Ilustração alusiva à Proclamação da República Portuguesa a 5 de Outubro de 1910
Neste dia, 5 de Outubro, que se comemora o I Centenário da Implantação da República em Portugal, trago-vos um pequeno opúsculo que (re)descobri no meio de outros livros, e que apesar de ser anterior a esta data, traz alguma informação sobre o germinar das ideias republicanas pelo punho de um dos seus grandes vultos: António José de Almeida.
António José de Almeida
Fotografia na sua residência particular (década de 1900)
Museu da Presidência da República®
Não tenho qualquer pretensão de ombrear com as excelentes obras sobre esta temática que foram, e ainda continuam, a ser editadas, no âmbito desta comemoração. Para isso temos bons historiadores que nos têm vindo a deixar uma vasta obra publicada sobre as suas várias vertentes.
Saliento que este ano foram objecto de divulgação: estudos historiográficos, reimpressão de periódicos, caricaturas e mesmo livros de ficção. Foi de facto um esforço de divulgação histórica e cultural de louvar.
Mas voltemos ao ponto de partida.
Move-me apenas a ideia de mostrar como nós bibliófilos, pelo acervo das nossas bibliotecas – mais modestas ou opulentas que possam ser – conseguimos encontrar sempre um livrito, por mais simples que seja, que poderá fornecer, pelo seu conteúdo, um contributo para um tema em discussão, ou neste caso, em comemoração.
Trata-se do opúsculo:
ALMEIDA, António José d' – Situação Clara – Carta Aberta ao Cidadão Manuel d' Arriaga. Lisboa, António José D' Almeida Editor, 1907. In-8.º de 16 págs. Brochado.
Dr. Manuel d’Arriaga
1º Presidente eleito da República
Trata-se de uma “carta”, endereçada a Manuel de Arriaga, na qual António José de Almeida, que seria o 6º Presidente da República entre 1919-1923 (1), se debruça, no seu estilo de tribuno e orador eloquente, sobre a liberdade de imprensa, a repressão, a justiça e a ditadura de João Franco, período no qual foi objecto de vários processos em tribunal.
João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco
Arquivo Fotográfico do Fundão®
Aqui ficam as suas páginas.
Como curiosidade, retenha-se que este opúsculo custava “apenas” 50 Réis, mas a taxa de analfabetismo ultrapassava os 70%!
Boa leitura e espero que esta vos faça relembrar algo da nossa História.
(1) Refira-se, como curiosidade, que foi o único Presidente da I República que cumpriu o mandato completo.
Saudações bibliófilas e republicanas!
Rui,
ResponderEliminarMe ha gustado tu frase de: "Move-me apenas a ideia de mostrar como nós bibliófilos, pelo acervo das nossas bibliotecas – mais modestas ou opulentas que possam ser – conseguimos encontrar sempre um livrito, por mais simples que seja, que poderá fornecer, pelo seu conteúdo, um contributo para um tema em discussão, ou neste caso, em comemoração."
Es cierto, para cada commemoración yo creo que siempre encontraríamos algun libro folleto o en este caso una carta abierta como se estilaba en esos momentos.
Desconocía, tal es mi grado de incultura con Portugal (que gracias a ti voy curando) que hace 100 años que teneis una república como forma de gobierno.
En fin, me añado a vuestras celebraciones i "saudações bibliófilas e republicanas!"
Galderich,
ResponderEliminarNão te admires com a tua “incultura” sobre a Historia de Portugal, pois passou hoje uma reportagem na TV, em que grande percentagem dos entrevistados desconhecia o que era “isso” do 5 de Outubro – a cultura anda mesmo muito por baixo nos tempos que correm!
Como já tínhamos conversado, cá está um livro que foge um pouco ao padrão da minha biblioteca, mas que o comprei por me ter despertado na altura alguma curiosidade e serviu bem para ilustrar este artigo hoje.
Um livro nunca se nega a ensinar-nos qualquer coisa!
Rui.
ResponderEliminarLas conmemoraciones se convierten en excelente pretexto para sacar a la luz los papeles que atesoramos y conservamos, La información del costo original del libro siempre es reveladora.
Me gusto mucho la primera ilustración. Una libertad con gran influencia de Delacroix, pero a la portuguesa.
¡¡Asombrosa!!
Saludos.
Estimado Marco,
ResponderEliminarSão estes pequenos opúsculos que vamos guardando ou adquirindo, pelo interesse que eles nos despertam, muitas vezes sem uma razão evidente, pois não se enquadram no âmbito das nossas buscas, e que mais tarde, calmamente sentados numa poltrona da nossa biblioteca, ao folheá-los lhes descobrimos utilidades imprevistas.