Palácio Nacional de Mafra, vista panorâmica
Como já referi, nesta pequena viagem por alguns dos “locais de culto” da bibliofilia portuguesa em que “visitámos” algumas das Bibliotecas Públicas mais conhecidas e com espólio mais valioso para os estudiosos (não esquecendo que muitas outras existem com acervos de inegável qualidade e rareza mas como é evidente não nos cabe, e seria por de mais fastidioso, fazer todas estas descrições) e a famosa Livraria «Lello & Irmão» no Porto, vamos hoje “espreitar” a Biblioteca do Convento de Mafra e a propósito tecer algumas considerações à margem, pois o seu principal obreiro – o rei D. João V – também o foi da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra.
O Palácio Nacional de Mafra localiza-se no concelho de Mafra, a cerca de 25 quilómetros de Lisboa. Trata-se de um palácio e mosteiro monumental em estilo barroco. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e uma das Sete Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.
Há quem defenda que a obra se construiu por causa de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia ou pelo facto da rainha D. Maria Ana de Áustria lhe ter dado descendência (esta a hipótese mais defendida).
O Palácio Nacional de Mafra localiza-se no concelho de Mafra, a cerca de 25 quilómetros de Lisboa. Trata-se de um palácio e mosteiro monumental em estilo barroco. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e uma das Sete Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.
Há quem defenda que a obra se construiu por causa de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia ou pelo facto da rainha D. Maria Ana de Áustria lhe ter dado descendência (esta a hipótese mais defendida).
D. João V, Rei de Portugal
D. João V nasceu em Lisboa a 22 de Outubro de 1689 e aqui faleceu a 31 de Julho de 1750, foi Rei de Portugal desde 1 de Janeiro de 1707 até à sua morte.
Alexandre Herculano disse de D. João V: «O nosso primeiro rei do século XVIII pôde emular Luís XIV em fasto e magnificência. Há, porém diferença entre os dois monarcas: Luís XIV, mais guerreador que guerreiro, malbaratou o sangue dos seus súbditos em conquistas estéreis, enquanto D. João V, mais pacífico que tímido, comprou sempre, sem olhar ao preço, a paz externa dos seus naturais.».
A.H. de Oliveira Marques diz de D. João V na sua «História de Portugal»: « O reinado do Magnânimo ficou famoso pela tendência do monarca em copiar Luís XIV e a corte francesa. O ouro do Brasil deu ao soberano e à maioria dos nobres a possibilidade de ostentarem opulência como nunca anteriormente.
Por toda a parte se construíram igrejas, capelas, palácios e mansões em quantidade. Em Mafra, perto de Lisboa, um enorme Mosteiro exibiu a magnificência real. D. João V ocupou-se igualmente das artes e das letras, despendendo vastas somas na aquisição de livros e na construção de bibliotecas.
Como em tantas cortes do século XVIII, a depravação moral ocupou lugar preponderante. O rei - e com ele muitos nobres - gerou filhos em freiras de diversos conventos, muitos dos quais se converteram em centros de prazer e numa espécie de lupanares reservados à aristocracia.»
Alexandre Herculano disse de D. João V: «O nosso primeiro rei do século XVIII pôde emular Luís XIV em fasto e magnificência. Há, porém diferença entre os dois monarcas: Luís XIV, mais guerreador que guerreiro, malbaratou o sangue dos seus súbditos em conquistas estéreis, enquanto D. João V, mais pacífico que tímido, comprou sempre, sem olhar ao preço, a paz externa dos seus naturais.».
A.H. de Oliveira Marques diz de D. João V na sua «História de Portugal»: « O reinado do Magnânimo ficou famoso pela tendência do monarca em copiar Luís XIV e a corte francesa. O ouro do Brasil deu ao soberano e à maioria dos nobres a possibilidade de ostentarem opulência como nunca anteriormente.
Por toda a parte se construíram igrejas, capelas, palácios e mansões em quantidade. Em Mafra, perto de Lisboa, um enorme Mosteiro exibiu a magnificência real. D. João V ocupou-se igualmente das artes e das letras, despendendo vastas somas na aquisição de livros e na construção de bibliotecas.
Como em tantas cortes do século XVIII, a depravação moral ocupou lugar preponderante. O rei - e com ele muitos nobres - gerou filhos em freiras de diversos conventos, muitos dos quais se converteram em centros de prazer e numa espécie de lupanares reservados à aristocracia.»
Veríssimo Serrão na «História de Portugal» volume V página 234 diz que «era senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário.» E a seguir: «Logo na cerimónia da aclamação se viu o pendor régio para a magnificência. Era novo o cerimonial e de molde a envolver a figura de Dom João V no halo de veneração com que o absolutismo cobria as realezas.»
Assim com o nascimento da princesa D. Maria Bárbara o monarca determinou o cumprimento da referida promessa, pelo que a sua construção foi iniciada a 17 de Novembro de 1717 com um modesto projecto para abrigar 13 frades franciscanos.
Assim com o nascimento da princesa D. Maria Bárbara o monarca determinou o cumprimento da referida promessa, pelo que a sua construção foi iniciada a 17 de Novembro de 1717 com um modesto projecto para abrigar 13 frades franciscanos.
D. João V–Peça de Minas (Ouro 916,6) M. 1733
O ouro do Brasil começou a entrar nos cofres portugueses e D. João V e o seu arquitecto, Johann Friedrich Ludwig (Ludovice) (que estudara na Itália), iniciaram planos mais ambiciosos.
Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projecto final acabou por abrigar 330 frades, um palácio real, umas das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte. A magnifica basílica foi consagrada no 41.º aniversário do rei, em 22 de Outubro de 1730, com festividades de oito dias.
Entre 1771 e 1791, por breve de Clemente XIV, de 4 de Julho de 1770, a requerimento do Marquês de Pombal, foi ocupado pelos Cónegos Regulares de Santo Agostinho da Congregação de Santa Cruz de Coimbra; os Franciscanos da Província da Arrábida saíram do Convento de Mafra, em Maio de 1771. Em 1791, os Cónegos Regulares de Santo Agostinho saíram do edifício de Mafra.
Em 1834, no âmbito da "Reforma Geral Eclesiástica" empreendida pelo ministro e secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 28 de Maio, promulgado a 30 desse mês, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.
Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projecto final acabou por abrigar 330 frades, um palácio real, umas das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte. A magnifica basílica foi consagrada no 41.º aniversário do rei, em 22 de Outubro de 1730, com festividades de oito dias.
Entre 1771 e 1791, por breve de Clemente XIV, de 4 de Julho de 1770, a requerimento do Marquês de Pombal, foi ocupado pelos Cónegos Regulares de Santo Agostinho da Congregação de Santa Cruz de Coimbra; os Franciscanos da Província da Arrábida saíram do Convento de Mafra, em Maio de 1771. Em 1791, os Cónegos Regulares de Santo Agostinho saíram do edifício de Mafra.
Em 1834, no âmbito da "Reforma Geral Eclesiástica" empreendida pelo ministro e secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 28 de Maio, promulgado a 30 desse mês, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.
O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na Tapada. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para onde partiu a família real quando das invasões francesas, em 1808.
Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi utilizado como residência de caça e dele saiu também em 5 de Outubro de 1910 o último rei D. Manuel II para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio em Inglaterra.
O Palácio possui ainda dois carrilhões, mandados fabricar em Antuérpia por D. João V, com um total de 92 sinos que pesam mais de 200 toneladas e são considerados os maiores e melhores do mundo.
Biblioteca do Convento de Mafra
O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, situada ao fundo do segundo piso, rivalizando em grandiosidade com a Biblioteca da Abadia de Melk, na Áustria. Construída por Manuel Caetano de Sousa, tem 83 m de comprimento, 9.5 m de largura e 13 m de altura.
Juntamente com a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra é o maior exemplo deste tipo de arquitectura e possui igualmente um espólio valiosíssimo.
Tem mais de 36 mil obras espalhadas pelas estantes, feitas de madeira exótica vinda do Brasil, que contempla todos os ramos do saber e que se estendem ao longo de 83 metros de comprimento.
Impressiona a dimensão destas salas iluminadas pela luz natural que entra a jorros pelas enormes janelas, da autoria de Manuel Caetano de Sousa em estilo "rocaille".
O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira estilo rococó, situadas em duas filas laterais, separadas por um varandim contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XIV ao XIX. Entre eles muitas jóias bibliográficas, como incunábulos.
A biblioteca do Convento de Mafra é uma biblioteca conventual exactamente como era e revela um espólio riquíssimo e muito vasto, pelo facto de nunca ter sido deslocada, nem quando da extinção das ordens religiosas em 1834, e reunir a biblioteca do convento e a das escolas, instituídas por decreto de D. João V em 1733, três anos depois da sagração da basílica
É curioso que os livros que a Inquisição proibia e colocava no Index [lista de livros proscritos] integravam as bibliotecas dos seus conventos
Biblioteca do Convento de MafraJuntamente com a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra é o maior exemplo deste tipo de arquitectura e possui igualmente um espólio valiosíssimo.
Tem mais de 36 mil obras espalhadas pelas estantes, feitas de madeira exótica vinda do Brasil, que contempla todos os ramos do saber e que se estendem ao longo de 83 metros de comprimento.
Impressiona a dimensão destas salas iluminadas pela luz natural que entra a jorros pelas enormes janelas, da autoria de Manuel Caetano de Sousa em estilo "rocaille".
O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira estilo rococó, situadas em duas filas laterais, separadas por um varandim contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XIV ao XIX. Entre eles muitas jóias bibliográficas, como incunábulos.
A biblioteca do Convento de Mafra é uma biblioteca conventual exactamente como era e revela um espólio riquíssimo e muito vasto, pelo facto de nunca ter sido deslocada, nem quando da extinção das ordens religiosas em 1834, e reunir a biblioteca do convento e a das escolas, instituídas por decreto de D. João V em 1733, três anos depois da sagração da basílica
É curioso que os livros que a Inquisição proibia e colocava no Index [lista de livros proscritos] integravam as bibliotecas dos seus conventos
A biblioteca tem planta em cruz, dispondo na parte mais a sul os livros religiosos.
No centro encontramos os livros relativamente aos quais a inquisição levantava algumas reservas, da filosofia à anatomia, sem esquecer entre os quais se encontra o «Auto da Barca do Inferno» de Gil Vicente.
Na parte a norte, perto da entrada, estão os livros de arquitectura, direito, medicina e música.
Há manuscritos religiosos ainda em pergaminho e uma primeira edição dos «Lusíadas», impressa em 1572.
Estes volumes magníficos foram encadernados na oficina local, também por Manuel Caetano de Sousa.
Os livros são conservados com a inesperada ajuda de morcegos que vivem na biblioteca e que se alimentam de insectos nocivos.
Como nota marginal, mas que me parece ter total cabimento neste meu modesto apontamento, quero fazer referência ao livro de José Saramago «Memorial do Convento» editado em 1982, pela sua riqueza histórico/ficcionista naquilo que rodeou a construção deste Palácio com todo um enquadramento socio-político, que torna este romance, em minha opinião, um dos mais conseguidos deste autor.
«Memorial do Convento»
A história de «Memorial do Convento», evoca a História Portuguesa no reinado de D. João V, no séc. XVIII procurando uma ponte com as situações políticas dos meados do séc. XX (época ditatorial do Estado Novo/Salazar).
Durante o reinado de D. João V, o rigor e as perseguições do Santo Oficio, fazem aumentar o numero de vitimas nos “autos de fé”, que tanto eram cristãos novos como aqueles que eram considerados hereges aos quais estavam sempre ou tentavam sempre que "tivessem ligações com prática de bruxaria".
O «Memorial do Convento» caracteriza uma época de excessos e de diferenças sociais. Este livro é uma narrativa histórica que ultrapassa personagens e acontecimentos verídicos, com seres concebidos pela ficção.
Para além do romance histórico este livro oferece-nos uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa no inicio do séc. XVIII.
É por isso um romance social que segue a linha do neo-realismo, preocupando-se com a realidade social e, é também, um romance de intervenção, que visa denunciar a situação política que se vivia em Portugal não só no séc. XVIII como também hoje em dia (na perspectiva política do autor) em que o povo vive reprimido. É um romance de espaço/tempo/época.
Representa uma época histórica entre Lisboa e Mafra sendo estes dois locais os principais espaços onde decorre a acção deste livro.
Todo esta trama de espaços em que se movimentam as personagens e onde se passa a acção do livro permite-nos conhecer melhor o ser humano.
Saudações bibliófilas
Durante o reinado de D. João V, o rigor e as perseguições do Santo Oficio, fazem aumentar o numero de vitimas nos “autos de fé”, que tanto eram cristãos novos como aqueles que eram considerados hereges aos quais estavam sempre ou tentavam sempre que "tivessem ligações com prática de bruxaria".
O «Memorial do Convento» caracteriza uma época de excessos e de diferenças sociais. Este livro é uma narrativa histórica que ultrapassa personagens e acontecimentos verídicos, com seres concebidos pela ficção.
Para além do romance histórico este livro oferece-nos uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa no inicio do séc. XVIII.
É por isso um romance social que segue a linha do neo-realismo, preocupando-se com a realidade social e, é também, um romance de intervenção, que visa denunciar a situação política que se vivia em Portugal não só no séc. XVIII como também hoje em dia (na perspectiva política do autor) em que o povo vive reprimido. É um romance de espaço/tempo/época.
Representa uma época histórica entre Lisboa e Mafra sendo estes dois locais os principais espaços onde decorre a acção deste livro.
Todo esta trama de espaços em que se movimentam as personagens e onde se passa a acção do livro permite-nos conhecer melhor o ser humano.
Saudações bibliófilas
Recuerdo la visita a Mafra muy bien porque nos acompañó un profesor de arte de la universidad Portugal y el encargado de bienes católicos por el Vaticano de la zona sur de Europa.
ResponderEliminarEl "convento", como lo nombra Saramago, me impresionó por sus dimensiones y estética.
Muy buen artículo otra vez.
Se nos vuelve a llenar la vista con lugares hermosos.
ResponderEliminarEl uso de murciélagos como protectores de libros, ¡toda una revelación! ¿biblioecología?
Me imagino, por lo que mencionas, la calidad y manufactura de los libreros debe de ser extraordinaria.
Gracias por la noticia.
Caros Galderich e Marco Fabrizio
ResponderEliminarÈ sempre com grande prazer que leio os vossos comentários, ainda que, habitualmente, demasiado lisonjeiros e imerecidos.
Com esta pequena série de entradas pretendi, depois de ter escrito um modesto contributo para os primórdios da Imprensa em Portugal, mostrar aonde se podem encontrar, para se ver de relance, para a maioria do “comum dos mortais”, ou se estudarem, só para os investigadores, algumas dessas preciosidades, pois que, pela sua extrema raridade, é muito difícil estarem nas mãos de um coleccionador ou aparecerem no mercado bibliófilo.
Pretendi também divulgar, ou melhor relembrar, deixando sempre “algumas pontas soltas” e “dicas” para estimular quem quiser saber mais, alguns dos aspectos históricos destes mesmos monumentos.
Falar de D. João V pareceu-me importante, por ser no seu reinado que se construíram estas duas obras majestosas e fascinantes – a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra e o Palácio de Mafra e a sua Biblioteca – e, como se pode ver pela opinião dos três historiadores, foi uma personalidade bastante marcante e polémica.
Era um “devasso” bastante “culto”, em linhas simplistas, com um pendor para a magnificência que o levou, por exemplo, a cunhar moeda (a numária em ouro mais rica de Portugal) cujo valor facial era inferior ao seu valor intrínseco em ouro ... resultado a maioria das moedas que saíam de Portugal já não regressavam!
Com o ouro tão fácil no Brasil, em vez de se transformar o país delapidou-se a sua riqueza com as ideias de faustosa grandiosidade deste monarca ... mas a nossa História é rica em personagens semelhantes.
Para terminar temos também uma das facetas mais negras da nossa História: a Inquisição e os “autos de fé” (sempre grandiosos e que constituíam verdadeiras festividades como era apanágio deste monarca)
Um abraço com amizade
PS: Escrevi em português, muito embora esta resposta seja para vós em especial, ela é também para todos em geral.
Algumas observações:
ResponderEliminarD. Manuel II não partiu para Inglaterra mas sim para Gibraltar de onde depois foi para Inglaterra penso que num cruzador inglês.
O carrilhão de Mafra não é o maior do mundo, nem sequer o maior de Portugal, o de Alverca é maior. Não esquecer que em Mafra são dois carrilhões. Se juntarmos os dois, talvez seja o maior do mundo, sim. Mas, que eu saiba, não é suposto tocarem os dois juntos. Aliás, acho que um deles está desactivado. As madeiras com que foi restaurado apodreceram com o ar marítimo. Ironias da história: as madeiras originais duraram séculos, estas nem 20 anos.
Penso que também li algures que a Biblioteca de Mafra nunca foi terminada segundo o projecto inicial e daí um certo ar despojado que tem.
Seja como for, gostei muito do seu artigo e gosto muito do seu blog. Espero que continue. Tenho aprendido muito aqui. Principalmente porque me estou a iniciar nesta "doença" da bibliofilia.
Cumprimentos
As suas observações para lá de pertinentes são muito uteis, pois vêm esclarecer alguns pontos e acrescentar detalhes que, por vezes, me escapam.
ResponderEliminarNo que diz respeito aos carrilhões de Mafra eu considerei-os no seu conjunto e não isoladamente, pois em situações solenes deveriam tocar em conjunto; no entanto, pela sua observação sobre a operacionalidade destes, nada me espanta que tal não se verifique actualmente...é uma situação muito comum entre nós estes "arranjos" que não restauros! (por enquanto, pode salientar-se, como excepção, o do Mosteiro de Tibâes)
Quanto à traça do próprio Convento e da sua Biblioteca, esta teve vários planos que nem todos chegaram a ser concluídos.
Só não concordo com um aspecto.
Eu pouco posso ensinar,pois também estou a aprender, apenas proponho linhas de reflexão para nós portugueses, de divulgação para o estrangeiro, aonde tenho alguns amigos, e pelo simples prazer de mostrar que também temos "coisas muito boas", mas que, por vezes, não são devidamente valorizadas por nós.
Bem haja e não desista dessa "doença"!
O prazer de manipular um livro antigo e de o estudar é incomparável!
Cumprimentos
Caro AB
ResponderEliminarMais uma vez obrigado pelo seu reparo, que me levou a esclarecer melhor esta situação dos carrilhões, que, embora um pouco à margem da bibliofilia, é importante como elemento da nossa cultura.
Voltando aos carrilhões, de facto, o maior carrilhão é o Carrilhão dos Pastorinhos em Alverca. É o mais novo do mundo. A sua construção iniciou-se em 2002 e foi inaugurado no dia 1 de Maio de 2005. É composto por 69 sinos, prevendo-se que venha a ter 72. Foi seu mentor e coordenador/consultor o Eng. Alberto Elias.
Os carrilhões do Convento de Mafra são dos mais antigos da Europa. Foram mandados construir em 1730 em Antuérpia na Bélgica por D. João V que, por ter achado o preço barato, mandou construir dois. Cada carrilhão é composto por 57 sinos, pesando o maior cerca de 10 mil quilos e o conjunto, mais de 200 toneladas.
De facto o conjunto é maior, mas como é preciso um carrilhanista para cada um e estão em torres diferentes é difícil, senão impossível, tocá-los simultaneamente.
Proponho, a todos, a leitura deste texto de Maria João Vieira da “Euronotícias”:«Carrilhões de Mafra ou as vantagens de uma rainha ser estéril»
http://sinos.cousinha.pt/carrilhoes/mafra/default.htm, que nos descreve, de uma maneira romanesca e deliciosa, um pouco da história e da actividade destes. Pode consultar-se também, como se fundem, como se tocam e os vários tipos de sons dos carrilhões.
Bem haja pela sua intervenção e espero que continue.
Cumprimentos