sábado, 3 de abril de 2010

Alexandre Herculano – II Centenário do seu nascimento: um esboço biobibliográfico


"Que é o Céu a pátria nossa;
Que é o mundo exílio breve;
Que o morrer é cousa leve;
Que é princípio, não é fim:



Que duas almas que se amaram
Vão lá ter nova existência,
Confundidas numa essência,
A de um novo querubim."


Alexandre Herculano

Este desafio, tentar escrever um artigo sobre Alexandre Herculano, foi-me colocado pelo meu estimado amigo António Bettencourt.(1)

Mas, e disso tenho a certeza, que desconhecia, que foi pelas obras de Alexandre Herculano e pela mão do meu “grande mestre” – o Sr. Magalhães da Livraria D. Pedro V – que entrei na bibliofilia.

Ainda recordo, com uma certa nostalgia, o momento em que folheei, pela primeira vez, a sua «História de Portugal», obra polémica mas de grande rigor, numa 1ª edição

Mas como nunca consigo resistir a um bom desafio, e para mais vindo de quem veio, vou tentar traçar o melhor esboço da sua personalidade bem marcante e singular, tão somente isso, pois que para mais não tenho conhecimentos.

Só por estas razões tudo aquilo que possa escrever ou mostrar ficará sempre muito aquém do que este grande nome da nossa literatura merece. Herculano viveu o suficiente para ser um inovador do seu tempo, justificando que este bicentenário não possa passar despercebido.


Quinta da Regaleira – Sintra
(expoente da arquitectura romântica em Portugal)

Herculano, que exerceu um magistério moral sobre o país, foi um intelectual sem nunca ter frequentado a Universidade. Contingências da vida. Foi um dos vultos maiores do Romantismo em Portugal.

Viveu o tempo suficiente para ser poeta, historiador, político, jornalista, agricultor, romancista, polemista, tradutor. Refira-se que como tradutor, uma das suas vertentes menos conhecida, Herculano fez traduções parciais e integrais de autores como Lamartine, Delavigne e Schiller. Poderemos afirmar ter sido simultaneamente progressista e conservador, um católico contra o clero, político e jornalista.. Em Herculano não há fronteiras: todas as aparentes incompatibilidades complementavam-se. O jornalismo era um meio para divulgar ideais políticos, sociais e peças literárias. A investigação histórica garantia-lhe ferramentas para actuar melhor no mundo político e religioso do seu tempo. Tudo isto numa outra aparente contradição, e a revolucionar.

A ausência duma formação superior não o impediu de estudar e de se apaixonar-se até tornar-se uma referência da História de Portugal, que, afinal, ele próprio ajudou a escrever.


HERCULANO, Alexandre – História de Portugal
Lisboa.Em Casa da Viuva Bertrand e Filhos. MDCCCXLVI (a MDCCCLIII)
4 Vols in 8º

Acabaria por fundar a história científica em Portugal, com a introdução do método da elaboração cientifica da mesma, que superou a tradição narrativa da crónica, que dominava até então. e por ser o primeiro a pensá-la para além da política. Mantendo-se actualizado em relação à realidade europeia e inspirado pelos mestres que conheceu no exílio em Inglaterra e França (também eles medievalistas e políticos), Herculano inovou também na própria metodologia histórica. Mais ainda: inovou nos conteúdos, olhando, pela primeira vez, o passado português do ponto de vista das pessoas, da psicologia, da cultura.

Mas Alexandre Herculano não foi apenas o pesquisador dos acontecimentos históricos. A história como a poesia, os romances, a defesa de uma corrente estética ou os ensaios sobre as mais diversas questões, presentes ou passadas, mas sempre atravessados por uma sólida autoridade ética, eram também formas de intervenção política e social.


Alexandre Herculano

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo poeta, romancista, historiador e ensaísta português nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, a 28 de Março de 1810, em Lisboa, e morreu a 18 de Setembro de 1877, em Vale de Lobos Santarém.

Nascido numa família modesta, o seu pai, Teodoro Cândido de Araújo, funcionário da Junta dos Juros (Junta do Crédito Público), que cegou; e a sua mãe, Maria do Carmo de São Boaventura, era filha e neta de pedreiros da Casa Real, não lhe poderam dar grandes estudos, pelo que estudou até aos 15 anos Humanidades no Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, onde se iniciou também na leitura meditada da Bíblia, o que viria a marcar a sua mundividência.
A sua obra, em toda a extensão e diversidade, ostenta uma profunda coerência, obedecendo a um programa romântico-liberal que norteou não apenas o seu trabalho mas também a sua vida.

Impedido pelas dificuldades económicas e familiares, já referidas, de frequentar a Universidade, preparou-se para ingressar no funcionalismo, frequentando um curso prático de Comércio e estudou Paleografia, ou Diplomática, como então se dizia, na Torre do Tombo, desde 1830 até Março de 1831, onde aprendeu os rudimentos da investigação histórica.

Por esta altura, com 18 anos, já se manifestava a sua vocação literária: aprendeu, por sua conta, francês, inglês e alemão, fez leituras de românticos estrangeiros e iniciou-se nas tertúlias literárias da marquesa de Alorna, que viria a reconhecer como uma das suas mentoras.

A sua simpatia pelas ideais liberais torna-o suspeito ao regime miguelista, contra o qual conspira.
Em 1831, envolvido numa conspiração contra o regime miguelista, a revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, foi obrigado a exilar-se, para escapar da forca.

Primeiro em Inglaterra (Plymouth), onde conheceu a penúria, e depois em França (Rennes).

Aqui lia muito, frequentava s biblioteca pública, onde tomava notas e ia organizando as suas ideias.

Aperfeiçoou o estudo da história, familiarizando-se com as obras de historiadores como Thierry e Thiers, e leu os que viriam a ser os seus modelos literários: Chateaubriand, Lamennais, Klopstock e Walter Scott


Sir Walter Scott

Em 1832 segue para a ilha Terceira e daí vai, alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha (2) incorporado na expedição dos 7500 comandada por D. Pedro, que desembarca no Mindelo. Bate-se valorosamente no cerco do Porto, dividindo o tempo entre a linha de fogo e os velhos arquivos da cidade.
Em 1833 entra para a Biblioteca Pública do Porto como segundo-bibliotecário municipal encarregue de organizar os arquivos da biblioteca.
Era um homem franzino, de saúde frágil, mas gozava de uma energia incrível. Todos falavam do seu impressionante vigor moral, o que, em parte, explica a entrega a tantas causas e paixões. Mas há um mistério que permanece em Alexandre Herculano: "Como conseguiu escrever tanto, tão novo, em tão pouco tempo? E, ainda para mais, sendo político, jornalista e polemista? Como conseguiu fazer tudo?".

Mas há pistas que tentam explicar como pôde Herculano escrever, entre tantas temáticas e estilos, os quatro volumes de História de Portugal em cerca de sete anos. De facto, "ele tinha acesso privilegiado à informação", continua o docente e investigador medievalista Luís Amaral da Universidade do Porto, lembrando que o autor "foi retirado das trincheiras para organizar a Biblioteca Municipal do Porto".


Caricatura representando D. Pedro IV e D. Miguel I
a brigar pela coroa portuguesa,
por Honoré Daumier, 1833

Após a vitória liberal na guerra civil de 1831-34, dava-se uma cisão no bloco político que alcançara o poder. A nova aristocracia política pretendia que os bens nacionais revertessem em proveito próprio e no das suas clientelas; a pequena burguesia, afastada desse interesse económicos, desejava a continuação do movimento revolucionário segundo as linhas do vintismo. (3)
Entre 1834 e 1835, publicou importantes artigos de teorização literária na revista «Repositório Literário», do Porto, (posteriormente compilados nos Opúsculos).
A revolução de Setembro de 1836 dava à segunda facção o triunfo sobre a primeira. Por discordância com o governo setembrista, pois havia jurado a Carta Constitucional, demitiu-se do seu cargo de bibliotecário e partiu para Lisboa.


HERCULANO, Alexandre – A Voz do Propheta. Ferrol.
1836. [Novembro] e Lisboa. Typ. Patriotica. 1837.
2 Ops. In-8º peq. de 35 e 32 págs.

Neste ano publicou o folheto «A Voz do Profeta», que com «A Harpa do Crente» publicado e m 1838, impregnados de misticismo, combatem simultaneamente o absolutismo o democratismo setembrista e tentam delinear uma doutrina que servisse o cartismo, movimento heterogéneo e sem uma textura ideológica definida.
Em Lisboa, dirigiu a mais importante revista literária do Romantismo português, «O Panorama», para que contribuiria com diversos artigos, narrativas e traduções, nem sempre assinados.


D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha

Em 1839, aceitou o convite de D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II e que muito o protegeu, para dirigir as Reais Bibliotecas das Necessidades e da Ajuda, como bibliotecário-mor.

Aqui encontra a tranquilidade e a segurança económicas para prosseguir os seus trabalhos de investigação histórica, que viriam a concretizar-se nos quatro volumes da História de Portugal, publicados no decurso das duas décadas seguintes. (Foi publicada em 1846, 1847, 1850, 1853). Abrange o período que vai desde o começo da monarquia até ao fim do reinado de Afonso III, quando os municípios obtêm do rei a representação às Cortes.
De facto, como responsável pelas Reais Bibliotecas das Necessidades e da Ajuda, desenvolveu uma intensa pesquisa histórica. "Tinha milhares de documentos, mesmo ao lado!" Herculano abraçou um projecto de recolha de documentação valiosa para a história portuguesa que a Academia das Ciências de Lisboa lhe lançou. Todo este "processo de organização de arquivos em Portugal foi – como nos afirma Luís Amaral de novo – pioneiro".
Eleito deputado pelo Partido Cartista em 1840, demitiu-se no ano seguinte, desiludido com a actividade parlamentar

Em 1842, publicara as «Cartas sobre a História de Portugal» na “Revista Universal Lisbonense” dirigida opor António Feliciano de Castilho. Nelas expõe a orientação que deve presidir à elaboração de uma “História de Portugal”. Preconiza o abandono do anacronismo e se opte pelo conteúdo local do documento, a abolição das dinastias como vector cronológico e a sua substituição pelos grandes períodos, como seja a Idade Média e o Renascimento. Advoga o estudo da sociedade, dos costumes, das instituições e das ideias como único processo válido capaz de captar o passado. (4)
No século XIX, floresceram os nacionalismos, Herculano escolheu investigar a Idade Média.

Não foi por acaso. O seu objectivo era descobrir as raízes de Portugal. "Ele encarava a História como uma missão". E encontrar as raízes do seu país era a sua. Precisava de ter resposta à questão: "Portugal é um país viável ou não?"
O objectivo seguinte passava por "dotar a Historiografia de uma aplicação cívica. Teve resultados geniais", comenta ainda Luís Amaral. Herculano não procurava soluções antigas para problemas do seu tempo, antes conhecimento para fundamentar a sua intervenção social e política.
Contudo, mesmo acedendo à informação de forma especial, exigia-se tempo, muito tempo, para organizá-la e analisá-la. E a dúvida persiste: Como pôde criar uma obra "genial" em tão pouco tempo e repartindo-se por tantas actividades? Talvez o facto de ser "profundamente inteligente, lúcido e muito rigoroso consigo próprio" lhe garantisse uma disciplina invulgar para dedicar-se tanto a uma paixão, que fosse capaz de a revolucionar.
Durante este período publica os seus romances históricos, «Eurico, o Presbítero» (1844), considerada uma das obras fundamentais do Romantismo português, e «O Monge de Cister ou Época de D. João I» (1848) constituindo um díptico sob a designação de “O Monasticon”. Herculano explicava assim esta designação: “O Monasticon é uma intuição quase profética do passado, às vezes intuição mais dificultosa que o futuro. Sabeis qual seja o valor da palavra monge na sua origem remota, na sua forma primitiva? É o de – só e triste» Esta obra foi muito inspirada nos romances históricos de Walter Scott.
Em «O Pároco de Aldeia», igualmente saído em 1844, em ”O Panorama” idealiza, no papel do padre de aldeia, a obra do clero na reconstrução da sociedade liberal.

»O Bobo (1128)» saíra em 1843 também em «O Panorama», enquanto só será publicado postumamente em livro (1878).

Publicou ainda «Poesias» (1850) e «Lendas e Narrativas» (1851)


HERCULANO, Alexandre – Lendas e Narrativas. Tomo I (e Tomo II)
Lisboa. Em Casa da Viuva Bertrand e Filhos. MDCCCLI.
2 Vols. In-8º

Foi precisamente por essa altura que se envolveu numa polémica com o clero, ao questionar o milagre de Ourique.

Atacado do púlpito, o historiador viu-se obrigado a defender a sua posição em opúsculos que ficaram célebres pelo rigor lógico da argumentação, pelo seu saber e pelo vigor polémico: «Eu e o Clero» e «Solemnia Verba» (1850)
Voltou à política em 1851, fundou o jornal “O País, mas logo se desiludiu com a Regeneração, manifestando o seu desagrado pela concepção meramente material de progresso de Fontes Pereira de Mello.


A. M. de Fontes Pereira de Mello
Litografia, A. desconhecido, 1856

Em 1853, fundou o jornal “O Português”, opondo-se vigorosamente ao governo de Costa Cabral. Estes dois periódicos tentavam criar uma corrente de opinião pública favorável às reformas que reputava como essenciais.

Ainda desempenhando o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 e 1855), cargo que abandona rapidamente.

Em 1854, ao publicar o primeiro volume de «História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal»,volta a afrontar o clero.
Esta obra polémica concluída em 1855 e 1859, com a publicação dos dois últimos volumes, interrompeu o seu projecto de continuação da «História de Portugal» (5)

Em 1855 foi nomeado vice-presidente da Academia Real das Ciências e incumbido pelos seus consórcios da recolha dos documentos históricos anteriores ao século XV - tarefa que viria a traduzir-se na publicação dos «Portugaliae Monumenta Historica», iniciada em 1856 e terminada em 1873..

Torna-se num dos fundadores do Partido Progressista Histórico e em 1857 atacou a Concordata com a Santa Sé.

Em 1858, recusou a cátedra de História no Curso Superior de Letras.

Entre 1860 e 1865, envolveu-se em nova polémica com o clero, quando, ao participar na redacção do primeiro Código Civil Português, defendeu o casamento civil. Em 1865, fruto das suas reflexões, saíram os «Estudos sobre o Casamento Civil».

A defesa da introdução do casamento civil, a par do religioso, tendo participado na elaboração do primeiro Código Civil Português, foi uma das muitas "provocações" iniciadas com a corajosa negação do Milagre de Ourique em História de Portugal.

Numa das mais agitadas polémicas, Herculano conseguiu colocar todo o Clero português contra ele. O autor de «Eu e o Clero» era católico, mas isso não o impediu que atacar a classe religiosa. "Ele era católico, sim, mas não católico romano", esclarece o historiador Luís Amaral.

Mas Herculano acreditava apaixonadamente na liberdade de expressão, melhor, "no respeito pela dignidade do ser humano, nas liberdades individuais".


Alexandre Herculano em Vale de Lobos

Em 1867, desgostoso com a morte precoce de D. Pedro V, vitimado pela peste, rei em quem depositava muitas esperanças, e desiludido com a vida pública, retirou-se para a sua quinta em Vale de Lobos, na Azóia, a 6 quilómetros de Santarém (comprada com o produto da venda dos direitos de autor das suas obras). Casa-se em 1 de Maio de 1867, aos 57 anos, com D. Maria Hermínia Meira, de quem se enamorara aos 26 anos, e que aceitara o sacrifício, que ele lhe pedira, na demora do noivado, para poder realizar a sua obra.


D. Pedro V – rei de Portugal

O historiador torna-se lavrador, empenhado na aplicação de novas técnicas agrícolas, chegando mesmo a ser premiado num concurso internacional pela qualidade do seu azeite.


PATO, Bulhão – Memórias. Scenas de Infância e Homens de Letras (pp. 266)

Apesar deste novo e voluntário exílio, continuou a trabalhar nos «Portugaliae Monumenta Historica», interveio em 1871 contra o encerramento das Conferências do Casino, orientou em 1872 a publicação do primeiro volume dos «Opúsculo» e manteve correspondência com várias figuras da vida política e literária. Morreu de pneumonia aos 67 anos, originando manifestações nacionais de luto.


PATO, Bulhão – Memórias. Scenas de Infância e Homens de Letras (pp. 267)

Era também sócio da Academia Real das Ciências de Turim, da Real Academia de História de Madrid, da Real Academia de Ciências da Baviera, membro do Instituto Histórico de França e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro


Mosteiro dos Jerónimos – Lisboa

A Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa tem esta denominação por servir às reuniões periódicas dos monges, que tinham o seu início com a leitura de um capítulo da Regra. Nestas reuniões, discutia-se a eleição dos priores, a recepção dos noviços e procedia-se à confissão pública das faltas.


Mosteiro dos Jerónimos – Lisboa
Túmulo de Alexandre Herculano na Sala do Capítulo

O túmulo do homem colocado no centro da Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos no século XIX, delineado por Eduardo Augusto da Silva e posteriormente modificado no século XX, ao lado de Camões e Pessoa, é o do fundador da historiografia moderna em Portugal, isto é, dedicou toda uma vida de trabalho intenso a introduzir no nosso país a análise e relato dos factos passados sob um ponto de vista científico. Igualmente revelador da grandeza de Alexandre Herculano é o facto de os seus trabalhos terem mantido o estatuto de referências incontornáveis na formação dos historiadores até aos anos 80 do século XX

Votos de uma santa e feliz Páscoa..
Saudações bibliófilas


Bibliografia:

NEMÉSIO, Vitorino – A Mocidade de Herculano (1810-1832). 2 vols, Amadora, Bertrand, 1978-1979.
PATO, Bulhão, (1829-1912) – Memórias. Scenas de Infância e Homens de Letras. Lisboa : Typographia. da Academia Real das Sciencias, 1894-1907. - 3 vols
Dicionário Cronológico de Autores Portugueses. Coordenação de Eugénio Lisboa. Mem Martins, Publicações Europa-América, 1990. Vol. II. pp. 65-69.


(1) Dedico-lhe este meu modesto contributo sobre Herculano. Para ”voos más largos” teremos de trabalhar em conjunto ... a proposta está por mim aceite.
(2) Também onde se alistara Almeida Garrett.
(3) Ideologia inspirada na Revolução de 1820, o primeiro “ensaio” do liberalismo em Portugal. O movimento articulado no Porto pelo Sinédrio eclodiu no dia 24 de Agosto de 1820. Ainda de madrugada, grupos de militares dirigiram-se para o campo de Santo Ovídio (actual Praça da República), onde formaram em parada, ouviram missa e uma salva de artilharia anunciou publicamente o levantamento. Às oito horas da manhã, os revolucionários reuniram-se nas dependências da Câmara Municipal, onde constituíram uma "Junta Provisional do Supremo Governo do Reino". Manuel Fernandes Tomás foi o redactor do "Manifesto aos Portugueses", no qual se davam a conhecer à nação os objectivos do movimento.
(4) Carta a Oliveira Martins.
(5) Refira-se que teve quatro edições, em vida da autor, número que me parece significativo para a época.

7 comentários:

  1. Caro Rui,

    muito obrigado pelo artigo, pela dedicatória e por ter aceite o meu desafio.

    De todos os trabalhos que li na net a propósito do bicentenário, o seu é certamente o mais completo.

    Os meus parabéns pela erudição e qualidade do estudo que aqui nos apresenta.

    A. Bettencourt

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  2. Queridodo Rui

    Nos regalas otro excelente artículo, permite conocer mejor a los grandes hombres del mundo cultural Portugués.

    La lectura me recordó el dicho.

    "La mejor universidad es una buena biblioteca"

    Saludos bibliófilos.

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  3. Caros amigos

    António é sempre um prazer conversar consigo, pena que neste país tão pequeno existam “fronteiras” difíceis de transpor – refiro-me às limitações impostas pelo nosso trabalho extra-bibliófilo, que não à amizade!
    Creia que me apliquei, mas como disse, sinto que o trabalho apenas traça linhas de estudo e não é ainda um verdadeiro estudo.
    Esta figura comporta, em si mesma, uma grande complexidade para além do papel notável que teve na nossa cultura.
    E, convém não esquecer, todo o sentimentalismo que a sua bibliofilia encerra para mim.

    Se me permite opinar, para mim existe o romantismo em Portugal e ... existe o Herculano. Este é um mundo dentro de outro mundo (sempre coerente e vertical) mas que criou uma imagem multifacetada, por vezes roçando quase a ambiguidade, cujo estudo parece nunca se esgotar ( ... e se tem sido bem estudado!)

    Marco Fabrizio, concordo contigo quando dizes: “La mejor universidad es una buena biblioteca". Por outro lado, deixas-me feliz por ter conseguido desvendar a personagem de mais um vulto muito importante da literatura do meu país ... fazes-me acreditar que vale a pena continuar a escrever!

    Um abraço amigo para voccês

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  4. Rui,
    Estos personajes románticos me fascinan. Entre exilio y retornos aun tienen tiempo de escribir, de estudiar... de crear! Y todo sin nuestras máquinas!
    Gracias por el apunte.

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  5. Gostei muito deste artigo. Parabéns!
    Fiquei com vontade de ler Memórias de Bulhão Pato mas não consigo encontrar nenhuma edição desse livro.
    Sabe dizer-me se é possível ter acesso ao livro sem ser através da sua digitalização pela Biblioteca Nacional?
    Muito obrigada!

    Bárbara

    barbaruska74@hotmail.com

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  6. Bárbara:

    Obrigado pelo seu comentário.

    Infelizmente, até à data, não encontrei nenhum exemplar à venda deste livro – “Memórias de Bulhão Pato”, pois parece-me bastante importante para se ter um conhecimento da época e dos seus personagens.

    Poderá consultá-lo na BNP, mas para isso tem a versão digitalizada...

    Vou tentando, pois a procura é uma constante na bibliofilia ... se descobrir alguma edição digo-lhe.

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  7. A data de falecimento de ALEXANDRE HERCULANO é 13-09-1877 e não o dia 18.

    "Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo poeta, romancista, historiador e ensaísta português nasceu no Pátio do Gil, à Rua de São Bento, a 28 de Março de 1810, em Lisboa, e morreu a 18 de Setembro de 1877, em Vale de Lobos Santarém."

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