"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 2 de maio de 2015

Cecília Meireles e… ainda Camilo.



Cecília Meireles

A propósito de duas novas montras de livarias de que recebi informação: as novidades da Cólofon Livros Raros Edições e a montra de Abril da Livraria Alfarrabista Miguel de Carvalho onde podemos encontrar vários espécimes literários deste consagrado e muito procurado autor (e muito prolífero, pois que a sua bibliografia activa é vastíssima!)

E convirá não esquecer último leilão organizado pelo José F. Vicente onde a camiliana estava muito bem representada (como aqui se deu notícia) e com excelente procura sobretudo das obras encadernadas com as respectivas capas de brochura (estado cada vez mais valorizado pelos bibliófilos).

Mas antes de passar aos livros quero partilhar aqui convosco, com a devida e merecida vénia, este magnifico texto que o Francisco Brito da Cólofon Livros Raros Edições publicou na sua página de Facebook aqui.


Crianças a ler

“Acabou de sair da loja um grupo de alunos do 11º e 12º ano. Mostrei-lhes algumas curiosidades e partilhei a minha opinião sobre algumas obras que li quando tinha a idade deles. Não tive dificuldade em lembrar-me que achei o Frei Luís de Sousa uma seca e que a ida ao teatro para ver Felizmente há Luar foi um dos momentos mais entediantes da minha passagem pelo ensino secundário.

Disse-lhes ainda que na altura achei interessante Os Maias e o Sermão de Santo António aos Peixes. Falei-lhes da Arte de Furtar e todos compreenderam qual o motivo para não ser leccionada ou sequer mencionada a sua existência nos manuais escolares.

Aconselhei-os a ler Cesariny, Pessoa e Herberto Hélder (não lhes falei do Luís Pacheco para evitar problemas), entre outros. Perguntei-lhes se não seria mais engraçado saberem algo sobre a vida dos autores e depois estudarem uma obra à escolha e todos acharam a ideia interessante.

Não me esqueci de lhes dizer que o agora proscrito Camilo Castelo Branco é o maior!”


Jovens universitários
©Fotografia Publico

De facto são encontros e conversas informais como esta que poderão cativar os jovens para a descoberta dos nossos autores consagrados, ainda que se deva incitar – e isto na minha opinião – a leitura dos autores mais recentes, pois são aqueles que estão mais perto dos seus valores culturais e, como tal, mais acessíveis na sua interpretação.

É um caminho que deverá ser seguido por todos – com o “toque pessoal” de cada um de nós obviamente!

Para mim, constitui sempre um enorme prazer, e motivo de alegria, quando estou numa livraria-antiquária,  e deparo com um jovem “de roda de um alfarrábio” e a questionar o livreiro-antiquário muitas vezes já com uma boa “bagagem” informativa!


Camilo Castelo Branco

Mas voltemos ao nosso Camilo Castelo Branco e à sua obra.

A Cólofon Livros Raros Edições propõe:



216 – Castelo Branco, Camilo - ESBOÇOS DE APRECIAÇÕES LITTERARIAS. (1) Lisboa. Parceria António Maria Pereira. 1908. 249 págs. 23cm. E.

Edição "para bibliophilos" destes Esboços de Apreciações Litterárias a que Camilo Castelo Branco preferiu não chamar "críticas".
Exemplar encadernado. Encadernação com a lombada e cantos em pele. Miolo por abrir. Com algumas manchas de acidez, próprias do papel.

Preço: 40 euros.




217– Castelo Branco, Camilo – O MARQUEZ DE TORRES-NOVAS. DRAMA. EM CINCO ACTOS E UM EPÍLOGO. Porto. Em Casa de F. G. da Fonseca. Editor. 1858. 158 págs. 20cm. E.
Segundo, e último, drama histórico de Camilo - o primeiro fora Agostinho de Ceuta.
O fundamento, diz Camilo, veio-lhe dos Anais de D. João III, de Frei Luís de Sousa, mas encontra-se em outras obras do tempo, de tão importante que foi. Pretendia o marquês de Torres Novas, D. João de Lancastre - depois Duque de Aveiro e filho de D. Jorge, o Duque de Coimbra legitimado por D. João II – contrariar a decisão régia do casamento de D. Guiomar Coutinho, herdeira das casas Marialva e Loulé, com o Infante D. Fernando, alegando matrimónio que com ela tivera, secretamente; o marquês foi preso e houve longo processo que abonou a régia decisão. Mas a verdade histórica, pincelou-a Camilo de ficção: acrescentou, além do mais, a força do passado como motor de vingança.
Representada pela primeira vez no Porto, em 1855, no teatro Camões, é esta a “segunda edição emendada”, dada à estampa por Francisco Gomes daFonseca. 
O mesmo caso foi tratado, pouco depois, por Bernardino Pinheiro, sob a forma de romance histórico, na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (Luiz Francisco Rebello, O teatro de Camilo, p. 34-38).
Exemplar encadernado, com a lombada em pele. Miolo em bom estado.

Preço: 125 euros.

A Livraria Alfarrabista de Miguel de Carvalho propõe entre outros:


   
   
CASTELO BRANCO, Camilo – DISPERSOS DE CAMILO(2) Imprensa da Universidade, Coimbra, 1924, 1925, 1926, 1928, e 1929. 5 volumes de in-4º de 589, 647, 527, 608 e 313 págs. Encadernação meia francesa em pele, muito luxuosa e com dizeres e florões a ouro em casas fechadas na lombada. Conserva capas de brochura. Ilustrado ao longo do texto. Alguns cadernos por abrir.



DA TIRAGEM ESPECIAL DE 250 EXEMPLARES EM PAPEL DE LINHO. Colecção completa e já RARA.
Importante colectânea dos escritos dispersos de Camilo, que se divide em Vol. I - Crónicas (1848-1852); Vol. II - Crónicas (1853-1856); Vol. III - Crónicas (1857-1885); Vol. IV - Artigos (1846-1889); Vol. V - Romances (1848-1863).

Ref.: 11820
Preço: 200 €



CASTELO BRANCO, Camilo – A BRUXA DE MONTE-CORDOVA.  Livraria Campos Junior - Editor, Lisboa, 1867. In-8º de 233-(3) págs. Encadernação meia inglesa com lombada em pele, apresentando sinais de manuseamento. Aparado e sem capas de brochura. Nota manuscrita no frontispício.

PRIMEIRA EDIÇÃO bastante rara, deste romance que tem como cenário principal as Campanhas de Liberdade do Norte de Portugal durante o período de 1828 a 1867.

O capitão-mór de Cabeceiras de Basto morria por ella. Dois frades bentos de S. Miguel de Refojos andavam como energumenos desde que a lobrigaram na sua egreja. O juiz ordinario, o alferes de milicias, o juiz dos orfãos, o escrivão das sizas, o boticario e o mestre-escola farejavam-n'a, tanto á inveja, que a rapariga, quando elles, um por cada vez, se lhe faziam encontradiços, resmuneava, formando com os dedos uma figa occulta:
- Eu t'arrenego, diabo!

Ref.: 11819
Preço:   130 €


      
BRANCO, Camillo Castello – LIVRO NEGRO DE PADRE DINIS - Romance em continuação aos MISTÉRIOS DE LISBOA. Em Casa de F. G. da Fonseca - Editor, Porto, 1863. In-8.º de X-299 págs. Encadernação meia inglesa com lombada em pele, a qual se apresenta decorada com dourados. Sem capas. Apresenta sinais de manuseamento.
Segunda edição.

O LIVRO NEGRO não foi escripto para ser publicado em forma alguma, e muito menos em forma de romance.
 O grande homem, que rubricara com la- grimas essas paginas, não as escrevia para nós, profanos, que lli'as não comprehenderemos.
 E não. Taes quaes elle as deixou ahi, são um mylho de amarguras, escriptas n'um estylo que não é estylo, numa elevação que nem a gente sabe se é um verdadeiro elevar-se para o céo, se uma desamparada queda no inferno da dor.

Ref.:      11814
Preço:   20 €

Mas a Livraria Alfarrabista de Miguel de Carvalho, nesta sua montra de Abril, oferece-nos um bom conjunto de livros da vasta bibliografia da poetisa brasileira Cecília Meireles.

Mas afinal quem foi Cecília Meireles?

Cecília Meireles

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, em 7 de Novembro de 1901, filha de pais açorianos – Carlos Alberto de Carvalho Meireles, um funcionário de banco, e Matilde Benevides Meireles, uma professora.

Cecília Meireles foi filha órfã criada por sua avó açoriana, D. Jacinta Garcia Benevides, natural da ilha de São Miguel. Aos nove anos começou a escrever poesia.

Frequentou a Escola Normal no Rio de Janeiro, entre os anos de 1913 e 1916 estudou línguas, literatura, música, folclore e teoria educacional.

Em 1919, com dezoito anos de idade, Cecília Meireles publicou o seu primeiro livro de poesias, Espectros, um conjunto de sonetos simbolistas. Embora vivesse sob a influência do Modernismo, apresentava ainda, na sua obra, heranças do Simbolismo e técnicas do Classicismo, Gongorismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo e Surrealismo, razão pela qual a sua poesia é considerada atemporal.



MEIRELES, Cecília – Espectros

No ano de 1922 casou-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas. Este sofria de uma grave depressão e acabaria por se suicidar em 1935.

Voltou a casar-se, no ano de 1940, com professor e engenheiro agrónomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, falecido em 1972. Das suas três filhas, a mais conhecida é Maria Fernanda que se tornou actriz.

Teve ainda importante actuação como jornalista, com publicações diárias sobre problemas na educação, área à qual se manteve ligada, tendo fundado, em 1934, a primeira biblioteca infantil do Brasil.


Assinatura de Cecília Meireles

Teve um importante empenho na poesia infantil com a publicação de textos como Leilão de Jardim, O Cavalinho Branco, Colar de Carolina, O mosquito escreve, Sonhos da menina, O menino azul e A pombinha da mata, entre outros.



MEIRELES, Cecília – Ou Isto ou Aquilo

Com eles traz para a poesia infantil a musicalidade característica de sua poesia, explorando versos regulares, a combinação de diferentes metros, o verso livre, a aliteração, a assonância e a rima. Os poemas infantis não se restringem à leitura infantil, permitindo diferentes níveis de leitura.

Em 1923, publicou Nunca Mais… e Poema dos Poemas, e, em 1925, Baladas Para El-Rei.



MEIRELES, Cecília – Nunca Mais…e Poema dos Poemas Leite Ribeiro, 1923, 1ª edição. Ilustrado com desenhos de Correia Dias. 



Encadernação nova, preservando a capa e a contracapa da brochura. Livro com perda das margens da capa. Miolo em muito bom estado de conservação, apresentando apenas algumas manchas amareladas características do papel. Assinatura de posse na página de rosto. 149 pp.




MEIRELES; Cecília – Baladas para El-Rei. Rio de Janeiro: Edições Lux, 1925. 1ª Edição. Com ex-libris da autora. 125 páginas, brochura.
CATÁLOGO LEILÃO Nº 014 - LEILÃO DE COLECIONISMO - MÊS JUNHO DE 2012
©Franklin Levy Leiloiro | Rua Paula Freitas, 83 B Copacabana - Rio de Janeiro

Após longo período em que não publicou nada, em 1939, publicou Viagem, livro com o qual ganhou o Prémio de Poesia da Academia Brasileira de Letras.


Cecília Meireles

Católica, escreveu textos em homenagem a santos, como Pequeno Oratório de Santa Clara, de 1955; O Romance de Santa Cecília e outros.



MEIRELES; Cecília – Pequeno Oratório de Santa Clara. Gravuras de Manuel Segalá. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1955. Ilus. 67 pag.  Edição de 320 exemplares, sendo este o de n. 63 autografado pela autora e  dedicado a Henriqueta Lisboa.  Acondicionado em caixa de madeira em formato de oratório.



Em 1951 viajou pela Europa, Índia e Goa, e visitou pela primeira e única vez os Açores, onde na ilha de São Miguel contactou o poeta Armando César Côrtes-Rodrigues, amigo e correspondente desde a década de 1940.

Cecília é considerada uma das maiores poetisas do Brasil, Raimundo Fagner gravou várias músicas tendo seus poemas como base. A exemplo de "Canteiros", "Motivo", e tantos outros.


Nota do Banco Central do Brasil de100 Cruzados Novos
[com a efígie de Cecília Meireles]


Homenagens:
Prémio Machado de Assis (1965)
Sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura
Sócia honorária do Instituto Vasco da Gama (Goa)
Doutora "honoris causa" pela Universidade de Delhi (Índia)
Oficial da Ordem do Mérito (Chile)





MEIRELES, Cecília – Cânticos. Editora Moderna, 1981. 1ª edição. Com dedicatória na 2ª página à caneta. Folhas amareladas devido ao tempo

Bibliografia

Aos 9 anos, Cecília teria escrito sua primeira poesia, mas a sua bibliografia é vasta.

Livros

Criança, meu amor, 1923
Nunca mais… e Poemas dos Poemas, 1923
Criança meu amor…, 1924
Baladas para El-Rei, 1925
O Espírito Vitorioso, 1929 (ensaio – Portugal)
Saudação à menina de Portugal, 1930
Batuque, Samba e Macumba, 1935 (ensaio – Portugal)
A Festa das Letras, 1937
Viagem, 1939
Vaga Música, 1942
Mar Absoluto, 1945
Rute e Alberto, 1945
Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1949 (biografia de Rui Barbosa para crianças)
Retrato Natural, 1949
Problemas de Literatura Infantil, 1950
Amor em Leonoreta, 1952
Doze Noturnos de Holanda & O Aeronauta, 1952
Romanceiro da Inconfidência, 1953
Batuque, 1953
Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955
Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955
Panorama Folclórico de Açores, 1955
Canções, 1956
Giroflê, Giroflá, 1956
Romance de Santa Cecília, 1957
A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957
A Rosa, 1957
Obra Poética,1958
Metal Rosicler, 1960
Poemas Escritos na Índia, 1961
Poemas de Israel, 1963
Antologia Poética, 1963
Solombra, 1963
Ou Isto ou Aquilo, 1964
Escolha o Seu Sonho, 1964
Crônica Trovada da Cidade de Sam Sebastiam no Quarto Centenário da sua Fundação Pelo Capitam-Mor  Estácio de Saa, 1965
O Menino Atrasado, 1966
Poésie (versão para o francês de Gisele Slensinger Tydel), 1967
Antologia Poética, 1968
Poemas italianos, 1968
Poesias (Ou isto ou aquilo & inéditos), 1969
Flor de Poemas, 1972
Poesias completas, 1973
Elegias, 1974
Flores e Canções, 1979
Poesia Completa, 1994
Obra em Prosa – 6 Volumes – Rio de Janeiro, 1998
Canção da Tarde no Campo, 2001
Episódio humano, 2007

Teatro:

1947 – O jardim
1947 – Ás de ouros
Observação: “O vestido de plumas”; “As sombras do Rio”; “Espelho da ilusão”; “A dama de Iguchi” (texto inspirado no teatro Nô, arte tipicamente japonesa), e “O jogo das sombras” constam como sendo da biografada, mas não são conhecidas.

Outros meios:

1947 – Estréia “Auto do Menino Atrasado”, direção de Olga Obry e Martim Gonçalves. música de Luis Cosme; marionetes, fantoches e sombras feitos pelos alunos do curso de teatro de bonecos.
1956/1964 – Gravação de poemas por Margarida Lopes de Almeida, Jograis de São Paulo e pela autora (Rio de Janeiro – Brasil)
1965 – Gravação de poemas pelo professor Cassiano Nunes (New York – USA).
1972 – Lançamento do filme “Os inconfidentes”, direção de Joaquim Pedro de Andrade, argumento baseado em trechos de “O Romanceiro da Inconfidência”.

[As ilustrações fotográficas das diversas obras apresentadas não são da responsabilidade da Livraria, mas fruto da minha  pesquisa doutros exemplares em venda, sobretudo no mercado livre no Brasil]

       
MEIRELES, Cecília – Antologia Poética com poemas inéditos. Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1963. In-8º de 256 págs. Br. Com Retrato.
PRIMEIRA EDIÇÃO.

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Ref.: 11899
Preço: 40 €
   

    
MEIRELES, Cecília – Retrato Natural. Livros de Portugal, Rio de Janeiro, 1949. In-8º de 184 págs. Br. Capas de brochura com alguns pios de acidez. Exemplar valorizado com um expessiva dedicatória autógrafa ao poeta José Osório de Oliveira.

Nem sei se é lua, se apenas um rastro de nuvem
no azul triste do dia.

Nem sei se é flor, se uma estrela caída da chuva
no jardim desfolhado.

Nem sei se é meu, se de outrem, o acenar da
loucura com mãos de poesia.

Nem sei que dizem, ou que responda, se
perguntam…
que o presente é passado.

Ref.: 11896
Preço:   90 €

  

     
MEIRELES, Cecília – Doze Noturnos da Holanda & o Aeronauta. Livros de Portugal, Rio de Janeiro, 1952. In-4.º de 60-(4) págs. Br. Edição ilustrada com um retrato de Cecília Meireles por Arpad Szenes. Expressiva dedicatória autógrafa de Cecilia Meireles ao poeta José osório de Oliveira e a sua esposa.
RARO.



Em Doze Noturnos da Holanda, a poeta apresenta como personagem, a noite, que permeia quase todos os outros poemas ao longo do livro. Para Cecília, a noite é uma das traduções da eternidade e do infinito que nos rege, e somente ela guarda a memória do universo. Já em O aeronauta, a autora retoma certas linhas temáticas de Viagem, mais uma vez temos a poeta viajante, que segura o leitor pela mão para uma inédita experiência de viagem aérea, ligada aos mistérios que regem nossa condição humana e terrestre.

Ref.: 11895
Preço: 75 €



       
MEIRELES, Cecília – Viagem. Poesia. 1929-1937. Editorial Império, Lisboa, 1939]. In-8º de 199-(1) págs. Br. Capa com alguns picos de acidez. Com uma expressiva dedicatória autógrafa ao poeta José Osório de Oliveira.

Este livro valeu a Cecília Meireles o 1.º Prémio de Poesia da Academia Brasileira de Letras em 1938 (tornando-se na primeira mulher a conquistar este prestigiado prémio), atribuição que levantou acesa discussão, polémica que afinal veio a representar autêntica consagração pois que no Parecer do respectivo júri se classifica a Viagem como “um dos mais belos livros de versos escritos em nossa língua.”

Ref.: 11894
Preço:   80 €


      
MEIRELES, Cecília – Amor em Leonoreta. Edições Hipocampo, Niterói, 1951. (3) 22 folhas inumeradas albergadas num portefólio editorial. Raríssima primeira edição duma tiragem especialíssima limitada a 10 sendo este o nº 6 todos com dedicatória nominal ao destinatário deste exemplar, o poeta José Osório de Oliveira. A tiragem total do título é de 116 exemplares, incluindo esta especialíssima de 10.



Expressiva dedicatória autógrafa de Cecília Meireles que se encontra junto da dedicatória nominal, a do mesmo destinatário.



Esta edição especial faz-se acompanhar de uma xilogravura original assinada (fora do texto) do artista Yllen Kerr e é totalmente artesanal realizada pela Editora Hipocampo. Todos os cadernos impressos em papel de bibliofilia de qualidade superior encontram-se acondicionados em estojo editorial próprio.
        

       
Esta obra reúne sete poemas, publicados em edição artesanal, inspirados na novela Amadis de Gaula, de 1508, Cecília cria neste livro uma linguagem profundamente identificada à lírica lusitana e suas raízes medievais.

Ref.:      11893
Preço:   485 €
   

    
MEIRELES, Cecília – Mar Absoluto e Outros Poemas. Edição da Livraria do Globo, Porto Alegre.1945. In-8º de 248-(3) págs. Br. Desenho da capa da autoria de Maria Helena Vieira da Silva e retrato de Cecília Meireles realizado por Arpad Szenes. Exemplar da edição especial fora de comércio numerados e assinados pela autora. Com uma dedicatória autógrafa para o poeta José Osório de Oliveira.
RARO.
Exemplar da primeira edição de um dos mais importantes livros da bibliografia poética da autora, segundo Péricles da Silva Ramos, “a mais alta figura que já surgiu na poesia feminina brasileira, e, sem distinção de sexo, um dos grandes nomes da nossa literatura”.

Ref.: 11892
Preço: 150 €


Notas:

(1) Lote 60. CASTELO-BRANCO, Camilo, 1825-1890 – Esboços de apreciações literárias. Porto: Em Casa da Viúva Moré-Editora, 1865. - 292, [3] p. : (18 cm) : Enc.
Muito bom exemplar. Encadernação meia-inglesa, coeva, mantendo as capas de brochura, bem conservada. Primeira edição, pouco vulgar.
[Do 39º leilão realizado pela VERITAS Art Auctioneers, sediada na Av. Elias Garcia, 157 A/B, no dia 18 de Dezembro de 2014]

(2) [CAMILO CASTELO BRANCO] –  Dispersos de Camilo. JÚLIO DIAS DA COSTA, comp. e notas. Notável trabalho de reunião daquela miuçalha que também faz de um escritor um extraordinário escritor. Também aquilo que um escritor vai deixando pelo caminho ao sabor da circunstância é crucial para a compreensão de uma personalidade o mais das vezes complexa, e mesmo retorcida. Apenas um exemplo das pérolas aqui juntas, assinada pelo maior cultor da língua portuguesa, a propósito de um dos nossos maiores dicionaristas:
«Candido de Figueiredo –Parece que se retirou da milicia activa das lettras amenas quando levava a semana em meio. Vê-se que o sr. Candido de Figueiredo não tinha a vocação litteraria bem pronunciada até ao martyrio. Eu queria ver o seu talento bem premiado, ou que elle sahisse d’esta cafraria com a chave que Gilbert inguliu. Dizem-me que elle advoga no Alemtejo. Faz bem. A suprema vingança que um poeta pode tirar d’esta sociedade é provar a candura dos ladroens que a roubam e dos assassinos que lhe anavalham a barriga. Vingue-se o illustre auctor do Tasso, e membro da sociedade aziatica.»
©Frenesi Loja

(3) Amor em Leonoreta – Cecília Meireles.Edições Hipocampo 1951. Exemplar nº 61 assinado pela autora. Composto a mão. Este é o sétimo livro das Edições Hipocampo e acabou de imprimir-se a 30 de novembro de 1951, em Niterói tiraram-se cento e dezesseis exemplares em papel ingres autenticados pelo autor: De 1 a 100 para os subscritores, de 1 a X para o poeta, de A A F para os editores Geir Campos e Thiago de Mello. A xilogravura (fora do Texto) é de Yllen Kerr. Excelente estado de conservação. 27,5 x 19 cm. Caixa tipo livro para acondicionar a brochura executada por Habilis Atelier.
©Vera Nunes Leilões | Av. Brigadeiro Faria Lima, 1827 sobreloja 28 - Pinheiros - São Paulo
Leilão de 14/10/2014

Espero que vos tenham sido de alguma utilidade estes singelos apontamentos, pelo menos deram-me muito prazer e, sobretudo, aprendi muito com as minhas pesquisas..

Saudações bibliófilas.


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