sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Bom Ano Novo … e algumas reflexões




Bom Ano 2012

Chegados que estamos ao fim de mais um ano, cumpre, como é normal nesta data, desejarmos aos nossos amigos um Bom Ano Novo.

São estes os meus votos para todos aqueles que ao longo de 2011 de alguma maneira descobriram este espaço e decidiram ler algum, ou alguns, dos meus “escritos” bem como para todos os seus já habituais visitantes.

Quando na minha mensagem de Natal salientei os leitores anónimos, não quis menosprezar os meus seguidores, pois que são uma fonte de apoio e de alento constante para continuar “nestas lides”, quis apenas frisar que quando vejo uma citação, a publicação dum artigo num outro espaço, ou muito simplesmente um leitor me coloca uma questão, que por vezes tenho de estudar para poder responder, sinto que tem valido a pena todo este meu trabalho.

Quanto à maioria dos seguidores devo confessar que terei sempre muito a aprender com eles e muito pouco, ou mesmo nada, a ensinar (visto não ter conhecimentos para isso!)

Sinceramente desejo que o próximo ano traga tudo do melhor para vós e as vossas famílias, que realizem tudo aquilo que ambicionam … mas senão o conseguirem na totalidade continuem a persistir, pois devemos acreditar sempre naquilo porque lutamos – só assim a vida tem siginificado para ser vivida.


Mesmo para os mais distraidos…

Mesmo para os mais distraidos que, terão de ir apressadamente ao relojoeiro consertar o relógio para saberem quando muda o ano (… é que eu também o sou, mas talvez não tanto assim!), esta data será para festejar entre a nossa família ou rodeados pelos nossos amigos.

Não será uma passagem de ano para grandes festejos, nem deslumbrantes fogos-de-artifício, mas será um dia para confraternizar, viver com alegria e continuar a sonhar com os nossos projectos e ambições.


…nem deslumbrantes fogos-de-artifício

Devemos começar a traçar o caminho a seguir no emaranhado da floresta em que se converteu o nosso dia-a-dia, com os problemas económicos que todos os nossos países atravessam, sejam elas maiores ou menores, para que cada momento seja vivido com grande alegria e desfrutemos o máximo que pudermos dele… e se reparem bem a estrada fica mesmo ali ao lado.


… a estrada fica mesmo ali ao lado

Antes de terminar, e numa altura em que somos constantemente “bombardeados” com imagens publicitárias – sob todos os formatos e vias, quero aqui deixar um dos meus “papéis velhos”: um anúncio espanhol do sec. XX (não estou seguro da sua data exacta) impresso sobre cartolina, em forma de leque, e que ainda hoje nos faria deliciar.

 
COMERCIO
Comestibles, Tejidos
José Ovelar
Remedios, 10 y 12
Villa del Prado

Para o ano voltaremos à bibliofilia com algumas novidades.

Saudações amistosas.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal – Merry Christmas – Joyeux Noel – Feliz Navidad




Presépio

Aproveito esta quadra festiva, para deixar uma mensagem de Boas Festas para todos os leitores, que ao longo destes anos, têm tido a paciência de me lerem e, sobretudo, de deixarem as suas opiniões.

Dirijo-me a todos, e não só aqueles que consideram importante manifestarem-me o seu apoio, subscrevendo-se como seguidores, pois são muitas das vezes as vozes anónimas que não deixam esmorecer o empenho neste meu modesto contributo para a divulgação do livro e do mundo que o rodeia.


Biblioteca - alguns livros

Entendo que nesta quadra devemos dar preferência às nossas famílias e aos nossos amigos, apesar dos nossos livros continuarem omnipresentes nas nossas vidas, mas que fiquem mais ou menos arrumados nas pratreleiras das nossas bibliotecas, e que só saiam de lá para desfrutarem da partilha com algum dos nossos amigos aficionados.

E porque não relembrarmos o Pai Natal da nossa meninice, quando ansiosamente aguardavamos que passasesse a meia-noite, ou que a manhã chegasse o mais depressa possível, para descobrirmos o que ele nos tinha trazido.


Pai Natal

Como já disse algumas vezes, somos velhos quando deixamos morrer a criança que vive nos nossos corações, pois que enquanto ela lá habitar os nossos cabelos brancos não nos envelhecem, porque a vida tem e terá sempre um significado para ser desfrutada e valerá sempre a pena lutar por um projecto novo.

Que melhor magia poderá encerrar um presente do que sabermos que o simples gesto da sua oferta representa a manifestação dum afecto profundo, ou duma amizade sempre presente, que escolheu este momento para deixar mais uma das suas marcas indestrutíveis.


A magia do presente

Se o presente em si poderá ser uma surpresa, o gesto esse não representará mais do que a emoção partilhada e vivida, de modo ciumplice, ao longo de muitos anos pelos intervenientes.

Mas muito mais que os valores materiais convirá, ao menos uma vez por ano, pensarmos um pouco mais atentamente em todos os desfavorecidos e desprotegidos, que cada vez são em maior número, no nosso planeta.


Os desfavorecidos também existem...

Também eles merecem o nosso apoio e carinho, mas sobretudo que tentemos fazer algo que lhes possa mitigar as suas carências.

Se “o Natal for sempre que um homem quiser”, seria bom que todos os dias o fossem!

Como grande apaixonado pela poesia serei sempre um eterno sonhador…por favor, não matem este meu sonho!

Saudações fraternas para todos vós.


sábado, 17 de dezembro de 2011

Palácio do Correio Velho – Leilão 272: Livros, Manuscritos e Gravuras.



O Palacio do Correio Velho, sito na Calçada do Combro, 38 A - 1º em Lisboa, vai realizar o seu último leilão de livros este ano.

 

A Exposição decorre nos dias 18 e 19 de Dezembro das 10:00 / 13:30 - 14:30 / 19:00 horas.

Trata-se de um excelente leilão que engloba um valioso conjunto da Colecção António Capucho e de obras de outras proveniências, relativas a Arte, História, Religião, Ex-Librismo, Literatura Portuguesa, Genealogia e Heráldica, Descobrimentos, Ensaística, Touradas, Culinária, Revistas, Postais, Gravuras, Mapas, Manuscritos e Cartazes.

Será uma oportunidade quase única para a aquisição de determinadas peças de grande valor bibliófilo (e algumas com grande interesse histórico).

O leilão decorrerá em três sessões:

A 1ª sessão no dia 20 de Dezembro pelas 15:00 horas (lotes 001 a 306)



A 2ª sessão no dia 21 de Dezembro pelas 15:00 horas (lotes 307 a 613)



A 3ª sessão no dia 22 de Dezembro pelas 15:00 horas (lotes 614 a 940)



Como nota bem elucidativa da importância deste importante evento bibliófilo, transcrevo a sua Introdução:

INTRODUÇÃO

Este nosso último leilão de 2011 é composto por obras de várias proveniências e nelas se destacam o núcleo das que per tenceram a António Capucho e também as de um notável historiador, pelo que além do manuscrito único, da edição rara e da encadernação bela encontramos muitos estudos modernos e diversificados.

Na temática, acha-se um maior número de obras respeitantes a Ar te, Genealogia, Heráldica,

História, Descobrimentos, Liberalismo e Miguelismo, Literatura por tuguesa, Religião e Estrangeiros sobre Por tugal, Ex-Librismo, Literatura Infanto-Juvenil, nelas se descor tinando algumas bastantes raras como a «História Sebástica», de Frei Manuel dos Santos, o «Sketches of Por tuguese Life…» de A.P.D.G., uma edição quinhentista de Frei Luís de Granada, e várias primeiras edições de Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Almada Negreiros e Miguel Torga.

Merecem a atenção dos apreciadores e coleccionadores, alguns álbuns postais, bem como vários lotes temáticos de postais, de grande originalidade, beleza ou raridade. Revistas e Jornais do século XIX, entre os quais um bom conjunto de 1910 ligado à Revolução Republicana destacam-se também. Não menos apreciados são os álbuns de monogramas reais e da grande nobreza por tuguesa e estrangeira, dos quais temos para venda um bonito álbum, em bom estado. Neste tipo de Memorabilia encontramos ainda dois lotes de programas de teatro, ópera e cinema datados dos séculos XIX e XX, contendo diversas peças bem efémeras mas que sobreviveram ao cair do pano…

Um conjunto de setenta encadernações muito belas dos «Diários Eclesiásticos» do século XVIII, da colecção de António Capucho serão certamente do agrado de muitos coleccionadores, que deixarão de ter acesso fácil a elas, ao terminar esta almoeda da sua riquíssima colecção.

 
MANUSCRITO – lote 0578

FIGUEIREDO, Domingos de. - CARTA DE FAMILIAR DO SANTO OFÍCIO. Dada em Lisboa, em 1754, pelo Conselho Geral, ao Mercador Domingos de Figueiredo, morador em Santarém e assinada pelo Cardeal da Cunha, Inquisidor - Geral. Pergaminho. Dim. : 34 x 26 cm. Com orla em esquadria e uma capitular de desenho de fantasia. O selo lacrado,dentro da caixa redonda em madeira (sem tampa), e com fitas verdes, em muito bom estado. Raro documento inquisitorial assinado pelo Cardeal da Cunha.

Nas raridades dos inúmeros e fabulosos manuscritos, muitos deles em pergaminho ou selados, provenientes do espólio de António Capucho, encontramos dezenas de documentos históricos desde o século XVI e com várias assinaturas reais, de D. João III a D. Manuel II.

Dos mais modernos e individuais, assinalamos car tas originais do Conde de Tomar, de João Chagas, de Gomes de Amorim, Alber to Osório de Castro, e um excepcional «Cancioneiro Alentejano» do notável poeta Manuel Alegre.

As folhas de antifonários, bem iluminadas, e as gravuras e registos religiosos, tanto em papel como em pergaminho, provenientes da colecção de António Capucho, são também de realçar pela sua beleza e raridade.

No lote bastante desenvolvido que temos de «Efémera» há que destacar ainda os cartazes de touradas, alguns do princípio do século XX, e os car tazes de cinema, dos primeiros filmes portugueses, de obras de Camilo Castelo Branco, ou ainda de filmes de Sergei Eisenstein.

De destacar também, reunidas pelo próprio, o inolvidável Maestro Miguel Ângelo Lamber tini, três pastas da Grande Orchestra Por tuguesa, de 1906, 1907, 1908, repletas de documentação avulsa e car tas originais, excepcional testemunho da vida musical e cultural no final da Monarquia.

Quanto a mapas de Por tugal, emergem um Blaeu e um Bellin respectivamente dos séculos XVII e XVIII, bastante belos e invulgares.

E para findar esta breve apresentação de mais um leilão que temos todo o gosto de oferecer aos nossos clientes e amigos terminamos com a literatura infanto-juvenil, para novos leitores ou mesmo futuros jovens coleccionadores, espicaçando o vosso interesse pelas raridades que apresentamos: o mítico «Cavaleiro Andante», quase completo, e o «Senhor Doutor», além de Hergé e a sua impagável «troupe» Tintiniana.

Lisboa, 28 de Novembro de 2011

Isabel Maiorca

Para despertar a vossa curiosidade para a consulta deste precioso catálogo deixo as fotografias de alguns dos seus lotes:



















Resta agora a vossa leitura atenta e cuidadosa, para que talvez possam tomar a decisão de compra de uma das muitas peças bem apetecíveis que o catálogo contempla.

Saudações bibliófilas.


Copyright: Todas as informações e fotografias aqui reproduzidas são propriedade exclusiva do Palácio do Correio Velho e não podem ser reproduzidas sem a sua autorização prévia.


Bauman Rare Books – December Holiday Catalogue



A Bauman Rare Books editou o seu catálogo para esta quadra natalícia – December Holiday Catalogue.





[The catalogue opens with two very scarce and sought-after Hemingway firsts: a fine first edition of his first book, Three Stories & Ten Poems, as well as a lovely copy of his early masterpiece The Sun Also Rises in the original dust jacket.

This catalogue also features a handsomely bound first edition in English of Isaac Newton’s landmark Mathematical Principles of Natural Philosophy, “generally described as the greatest work in the history of science” (Printing and the Mind of Man).

A splendid carte-de-visite photograph of Abraham Lincoln, taken when he was President and boldly signed by him, is sure to please any Lincoln admirer.

We also feature a special signed limited edition of Ernest Shackleton’s Heart of the Antarctic, with The Antarctic Book, signed by all of the members of the expedition, including Shackleton himself, of course…

The Red Badge of Courage in the very scarce original dust jacket – an exceptional rarity for any book from the 19th-century, and particularly so for this highspot of American literature…

First editions of Milne’s wonderful “Pooh Quartet,” in original dust jackets…]



Trata-se dum catálogo que reune obras de raridade e de grande procura. Claro que este se encontra francamente virado para o mercado americano, pois que as obras nele incluídas são, na sua grande maioria, de autores americanos ou relacionados com a cultura/história americana.

No entanto gostaria de realçar alguns títulos pela univeralidade dos seus escritores.


Hemingway fotografado em Milão [1918]
Envergando o uniforme militar

Este abre logo com duas obras de Ernest Hemingway que farão as delícias de qualquer bibliófilo: The Sun Also Rises. New York, 1926 e Three Stories & Ten Poems. Paris, 1923. Primeira e única edição do seu primeiro livro de apenas 300 exemplares.






Newton retratado por Godfrey Kneller, 1689
(com 46 anos de idade)

Refira-se também a obra: NEWTON, Isaac – The Mathematical Principles of Natural Philosophy. London, 1729, como uma das mais importantes na história da ciência.




Mark Twain em 1867

Mark Twain aparece com uma das suas obras mais famosas – Adventures of Huckleberry Finn (Tom Sawyer’s Comrade). New York, 1885 – em 1ª edição.



E do qual encontraremos, mais adiante, um conjunto completo das suas obras: 145. TWAIN, Mark. The Writings of Mark Twain. New York and London, 1906-07. Twenty-five volumes. Octavo, original three quarter green morocco gilt.




John Steinbeck

Temos igualmente uma outra preciosidade da autoria de John Steinbeck: The Grapes of Wrath. New York, 1939.



Muitas outras obras poderiam ser aqui referidas, mas deixo a sua escolha aos vossos gostos pessoais.

Boa leitura deste belo catálogo.

Saudações bibliófilas.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Livraria Castro e Silva – Catalogo nº 131 / Rare Books Catalog



Eis que nos chega mais um catálogo da Livraria Castro e Silva, situada na Rua do Norte, 44 - 1º andar em Lisboa, que como já estamos habituados, se encontra bastante vocacionada para o comércio do livro-antigo.

Curiosamente, e ao contrário daquilo a que estamos habituados, o Suplemento, apresenta obras de temáticas mais variadas e a preços mais acessíveis.



Do seu conteúdo destaco alguns títulos, de inquestionável qualidade e raridade:



11. BALDAQUE DA SILVA. (A. A.) ESTADO ACTUAL DAS PESCAS EM PORTUGAL Comprehendendo a pesca marítima, fluvial e lacustre em todo o continente do reino, referido ao anno de 1886 por… Capitão tenente da armada, engenheiro hydrographo e membro da commissão permanente de pescarias. Edição illustrada com mappas, gravuras e chromos. Imprensa Nacional. Lisboa. 1891. In 4.º de 26x19 cm. Com 515 pags. Encadernação recente com lombada e cantos em pele ao gosto da época. Ilustrado, contém a descrição e o estado de cada espécie capturada acompanhada por uma cromolitografia extra texto com o nome vulgar e nome ciêntifico. Mapa desdobrável da Carta de Pesca de Portugal realizada pelo autor na escala de 1:1.000.000 com uma legenda com a distribuição das principais artes de pesca.
[Livro já descrito neste blogue]



12. BARLAEUS, C. Rerum per octennium in Brasilia et alibi gestarum, sub praefectura comitis I. Mauritii historia. Ed. secunda. Cui accesserunt G. Pisonis tractatus (IV). Kleve, T. Silberling, 1660. In 8.º de 16x10 cm. Com [x], 664, [xxiv] pags. Encadernação da época em pergaminho. Ilustrado com frontispício gravado, gravura com retrato do autor, brasão de armas de Nassau, 3 mapas e 5 vistas todos desdobráveis e a gravura do eclipse que normalmente falta aos exemplares. Segunda edição Latina, conhecida como ―o pequeno Barlaeus‖, mais pequena quando comprada com a primeira edição publicada em fólio em 1647, no entanto mais completa, pois foi acrescentada com quatro textos do médico Moritz, sobre a história natural do Brasil. Obra que trata da história do reinado de Maurício, Nassau em Pernambuco, entre 1637-1644. ―Escrita com base em material documental das principais fontes deste período' (Bosch). Ilustrada com os mapas das possessões holandesas na América e África, no Brasil e ao redor de Recife, também vistas de São Paulo, incluindo a Fortaleza de Maurício Nassau. Acrescentada com uma tabela mostrando a representação de um eclipse solar, em Pernambuco. Importante documento para o estudo da história comparada da presença portuguesa na América do sul, visto que transmite a versão contrária, a dos vencidos, sobre a audaciosa tentativa falhada de Nassau, em instalar na selva Amazónica, a capital do seu vasto império colonial e comercial, esta pretensão foi conseguida num primeiro momento, mas a permanência não vingou e foi fortemente combatida por portugueses, espanhóis e índios, formando o primeiro movimento revolucionário político e militar sul-americano. O mesmo esteve também ligado à restauração da independência de Portugal, em 1640. Note-se que já um século antes, os franceses com Francisco I, também tinham falhado a sua penosa tentativa de criar a ―França Antárctica‖. Sabin 3409; Alden-L. 660/11; JCB III, 26; Borba de M. 79; Bosch 127; Rodrigues 346. First edition of the 'little Barleu', with engr. title, engr. portr. and coat-of-arms, 3 maps and 5 views, all folding, and plate of eclipse often missing. - Coat-of-arms mounted on verso of letterpress-title. A crisp copy in contemp. vellum.



22. FARIA E SOUSA, Manuel de. HISTORIA DEL REYNO DE PORTUGAL DIVIDIDA EN CINCO PARTES, QUE CONTIENEN EN COMPENDIO. Sus Poblaciones, las Entradas de las Naciones Setentrionales en el Reyno, su Descripcion, antigua e moderna, las vidas y las hazañas de sus Reyes com sus Retratos, sus Conquistas, sus Dignidades, sus famílias ilustres, com los títulos que sus Reyes les dieron, y otras cosas curiosas del dicho Reyno. POR MANUEL DE FARIA Y SOUSA. NUEVA EDICION. Enriquezida com las Vidas de los quatro últimos Reyes, y com las cosas notables que acontecieron en el mundo durante el reynado da cada Rey, hasta el año de M. DCC. XXX. EN BRUSSELAS, EN CASA DE FRANCISCO FOPPENS. M. DCC. XXX. [1730]. In fólio de 30x23 cm. com xiv-456-xlix-[xiv] pags. Encadernação da época inteira de pele. Folha de rosto a duas cores e texto impresso a duas colunas. Ilustrado com frontispício gravado alegórico, brasão com armas reais de Portugal encimado por dragão alado e 25 gravuras abertas a talhe doce intercaladas em extra-texto (página inteira) com retratos de corpo inteiro de todos os reis de Portugal (24 até à época de D. João V + 1 do Conde D. Henrique), várias vinhetas alegóricas à cabeça dos capítulos; vinhetas decorativas de separação; e letras capitais decorativas. Contem uma tabela com nomes e principais dados biográficos dos reis de Portugal; quadro com tabela da disposição dos representantes na assembleia das Cortes do reino; lista dos nobres e dos nomes da nobreza. 2ª edição em formato In folio (a 1.ª publicou-se em 1677) mais completa, pois contem a historia dos reis de Portugal e respectivos retratos até D. João V. Curiosamente publicou-se simultaniamente outra edição em Antuerpia em Casa de Verdunsen que julgamos ser exactamente igual a está de Bruxelas. Inocencio V, 415. 'Epitome de las Historias portuguesas. Tomos I e II. Madrid, por Francisco Martinez 1628. 4.o - Novamente, Lisboa, por Francisco Villela 1663. 4.º 2 tomos. - Outra vez, ibi, pelo mesmo 1674. 4.º 2 tomos com XXII-302, e XVI-440 pag. - Novamente; Bruxellas, por Francisco Fopens 1677. Fol. com os retratos dos reis de Portugal. - E ultimamente, accrescentado até o reinado de D. João V, em Anvers, 1730. Fol. com os retratos. - É a mesma obra que o auctor refundiu e ampliou com o titulo de Europa portuguesa, como se diz abaixo: Palau 1990, III, 186.



33. LOPES, Duarte. RELATIONE DEL REAME DI CONGO ET DELLE CIRCONVICINE CONTRADE. Trata dalli Scritti & ragionamenti di Odoardo Lopez Portoghese Per FILIPPO PIGAFETTA Com dissegni Vari di Geografia di piante, d’habiti, d’ animali, & altro. IN ROMA Apresso Bartolomeo Grassi. [1594] In 4.º de 23x16 cm. Com [viii], 82, [ii], pags. Ilustrado 8 gravuras de página dupla. Encadernação da época em pergaminho. Belo frontispício gravado com portada arquitectónica com o brasão do Bispo de S. Marcos. Exemplar completo de texto e gravuras mas com falta de 2 mapas desdobráveis, o que é costume nos exemplares. Adams L. BM (STC IT) 392. CCBE s. XVI P 1716. Yale University Library (HPB).



65. SOUSA, Francisco de. ORIENTE CONQUISTADO A JESU CHRISTO PELOS PADRES DA COMPANHIA DE JESUS da Provincia de Goa. PRIMEYRA PARTE, Na qual se contèm os primeiros vinte, & dous annos desta Provincia. SEGUNDA PARTE, Na qual se contèm o que se obrou desdo anno de 1564. até o anno 1585. LISBOA, Na Officina VALENTIM DA COSTA DESLANDES. M. DCCX. [1710] 2 volumes In fólio de 30x20 cm. Com [xxxvi], 895 e [xxviii], 620 pags. Ilustrados com 2 frontispícios gravados e 2 gravuras. Encadernação em pergaminho ao gosto da época. Bela impressão ilustrada com 4 gravuras, as folhas de rosto de ambos os volumes impressas a duas cores. Obra com interesse para a América pela naturalidade do autor, para Índia, Pérsia e muito especialmente para a história da chegada dos primeiros ocidentais à China e Japão. Os exemplares completos são hoje em dia, extremamente raros, praticamente só se podem encontrar em instituições internacionais, como bibliotecas públicas nacionais ou de universidades. O nosso exemplar preserva as raríssimas folhas preliminares com o título tipográfico. Inocêncio 3, 68. ―P. FRANCISCO DE SOUSA, Jesuita, e Preposito na casa professa de Goa. N. na cidade da Bahia, M. em Goa, com mais de 81 annos no de 1713. Oriente conquistado a Jesu Christo. Lisboa, por Valentim da Costa Deslandes 1710. fol. de XXXIV 895 pag. Segunda parte. fol. de XXVI 620 pag. Estes dous volumes devem ser acompanhados de quatro estampas gravadas a buril, das quaes não é raro faltarem algumas, ou todas em muitos exemplares. Estes volumes são já pouco vulgares, e têem subido ultimamente de preço: pois vendendo-se ainda ha dez ou doze annos por 2:400 réis, hoje valem o dobro d'essa quantia, e vi ha pouco pedir por um exemplar 7:200 réis! Lord Stuart possuia um, que no seu Catalogo n.º 3517 vem indicado com a nota de raro e bem impresso.‖ Barbosa Machado 2, 266. Sommervogel 7, 1405. Blake 3, 129. Borba de Moraes. Bibliogr. Bras. 2, 820. Sabin 88720. Palau 320769. Cordier, Bibliotheca Sinica, 786. Streit VI, 118.

Mas, como já deixei escrito no meu último artigo estes catálogos, e claro que não me refiro só a esta Livraria como a todas as outras e mesmo aos catálogos de alguns leilões, começam a repetir algumas obras.

Não discuto a sua raridade, nem sequer o seu valor de venda, mas penso que deverá constituir um ponto de reflexão sobre o estado da nossa economia e talvez espelhe um pouco o desfazer de algumas ideias expeculativas que se verificaram no início do ano.

[Pessoalmente penso que a classe média ao ser a mais atingida pela crise económica, será o que afectará mais o comércio do livro antigo, pois que as grandes raridades, a preços elevados, terão sempre compradores!]

A ver vamos como se portará o mercado bibliófilo no próximo ano, ainda para mais com o peso de maior austeridade e penalizações que o nosso orçamento prevê /publicou para 2012.



70. WAGENER, João Daniel. NOVO DICCIONARIO PORTUGUEZ-ALEMÃO E ALEMÃO-PORTUGUEZ POR JOÃO DANIEL WAGENER DOUTOR E PROFESSOR. DICCIONARIO PORTUGUEZ-ALEMÃO QUE CONTEM MUITAS VOCES IMPORTANTISSIMAS, QUE NÃO SE ACHÃO NOS DICCIONARIOS ATE AGORA PUBLICADOS. LIPSIA, EM CASA E A DESPEZAS DE ENGELHARDO BENJAMIN SCHWICKERT. MDCCCXI. [1811] In 4.º de 22x14 cm. com 960, 136 pags. Encadernação da época inteira de pele. Ilustrado com uma gravura alegórica em anterrosto assinada por I. C. Nabholz. Não nos foi ainda possível confirmar se o volume Alemão-Português foi publicado. Não existe exemplar na BNP.

Convido-vos à sua leitura (e porque não à descoberta das obras que já viram noutros dos seus catálogos) sempre interessante e fonte de enriquecimento bibliófilo.

Saudações bibliófilas.


sábado, 10 de dezembro de 2011

O Valor do Livro Antigo em Portugal – um livro um pouco caído no esquecimento.



Apresento hoje, para alguns poucos que ainda o desconhecem, um livro fundamental para a bibliografia e a bibliofilia em Portugal.


Pereira, João Figueiredo e Vicente, José Ferreira – O Valor do Livro Antigo em Portugal.

É a primeira publicação a nível mundial, bilingue, onde é apresentada a valorização do livro antigo de autores portugueses e estrangeiros com publicações de interesse para Portugal. Contém também a mais completa biografia dos mesmos autores, alguma vez publicada. Esta publicação, projectada em vários volumes, cada um dos quais abordará um século.

O Valor do Livro Antigo em Portugal será publicado em vários volumes, cada um dos quais abordará primeiramente um século. A selecção dos autores incluídos nos diversos volumes tem como critério base os livros e manuscritos leiloados em Portugal desde 1990 até aos nossos dias. O aparecimento de um autor em cuja primeira edição do seu primeiro livro tenha sido publicada num determinado século, faz com que a informação relativa a todos os seus livros leiloados e a biobibliografia do mesmo seja inserida no volume correspondente a esse século.

Foi publicado apenas o Volume I, mas aguarda-se com expectativa a publicação do volume II (em 2 tomos) correspondente ao século XVII (que deverá sair brevemente).

Este projecto é levado a efeito por um bibliófilo, João F. Pereira e por um livreiro antiquário, José F. Vicente.

Trata-se de:

Pereira, João Figueiredo e Vicente, José Ferreira – O Valor do Livro Antigo em Portugal. Volume I. Séculos XV e XVI, Forais e Manuscritos. Leiloados em Portugal. 1990 - 2003. Lisboa. 2006. Suporgest. In-4º de 814 págs. Prefácio de João José Alves Dias. Primeiro e único volume saído. Descrição de centenas de espécies leiloadas entre 1990 e 2003. Com reproduções a cores e p/b. Encadernação editorial em material sintético com sobrecapa de protecção. Edição bilingue: português / inglês.


Encadernação editorial

[Pereira, João Figueiredo et Vicente, José Ferreira – La valeur de la livre antique au Portugal. Volume i. XVe et XVIe siècles, des registres municipaux et des manuscrits. Mis aux enchères au Portugal. 1990-2003. Lisbonne. 2006. Suporgest. In-4 ° de 814 p. Préface de João José Alves jours. Premier et seul volume est sorti. Description des centaines d'espèces aux enchères entre 1990 et 2003. Avec des reproductions en couleur et n/b. lReliure éditorial en matériau synthétique avec jaquette protectrice. Édition bilingue: portugais et en anglais]

O volume I desta publicação apresenta os forais – os documentos mais importantes manuscritos ate ao final do século XVI – e os livros impressos dos autores cuja primeira edição foi realizada ate ao final do século XVI, leiloados em Portugal de 1990 a 2003, assim como a biografia e a bibliografia de cada autor.

Os documentos são apresentados incluindo a sua descrição, o preço estimado e o preço de venda, separados em duas áreas. A primeira corresponde aos autores portugueses. A segunda refere-se aos leilões de livros de autores estrangeiros corn interesse para Portugal. Ambos seguem a ordem alfabética do apelido do autor ou do autor do livro, quando o autor for desconhecido ou a publicação seja institucional (ex. Ordenações Manuelinas). São incluídos os diversos livros leiloados, com a descrição do respectivo frontispício, a caracterização do livro (encadernação, condições de conservação, etc.), o preço estimado do leilão e o preço de venda.

É apresentada uma pequena biografia de cada autor, nascido em Portugal, seguida da sua bibliografia, também por ordem alfabética. Quando a entrada é feito com um título, é incluído um enquadramento do livro ou uma pequena descrição, quando possível.

Não são apresentadas as biobibliografias dos autores estrangeiros.


BARREIROS, Gaspar, O.F.M. -1574 – Commentarius de Ophyra Regione apud diuinam scripturam co[m]memorata, vnde Salomoni Iudaeorum regi... Conimbricae, Per Ioannem Aluaru Typographum Regiu. Cum facultate Ordinarij & Inquisitoris. M.D.LXI

Para uma melhor compreensão do seu conteúdo, publico o Prefácio da autoria de João Alves Dias:

PREFÁCIO

O Valor do Livro Antigo em Portugal é um projecto interessante com diferentes vertentes e diferentes utilidades. Tentemos chamar a atenção para algumas delas, as que nos parecem mais importantes.

A priori, poderá dizer-se que a sua vertente principal é permitir – quer ao coleccionador quer ao bibliotecário quer ao comerciante quer ao investigador quer ao público em geral – saber o preço médio que determinado livro tem obtido no mercado ao longo dos últimos anos (1990-2003). Aparentemente seria essa a sua grande finalidade, o seu grande objectivo. Mas será assim, ou apenas assim? Certamente que não. Mas mesmo dentro deste aspecto mais "comercial", conhecer o valor do livro pode ser importante e chamar a atenção para o exemplar em apreço.


SOTOMAIOR, Luís de, 1526-1610, O.P. – Cantici canticorum Salomonis interpretatio… Vlysippone. apud Petrum Crasbeeck, M.D. XCIX (Data do colófon 1601)

Em primeiro lugar, temos de compreender que os preços apresentados são os que determinados exemplares alcançaram neste e naquele leilão. E ambas as condições (exemplar e leilão) são importantes. Existem exemplares de uma mesma obra que podem obter preços bastante diferentes de leilão para leilão. Basta pertencerem a uma tiragem especial, terem ou não terem as capas originais, serem ou não serem encadernados – e, neste caso, serem encadernações assinadas por um bom mestre do ofício, dado que há encadernações que valem mais do que o próprio livro que vestem –, estarem ou não estarem em bom estado de conservação... enfim, muitos são os factores que fazem com que um mesmo livro, de uma mesma edição, possa ter preços completamente diferentes. Por vezes, existem casos de livros de uma mesma edição, absolutamente iguais e com as mesmas características exteriores e interiores, atingirem preços completamente díspares num mesmo leilão, com o mesmo público. Basta estarem várias pessoas interessadas na mesma obra e que ela traduza alguma raridade. À medida que o preço vai subindo e se vai estabelecendo para o primeiro exemplar, a tentação pode ser de não deixar subir muito o valor do livro, dada a existência do outro exemplar, que poderemos arrematar por um preço idêntico ou próximo ao que deixámos arrematar por baixo. Mas podemos sofrer desilusões... Lá por um livro se ter vendido por um dado preço, não quer dizer que o outro exemplar se venda por idêntico. Basta que o público interessado continue a cobrir as ofertas para o seu valor poder ultrapassar, e por vezes em muito, o do exemplar anterior. É que o preço final só se fixa quando houver um único licitante. Mas também pode acontecer exactamente o inverso... haver mais disputa por um primeiro exemplar, do que por um segundo. A decisão e o comportamento a tomar dependem do conhecimento que se tiver do livro e do público do leilão.


BARREIROS, Gaspar, O.F.M. -1574 – Censuras de Gaspar Barreiros sobre quatro liuros intitulados em M. Portio Catam De Originibus, em...
Em Coimbra, Per Ioam Aluares, impressor da Universidade. Anno de M.D.LXI.
Impresso à sua custa

Para o conhecimento "material" do livro, também a presente obra se mostra importante, dado que permite saber se se trata de um exemplar que aparece com grande, pouca ou rara frequência. É, assim, um indicador para o bibliófilo e para a História em geral. Um livro que aparece com frequência, mesmo que não seja barato, é, por regra, mais fácil de obter do que um que raramente surja no mercado. E é neste aspecto, o da existência "física" de determinados exemplares, que o presente livro pode revelar uma mais valia. Têm aparecido à venda, em leilão, obras completamente desconhecidas e jamais descritas em qualquer dos instrumentos bibliográficos à disposição dos estudiosos ou dos coleccionadores. É certo que a primeira e grande novidade coube ao catálogo, realizado pelo leiloeiro, que serviu de base ao leilão, dado que neste se compilam, no que diz respeito aos exemplares vendidos, as informações neles constantes. Mas quantos dos investigadores do livro antigo têm hoje acesso a todos os catálogos dos diferentes leilões portugueses, realizados nos últimos anos? E, mesmo para aqueles que a eles eventualmente tenham acesso, a vida é-lhes facilitada por este novo instrumento de trabalho, dado que os apresentam de uma forma ordenada – que muitos e muitos dos catálogos de leilões não tem – e sistemática.

Para o conhecimento do público que frequenta os leilões é que não existem, com tantas garantias, instrumentos de trabalho. E é esse publico, com mais ou menos poder de compra, com mais ou menos conhecimentos, com mais ou menos preconceitos, que estabelece o valor, em leilão, do livro. Quantas vezes não iremos dizer, ao consultar a presente obra "que pena não termos estado presente neste leilão, pois esta obra que desejávamos foi vendida por um preço tão aliciante"... Fique o leitor com uma certeza: se estivesse estado presente, o preço final teria sido bastante mais caro, pois haveria mais um concorrente para a mesma obra ou para o mesmo exemplar. E qualquer coleccionador faz subir o preço de um livro, em leilão, pelo simples facto de desejar ardentemente ser seu possuidor. E só assim se justifica que um mesmo livro tenha atingido preços tão díspares em diferentes leilões. Não se julgue que o livro antigo está sempre em valorização. Encontrará ao longo da presente obra diferentes casos que comprovarão exactamente o oposto.




MENESES, Garcia de -1484 – Garsias Menesius Eborensis…
Conimbricaer, Apud Ioanem Aluarum Typographum Regii, M.D.LXL
[veja-se o pormenor da bela capitular nesta página]

A posteriori, poderá dizer-se que, afinal, a sua vertente principal se revela como complemento indispensável a uma nova Bibliografia da produção de autores portugueses, ou relacionados com Portugal, do século XV ao XX. E foi esse também o entender dos autores, dado que complementaram o projecto com uma resenha dos diferentes títulos conhecidos, impressos por cada um dos autores cuja obra foi objecto de leilão. Sabemos que é uma tarefa ingrata fazer o inventário da produção científica de cada um. Muitas e muitas vezes repetimos erros (gralhas?) e omissões que bibliógrafos anteriores produziram, convencidos como estamos de que se eles descreveram assim é porque tiveram conhecimento do livro tal e tal... Mas quantos exemplares não passam de meros fantasmas, pois resultam de uma má transcrição ou descrição, ou de uma nova gralha produzida sobre outra gralha anterior... Por mais esforços que os autores tenham tentado, resta-nos uma certeza que é ao mesmo tempo um lamento: existirão sempre novos dados que virão completar os agora compilados. Já Francisco Vindel, com a sua grande sabedoria, escreveu que em bibliografia nada é definitivo.

Colónia, Fevereiro de 2006.

João José Alves Dias

Para os mais interessados, o livro pode ser adqurido aqui:

Quem sabe senão será uma boa opção de compra natalícia?

Saudações bibliófilas.