crime - 2e partie (1878)
Le Pape (1878)
Vie ou de Mort (1875)
Religions et religion (1880)
L'Âne (1880)
Les Quatre vents de l'esprit (1881)
Torquemada (1882)
La Légende des siècles - Tome III (1883)
L'Archipel de la Manche (1883)
Œuvres posthumes
Théâtre en liberté (1886)
La fin de Satan (1886)
Choses vues - 1re série (1887)
Toute la lyre (1888)
Alpes et Pyrénées (1890)
Dieu (1891)
France et Belgique (1892)
Toute la lyre - nouvelle série (1893)
Correspondances - Tome I (1896)
Correspondances - Tome II (1898)
Les années funestes (1898)
Choses vues - 2e série (1900)
Post-scriptum de ma vie (1901)
Dernière Gerbe (1902)
Mille francs de récompense (1934)
Océan. Tas de pierres (1942)
Pierres (1951)
Mélancholia
Notas :
(1) Livro acessível em :
e
Fontes consultadas:
Victor Hugo Central
Biografia de Victor-Marie Hugo
Victor Hugo – Wikipédia:
Biografias em português - Biografia de Victor Hugo
L'amour qui bouquine ~ Librairie ancienne ~ Beaux livres anciens et modernes.
(Com bom acervo de obras de Victor Hugo para venda)
Librarie Walden – Pesquisa em "Victor Hugo"
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J'ai lu les Choses vues de Victor Hugo quand j'étais adolescent, ce texte m'est resté gravé à jamais, cette façon de retracer au jour le jour de manière si précise et à la fois si intense les éléments des vies, seul Hugo sait faire cela. Si un jour je devais acquérir un Hugo en grand papier dans une somptueuse reliure, et le garder pour moi, ce serait l'EO des Choses vues !
ResponderEliminarMerci Rui pour ce long article.
PS : je viens d'acheter 2 lettres autographes de Victor Hugo pour ma collection, je les montrerai très bientôt sur le Bibliomane moderne.
Amitiés bibliophiles,
Bertrand
http://le-bibliomane.blogspot.com/
Bertrand,
ResponderEliminarMerci pour ton commentaire.
Mais regarde que mon blog est tout à fait différent de votre.
Je divulgue les auteurs, qui me plait ou je crois êtes importants, un petit peu de sa biographie, et, à propos, je présente leurs livres.
C’est je que j’ai fait pour Victor Hugo.
«Choses vues» c’est vraiment un livre merveilleux .
Amitiés bibliophiles.
Je suis toujours émue par le poète et ce jusqu'aux larmes lorsque je lis Demain, dès l'aube...
ResponderEliminarEt ton article
m'a rappelé, c'était sorti de ma tête, que Victor Hugo est né à Besançon et de découvrir encore un livre à lire Religions Religion , je ne vois pas du tout ce que c'est, merci Rui !
Sylvie
Sylvie,
ResponderEliminarMerci pour ton commentaire.
Comme tu dois déjà remarquée Hugo est un de mes auteurs français favoris, et surtout par sa poésie – j’aime la poésie. Les Contemplations et Les Châtiments je les ai lus et relus toujours avec grande plaisir. Demain, dès l'aube... est très émouvant.
Sur Religions et religion – un long poème en V parties (Querelles, Philosophie, Rien, Des voix, Conclusion) qui traite de la croyance, de la religion, des religions en général et de l'athéisme – regarde ici : http://religion-christianisme-hugo.wifeo.com/oeuvre-integrale--religions-et-religion-de-victor-hugo.php
Amitiés bibliophiles.